
Soraya Mariani, focalizadora de grupos de espiritualidade feminina e coordenadora da atuante Cirandda da Lua, em São Paulo, nos conta aqui sua formação espiritual e o caminho que percorreu atrás de religiões semi-esquecidas e sistemas mágicos. Fala também sobre a bruxa contemporânea que vive nas cidades.AS BRUXAS, AS DEUSAS E A MULHERDedico este artigo, primeiramente, aos grupos de mulheres que tenho o prazer de participar como facilitadora, a verdadeira Irmandade de Todas as Mulheres na Terra. A todas as mulheres que muitas vezes não conseguiram expor os seus desejos guardados no coração, a todas as minhas ancestrais de sangue e espirituais, as benzedeiras, parteiras, curandeiras, xamãs, as mulheres que injustamente arderam no fogo da inquisição, as mulheres que realizam os seus sonhos e escutam o bater do seu coração, as mulheres que nascem a cada instante e as que vieram antes de nós.Aos homens que, seguros de si, conseguem contemplar as mulheres, valorizando as suas conquistas.À Mãe Terra que tanto nos cobre de bênçãos, e a todos os seres!Desde muito pequena, sinto-me atraída pela natureza e todas as suas manifestações. Tive a feliz oportunidade de ser criada em um local propício para satisfazer este anseio, e ainda recebi o presente de ser educada na maior parte de minha infância pela minha avó, hoje com 94 anos muito bem vividos. Mulher de imensa sabedoria e simplicidade, benzedeira, herança que recebeu de nossas ancestrais, conhece divinamente as propriedades fitoterápicas das plantas e tem o talento de acalentar todos os seres vivos.Vovó também é “Encantadora de Histórias” e, como ninguém, consegue alimentar a alma das pessoas com suas palavras. Neste ambiente acolhedor, neste ninho, pude a cada dia me encantar com o universo dos reis, rainhas, príncipes, sapos, bruxas, fadas... minha avó intuitivamente nos ensinou a lidar com as perdas, a amar a vida, a celebrar as fases da lua e a todo instante nos ensinou que estar vivo é a grande Magia!Cresci e na minha busca pelos “mistérios da vida”, participei de diversos grupos de estudos, cursos e trabalhos relacionados ao meu crescimento espiritual, nesta busca deparei-me com religiões semi-esquecidas e sistemas mágicos surgidos em distantes pontos de nosso planeta. Dediquei-me ao estudo da “velha religião”, do paganismo, da bruxaria, do xamanismo, das danças circulares sagradas e de práticas ligadas ao reencontro do homem com a Natureza.Além deste trabalho de pesquisa, fiz faculdade de artes, pedagogia e me especializei em arte terapia.Os conceitos que “colhi” com meu estudo e o trabalho terapêutico que realizo há alguns anos com grupos e atendimentos individuais tocaram profundamente a minha alma.
Dentro desta busca, encontrei uma Grande Deusa Ancestral e as palavras de Dion Fortune passaram a ser meu lema:
“E a ti, que buscas me conhecer, eu digo: tua busca, teu anseio de nada te servirão sem o conhecimento do mistério de que, se aquilo que procuras não encontrar dentro de ti mesmo, jamais o encontrarás fora de ti. Pois, vê, sempre estive contigo – desde o começo - e sou aquilo que alcança além do desejo.”
