terça-feira, 29 de junho de 2010

SIMPLESMENTE CONFIAR NA MÃE DIVINA


A CONSCIÊNCIA DO SAGRADO FEMININO

Durante os milênios da supremacia patriarcal, refletida nos valores espirituais, culturais, sociais, comportamentais e amparada pela hierarquia divina masculina, foi negada e reprimida qualquer manifestação da energia feminina, divina e humana. Resultou assim em uma cultura exclusiva e destrutiva, centrada na violência, conquista e dominação, com o conseqüente desequilíbrio global atual. Os homens - como gênero - não foram os únicos responsáveis pelas agressões e atitudes extremistas a eles atribuídas; a causa pode ser atribuída à maneira pela qual a identidade masculina foi criada e reforçada pelos modelos e comportamentos de “heróis” e “super-homens”. Fundamentados em seus direitos “divinos”, outorgados inicialmente por deuses guerreiros e depois reiterados pela interpretação tendenciosa dos preceitos bíblicos, os homens foram inspirados, instigados e recompensados para desconsiderar e deturpar as milenares tradições matrifocais e os cultos geocêntricos. Em lugar de valores de paz, prosperidade e parceria igualitária, foram instaurados princípios e sistemas de conquista, exploração e dominação da Terra, das mulheres, crianças e de outros homens.

Pela sistemática inferiorização e perseguição da mulher, o patriarcado procurava apagar e denegrir os cultos da Grande Mãe, interditando os seus rituais, “demonizando” e distorcendo seus símbolos e valores. A relação igualitária homem-mulher foi renegada, a mulher declarada um ser inferior, desprovido de alma, amaldiçoado por Deus, responsável pelos males do mundo e por isso destinada a sofrer e a ser dominada pelo homem. Os princípios masculino e feminino – antes pólos complementares da mesma unidade – foram separados e colocados em ângulos opostos e antagônicos. Enalteceu-se o Pai, negou-se a Mãe e usou-se o nome de Deus para justificar e promover o código patriarcal, a subjugação e exploração da Terra e das mulheres. A tradição, os cultos e a simbologia da Deusa foram relegados ao ostracismo e paulatinamente caíram no esquecimento. Patriarcado e cristianismo se uniram na construção de uma sociedade hierárquica e desigual, baseada em princípios, valores, normas, dogmas religiosos, estruturas sociais e culturais masculinas.

As últimas décadas do século passado proporcionaram uma gradativa mudança de paradigmas nas relações e nos conceitos relativos ao masculino e feminino. No entanto, para que este avanço teórico se concretize em ações e modificações comportamentais e espirituais, é imprescindível reconhecer a união harmoniosa e complementar das polaridades e procurar novos símbolos e rituais para o seu fortalecimento e equilíbrio. Com o surgimento progressivo de uma dimensão feminina da Divindade na atual consciência coletiva, está sendo fortalecido o retorno à Deusa e a revalorização do Sagrado Feminino.

Somos nós que estamos voltando à Deusa, pois Ela sempre esteve ao nosso lado, apenas oculta na bruma do esquecimento e velada pela nossa falta de compreensão e conexão com seu eterno amor e poder.

A principal diferença entre o Pai patriarcal, celeste e a Mãe cósmica e telúrica universal é a condição transcendente e longínqua do Criador e a essência imanente e eternamente presente da Criadora, em todas as manifestações da Natureza.

A redenção do Sagrado Feminino diz respeito tanto à mulher quanto ao homem. Ao esperar respostas e soluções vindas do Céu, esquecemos de olhar para baixo e ao redor, ignorando as necessidades da nossa Mãe Terra e de todos os nossos irmãos de criação. Para que os valores femininos possam ser compreendidos e vividos, são necessárias profundas mudanças em todas as áreas: social, política, cultural, econômica, familiar e espiritual. Uma nova consciência do Sagrado Feminino surgirá tão somente quando for resgatada a conexão espiritual com a Mãe Terra, percebida e honrada a Teia Cósmica à qual todos nós pertencemos e assumida a responsabilidade de zelar pelo seu equilíbrio e preservação.

O reconhecimento do Sagrado Feminino deve ser uma busca de todos, porém cabe às mulheres uma responsabilidade maior, devido à sua ancestral e profunda conexão com os arquétipos, atributos, faces, ciclos e energias da Grande Mãe.

Uma grande contribuição na transformação da mentalidade do passado e na expansão atual da consciência coletiva são os encontros de homens e mulheres em círculos e vivências comunitárias, para despertar e alinhar mentes, corações e espíritos em ações que visem a cura e a transmutação das feridas da psique, infligidas pelo patriarcado. Apaziguar a si mesmo, harmonizar seus relacionamentos, vencer o separatismo, reconhecer e honrar a interdependência de todos os seres, evitar qualquer forma de violência, dominação, competição ou discriminação são desafios do ser humano contemporâneo, no nível pessoal, coletivo e global. Incentivando a parceria entre os gêneros e a interação dos planos energéticos (celeste, telúrico, ctônico) criam-se condições que favorecem a expansão da consciência individual e contribuem para a evolução planetária.


Mirella Daur


HOJE, eu havia postado um desabafo e tentando excluilo exclui sem querer uma postagem sobre a Mãe Serpente aonde eu revelara uma escultura de argila que havia feito e ela não está mais em meu computador (caso alquem tenha o endereço da imagem ficava agradecida se me repassa se nos comentarios).

No meu desabafo reclava e falava de coisas já faladas, como não só a falta de qualquer trabalho social e cultural centrado na Deusa (gratuito) para as pessoas do Brasil como reclamava da falta de utilidade do blogue...

E sem duvida nisto estou certa: Não há qualquer utilidade neste blog a não ser informar outras mulheres e homens sobre as faces da Deusa e para por ai toda a utilidade da Página A Alta Sacerdotisa cai por terra.Nota a mim mesma,mais calma e menos fatigada que nada mais faço do que relembrar (ainda que tão somente a mim mesma) que a Deusa ainda vive e vibra no mundo e que NÃO A DEUSA NÃO É TÃO SOMENTE A VIRGEM SANTA MARIA...E ainda sim me sinto cansada...Acho que o melhor a fazer é parar por uns tempos e depois voltar.

Pode ser que amanha já venha energizada preparada para postar mais coisas sobre as faces da Grande Deusa e sobre o Feminino no mundo.

Embora o Feminino Sagrado seja um tema infindavel e inesgotavel, diversificado e riquissimo, estes dias tenho é me sentido cansada como se simplesmente eu não tivesse começado qualquer real trabalho voltado a Deusa. E mais uma vez me vem a certeza do procedimento....

Mas isso não é um assunto que eu vá postar aqui, embora seja uma decisão pensada e repensada, decidida e redecidida e embora e saiba que tal posso impossibilitar me como sacerdotisa e me fazer perdida para este trabalho ainda sim me parece...Alguma coisa mais proxima de uma solução. Mas quem sabe amanhã não acordo com alguma intuição ou sinal da Deusa?

Tudo que me sinto e cansada...E quando chamo a Doadora da Vida não me vem mais do que um vago consolo e um acalento o que sem dúvida é muito mas ainda não cessa meu sentimento de insatisfação.


Gaia Lil

segunda-feira, 28 de junho de 2010

DEUSA SOFIA, O PRINCÍPIO FEMININO


SOFIA, O ROSTO FEMININO DE DEUS
"Eu sou a força suprema e ardente que emite todas as centelhas da vida.
A morte não faz parte de mim, embora eu a aceite, e em conseqüência
Sou provida de sabedoria bem como de asas.
Sou aquela essência viva e ardente da substância divina que jorra na beleza dos campos.
Eu brilho na água, eu queimo no sol, na lua e nas estrelas.
É minha aquela força misteriosa de vento invisível.
Eu sustento e alento tudo que vive.
Respiro no verde, e nas flores, e quando as águas fluem como coisas vivas, sou eu.
Ergo as colunas que sustentam toda a terra...
Sou a força que reside nos ventos, de mim eles se originam, e assim como um homem
consegue mover-se porque respira,
assim o fogo não queima a não ser com o ar por mim soprado.
Tudo isto vive porque estou em tudo isto e sou a vida.
Sou a sabedoria.
É minha a emissão do verbo proferido através do qual todas as coisas foram feitas.
Eu impregno todas as coisas para que não pereçam.
Eu sou a vida."

Sophia, A Mãe da Sabedoria, a Fonte Original
Sofia em grego, "hohkma" em hebraico, "sapientia" em latim, tudo sigficando sabedoria. Como Deusa da Sabedoria, Sofia possui múltiplas faces: Deusa Negra, Divino Feminino, Mãe de Deus.
Sofia é um aion (entidade de poder divino), filha de um par primordial de invisíveis e inefáveis seres transcendentais, chamados de Profundidade (masculino) e Silêncio (feminino). Deste par surgiram 30 emanações ou Aions, ou seja, padrões do ser psíquico ou arquétipos, arranjados em pares, compostos de um Aion masculino e um feminino cada. Sofia separa-se de seu par, que em muitas variantes do mito é chamado de Vontade. Separada de sua contraparte masculina, ela torna-se sujeita a uma condição de desequilíbrio e começa a procurar a Gnose por meios confusos ou errados.

Tendo perdido seu gêmeo, o seu amor divino é pervertido em "hubris" ou orgulho excessivo e arrogante, que a impele a buscar a compreensão dos insondáveis Profundidade e Silêncio do último mistério duplo através de indagações intelectuais ou filosóficas. Ela abandona o caminho do "coração que compreende" (gnosis kardias) e vai em busca do conhecimento apenas do poder da mente. Este ato de "hubris" provoca uma crise ou catástrofe. Sofia cai do alto de seu lugar na Pleroma (totalidade) da glória divina e desce ao mundo escuro da confusão e do terror.

