sexta-feira, 1 de maio de 2009

MEDO DO FEMININO






Toda a ideologia do patriarcado concebe o "feminino" como uma força irracional destrutiva. Entretanto, a desvalorização do Feminino deve ser entendida como uma tentativa de superação do medo do Feminino e de seu aspecto perigoso como a "Grande Mãe" e como a "anima".

No patriarcado, o inconsciente, o instinto, o sexo e a terra, enquanto coisas terrenas, pertencem ao "feminino negativo", ao qual o homem associa a mulher, e que todas as culturas patriarcais, até o presente momento, a mulher e o Feminino têm sofrido sob a atitude defensiva e o desprezo masculinos.
Essa avaliação negativa não se aplica apenas ao caráter elementar e ao aspecto matriarcal, mas igualmente ao seu transformador. Para o homem, que considera-se "superior", a mulher se torna feiticeira, sedutora, bruxa, e é rejeitada em virtude do medo associado ao Feminino irracional. O homem denuncia o Feminino como escravizador, como algo confuso e sedutor, que pode colocar em risco a estabilidade de sua existência. Ele rejeita o feminino, especialmente porque ele o prende no casamento, na família e na adaptação à realidade, e o confunde quanto o pensar de si próprio. Como o indivíduo do sexo masculino é dominado pelo elemento espiritual superior, ele foge da realidade da terra e prefere ascender rumo ao céu.
O resultado dessa postura unilateral, torna o homem não integrado que é atacado por seu lado reprimido e em muitas vezes sobrepujado por ele.


A negativização do Feminino não deixa que o homem experiencie a mulher como uma igual, mas com características distintas. A conseqüência da altivez patriarcal leva à incapacidade de fazer qualquer contato genuíno com o Feminino, isto é, não apenas com a mulher real, mas também com o Feminino em si, com o inconsciente.
Enquanto o indivíduo do sexo masculino não deixar desenvolver o Feminino (anima) em uma psique interior, jamais chegará a alcançar a totalidade. A separação da cultura patriarcal do Feminino e do inconsciente torna-se assim, uma das causas essenciais da crise de medo que agora se encontra o mundo patriarcal.




A DEUSA LILITH


“Lilith: Deusa, Demónio ou Lua Negra da Terra” por Julie Loar (Julie Gillentine)- artigo retirado de Queen of Cups, Inc. /Antiga Sabedoria para o Mundo Moderno, e que foi publicado com autorização da “Atlantis Rising Magazine”,#71




(...)“Psicologicamente, em todos os seus aspectos, Lilith parece representar facetas do feminino que foram suprimidas. A sua natureza manifesta-se como uma Desordem de Múltipla Personalidade em que aspectos do feminino foram estilhaçados, e algumas dessas partes são etiquetadas como boas e outras como más.
Individual ou colectivamente, a maneira como isso se apresenta depende do contexto. Lilith pode ser um anjo rigoroso e severo, ou um demónio colérico. Algumas vezes ela está zangada e é vingativa, outras vezes ela tem o poder de retomar o seu estatuto correcto de parceira em igualdade. Os astrólogos que usam Lilith, em qualquer das suas formas, acreditam que ela revela feridas relacionadas com o poder feminino, tanto em homens como em mulheres. Reconhecer que há algo a que foi negado acesso, é um primeiro passo para restaurar o equilíbrio. Podemos imaginar que destino teria sido o da humanidade se Adão e Lilith se tivessem entendido.Lilith saiu do jardim e consequentemente a sua natureza e poder descontrolado passou a ser temido e foi declarado mau. A história de Lilith encarna o que ocorreu nos mitos ao longo dos tempos à medida que as culturas que veneravam antigas deusas foram eclipsadas pelo patriarcado emergente. [Dos três mitos referidos acima] Personificando a Árvore da Vida, Lilith é um exemplo de quantas divindades femininas foram demonizadas. Nos tempos modernos, à medida que o pêndulo retorna no seu movimento, Lilith tornou-se um ícone de poder feminino.”
De volta ao jardim... No Éden existiam duas árvores. Eva, criada para substituir Lilith, agarrou no fruto da outra árvore, a Árvore do Conhecimento. Ela foi acusada pela Igreja, e com ela, todas as mulheres, pelos pecados do mundo. Descodificar o significado simbólico da serpente, antigo e difundido símbolo da sabedoria feminina, é fundamental para compreender os níveis mais profundos da história da humanidade. Na Cabala, a tradição mística do judaísmo, a serpente sobe pela Árvore da Vida para retornar à fonte.A natureza fragmentada e confusa de Lilith, no mito e na astrologia, pode reflectir as maneiras como as nossas escolhas fracturaram a psique humana, e ela pode deter a chave que poderia abrir possibilidades de cura. Furar o véu da persona enigmática de Lilitih pode dar aos homens e mulheres modernos uma energia que confere poder e que é muito necessária no mundo de hoje. Alguns simbolistas sugeriram que a Idade de Aquário pode ser simbolizada por jardins e por uma Terra mais verde. À medida que a consciência humana se expande, creio que todos beneficiaríamos se redimíssemos a nossas naturezas separadas.
Integrar todas as partes da nossa feminilidade, incluindo a sexualidade e os mistérios da velhice e da morte, poderia tornar-nos mais fortes e sábios ao enfrentar os actuais desafios ambientais.”“Lilith: Deusa, Demónio ou Lua Negra da Terra” por Julie Loar (Julie Gillentine)- artigo retirado de Queen of Cups, Inc. /Antiga Sabedoria para o Mundo Moderno, e que foi publicado com autorização da “Atlantis Rising Magazine”,#71
*
(Tradução do inglês feita pela Elisa Soares)
Publicada por Rosa Leonor em MULHERES & DEUSAS


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Que o Poder Infinito da Deusa e da Mãe Natureza purifique seus caminhos.