Percebi que esta Deusa habita o meu ser, como está em toda parte, pois Ela é o todo e nós somos partes dela.Descobri que a bruxa, aquela dos contos de fadas que fascinam e ao mesmo tempo causa repulsa, tem origem muito antiga, e o que mais me encanta é perceber que, mesmo após anos de perseguição, a imagem da bruxa é tão forte que sobreviveu.Mas afinal, quem são as BRUXAS?Acredito que toda mulher tem seu lado bruxa, o lado selvagem que nos faz entrar em contato com a nossa sábia interior, a nossa curandeira.A Bruxa é aquela que busca, conhece e utiliza as suas potencialidades, exercita e fortalece, através delas, seus talentos e possibilidades de transmutar as energias. Ela muitas vezes não pertence a nenhum culto ou religião específica, é adepta e praticante da antiga magia da terra, aquela que nossas ancestrais praticavam usando as forças da Natureza manifestadas na terra, no ar, no fogo e na água. Praticante da arte da transformação, a qual pode conviver serenamente ao lado de qualquer crença religiosa, sem interferir no respeito a esta.A Bruxa Contemporânea tem sua arte pautada na poesia, na beleza, na sabedoria, na originalidade, na harmonia com os ciclos da natureza, nas fases da Lua, na alegria de cantar, dançar e no encantamento de viver.Ela compreende os Segredos do Sagrado Feminino, luta pela sua liberdade, orgulha-se de sua sabedoria, vivencia plenamente suas intuições e emoções, ancoradas em suas razões. Ela reverencia as Deusas, aquelas que foram cultuadas por milênios como criadoras da vida e do mundo. Ela sabe que o culto à Deusa não significa colocar uma mulher na chefia, em vez de um homem, e sim uma reavaliação de valores radical de funções e de abordagens, que estimule uma cooperação maior.A Deusa vive dentro de cada um de nós, ela clama para que sejamos verdadeiros para conosco, de modo que possamos ser verdadeiros para com os outros e verdadeiros para com ela.Ela é a inspiração e o poder que existe dentro de nós!Se você chegou ao final desta leitura, interessados e envolvidos pelo que aqui foi colocado de forma tão simples e seguindo a linguagem do coração, você está sendo chamado pela Grande Deusa, pela sabedoria de teus antepassados, pelo reencontro com a Terra.Saiba que você não está sozinho neste caminho.
Agradeço a você, leitor, com flores do meu jardim, pois cada palavra deste artigo tem enorme significado na minha Jornada Pessoal.
Soraya F. MarianiPsicoterapeuta, Psicopedagoga, Arteterapeuta e Focalizadora de grupos de espiritualidade femininahttp://www.ciranddadalua.com.brciranddadalua@yahoo.com.brSÃO PAULO/SPIN: ABSOLUTA ONLINE
"Eu conheço todo os caminhos da palavra sagrada...Por isso minha língua é bipartida e vai em todas as direções preenchendo todas as dimensões de todos mundos de todas as palavras, impossíveis ou inimaginadas..."Vai, vai permutando me a rede de tua lançadeira,Gentil e Terrível SenhoraVai costurando me ponto a ponto ao ramo de Teu destinoPois meu corpo é teuEu que nada mais sou que uma simples virgemrefugiada nos meandros de sua casaVem Senhora minha idolatradaLeve me as clareiras da mata isoladaVer ardendo todo o meu corpo com ternurendo amorVem e deixa que até o meu ódio seja vividoVem Senhora coroadaCom uma cobra coralSeus olhos brilhantes de fogo me seduzemEu que uma virgem sou e nada sei sobre ser mulherLeva me Mãe Velha de seios flácidosAté o seu recanto sagrado ocultado nas rodas de fogoVem, vem até que nada em mim faça sentidoVem que minha alma toda esta sendo consumida pelo teu universoVer, Mulher UniversalVirgem e parteira dos aflitosVem percorrendo meu corpo e expulsando todo o agape do meu serPois o que me queima na fronte e tenzA insensatez de teu Eros Virginal (varginal)Vem virgem nefastaNão sou eu mesma a Deusa idolatrada?Vem destruinda as paredes do meu serEssa santuario não me prende maisVem, Vem MalditaErva maldita que se cresce e se elava aos seusUlulante e vitoriosaVem Virgem com lingua de cobraSenhora da Língua bifurcadaEu! Herdeira da Primeira palavraDesce sobre o meu corpo cheia de bênçãoDesce Senhora da luz evanescente.Gaia Lil

O REGRESSO DE LILITH (excertos)
Joumana Haddad
Eu sou Lilith, a deusa das duas noites, que regressa do exílio.Sou Lilith, a mulher-destino. Nenhum macho pode escapar à minha sorte, e nenhum macho lhe quererá escapar.
Eu sou as duas luas Lilith. A negra é complementada pela branca, pois a minha pureza é a centelha do deboche e minha abstinência, o princípio do possível. Eu sou a mulher-paraíso, que caiu do paraíso, sou a arrasa-paraísos.
Sou a virgem, rosto invisível da devassa, a mãe-amante e a mulher-homem. A noite porque eu sou o dia, o lado direito porque sou o lado esquerdo, e o Sul porque sou o Norte.
Eu sou Lilith dos seios brancos. Irresistível é o meu encanto, pois os meus cabelos são negros e longos e de mel os meus olhos. Diz a lenda que fui criada a partir da Terra para ser a primeira mulher de Adão, mas não me submeti.