Assim, Sofia se distancia do abraço da totalidade divina e dos braços de seu consorte, sem ter entendido a natureza do par primordial, Base-Início (Profundidade) e Pensamento-Graça (Silêncio), ela se torna convencida da futilidade de seus esforços mal concentrados. Mesmo assim, sua paixão pelo conhecimento e seu desejo pelo pai-mãe tiraram de dentro de seu ser entidades curiosas, informes, que subsistiram como criaturas vivas e impuras no abismo. No Evangelho da Verdade, dos valentinos, algumas dessas criaturas são descritas graficamente:

"Foi a ignorância em relação ao Pai que produziu a Angústia e o Terror. A Angústia tornou-se densa como um nevoeiro, de forma que ninguém poderia ver. Assim o Erro se fortaleceu. Elaborou sua própria Matéria no Vácuo".

Sofia neste instante, parece dividir-se em duas personalidades; uma mais elevada e outra inferior.
Sofia mais elevada é purificada e equilibrada pelos poderes limitadores do Vácuo e retorna a um estado de união com seu consorte, restaurando assim a integridade da ordem divina pleurômica.

A Sofia inferior, em contrapartida, permanece na escuridão externa, onde ela dá vida a uma outra monstruosidade sem pai, um ser horrendo e disforme feito de substância imaterial hipostatizada, descrito como "fruto feminino fraco"(a possível implicação psicológica é a de que ele foi concebido sem a presença consciente do componente masculino da psique humana, chamado "animus").

Pouco a pouco, numerosos arquétipos de luz e trevas, poderes de espiritualidade e materialidade, se acercarão dela. Entre as forças benéficas, encontramos o Christos e o Espírito Santo, os quais parecem ter um papel muito parecido com o do arquétipo junguiano clássico, pois atuam como agentes organizadores e aglutinadores ao redor dos quais as forças da Pleroma e do Vácuo se ordenam segundo padrões arquetípicos. As forças do Vácuo, criadas em grande parte pelas emoções externizadas de Sofia, a saber, sua trizteza, medo, assombro, ignorância e desejo de voltar-se ou converter-se à luz, tornaram-se as raízes do mundo material, com seus quatro elementos, que são derivados diretamente de quatro das maiores emoções de Sofia. O Demiurgo, necessário porém tirânico princípio criador e preservador dos cosmos diferenciado e material, ganha vida, assim como sua contraparte espiritual, o Jesus Aion no qual a Pleroma é reunida, sendo freqüentemente descrita como a prole de Christos (masculino) e do Espírito Santo (feminino). Jesus Aion desce até vácuo e entra no universo material, onde irá resgatar Sofia do domínio do Demiurgo, que a mantém cativa, do mesmo modo que Teseu aventura-se para salvar a donzela-sábia das garras do touro-monstro. Jesus, portanto, torna-se o "perfeito fruto da Pleuroma", que contém todos os elementos dos Aions superiores, e é o verdadeiro "soter", o "salvador libertador", não no sentido de salvar do pecado, mas no de salvar como os heróis que empreendem uma jornada para resgatar uma bela donzela em apuros.

A tarefa de salvar Sofia só se concretiza através do amor sexual e marital entre os dois, um verdadeiro hierosgamos,que provocará a purificação e o autêntico despertar em seu interior, das memórias do divino êxtase da união com o Deus supremo. Jesus seria então, um "noivo celestial", assim como se tornou o amante espiritual de Santa Teresa D'Ávila e de incontáveis outros místicos muitos séculos depois. Presa à prisão tetermórfica dos quatro elementos composta de Terra (terror), Água (medo), Ar (tristeza) e Fogo (dissolução e corrupção). Sofia aguarda a vinda do libertador, que a exorciza das quatro emoções elementais cegas e assim a liberta da cruz do aprisionamento. Antes da vinda de Jesus, o Christos espiritual já havia iniciado o trabalho redendor, quando de forma mística ele apareceu a Sofia estendido na cruz transcósmica em forma de Tau, despertando-a para a consciência de sua condição e infundindo-lhe o desejo de ver o amado celestial.

A imagem enigmática de Maria Madalena surge aqui, numa importante posição de significado simbólico no romance sofíaco de libertação. Numerosa passagens nas variantes gnósticas dos Evangelhos revelam que esta figura feminina é a encarnação física de Sofia, e sua realçao com Jesus é francamente descrita como um hierosgamos com contornos físicos, além de espirituais. Podemos ler no Evangelho de Felipe:

"A Sofia a quem chama de estéril é a mãe dos anjos. E a consorte de Cristo é Maria Madalena. O senhor amava Maria Madalena mais do que a todos os seus discípulos e a beijava na boca muitas vezes... eles lhe perguntaram, por que o senhor a ama mais do que a todos nós? O salvador respondeu: Por que eu não amo vocês como a amo?"
O elemento significativo deste aspecto do mito para nossos propósitos é a hipóstase feminina representada por Sofia só pode ser libertada através de uma união espiritual que a transformará num Ser integral. As implicações psicológicas disto são de grande importância.

Outro elemento interessante em muitas formas de mito é a afirmação de que, assim como Sofia, através de seus caprichos, rompeu os limites dos doze poderes governantes e se hostilizou com eles, agora torna-se necessário que ela se aproxime de cada um e peça desculpas, num ato que foi chamado de os doze arrependimentos. Ela chora aos doze poderes e conquista sua influência poderosa através de súplicas rituais elaboradamente expressas e fórmulas mágicas endereçadas à Luz que ela aspira. A beleza poética desses arrependimentos pode tornar-se evidente com as seguintes amostras breves:

"Resgata-me, Ó Luz, deste Poder que tem a face do leão e das emanações da Arrogância divina; pois és Tu, Ó Luz, em cuja luz acreditei e confiei desde o início...És Tu que hás de me salvar....Agora, Ó Luz não me deixes no Caos...não me abandones. Ó Luz, pois ...eles desejaram meu poder, dizendo a todos de uma vez: A Luz me abandonou; tomai-a, e retiremos toda a luz que nela habita.
Deixai aqueles que queriam tomar meu poder voltar-se para o Caos e envergonhar-se, deixai-os voltar rapidamente para a Escuridão...deixai todos que buscam a Luz jubilarem e darem graças!...Tu, então, Ó Luz, Tu és meu Salvador...apressa-te e salva-me deste Caos.

Ó Luz...deixa Tua luz descer até mim, pois minha luz foi tomada e estou em desespero...pois meu poder está cheio de escuridão, e minha luz desceu ao Caos...até as Trevas abaixo...e estendi minhas mãos a Ti e chorei...com toda a luz em mim...Canto um hino a Ti nos níveis mais superiores, e novamente no Caos."
Em círculos cada vez mais altos ela se aproxima da luz, guiada por poderes angélicos e arcangélicos e sustentada pela força infundida em seu ser por seu noivo celestial, Jesus. A alegria substitui agora a profunda angústia e o arrependimento de suas experiências anteriores, e seus hinos passam ao tom de súplica ao de graças:

"Fui salva do Caos e libertada dos grilhões das Trevas; venho a Ti, Ó Luz, pois Tu te tornaste Luz em cada parte minha....e as emanações do Arrogante que se opunha a mim Tu as bloqueaste com Tua luz...Agora Tu me cobriste com a Luz de Teu Fluxo e me purificaste de tudo que é ruim...Tornei-me encorajada por Tua Luz...e brilhei em Teu grande poder, pois Tu quem sempre salva!
A Luz tornou-se Redentora para mim e transformou minhas trevas em luz; afastou o Caos que me cercava e me rodeou de luz!...Meu poder, eu o canto para a Luz, e não esqueço todos os poderes da Luz!...Todos os poderes estão em mim, eu os canto em Nome do Teu Santo Mistério...que te preencheu com a luz mais Sutil, e Teu início será renovado como um Invisível das Alturas".
Então, depois de vários outros ataques sobre ela deflagrados pelos poderes das trevas, que continuam a assaltá-la e perturbá-la até os limites da mais alta morada aiônica da Luz, os poderes negros afastam-se dela e ela entra em seu eterno lar de luz sem fim e alegria sem limites. Dando graças e entoando hinos à glória libertadora da Luz, ela explode uma vez mais num cântico de louvor:

"Ó Luz, vou revelar a Ti como Tu me salvaste, e como Tuas maravilhas aconteceram na raça humana!...Tu esmagaste os altos portais das Trevas juntamente com as poderosas travas do Caos...e eu passei pelos portais do Caos!"
Assim termina a história da fiel Sofia, o protótipo sofredor e esperançoso e o arquétipo da feminilidade agonizante e definitivamente liberada. Do glorioso reino da Luz, ela desceu para a alienação e o caos, foi afligida pelos terrores da servidão e da ignorância, mas invocando a Luz ela recebeu força e santificação através de sua união com Jesus, o noivo salvador e, levada por Sua mão divina, recuperou seu Trono da Sabedoria abandonado no reino dos Inefáveis. Como todos os autênticos mitos arquetípicos, a história de Sofia possui uma grandeza atemporal que a torna adequada e aplicável às preocupações de qualquer época e local. Este mito, como outros, fixa em formas palpáveis as realidades universais e arquetípicas que subjazem na experiência psíquica. A psicologia moderna cada vez mais tem reconhecido o imenso valor do imaginário e do pensamento mitológico para o propósito de auto-conhecimento e da verdadeira libertação espiritual na vida psíquica das pessoas.

Um conhecimento de imagens mitológicas é exigência fundamental se o ego quer ter uma relação consciente até com as camadas mais profundas da psique, pois elas fornecem formas e categorias de compreensão pelas quais se pode aprender e conscientemente perceber a natureza desses poderes transpessoais. O ego que não tiver essas categorias de compreensão será confinado ao nível mais superficial de significados pesonalísticos ou será levado pelas energias e forças arquetípicas a vivê-las inconscientemente.

Uma apreciação introspectiva da mitologia poderia realmente tornar-se importante modalidade de auto-compreensão, não somente em nível de psique individual, mas no interior da cultura mais abrangente propriamente dita.

Do ponto de vista psicológico, Sofia pode ser definida como a personificação da necessidade de individualização. Sua história segue o padrão clássico dos quatro estágios do drama grego: o conflito (AGONE), a derrota (PATHOS), a lamentação (THRENOS) e a redenção ou solução (THEOPHANIA) conseguidas com o contato com o Divino.


Este padrão quádruplo é a manifestação, no drama, da imagem quádrupla da totalidade, o celebrado tetramorfo psicológico. Jung achava que o número quatro é representativo do objetivo de totalidade da alma, e descobriu que os quatro estágios são encontrados nos processos significantes de evolução psicológica em todos os processos psicoterapêuticos que envolvem uma profunda integração do inconsciente. Assim como no processo de individualização, algumas expressões no mito de Sofia se repetem, embora seu caráter permaneça o mesmo.

De importância singular para a situação espiritual da mulher em nossos tempos é a mensagem do agone ou "conflito" inicial em nosso mito, com o acréscimo do subseqüente pathos. Porque Sofia é expulsa do estado paradisíaco de seu êxtase aiônico? O motivo é a separação de seu esposo e gêmeo luminoso conhecido pelo nome de Vontade. A diferenciação do ego feminino traz consigo o megulho no inconsciente do componente psíquico contra-sexual, ou alma masculina da mulher, chamado na psicologia junguiana de "animus". O "animus" não se torna inexistente, mas, tornando-se inconsciente, pode exercer sua influência sobre a psique feminina nas zonas sombrias do inconsciente e sua influência acaba ficando distorcida. Quanto menos consciente a mulher é de seu "animus", mais maléfica e perigosa é a influência desse gêmeo obscuro. (É bom recordar que o homem experimenta uma situação análoga com seu próprio componente escondido, a "anima"). A separação entre Sofia e seu gêmeo coincide com seu esforço equivocado de obter a Gnose através do intelecto e da vontade em lugar da "gnosis kardias", o "caminho do coração que sabe". Um ser desequilibrado é capaz apenas de uma tentativa desequilibrada de individualização, e esses esforços desequilibrados tendem a falhar. O resultado é uma profunda alienação do mundo luminoso do Self, uma saída da Pleroma da saúde psíquica e da verdade. O pathos começou.

Os gnósticos eram profundamente conscientes dessa situação psicológica, e expressaram isso em muitos momentos. Podemos ler, no Evangelho de Felipe:

"Quando Eva estava com Adão, não existia a morte; mas quando ela se separou dele, a morte surgiu. Se ela voltar, e ele a levar para dentro de si, a morte deixará de existir.
Se a mulher não tivesse se separado do homem, ela não morreria com o homem. Sua separação tornou-se o começo da morte. Por causa disso veio o Cristo, para acabar com a separação que havia desde o início, e novamente unir os dois; e para dar vista àqueles que morreram na separação, e uni-los."

A morte que se refere aqui não é a morte do corpo, mas a morte do espírito que tanto o homem como a mulher sofrem quando perdem o contato consciente com seu self contra-sexual. Dessa forma, o objetivo da individualização ou união espiritual é descrito pelo Jesus Gnóstico no Evangelho de Tomé;

"Quando você integra os dois em um, e quando você transforma em externo e o externo em interno e une o que está em cima com o que está embaixo, e quando você torna o macho e a fêmea um só, de forma que o macho não seja macho e a fêmea não seja fêmea, quando você coloca olhos no lugar de um olho, e uma mão no lugar de uma mão, e um pé no lugar de um pé, e uma imagem no lugar de uma imagem, então você entrará no Reino de Deus."
Sofia, não é somente uma alma feminina, mas a alma de todas as coisas e pessoas. Todos nós estamos à procura da nossa totalidade. Assim como Sofia, vagamos pela face desta terra, nossa glória degradada e prostituída como a de Maria Madalena, enquanto através das regiões aiônicas desce "Aquele que sempre vem", nosso noivo divino, o Logos do mais alto Deus. Daí a theophania, a resolução divina do grande drama, estar sempre aqui e sempre lembrar aquilo que está simbolizado no mito de Sofia. Anima e animus, Eros e Logos, Madalena-Sofia e Jesus estão destinados a se unirem na câmara matrimonial da Alma. O Cristo que há em nós e a Sofia que há em nós são as esperanças gêmeas da glória, buscando um ao outro na ânsia sagrada do desejo divino. Os gnósticos foram talvez a única escola de pensamento na história da tradição ocidental a reconhecer este fato e a declarar essa tendência como processo intra psíquico. O Evangelho de Tomé coloca isso bem:

"Disse Jesus: Se vocês trouxerem à luz o que existe dentro de vocês, aquilo que possuem os salvará. Se vocês não tiverem isso dentro de vocês, aquilo que não possuem os matará."

A salvação do homem é a união com a mulher dentro da sua alma (anima), enquanto que a libertação da mulher depende da sua união efetiva com seu gêmeo aiônico de masculinidade psíquica.


Respondendo a um aparentemente machão chauvinista, o apóstolo Pedro, que deseja excluir Maria Madalena do círculo dos apóstolos, "porque as mulheres não são dignas de vida", Jesus fala no mesmo Evangelho:

"Veja, eu a levarei, de forma que a farei homem, para que também ela possa tornar-se um espírito vivo...Pois cada mulher que se fizer homem entrará no Reino de Deus."
E, poderíamos acrescentar, o mesmo acontecerá a cada homem que, assimilando a sua Sofia Sagrada interior, conseguir tornar-se mulher.
Seria um erro supor que os mitos gnósticos não possuem relevância vital no mundo de hoje. Podemos não mais possuir as técnicas detalhadas das disciplinas gnósticas de transformação: seus sacramentos, seu processo sacerdotal (que, à diferença do cristão, era permitido tanto para mulheres quanto para homens), seus majestosos rituais dramáticos, seu rito secreto de individualização da câmara nupcial. Mesmo assim, os próprios gnósticos nos lembram da perene disponibilidade dos meios de libertação quando fizeram Sofia exclamar:

"A Luz é boa e justa; é por isso que Ele me garantirá o caminho para ser resgatada em minha transgressão...Pois todas as gnoses da Luz são meios de salvação, e existem mistérios para cada um que procure as regiões de sua herança...Para cada um que confiar na Luz Ele dará o mistério adequado, e sua alma estará mas regiões da Luz".

Podemos nos assegurar de que os meios de libertação estão ao alcance da mão e são disponíveis; na verdade, como já foi dito sobre a Divindade, eles estão mais próximos do que a respiração e mais ao alcance que nossos próprios pés e mãos. A verdadeira libertação do homem dentro da mulher e da mulher dentro do homem não poderá acontecer através da vontade consciente e do intelecto. A pressa conduz ao prejuízo, pois é testemunha das pressões impuras do ego não iluminado, conforme ficou simbolizado pela falta de sabedoria de Sofia antes de voltar-se para a Luz. Como diz Sófocles nas últimas linhas de Antígona:

"Onde estiver a sabedoria, a felicidade coroará uma piedade que nada destruirá. Mas palavras e atos altos e poderosos são castigados para aprenderem a ser humildes, até que a idade, caída de joelhos, finalmente seja a sabedoria".
Sofia, grávida do conhecimento, convida-nos para beber de sua taça da sabedoria. Entretanto, o maior problema das mulheres hoje, é não se permitir abrir-se para o novo, pode ser para uma chuva que cai descompromissada, para uma nova relação ou um novo conhecimento. Ficar parada é não correr risco, mas também a vida passará e você deixou de vivê-la.

É hora de reflexão, de silêncio e de introspecção. É hora de ouvir e sentir o que nunca ouviu ou sentiu. O tempo passa para todos nós, mas como gastá-lo é que faz a diferença.
É somente com a incerteza e o afastamento de tudo que nos é familiar que processa-se o crescimento espiritual e, em tais momentos, é que podemos avaliar profundamente nossas vidas. Nem toda nossa cultura oferece-nos a sustentação para aprofundarmos espiritualmente. Quando nos dedicarmos a ouvir a nossa Sofia interior, conseguiremos tudo o que precisamos.

Todos nós homens e mulheres, já reproduzimos ou ainda vamos reproduzir o caminho de Sofia, a eterna busca do sentido divino. Jesus disse: "Onde estiver o seu tesouro, aí estará seu coração". Sofia não buscava somente o sentido da busca, mas buscava também seu coração.

A figura de Sofia não desapareceu, ela permanece como a principal inspiração por trás de inumeráveis simbolizações místicas da sabedoria feminina através das eras. Sua mão oculta é vislumbrada no culto à Virgem Maria e nas musas femininas dos poetas sufis. Nossa Senhora Sofia com sua sabedoria de coração que compreende ainda está desperta!
Sofia é o mistério da vida
É o conhecimento do corpo e da alma
Sofia é sabedoria!

BUSCANDO À SOFIA INTERIOR
Procure um lugar em sua casa onde possa não ser incomodada. Sente-se ou deite-se confortavelmente e feche os olhos. Respire profundamente e solte o ar pela sola dos pés. Inspire novamente e enquanto solta o ar, sinta toda a tensão sendo puxada para fora de seu corpo, como um longo fio, pela sola dos pés. Respire profundamente e solte o ar pela boca. Sinta-se relaxar completamente, um bem-estar tomará conta de você como uma sensação de calor confortante. Agora encontre o lugar dentro de você onde mora Sofia. Ela mora em seu coração? Em sua mente talvez? Em seu útero? Assim que visualizar o lugar vá ao seu encontro. Sinta o perfume do lugar, a cor, a textura, observe tudo atentamente. Depois que já se familiarizou com tudo vá encontrá-la que ela lhe espera.

Você deve perguntar a Sofia tudo que precisa saber. Ao lhe responder agradeça e a abrace demonstrando seu carinho por ela. Ela lhe dirá que estará sempre pronta para lhe receber em sua morada, pois ela habita o seu interior. Você portanto sempre será bem-vinda. Ela lhe dará um beijo na testa e apontará o caminho de volta. Respire fundo novamente e abra os olhos. Feliz retorno!