Sou a mulher-festa e os convidados da festa. Feiticeira alada da noite é o meu apelido, e sou deusa da tentação e desejo. Chamaram-me patrona do prazer gratuito e da masturbação, liberta da condição de mãe para ser o destino imortal.
Eu sou Lilith, que retorna da masmorra do esquecimento branco, leoa do senhor e deusa das duas noites. Recolho na minha taça o que não pode ser recolhido, e bebo-o pois sou a sacerdotisa e o templo. Esgoto todas as intoxicações para que não acreditem que eu posso beber. Faço amor comigo mesma e e reproduzo-me para criar um povo da minha linhhagem, depois mato os meus amantes para dar espaço àqueles que ainda não me conheceram.
Regresso do calabouço do esquecimento branco para quem ainda me não conhece, volto para marcar lugar e para que não creiam que eu posso beber, da brancura do esquecimento para enraizar a vida e para que o número cresça, para matar os meus amantes eu regresso.
Eu sou Lilith, a mulher-floresta. Não vivi uma espera desejável, mas sofri os leões e as espécies puras de monstros. Fecundo todas as minhas costas para construir a história. Agrego as vozes nas minhas entranhas para que o número de escravos esteja completo. Como o meu próprio corpo para que me não tratem como faminta e bebo a minha água para nunca sofrer a sede. As minhas tranças são longas no inverno, e as minhas malas não têm tecto. Nada me satisfaz, nem me sacia, e eis que regresso para ser a rainha dos perdidos no mundo.
Sou a guardiã do bem e do encontro dos opostos. Os beijos no meu corpo são as feridas de quem tentou. Da flauta das duas coxas sobe o meu canto, e do meu canto a maldição espalha-se em água sobre a terra.
Sou Lilith, a leoa sedutora. Mão de cada servidor, janela de cada virgem. Anjo da queda e consciência do sono leve. Filha de Dalila, Maria Madalena e das sete fadas. Nenhum antídoto para a minha condenação. Da minha luxúria, erguem-se as montanhas e abrem-se os rios. Venho de novo para furar com as minhas ondas o véu do pudor, e para limpar as feridas da falta com o perfume do deboche.
Da flauta das duas coxas sobe o meu canto
E da minha luxúria abrem-se os rios.
Como não poderia haver uma maré
de cada vez que entre os meus verticais lábios brilha um sorriso?
Porque eu sou a primeiro e a última
A cortesã virgem
O medo cobiçado
A adorada desprezada
E a velada desnuda
Porque eu sou a maldição do que precede,
O pecado desaparecido dos desertos quando abandonei Adão.
Ele andou aqui e ali, quebrou a sua perfeição.
Desci-o à terra e acendi para ele a flor da figueira.
Eu sou Lilith, o segredo dos dedos que insistem. Quebro caminhos divulgo sonhos rebento as cidades do macho com o meu dilúvio. Não reuno dois de cada espécie na minha arca Em vez disso, volto a eles, para que o sexo se purifique de toda a pureza.
Eu, versículo da maçã, os livros escreveram-me, ainda que não me tenham lido. Prazer desenfreado esposa rebelde o cumprimento da luxúria que leva à ruína total. Na loucura se entreabre a minha camisa. Os que me escutam merecem morrer, e aqueles que me não escutam morrerão de despeito.
Eu não sou nem a rebelde nem a égua fácil.
Antes o desvanecer do pesar último.
Eu Lilith o anjo devasso. Primeira fuga de Adão e corrompidora de Satanás. O imaginário do sexo reprimido e o seu mais alto grito. Tímida pois sou a ninfa do vulcão, ciumenta pela doce obsessão do vício. O primeiro paraíso não pôde suportar-me. E caçaram-me para que eu semeie a discórdia na terra, para que governe nos leitos os assuntos dos meus sujeitos.
Sorte dos conhecedores e deusa das duas noites. União do sono e do despertar. Eu, o feto-poetisa, ao perder-me ganhei a vida. Regresso do meu exílio para ser a esposa dos sete dias e as cinzas do amanhã.
Eu sou a leoa sedutora e volto para cobrir as submissas de vergonha e para reinar sobre a terra. Venho para curar a costela de Adão e liberar cada homem da sua Eva.
Sou Lilith
Regresso do meu exílio
Para herdar a morte da mãe a que dei vida.