Texto pesquisado e desenvolvido por
ROSANE VOLPATTO

sábado, 26 de junho de 2010

O AVISO DA MÃE SELVAGEM


“TODAS AS MULHERES TÊM BASICAMENTE UMA ESCOLHA: “TRANSFORMA-TE OU MORRE”, DIZ-NOS A VELHA MÃE DA DISCÓRDIA. “ERGUE-TE ATÉ ÀS ALTURAS DA GRANDEZA FEMININA OU JUNTA-TE À ESCÓRIA DA HUMANIDADE FEMININA. SE RESISTIRES À MINHA INFLUÊNCIA ESTAGNARÁS PARA SEMPRE.”


MULHER SELVAGEM

Ó minha Mãe Selvagem, põe um feitiço.
Na minha boca, uma praga
E no meu coração palavras mágicas.

Abre-me a cortina da tua Sabedoria Eterna
E deixa que numa dança envolvente, no meu ventre,
Eu diga bem alto aquilo que a minha alma sente!

Se for preciso rasga o meu peito com as tuas mãos,
As tuas garras!
E como a grande parteira dos tempos
Faz com que dele nasça a palavra ardilosa
Que cure e traga as mulheres que de ti se perderam
E voltem à tua casa, ó Feiticeira poderosa.

Deixa que busque e encontre mulheres feridas de morte,
Como cadelas abandonadas e as jovens violadas,
As velhas solitárias e desprezadas, as mães maltratadas,
Por bestas e ogres...

Ó minha Mãe Selvagem, antes que prossiga a viagem,
Eu preciso da marca do teu poder na minha fronte...

Grava bem a ferro e a fogo forjado o sinal da tua força e vontade!
Dá-me Asas ou uma vassoura para correr os ares... E garras!

IN ANTES DO VERBO ERA O ÚTERO
(ROSA LEONOR PEDRO)

FILHA DA SENHORA DOS MARES


A FETICEIRA E O MAR

As ondas molhavam as tenras marcas da areia, gaivotas em suas brancuras corriam nas espumas marítimas.
O sol, em seu poente, gritava as palavras alaranjadas de um findar tardio.
Com os pés despidos e cabelos contra o vento, dançando em sintonia com as marés, caminhava a mulher, feiticeira dos mares.
Sentia em sua essência as quebrantes ondas que da água se tornavam belas e formosas.
A praia se marcava com os sorrisos da bruxa litorânea, os rochedos honravam aos Deuses e velavam pela criatura fêmea dos mares.
O frio salgado do oceano tocava seus pés, a areia suave e macia circulava em suas mãos, seu espírito voava nas brisas contornando o horizonte de emoções e sensações.

As pegadas da feiticeira contavam a história de encarnações e magias, a história da coragem de mulheres.
Seu vestido tinha as bordas úmidas e seus longos cabelos moviam-se em harmonia com as aves, ao céu.
Feliz, destemida, segura, amorosa, a bruxa dirige-se ao mar, passo após passo, sorrindo.
O banho de bênçãos no infinito Atlântico da Deusa, o corpo da filha afundava na transparência das águas e de seu próprio espírito.
Flutuava, com os olhos cerrados, confiando no natural fluxo da Grande Mãe.
Sentia os peixes, os ventos, as espumas, as ondas, as baleias, os barcos, as algas, o oceano.
Os sons das gaivotas, do quebrar das ondas e das espumas perpetuavam o momento sagrado inundando de palavras compreensíveis àqueles que as sentem.

Abrindo os olhos, a feiticeira via as nuvens peregrinas cursando para o infinito.
Levanta-se de seu leito aquático e retorna para as margens terrenas. Sua visão fixa o poente, o sol partira, sacrificado para o início do infindável ciclo.
Com um ligeiro olhar por detrás de seu ombro direito, a bruxa ri o agradecimento pelas dádivas de sua Mãe-Terra.
Seus pés ganham vida em uma eterna corrida de renascimento, dançando e exprimindo a felicidade de ser mulher.
Aonde os rochedos se curvam e as areias da praia juntam-se ao mar, corre a bruxa, guerreira das vidas, senhora do mar, fêmea dos oceanos.
E com um de seus saltos espirais, a feiticeira desaparece de vista, sua presença sempre é sentida nas brisas que percorrem os mares das vidas.


Morgan le Fay
IN:
http://www.circulosagrado.com

O CAMINHO DAS FILHAS DA TERRA

CONEXÃO COM O FEMININO SAGRADO

"O verdadeiro sentido dessa conexão ficou perdido em nosso mundo moderno. Na minha opinião, muitos dos problemas que as mulheres enfrentam, relacionados aos órgãos sexuais, poderiam ser aliviados se elas voltassem a respeitar a necessidade de retiro e de religação com a sua verdadeira Mãe e Avó, que vêm a ser respectivamente a Terra e a Lua.

As mulheres honram o seu Caminho Sagrado quando se dão conta do conhecimento intuitivo inerente a sua natureza receptiva. Ao confiar nos ciclos dos seus corpos e permitir que as sensações venham à tona dentro deles, as mulheres vêm sendo videntes e oráculos de suas tribos há séculos.


As mulheres precisam aprender a amar, compreender, e, desta forma, curar umas às outras. Cada uma delas pode penetrar no silêncio do próprio coração para que lhe seja revelada a beleza do recolhimento e da receptividade".

Jamie Sams

O TEMOR ANTE O SABER NATURAL DA MULHER



A INQUISIÇÃO MEDIEVAL...


Esta pesquisa-relatório bem documentada mostra que, como a Igreja adentrou o negócio de especialização de médicos nas universidades sancionadas pela Igreja (as quais excluíam mulheres), as curandeiras tradicionais (mulheres sábias ou "bruxas" acusadas de deterem "poderes mágicos") primeiro tiveram de ser desacreditadas e em seguida eliminadas. Decretou-se também que nestes "julgamentos de bruxas" os médicos deveriam ser trazidos a fim de julgar se o estado de saúde de uma pessoa (bom ou mau) era resultado de causas naturais ou bruxaria. A Igreja não só conseguiu afastar as mulheres (tanto as alfabetizadas quanto as campesinas curandeiras), como conseguiu também desacreditar muitos medicamentos antigos dessas mulheres — ar puro e banhos, por exemplo, que os novos médicos especializados pela Igreja rotularam como prejudiciais. Em vez desses,eles usaram "remédios heróicos" tais como incisões para sangramento, aplicações de sanguessugas e prescrição de purgantes venenosos. Estas "curas" ainda costumavam ser prescritas por médicos no século XIX.

Smothered by Invention: Technology in Women s Lives
(Londres: Pluto Press, 1985)


...E UMA NOVA ONDA INQUISITIVA

Muito mais poderia se dizer sobre o temor ante o poder da Mãe Natureza e dos Mistério das Mulheres, sobre a massacrante inquisição que vem em uma nova onda no Brasil: o crescimento descontrolado do número de evangélicos, muitos dos quais são fanáticos e pervertem os já pervertidos ensinamentos bíblicos propagando sua onda de raiva e caos, e sobretudo na esmagadora maioria de mulheres que a imagem das mulheres islâmicas e mulçumanas andam cobertas dos pés a cabeça além de bispos ( e também bispas para o meu desgosto) que controlam uma massa informe e grande de fiéis que se permitem manipular e ser extorquidos pelo percentual de dez por cento cobrados como dizimo nas igrejas evangélicas.
Ainda hoje a Mulher de Saber, uma Mulher de Conhecimento ou Poder venha da religião que venha é vista como uma mulher metida em coisas obscuras manipulações e feitiçarias negras para destruir outras pessoas...

Estou com medo, com muito medo do que está por vir!

AINDA BEM QUE A LIBERDADE DE CULTO É UM DECRETO CONSTITUCIONAL NÃO PODENDO SER OBVIAMENTE ANULADO!

CY, A TERRA, A MÃE DA NOSSA TERRA


A GRANDE MÃE

Sábia e Poderosa, Cy é a Mãe Suprema. entrar em contacto com a Deusa Cy é estimular a feminilidade e a fertilidade.
O nome Cy, do tupi-guarani, significa mãe. Para os índios, ela é a Doadora da Vida, Criadora de todas as coisas. Seu nome está presente em outras Deusas: Nandercy, a Nossa Mãe; Coaracy, a Mãe do Sol; Acy, a Mãe da Lua.

Em Trevas:

Juntamente com Tupan, é um entidade de Arkanun, e foi um dos primeiros seres sobrenaturais a pisar no Brasil. É uma Deusa de muitas faces, e muito cultuada . Sua ordem, a Ordem da Grande Mãe, possuía muitas adeptas no passado, e embora o panteão indígena tem enfraquecido, nas tribos que ainda mantém a tradição, a crença na Deusa é forte.

Caminhos: Terra e Agua.
Cores: Marrom e Branco.
Símbolos: Ovo e Tartaruga.
Talismã: Ovo de Cristal.

Wicca Brasil: Guia de Rituais das Deusas Brasileiras ,Mavesper Cy Ceridwen

O Brasil é o país que concentra o maior número de pessoas a cultuarem uma das manifestações da Grande Mãe, como Iemanjá, a deusa ancestral das águas, Senhora do Mar. Só perde para a Índia, onde inúmeras deusas são cultuadas até hoje.

Anualmente, às vésperas do Ano Novo e no dia dois de fevereiro, milhões de pessoas levam suas oferendas e orações para as praias brasileiras, ou saem em procissões marítimas ou fluviais, similares às antigas cerimônias egípcias e romanas – Navigium Isidi – dedicadas a Ísis, Deusa Mãe protetora dos viajantes e das embarcações.

Apesar da devoção brasileira a Iemanjá, seu culto não é nativo - ele foi trazido ao Brasil no século XIII pelos escravos da nação ioruba. Yemojá ou YéYé Omo Ejá, a “Mãe cujos filhos são peixes”, era o orixá dos Egbá, a nação ioruba estabelecida outrora perto do rio Yemojá, no antigo reino de Benin. Devido a guerras, os Egbá migraram e se instalaram às margens do rio Ogun, de onde o culto a Iemanjá foi trazido pelos escravos para o Brasil, Cuba e Haiti.

Nesses países, Iemanjá passou a ser venerada como a “Rainha do Mar”, orixá das águas salgadas, apesar de sua origem ter sido “o rio que corre para o mar”, sua saudação sendo Odo-Yiá, que significa “Mãe do Rio”.

Analisando os nomes Ya / man / Ya e Ye / Omo / Ejá conforme a “Lei de Pemba” – a grafia sagrada dos orixás, postulada pela Umbanda Esotérica, encontram-se os mesmos vocábulos sagrados que significam “Mãe das águas, Mãe dos filhos da água (peixes) e Mãe Natureza”.

Iemanjá é considerada pela Umbanda Esotérica como uma das sete Vibrações Originais, o princípio gerador receptivo, a matriz dos poderes da água, a representação do eterno e Sagrado Feminino. Portanto, Iemanjá personifica os atributos lunares e aquáticos da Grande Mãe, de padroeira da fecundidade e da gestação, inspiradora dos sonhos e das visões, protetora e nutridora, mãe primeva que sustenta, acalenta e mitiga o sofrimento dos seus filhos de fé.

No entanto, por mais que Iemanjá seja reconhecida e venerada no Brasil, ela não representa a Mãe Ancestral nativa, que tenha sido cultuada pelas tribos indígenas antes da colonização e da chegada dos escravos.

Infelizmente, muito pouco se sabe a respeito das divindades e dos mitos tupi-guarani. A cristianização forçada e a proibição pelos jesuítas de qualquer manifestação pagã, destruiu ou deturpou os vestígios de Tuyabaé-cuáa, a antiga tradição indígena, a sabedoria dos velhos payés.

Segundo o escritor umbandista W.W. da Matta e Silva e seus discípulos Rivas Neto e Itaoman, a raça vermelha original tinha alcançado, em uma determinada época distante, um altíssimo patamar evolutivo, expresso em um elaborado sistema religioso e filosófico, preservado na língua-raiz chamada Abanheengá, da qual surgiu Nheengatu, a “lingua boa”, origem dos vocábulos sagrados dos dialetos indígenas.

Com o passar do tempo, a raça vermelha entrou em decadência e, após várias cisões, seus remanescentes se dispersaram em diversas direções. Deles se originaram os tupi-nambá e os tupi-guarani, que se estabeleceram em vários locais na América do Sul.

As concepções do tronco tupi eram monoteístas, postulando a existência de uma divindade suprema, um divino poder criador (às vezes chamado de Tupã) que se manifestava por intermédio de Guaracy (o Sol) e Yacy (a Lua) que, juntos, geraram Rudá (o amor) e, por extensão, a humanidade. O culto a Guaracy era reservado aos homens, que usavam os tembetá, amuletos labiais em forma de T, enquanto as mulheres veneravam Yacy e Muyrakitã, uma deusa das águas, e usavam os amuletos em forma de batráquios e felinos, pendurados no pescoço ou nas orelhas.

Guaracy era a manifestação visível e física do poder criador representado pelo Sol. Apesar deste astro ser considerado o princípio masculino na visão dualista atual, a análise dos vocábulos nheengatu do seu nome revela sentido diferente.
Guará significa “vivente”, e cy é “mãe”, o que formaria a “Mãe dos seres viventes”, a força vital que anima todas as criaturas da natureza, a luz que cria a vida animal e vegetal. Também em outras tradições e culturas (japonesa, nórdica, eslava, báltica, australiana e nativa americana), o Sol era considerado uma Deusa, o que nos faz deduzir que, para os tupi, a vida e a luz solar provinham de uma Mãe - Cy
- que só mais tarde foi transformada em Pai.


Yacy era a própria Mãe Natureza, seu nome sendo composto de Ya (senhora) e Cy (mãe), a senhora Mãe, fonte de tudo, manifestada nos atributos da Lua, da água, da natureza, das mulheres e das fêmeas.

Cy - ou Ci - representa, portanto, a origem de todas as criaturas, animadas ou não, pois tudo o que existe foi gerado por uma mãe que cuida da sua preservação, do nascimento até a morte. Sem Cy (mãe), não há nem perdura a vida, pois ela é a Mãe Natureza, o principio gerador e nutridor da vida.

Na língua tupi existem váris nomes que especificam as qualidades maternas: Yacy, a Mãe Lua; Amanacy, a mãe da chuva; Aracy, a mãe do dia, a origem dos pássaros; Iracy, a mãe do mel; Yara, a mãe da água; Yacyara, a mãe do luar; Yaucacy, a mãe do céu; Acima Ci, a mãe dos peixes; Ceiuci, a mãe das estrelas; Amanayara, a senhora da chuva; Itaycy, mãe do rio da pedra, e tantas outras mães – do frio e do calor, do fogo e do ouro, do mato, do mangue e da praia, das canções e do silêncio.

As tribos indígenas conheciam e honravam todas as mães e acreditavam que elas geravam seus filhos sozinhas, sem a necessidade do elemento masculino, atribuindo-lhes a virgindade - o que também em outras culturas simbolizava sua independência e auto-suficiência. Em alguns mitos e lendas, as virgens eram fecundadas por energias numinosas em forma de animais (serpente, pássaro, boto), forças da natureza (chuva, vento, raios), seres ancestrais ou divindades.

A explicação da omissão, na mitologia indígena, do elemento masculino na criação era o desconhecimento do papel do homem na geração da criança, além do profundo respeito e reverência pelo sangue menstrual que, ao cessar “milagrosamente”, se transformava em um filho. Somente pela interferência dos colonizadores europeus e pela maciça catequese jesuíta que, na criação do homem, o Pai assumiu um papel preponderante, o Filho tornou-se o segundo na hierarquia, salvador da humanidade - como Jurupary, e à Mãe coube apenas a condição de virgem (como Chiucy).

Porém, apesar do zelo dos missionários para erradicar os vestígios dos cultos nativos da cultura indígena e dos escravos, muitas de suas tradições sobrevivem nas lendas, nos costumes folclóricos, nas práticas da pajelança e encantaria que estão ressurgindo, cada vez mais atuantes, saindo do seu ostracismo secular.

Um outro arquétipo da Mãe Ancestral é descrito no mito amazônico da Boiúna, a Cobra Grande, dona das águas dos rios e dos mistérios da noite. Apresentada como um monstro terrível que vive escondido nas águas escuras do fundo do rio e ataca as embarcações e pescadores, a Boiúna ou Cobra Maria é, na verdade, a Face Escura da Deusa, a Mãe Terrível, a Ceifadora, que tanto gera a vida no lodo como traz a morte, no eterno ciclo da criação, destruição, decomposição e transformação.

Outro aspecto da Mãe Escura é Caamanha, a “Mãe do Mato”, que protege as florestas e os animais silvestres, e pune, portanto, os desmatamentos, as queimadas e a violência contra a Natureza. Pouco conhecida, ela foi transformada em dois personagens lendários: Curupira e Caapora. Descritos como seres fantasmagóricos, peludos, com os pés voltados para trás, às vezes com um aspecto feminino, são os guardiões das florestas, que levavam os caçadores e invasores do seu habitat a se perderem nas matas, punindo-os com chicotadas, pesadelos ou até mesmo a morte.

Nas lendas guarani relata-se a aparição da “Mãe do Ouro”, que surge como uma bola de fogo ou manifesta-se nos trovões, raios e ventos, mostrando a direção da mudança do tempo. Em sua representação antropomórfica, ela torna-se uma linda mulher que reside em uma gruta no rio, rodeada pelos peixes e de onde se estende nos ares como raios luminosos, ou então surge na forma de uma serpente de fogo, punindo os destruidores das pradarias. Em sua versão original, ela era considerada a guardiã das minas de ouro, que seduzia os homens com seu brilho luminoso, afastando-os das jazidas. Seu mito confunde-se com o do Boitatá, uma serpente de contornos fluídicos, plasmada em luz com dois imensos olhos, guardando tesouros escondidos, reminiscência dos aspectos punitivos da Mãe Natureza, defendendo e protegendo suas riquezas. A deturpação cristã do mito punitivo pode ser vista na figura da “Mula sem Cabeça”, metamorfose da concubina de padre, que assombra os viajantes nas noites de sexta-feira (dia dedicado, nas culturas pagãs, às deusas do amor, como Astarte, Afrodite, Vênus, Freyja) e do Teiniágua, lagarto encantado que se transforma em uma linda moça para seduzir os homens, desviando-os dos seus objetivos.

Quanto ao significado esotérico de Muyrakitã, devemos decompor seu nome em vocábulos para compreender sua simbologia feminina: Mura - mar, água; Yara - Senhora, Deusa; Kitã - flor. Podemos então interpretá-lo como “A Deusa que floriu das águas” ou “A Senhora que nasceu do mar”. Esta divindade aquática, considerada a filha de Yacy, era reverenciada pelas mulheres que usavam amuletos mágicos chamados ita-obymbaé, confeccionados com argila verde, colhida nas noites de Lua Cheia no fundo do lago sagrado Yacy-Uaruá (“Espelho da Lua”), morada de Muyrakitã. Esses preciosos amuletos só podiam ser preparados pelas ikanyabas ou cunhãtay, moças virgens escolhidas desde a infância como sacerdotisas do culto de Muyrakitã - vetado, portanto, aos homens. Nas noites de Lua Cheia, as cunhãtay, devidamente preparadas, esperavam que Yacy espalhasse sua luz sobre a superfície do lago e, então, mergulhavam à procura da argila verde. A preparação das virgens incluía jejum, cânticos e sons especiais (para invocar os poderes magnéticos da Lua), além da mastigação de folhas de jurema, uma árvore sagrada que contém um tipo de narcótico que facilitava as visões. Enquanto as cunhãs mergulhavam, as outras mulheres ficavam nas margens do lago entoando cânticos rítmicos ao som dos mbaracás (chocalhos). Depois de “recebida” a argila das mãos da própria Muyrakitã, ela era modelada em discos com formato de animais, sendo deixado um pequeno orifício no centro. Em seguida, todas as mulheres realizavam encantamentos mágicos, invocando as bênçãos de Muyrakitã e Yacy sobre os amuletos, até que Guaracy, o Sol, nascia, solidificando a argila com seus raios.