Joumana Haddad
(Traduzido do francês por Mariana Inverno)
in: MULHERES & DEUSAS
Fiquei afastada por algum tempo, como que por fora dos assuntos atuais do movimento do Retorno da Deusa por causa de umas coisas que foi vendo sendo feitas e faladas por uns wiccanos ai e algumas mulheres ( alguns até amigos e conhecidos!) que foram me aborrecendo e incomodando, praticamente me dando a entender que era tudo planfletario apenas e que não se havia verdadeira devoção seja pela Mulher ou pela Deusa...Que tudo que falavamos ou faziamos era coisa de bruxa desinformada e que só os mestres, budas, sábios e druidas sabiam conduzir alguma coisa...Ou então que os protocolos, os cursos e as provas é que dignificavam o sacerdocio da Deusa e lhe davam autenticidade, como se eu tivesse que pagar para me tornar uma sacerdotisa...Ou então os salamaleques falsos sendo mal recebida em conversas e só bem tratada depois que descobrirar que eu era a "grande sacerdotisa" Gaia Lil...Tudo de uma intensa falsidade que chegava a me enojar...Publiquei isso no blog o Sussurro das Bacantes pensando que estava publicando aqui...E tambem tive umas dores e crises pessoais a resolver (mais do mesmo) coisas que eu já tinha passado e já sabia lidar mais por algum motivo sinta como se minha mente estivesse nublada e eu não fosse a mulher inteligente que pensava ser...Creio que isso acontece com qualquer um, chega sempre um momento em que devemos fazer uma pausa e repensar...Ademais por raramente receber qualquer sinal da Deusa vou aos poucos me sentindo desmotivada mas creio que é uma expecie de teste para ver se tenha a capacidade de aguentar a solidão...Eu estou acostumada a ser solitária.Eu não gosto muito de falar de meus problemas com meus amigos na internet senão acabo me tornando massante e repetitiva e por mais que admiremos e amemos uma pessoa, uma conmversa chata edesistimulante pode cabar com muitos elos...Me irrita profundamente a idéia de alguém achar ou mesmo sentir que lá no fundo estou me fazendo de vitima então quando me perguntam se eu estou bem digo que estou ótmima mesmo que esteja no fundo do poço...E a vida é assim mesmo e qualquer mulher ou homem tem que enfrente-la sozinho.Quando digo isso as vezes meus amigos ficam meio tristes pois pode parecer que que eu estou os desconsiderando mas não é isso. É que de fato só eu mesma posso me ajudar, e diante da Deusa apesar das muitas companheiras e sacerdotisas sempre estamos sós pois o caminho até o núcleo do labirinto interno é só...Tenho tido alguns outros problemas como falta de oportunidades para usar a internet mas a maior parte de tudo era só uma insatisfação e uma desmotivação geral...Aos pouquinhos vou continuando da maneira que der...Abraços
Viver sem menstruar?Menstruo porque sou MULHER... porque desde que ajuntamos pó de estrelas suficientes para formar nosso corpo, a cada mês, o MEU CORPO, o MEU TEMPLO, o fruto da engenharia PERFEITA da NATUREZA, se prepara para proteger e nutrir a VIDA. E, se uma vida não é formada, despejo meu SAGRADO SANGUE para fertilizar toda a TERRA. Tenho TPM porque vivo numa sociedade (ainda) patriarcal e machista que TEME tudo aquilo que NÃO ENTENDE e, portanto, quer eliminar tudo aquilo que AMEAÇA a sua ILUSÃO de estabilidade, de permanência.Tenho TPM porque a PAUSA é parte FUNDAMENTAL de uma vida saudável, plena, FELIZ... Tenho TPM porque vivo num mundo que não respeita as minhas pausas, as minhas necessidades individuais... nem as minhas, nem as de ninguém. Tenho TPM porque fui criada como um Ser sensível às vibrações de todos os níveis de realidade, não somente os mais visíveis, e tenho dentro de mim a SABEDORIA de ser um canal de COMUNICAÇÃO entre eles. No entanto, vivo num mundo onde o Deus CHRONOS, com seus moldes, fôrmas, estruturas pré-definidas e tic tacs devoradores da vida, persegue e crucifixa diariamente o Deus KAIRÓS - padroeiro da CRIATIVIDADE, da ESPONTANEIDADE, da LIBERDADE... Menstruo porque a NATUREZA foi GENEROSA para comigo e minhas irmãs - incrustou em mim a SABEDORIA da nossa avó LUA: a de SABER ESVASIAR-SE