Esses amuletos, que ficaram conhecidos com o nome de muiraquitã, tinham cor verde, azul ou cor de azeitona e eram usados no pescoço ou na orelha esquerda das mulheres. Acreditava-se que eles conferiam proteção material e espiritual e que podiam ser utilizados para prever o futuro, nas noites de Lua Cheia, depois de submersos na água do mesmo lago e colocados na testa das cunhãs, invocando-se as bênçãos de Yacy e Muyrakitã.

No nível exotérico, profano, o muiraquitã é conhecido como um talismã zoomorfo, geralmente em forma de sapo, peixe, serpente, tartaruga ou de felinos, talhado em pedra (nefrita, esteatita, jadeíta ou quartzito), bem polido, ao qual se atribuíam poderes mágicos e curativos. Foram encontrados vários deles na área do baixo Amazonas, entre as bacias dos rios Trombetas e Tapajós, sendo chamados de “pedras verdes das Amazonas”. Poderia ser uma confirmação do mito das Amazonas ou Ycamiabas, as “mulheres sem homens”, como foram chamadas pelo padre Carvajal, da expedição de Francisco de Orellana, em 1542. Os relatos míticos as descrevem como mulheres altas, belas, fortes e destemidas, longos cabelos negros, trançados, tez clara, que andavam despidas e utilizavam com maestria o arco e a flecha para guerrear e caçar. Diz a lenda que elas escolhiam anualmente homens para serem os pais de seus filhos, presenteando-os com muiraquitãs. Outras fontes afirmam que elas usavam ornamentos de pedras verdes esculpidos em forma de animais como objetos de troca com visitantes ou tribos vizinhas.

Os missionários atribuíam aos índios tapajós a origem dos muiraquitãs, mas eles eram apenas seus portadores, não os fabricantes, exibindo-os como símbolos de poder ou riqueza, ou ainda como compensação na realização de ritos fúnebres, nas cerimônias de casamento ou para selar alianças e acordos de paz entre as tribos.
Ocultos em mitos, lendas e crenças, existem ainda muitos resquícios das antigas tradições e cultos indígenas.

Descartando as sobreposições e distorções cristãs e literárias, poderemos resgatar a riqueza original das diversas e variadas apresentações da criadora ancestral brasileira, Mãe da natureza e de tudo o que existe, que existiu e sempre existirá.

Cabe aos estudiosos e pesquisadores atuais desvendar os tesouros históricos do passado indígena brasileiro, com isenção de ânimo e sem distorções, em uma sincera dedicação e lealdade à verdade original, para oferecer às nossas mentes as provas daquilo que os nossos corações femininos sempre souberam, ou seja,

"Que a Terra é a nossa Mãe, que nos tempos antigos os seres humanos veneravam e oravam para uma Criadora, que abria os portais da vida e da morte, cujos templos eram a própria Natureza, que somos todos irmãos por sermos seus filhos, interligados por fazermos parte da teia cósmica e telúrica da Sua Criação”.

(REPUBLICADO)

IN: http://sitioremanso.multiply.com/journal/item/13

sexta-feira, 25 de junho de 2010

NÉFTIS, A SACERDOTISA E GUARDIÃ


NÉFTIS, A REVELADORA

A Néftis egípcia, cujo nome significa "fim" e "vitória" era conhecida como a Senhora do Palácios, Dama da Casa e A Reveladora. Era irmã de Ísis e a esposa de deus Seth. Enquanto Ísis representava a força da vida e do renascimento. Nephtys era a Deusa do pôr-do-sol, dos túmulos e da morte. Seus respectivos cônjuges também representavam energias opostas. Osíris, o consorte de Ísis, era o deus da fertilidade; Seth, o cônjuge de Néftis, representava a aridez, a esterilidade e a maldade. O deus Seth é também conhecido como o assassino de Osíris. Néftis é uma Deusa Guardiã e ajudou Ísis a colher os pedaços de Osíris quando Seth o destroçou. Também ajudou Ísis a reanimar o corpo de Osíris por tempo o bastante para que ela concebesse um filho. Por isso é muito freqüente ver juntas ambas as deusas, uma na cabeça e outra nos pés do sarcófago. A Néftis é representada junto sua irmã, chorando e velando Osíris.

Aliás, a sua associação com Ísis no ciclo osiriano, bem documentada em inúmeras pinturas, esculturas e representações, nesse papel de divina carpideira de Osíris, é um dos seus traços dominantes. Tal como Ísis, apóia Osíris no seu Tribunal do Mundo Inferior, sendo freqüentemente representada assistindo à cerimônia de psicostasia, atrás do trono onde majestaticamente, Osíris se senta.

Como divindade relacionada com o mundo funerário e pelo seu papel na mumificação, as faixas que envolviam o defunto eram consideradas como madeixas do seu cabelo.

A morte para os egípcios antigos era uma passagem muito perigosa, pois quando a alma abandona o corpo, tudo se desune e todos os elementos corriam o risco de se manter dissociados do outro lado do espelho. Portanto a morte implicava necessariamente em uma ação mágica: a preservação da coerência do ser durante a passagem deste mundo para o outro, para poder fazê-lo reviver do outro lado na sua plenitude. Para tal feito, se realizava o embalsamento. Segundo o esoterismo egípcio, o ser é composto de diversas qualidades, sendo mais conhecidas o "akh", a irradiação, o "ba", o poder de encarnação, e o "ka", a potência vital. Cada elemento tem uma existência independente. É através da arte mágica do embalsamento que todas as partes passavam pelas aberturas do céu, permitindo que o ser completo pudesse ir e vir. O sarcófago não era um túmulo ou um lugar vazio. Era considerado como um navio e como um ventre do céu. O espírito do "morto' entra e sai do sarcófago.

Apesar de ser representada como uma bela mulher de olhos verdes, Néftis era chamada de a irmã obscura de Ísis. Ela se encontrou clandestinamente com Osíris e dele concebeu Anúbis, que conduzia os mortos. Por vezes, era representada com longos braços alados estendidos em proteção; em outras vezes, ela carregava uma cesta em sua cabeça. Plutarco nos deu uma explicação bastante esotérica sobre estas duas irmãs:

"Neftis designa o que está embaixo da terra e que não se vê (isto é, seu poder é de desintegração e reprodução), e Ísis representa o que está sobre a terra e é visível (a Natureza física). O círculo do horizonte que divide estes dois hemisférios e é comum a ambos é Anúbis.

Como uma Deusa da Lua Nova, Néftis se compadece e compreende as fraquezas humanas. Seu aconselhamento é justo e sábio. Ela rege as artes mágicas, os conhecimentos secretos, os oráculos e as profecias. Animais como serpentes, cavalos, cães brancos, e dragões eram seus, assim como aves como a coruja e o corvo. No Egitos, o pentagrama (estrela de cinco pontas) era conhecido como a estrela de Ísis e Néftis.

Essa Deusa regia a morte, a magia escura, coisas ocultas, conhecimentos místicos, proteção, invisibilidade ou anonimidade, intuição, sonhos e paz. Néftis, apesar de seu aspecto obscuro, oculta toda a força do feminino em sua mais abnegada e sedutora expressão e representa ainda, a compreensão que nasceu do amor sem fronteiras.

Néftis pode nos apresentar a nossa porção sombra aquela parte de nossa psique que está sempre conosco e nos influenciando. A sombra engloba tudo aquilo que temos medo, vergonha, que consideramos inadequado ou que simplesmente não apreciamos em nós mesmos. Tentamos reprimir e nos livrar dessas coisas, sem perceber que, se celebrarmos um armistício para que possamos utilizar suas forças, podemos nos tornar pessoas mais poderosas e completas.

A porção de sombra pode também ser mensageira do subconsciente e dos deuses. Ao utilizar sonhos e visões, eles podem nos revelar o que é necessário para nossa proteção, sabedoria e expansão, tanto na vida física como na espiritual.

RITUAL EM BUSCA DE SONHOS REVELADORES

(deve ser realizado na Lua Nova ou Lua Cheia)

De pé, perante o altar, erga os braços em saudação e diga:

Eu chamo por Néftis para me proteger e instruir!
Néftis, Dama da Vida, Senhora dos Deuses,
Deusa Obscura das poderosas palavras de poder,
Eu clamo sua presença,
Que sua força eterna esteja sempre
Atrás de mim,
À minha frente,
Sob mim,
Acima de mim
Proteja-me, Mãe Obscura!
Antiga Mãe, a Sagrada de muitos nomes,
Mostre-me os segredos dos sonhos.
Ensina-me a Magia Lunar e o conhecimento das ervas.
Dê-me sabedoria para lidar com meu lado de sombra,
Usando suas forças e superando suas fraquezas.
Eu lhe agradeço, Grande Senhora.


Prepare-se então e coloque um caderno perto de sua cama para que possa documentar todos seus sonhos até a próxima fase da Lua, pois Néftis se comunica primariamente através de sonhos, usando o poder da Lua. Você logo perceberá um padrão nos seus sonhos. Sonhos sob influência da Lua Cheia podem lidar com eventos de natureza psíquica, enquanto aqueles sob influência da Lua Nova são de natureza mais espiritual.

Um grupo de antropólogos egípcios encontrou um curioso papiro escrito há cerca de 4.000 anos. Nele se explica o significado de um sonho que havia tido um parente do faraó. O homem sonhara que um abutre devorava-lhe o fígado e que isso lhe proporcionava uma grande alegria. O sacerdote consultado disse que era anúncio de que, em breve, essa pessoa se libertaria de um grande peso que a impedia de ser feliz. Parece difícil entender por que essa pessoa, durante o sono, tinha uma sensação de alívio em vez de dor e angústia. O sacerdote, porém, não teve dúvidas. Ainda que a história tenha ficado inacabada para sempre, pois o resto do papiro não foi achado, tudo fica mais claro quando se sabe que os egípcios acreditavam, assim como os gregos, que a alma das pessoas estava alojada no fígado. Dessa forma, fica claro que o sonho mostra o desejo daquele homem de livrar-se de algum peso que atormentava sua vida. Um tratado egípcio da XII Dinastia (1.800 a.C.) detalha a forma em que os sonhos devem ser analisados e qual o conteúdo dos símbolos mais comuns.

Você não tem posse deste tratado nem conhecimento muito grande da religiosidade egípicia, mas fique atenta, pois cada vez que sonhamos estamos recebendo uma mensagem secreta proveniente da nossa consciência. Seu significado é sempre misterioso e pode ser interpretado de modos diferentes.

Texto pesquisado e desenvolvido por
Rosane Volpatto

quinta-feira, 24 de junho de 2010

TERRA MÃE, FONTE DE TODA A CRIAÇÃO


O EGIPTO

“Este grande país inventou tudo, desde o nome dos deuses deuses imortais, à escultura, à arte de governar, e agora chafurda na lama das margens do rio que lhe dá vida.
Outrora a maior nação da Terra, é agora uma apenas entre muitas.
(…)

Desde que os Egípcios destronaram a Grande Mãe Ísis, a Mãe Suprema, a Deusa de que todos os seres surgiram, perderam o poder e desceram até ao nível das outras nações. Todos os países entram em decadência, quando destronam as suas deusas – este é um segredo que vós, Safo, deveis compreender.”

in Os Amores de Safo
de Erica Jong

Os princípios do cultivo de alimentos, bem como da tecnologia de construção, recipientes e vestuário, já eram todos conhecidos pelos povos do neolítico cultuadores da Deusa, assim como os usos cada vez mais sofisticados de recursos naturais tais como madeira, fibras, couro e, mais tarde, metais na manufatura. Da mesma forma, nossas mais importantes tecnologias não materiais, tais como a lei, o governo e a religião, remontam ao que, lançando mão do termo de Gimbutas, Europa antiga, podemos denominar a sociedade antiga. O mesmo ocorre com os conceitos correlatos de oração, magistratura e sacerdócio. A dança, o teatro ritual e a literatura oral e folclórica, bem como a arte, a arquitetura e o planejamento de cidades, também são oriundos da sociedade pré-dominadora. O comércio, realizado por terra e mar, é outro legado dessa era antiga, assim como a administração, a educação e até mesmo a previsão do futuro, pois a primeira identificação do poder oracular ou profético se faz com as sacerdotisas da Deusa.



A religião sustenta e perpetua a organização social que reflete. Em diversos textos religiosos antigos que permaneceram até hoje, é a Deusa — e não uma das deidades masculinas então dominantes — que se identifica como aquela que proporcionou ao povo as "dádivas da civilização". Os mitos que atribuem nossas principais invenções físicas e espirituais a uma deidade feminina podem assim refletir o fato de realmente terem sido inventadas por mulheres. Tal hipótese é praticamente inconcebível sob o paradigma predominante, pois retrata a mulher como dependente e secundária em relação ao homem, não só no sentido intelectual mas, de acordo com a Bíblia, tão menos desenvolvida espiritualmente que a culpa de nossa queda em desgraça é toda dela.

Contudo, nas sociedades que conceptualizavam o poder supremo do universo como uma Deusa, reverenciada como sábia e justa fonte de todas as nossas dádivas materiais e espirituais, as mulheres se inclinariam a internalizar uma auto-imagem bem diferente. Com modelo tão poderoso, elas tenderiam a considerar seu direito a ter participação ativa e assumir a liderança no desenvolvimento e uso das tecnologias materiais e espirituais. Elas se inclinariam a considerar-se competentes, independentes e quase certamente criativas e inventivas. De fato, há crescentes evidências da participação e liderança das mulheres no desenvolvimento e administração das tecnologias materiais e não-materiais sobre as quais foi mais tarde sobreposta uma ordem dominadora.


IN O CÁLICE E A ESPADA- Riane Eisler

terça-feira, 22 de junho de 2010

A VERDADEIRA GNOSE


O termo gnóstico origina-se da palavra grega gnosis, ou conhecimento. Contrapondo-se ao termo agnóstico, ainda muito usado para designar aquele que acredita não poder tal conhecimento ser obtido com certeza, ou mesmo obtido de forma nenhuma. À semelhança de outras tradições religiosas místicas ocidentais e orientais, a cristandade gnóstica defendia a visão aparentemente não-herege de que o mistério da verdade divina ou superior é passível de ser conhecido por todos nós através da disciplina religiosa e da vida moral. Então, o que havia de tão herege no gnosticismo, a ponto de ter sido banido? O que encontramos especificamente nestes evangelhos gnósticos é a mesma idéia que levou o sacerdócio hebraico a vilipendiar e procurar destruir Jesus, qual seja, a de que o acesso à deidade não precisa ser feito por meio de uma hierarquia religiosa liderada por um rabino-chefe, alto bispo ou papa. Ao contrário, tal acesso pode ser obtido diretamente, por meio da gnose, ou saber divino — sem ser necessário prestar homenagem ou pagar impostos a um sacerdócio autoritário. O que também encontramos em tais escrituras proibidas pelo sacerdócio cristão "ortodoxo" é a confirmação de algo há muito suspeitado, tanto pela leitura das escrituras oficiais 102 quanto por fragmentos gnósticos descobertos antes: o fato de Maria Madalena ter sido uma das figuras mais importantes do movimento cristão primitivo. No Evangelho de Maria, mais uma vez vemos ter sido ela a primeira a ver o Cristo ressuscitado (como está também registrado superficialmente nos Evangelhos oficiais de Marcos e João). Ali vemos igualmente que Cristo amava Maria Madalena mais do que todos os outros discípulos, como é confirmado no Evangelho de Filipe, um livro gnóstico. Mas o papel tão importante que Maria possa ter representado na história dos primórdios do cristianismo só vem à luz nessas escrituras proscritas. Segundo o Evangelho de Maria, após a morte de Jesus, Maria Madalena tomou-se líder cristã, tendo coragem de desafiar a autoridade de Pedro, que se tomou chefe de uma nova hierarquia religiosa baseada na afirmação de que só ele e seus sacerdotes e bispos possuíam uma linha direta com a divindade." "Considerem as implicações políticas do Evangelho de Maria", observa Pagels. "Como Maria enfrenta Pedro, os gnósticos, que a tomam como protótipo, desafiam a autoridade daqueles padres e bispos que se declaram sucessores de Pedro." Havia outras diferenças doutrinárias, também fundamentais, entre a igreja que ia surgindo, cada vez mais hierárquica, encabeçada por Pedro, e outras comunidades cristãs primitivas, tais como a maioria das comunidades gnósticas e seitas como montanismo e marcionismo. Tais seitas não só distinguiam as mulheres como discípulas, profetas e fundadoras do cristianismo, ao contrário dos homens hoje descritos como pais da igreja, mas também incluíam as mulheres, como parte de seu firme compromisso aos ensinamentos de Jesus sobre a igualdade espiritual, na liderança. Para enfatizar ainda mais o princípio gilânico básico de união e evitar supremacias permanentes, algumas seitas gnósticas escolhiam seus líderes em cada reunião, por sorteio. Tomamos conhecimento de tal procedimento através dos escritos de inimigos do gnosticismo como o bispo Ireneu, o qual supervisionava a igreja em Lyon, por volta de 180 d.C. "Em uma época em que os cristãos ortodoxos cada vez mais discriminavam clérigos e leigos", escreve Pagels, "este grupo de cristãos gnósticos demonstrou que, entre eles, recusavam-se a compactuar com tal distinção. Em vez da hierarquia de seus membros em 'ordens' superiores e inferiores, eles seguiram o princípio de estrita igualdade. Todos os iniciados, homens e mulheres, participavam do sorteio em iguais condições: qualquer um poderia ser selecionado para servir como sacerdote bispo ou profeta. Além disso, como faziam sorteios a cada reunião, até mesmo as distinções estabelecidas por sorteio Jamais se transformavam em 'supremacias permanentes'." Para os cristãos androcráticos que estavam obtendo o poder em toda a parte por meio da supremacia, tais práticas constituíam terríveis distrações. Por exemplo, Tertuliano, que por volta de 190 d.C. escreveu a favor da posição "ortodoxa", mostrou-se indignado com o fato de "todos terem o mesmo acesso, ouvirem e orarem igualmente — até mesmo pagãos, se aparecerem". Ele ficou escandalizado também por "eles compartilharem o beijo da paz com todos que chegam". Contudo, o que mais indignou Tertuliano — previsivelmente, já que ameaçava os próprios alicerces da infra-estrutura hierárquica, a qual ele e seus companheiros bispos estavam tentando impor à igreja — foi a igualdade de posição das mulheres. "Tertuliano protesta especialmente contra a participação 'daquelas mulheres entre os hereges', as quais compartilhavam com os homens posições de autoridade", observa Pagels. '"Elas lecionavam e engajavam-se em discussões; exorcizavam; curavam' — ele suspeita que poderiam até mesmo batizar, o que significava que elas também atuavam como bispos!" Para homens como Tertuliano, só uma "heresia" era ainda maior do que a idéia de homens e mulheres como iguais espiritualmente, heresia esta que ameaçava mais fundamentalmente o crescente poder dos homens que agora estavam se estabelecendo como novos "príncipes da igreja": a idéia da divindade como feminina. E isto — segundo os evangelhos gnósticos e outros documentos cristãos sagrados não incluídos nas escrituras oficiais ou Novo Testamento — era precisamente o que alguns dos primeiros seguidores de Cristo pregavam. Seguindo a tradição primitiva, e aparentemente ainda lembrada, na qual a Deusa era vista como a Mãe ou Provedora, os seguidores de Valentino e Marcos oravam à Mãe como "o Silêncio místico e eterno", como a "Graça, aquela que está acima de todas as coisas", e como a "Sabedoria incorruptível". Em outro texto, a Trimorphic Protennoia (traduzida literalmente como Pensamento Primevo Tripliforme), encontramos a celebração de poderes tais como o pensamento, a inteligência e a percepção qualificados como femininos — outra vez seguindo a antiga tradição na qual esses poderes eram considerados atributos da Deusa. O texto se inicia com a fala de uma figura divina: "Sou Protennoia, o Pensamento que habita a Luz. (...) Ela que existe acima de Tudo. (...) Estou em cada criatura. (...) Sou A Invisível dentro do Todo. (...) Sou percepção e Conhecimento, proferindo uma Voz por meio do Pensamento. Sou a verdadeira Voz." Em outro texto, atribuído ao professor gnóstico Simão Mago, o próprio paraíso — local onde a vida começou — é descrito como o útero materno. E nos ensinamentos atribuídos a Marcos ou Teodoto (cerca de 160 d.C.), vemos que "os elementos masculinos e femininos juntos constituem a melhor produção da Mãe, a Sabedoria". Seja qual for a forma assumida por essas "heresias", elas são claramente derivadas da tradição religiosa primitiva, quando a Deusa era cultuada e as sacerdotisas eram suas representantes terrestres. Da mesma forma, quase uniformemente, a sabedoria divina personificava-se como feminina — como ainda o é nas palavras femininas tais como a hebraica hokma e a grega sophia, ambas significando "sabedoria" ou "conhecimento divino", bem como em outras tradições místicas primitivas, tanto ocidentais quanto orientais. Outra forma assumida por essas heresias era o modo "não ortodoxo" com que representavam a sagrada família. "Um grupo de fontes gnósticas declara ter recebido uma tradição secreta de Jesus através de Tiago e Maria Madalena", relata Pagels. "Membros desse grupo oravam tanto ao Pai quanto à Mãe divinos: 'de Vós, Pai, e através de Vós, Mãe, dois nomes imortais. Pais do ser divino, e vós, habitantes dos Céus, humanidade, do nome poderoso'." Da mesma forma, o professor e poeta Valentino ensinou que, embora a deidade seja essencialmente indescritível, o divino pode ser representado como uma díade constituída pelos princípios masculino e feminino. Outros foram mais literais, ao insistir que o divino devia ser considerado andrógino. Ou descreveram o espírito santo como feminino, para que em termos da trindade católica tradicional, da união do Pai com o Espírito Santo ou Mãe Divina, se originasse seu Filho, o Cristo Messias.