para, então, tornar-me plena novamente. Menstruo pois a LUA DENTRO DE MIM conhece os CICLOS DA VIDA e sabe, mesmo que lá no fundo, que é necessário SABER MORRER para poder RENASCER, limpa de tudo aquilo o que é velho. AMO menstruar - mesmo com minhas cólicas, seios inchados e outras formas que meu corpo encontra para me dizer: PARE, este momento é SEU (e não do seu chefe!), pois tenho a CORAGEM de experimentar a VIDA com tudo o que ela tem: com suas dores e seus Amores... seus prazeres e desprazeres... seus ABSURDOS e suas GRAÇAS... e, à cada mês, recebo uma sublime aula sobre a IMPERMANÊNCIA de tudo o que existe. Não sou hoje a que fui ontem... nem serei amanhã a que hoje sou. Fui criada para saborear brisas e tempestades e a VIDA dentro de mim PULSA PELO MOVIMENTO. MENSTRUAR É MOVIMENTAR! AMO MENSTRUAR pois acho PURA POESIA viver as fases da LUA dentro de mim... e as minhas fases me ensinam que é preciso HUMILDADE para compreender o SENTIDO de tudo aquilo que acontece. A vida não evoluiu por milhões de anos para criar um ser que adoece a cada mês: mais HUMILDADE, senhora medicina, fiel súdita da indústria farmacêutica. Tens apenas poucas centenas de anos e tu simplesmente não existirias, enão fosse a GENEROSIDADE da mesma natureza que nos criou assim como somos. Mais CUIDADO senhores médicos: não se pode falar com propriedade daquilo que não se experimentou com seu próprio corpo, suas próprias emoções ou, pelo menos, a partir da sua capacidade de EMPATIA. Saúde, já dizia meu pai, é saber DANÇAR COM AS ESTAÇÕES. E as estações de fora são as mesas de dentro. MULHERES, Temos a BENÇÃO de ter um corpo que flui com a VIDA à cada mês, não importa o quão desconectadas estejamos da HARMONIA do mundo em que vivemos. Deixaremos mais uma vez nos CALAR a VIDA que pulsa dentro de nós? Entregando nossos corpos, nossos TEMPLOS, para pessoas sem rostos e sorrisos em salas FRIAS E ESTÉREIS para os forçar a se ADEQUAR à um sistema que encontra-se profundamente DOENTE?E, no final, descobriremos que a questão não é menstruar ou não... não é descobrir se quem pari é a mulher ou o médico... é SE DAR CONTA de a INQUISIÇÃO ainda não terminou - apenas transformou a forma de FAZER CALAR O FEMININO EM NÓS - uma forma cada vez mais sutil e, portanto, cada vez mais eficaz.Reflexões de Belinha Crema sobre o movimento "viva sem menstruar"IN: TEIA DE THEA
A certeza de que dou para o mal, pensava Joana. O que seria então aquela sensação de força contida, pronta para rebentar em violência, aquela sede de empregá-la de olhos fechados, inteira, com a segurança irrefletida de uma fera? Não era no mal apenas que alguém podia respirar sem medo, aceitando o ar e os pulmões? Nem o prazer me daria tanto prazer quanto o mal, pensava ela surpreendida. Sentia dentro de si um animal perfeito, cheio de inconsequências, de egoísmo e vitalidade.Clarice Lispector - Perto do Coração SelvagemHabitis, peço deis de já que te afaste de mimCansa me essa força que me arde e assola o corpoSinto a força da dor percorrendo ponta a ponta do santuário de minha almaHabitis, corre o meu corpo como fogo mutanteUltima labareda viva que percorre minha alma de mulherHabitis tu que és a chama viva do santuário de minha DeusaNão deixes que minha alma caia na tentação da acomodaçãoDeis de já peço que me deixesVem vem me incendiando toda por dentro e em pulsaçõesVem Habitis, como antiga sereia emergindo das águas mais profundas da menteHabitis percorre o meu corpo cansado e mutiladoTão docemente, tão loucamente...Roa me toda a minha insegurança. Minha Mãe HabitisVem e Roa todo o meu demónio interno, meu medo de não agradarHabitis roa me pois sou diabólica e sei "que dou para mal"Vem e roa me toda em feixes de luzQue como seixos brotam da Mãe TerraSenhora da Vida incendeia meu coração com tua esperançaPois as vezes me parece que vivo apenas para sofrerEu que sempre chamoSempre invocoPeço-te lança uma última vez sua sombra sobre mimDe modo que o meu mal não me destrua maisPois por mais que eu crieAcabo destruindo, destruindo tudo e dando gargalhadasComo uma louca feiticeira...