IN O CÁLICE E A ESPADA - RIANE EISLER

sábado, 19 de junho de 2010

ASSUMIR O FEMININO EM NOS

A BUSCA DE IDENTIDADE FEMININA

"A mulher busca a sua identidade (...) mas o referencial interno, que é a sua própria terra psíquica, é negado.

Ao fazer a substituição do seu ego feminino pelo ego masculino, fica desorientada e esquece que possui como potencialidades dentro de si mesma um princípio masculino que a pode ajudar"


"Na ansiedade de ser aceite socialmente, ela recusou a vivência dos princípios femininos, vistos como qualidades secundárias e inferiores, embora necessárias. "


"Pelo não reconhecimento da sua feminilidade (essencial) a mulher se afirma, como indivíduo, muito timidamente diante diante do homem. Ela procura vestir a máscara da objectividade masculina para ser aceite no seu mundo. E ele se impõe prepotentemente diante dela , exibindo a sua luz solar"


IN O Casamento do Sol e da Lua - Raissa Calvacanti

 RETIRADO DE MULHERES & DEUSAS 
 

AS PESSOAS GOSTAM DE SER VÍTIMAS


Detesto quando um homem ou uma mulher se fazem de vitimas, como vi hoje num comentário do blogue de uma amiga aonde um tal "mago" se queixava de não poder fazer parte do "clube" e começava a falar de suas experiências esotéricas e outras...
Se fosse um real iniciado no culto da Grande Mãe teria deixado isso pra lá em vez de se deixar abater ou se zangar com uma Mulher de Saber, uma Matriarca e sacerdotisa mais velha na qual ele deveria ver a Sábia Anciã refletida e a respeitar como mulher e não dar suas desculpas e esparrelas.
O que noto é que geralmente mesmo que  um homem que se diga mago que e diz admirador da Deusa é muito infantil ante o poder de uma Mulher mais forte ou uma sacerdotisa mais velha.
Eu tenho lá meus problemas internos e externos que já foram expostos mais de uma vez aqui mas nunca gostei do papel de vítima e nunca apelei para a vitimização para criticar...Nem tampouco achei que texto  que me perturbavam de outros blogues fossem um desafio ou uma ofensa só porque pareciam a mim relacionados...Estou aberta a ouvir os problemas de todos os meus amigos e amigas mas quando  pessoa se faz de vitima sem necessidade perco a paciência...Sou do signo de Maat, a Deusa da Verdade e da Justiça, a Deusa da sabedoria interior e este aspecto embora não sempre atuante em mim (eu não sou sábia) e uma das coisas que eu mais admiro em mim e nos outros.

O MEDO DAS MULHERES


“A atitude depreciativa que muitos homens têm em relação às mulheres é uma tentativa inconsciente de controlar uma situação em que ele se sente em desvantagem; muitas vezes ele procura eliminar o poder da mulher, induzindo-a a agir como mãe. Dessa maneira ele é liberto em grande escala do seu medo, pois na relação com a sua mãe quase todo o homem experimentou o aspecto positivo do amor da mulher. Mesmo assim não está totalmente livre de apreensão, porque ao fazer com a que a mulher seja mãe dele, ao mesmo tempo torna-se criança e está portanto, em perigo de cair na sua própria infantilidade. Se isso acontece ele pode ser dominado por sua própria fraqueza, e uma vez mais deixa a mulher o poder da situação. Consequentemente, a maioria dos homens aproxima-se de uma mulher com medo, não obstante seja um medo inconsciente, ou com a hostilidade nascida do medo ou, talvez, com uma atitude dominadora, para arrebata-la de um golpe. “ 

 In OS MISTÉRIOS DA MULHER -M. Esther Harding

Sem o respeito a Mulher (seja ela quem ou o que for) e uma compreensão verdadeira de si mesmo, o homem não segue realmente a Deusa nem a ama e é so mais uma farsa que ele acreditou e fica repetindo a si mesmo!!!

A AUDÁCIA DE AMAR TODAS AS MULHERES

Estrela disse...

Acredito que tudo na vida tenha uma razão de ser. Deus, O Pai, essa energia sem comparação,criou o homem para nós e vice versa. O que tem de mais ser apaixonada por homens? Para me apaixonar por eles tenho, primeiro, que ser apaixonada por mim mesma. Uma pessoa que não se ama não pode amar o outro,não é? As mulheres apaixonadas são sensíveis e fazem a diferença exactamente por isso!Amo a natureza como um todo e reconheço a importância de cada ser, inclusive da Terra da qual tiramos nosso alimento. No mais,sou mulher e exalo feminilidade, mas sou contra o radicalismo feminista.


Sim minha cara, mas me cortou o coração o seu ultimo comentário pois você não compreendeu absolutamente nada do que estavamos (eu e Rosa Leonor) querendo dizer. A busca pela Mulher Essencial e integral, a Deusa que possui em so o masculino e feminino e que esta completa tomando consortes ou não...Isso você não compreendeu e para meu desespero creio que não compreenderá...Peço desculpas mais uma vez e prometo não abordar o tema, mas te digo do fundo do coração que a Mulher Essencial, a Grande Sacerdotisa da Terra Mãe, a Mulher Selvagem, a Grande Deusa de todos os cultos e ritos que nos queremos tanto despertar no mundo, só despertará se a mulher tiver consciência da sua dimensão mística e alquímica do seu lado espiritual da sua verdadeira liberdade não dos homens que são seus filhos e amantes mas do Patriarcado e dos romances fajutos, das esparrelas sentimentais nas quais a mulher é enganada constantemente crendo que o amor de um homem justificará sua vida e desprezando o carinho e o afecto , os laços de feminilidade e amizade formados entre as mulheres que são as únicas que poderão ser as guias do Mundo Subterrâneo, as únicas que nos levarão também a dimensão espiritual verdadeira iniciando os homens no amor mágico e tornandos os Grandes Mestres e sacerdotes da Deusa o que nunca o farão se as mulheres continuarem divididas entre si a brigar...precisamos antes de ajudar os homens ou querem inclui los neste trabalho sagrado nos iniciarmos nos Mistérios da Terra, da Deusa e da Mãe Natureza.
Muitos abraços do fundo do meu coração e espero que um dia compreenda o que quero dizer e sinta a força do Princípio Feminino em si que é muito mais que os conceitos de feminilidade formulados pelo patriarcado e que todas as mulheres actualmente aceitam como sendo a feminilidade verdadeira.
Abraços do fundo do meu coração com todo o meu carinho e que a Mãe Serpente e a Mãe Terra te abençoem aqui e em toda a parte

ÍSIS
DEUSA DAS MULHERES E DOS HOMENS

Eu concebi
carreguei
e dei à luz a toda vida
Depois de dar-lhe todo meu amor
Dei-lhe também meu amado Osíris
Senhor da vegetação
Deus dos cereais
para ser ceifado
e nascer outra vez
Cuidei de você na doença
fiz suas roupas
observei seus primeiros passos
Estive com você até mesmo no final
segurando sua mão
para guiá-lo para a imortalidade
Você para mim é TUDO
E eu lhe dei TUDO
E para você eu fui TUDO
Eu sou sua Grande-Mãe, ÍSIS

HINO A ÍSIS
RAINHA E PROTETORA DAS MULHERES

Porque sou eu a primeira e a última
Eu sou a venerada e a desprezada
Eu sou a prostituta e a santa
Eu sou a esposa e a virgem
Eu sou a mãe e a filha
Eu sou os braços da minha mãe
Eu sou estéril, e os meus filhos são numerosos
Eu sou a bem casada e a solteira
Eu sou a que dá à luz e a que jamais procriou
Eu sou a consolação das dores de parto
Eu sou a esposa e o esposo
E foi o meu homem quem me criou
Eu sou a mãe do meu pai
Sou a irmã do meu marido
E ele é meu filho rejeitado
Respeitem-me sempre
Porque eu sou a escandalosa e a magnífica

Hino a Ísis, século III ou IV (?), descoberto em Nag Hammadi