quinta-feira, 22 de outubro de 2009

CHAGAS DA ETERNA AFRODITE


(...)As chagas de Afrodite ficaram mais visíveis e lamentosas. É triste dizer e lembrar que, em tempos em que a fé começou a ser questionada juntamente aos valores atípicos de hoje em dia, Afrodite venha a ser uma Deusa acidentalmente venerada pelo inconsciente coletivo e sendo barrada no consciente.

(...)Afrodite representa a energia passional, e por tal razão, mesmo com inúmeras tentativas de reprimí-la, nunca houve muito esforço para tanto. Os ideais da generosidade, da paixão intensa, da profundidade emocional acabaram sendo ofuscadas pela sexualidade/sensualidade, e pela beleza física, tátil, supérflua.

O padrão esquelético tem uma longa existência da busca incessante pela Virgem, acho que foi no princípio da Cristandade, lááááá com o sexualmente afetado e ex-ladrão, Paulo. O que se intensificou horrores na medida em que as doenças venéreas surgiram, e a busca por prostitutas virgens virou uma histeria coletiva. Tá em qualquer livro sobre o assunto, pode pesquisar. As mulheres se sufocando em espartihos, para disfarçar o ventre flácido e os seios murchos de parir e alimentar bebês, prostitutas enfiando nas vaginas esponjas banhadas em sangue para que o cliente pagasse mais caro supondo ser uma prostituta virgem.

Em tempos novos, já se considera um absurdo, ouve-se em programas da tarde, dedicados á manter mulheres domesticadas, o horror, mulheres no século passado, se esmagando em espartilhos, para que os quadris largos não denunciassem (mesmo que inconscientemente) o quando seria desvalorizada se não o usasse!

Sim, realmente, absurdo, uma nítida tentativa de sufocar (literalmente) a feminilidade. Ainda bem que acabou! Epa....acabou?

Só no meu ambiente de trabalho conheço umas 3 mulheres que mutilaram o estômago, reduzindo-o ao tamanho de uma bola de golfe. Os cirurgiões plásticos ganham uma fortuna aspriando gordura de culotes de mocinhas, e até mesmo já há casos de meninas entre 8 e 12 anos já anoréxicas. Acabou mesmo ou o espartilho foi trocado por uma nova tortura?

Comprovando a minha idéia de que a busca pelo corpo eternamente virginal, quase infantil, surge a nova idéia, a nova maravilha da tecnologia de ponta em cirurgias plásticas: a reconstrução do hímen. Ok, em certas culturas, o que não vou criticar de forma alguma, a ameaça de ser subjugada na própria família fez necessário um procedimento desses, mas e quanto às que reconstróem o hímen a cata de novo casamento? Se eu tivesse agora como desenvolver mais uma linha de raciocínio, faria a análise mais funda dessa confusão.

Nessa neurose de criar os corpos impossíveis, a "mulher maravilhosamente estonteante de linda", meninas destróem o próprio corpo se recusando a se alimentar, outras mutilam os próprios órgãos (ressalvo em casos de saúde, o que direi mais à frente), em um desespero absurdo de se tornanrem a Vênus de Botticelli. Deus que nos livre de sermos Vênus de Willendorf!

E na maioria dos casos o que acontece? Mulheres lindas, porém enfraquecidas. Sem alimentar o corpo e sem saber alimentar o próprio coração. Se tão lindas, de tão estonteantes, tornam-se o antílope de couro mais cobiçado. Se vêem em uniões intáveis, infelizes, muitas vezes, reflexo do próprio desrespeito com o próprio corpo. Se tornam as "vitrines" do parceiro por quem se apaixonam. São julgadas, até por outras mulheres, como fúteis, superficiais, as tais "lôraburras". E elas, magoadas, perdidas, vingativas, taxam as outras de mal-comidas, invejosas, e por aí vai. Que mulherada maluca é essa?

São as chagas de Afrodite. Na leitura do livro "A Deusa Interior" (Roger Woolger e Jennifer B. Woolger, Ed.Cultrix), diz-se que a sexualidade sagrada de Afrodite foi substituída pela imaginária Virgem, e após algum tempo acabaram misturadas, e hoje em dia o que temos, é a Mulher Maravilhosamente Linda e IDEAL.

Como recuperarmo-nos de chagas tão profundas? O ideal é você ouvir seu próprio corpo. Ver nele o reflexo de você mesma, como mencionei acima. Muitas vezes, acabamos usando o corpo como depósito de nossas aflições. No rosto abaixo, lindo ou não, pode-se ver a beleza natural e a sabedoria, que traz um brilho essencial, que difere de dietas, maquiagens, roupas de grife ou afins.

Quando se está em paz consigo mesma, é possível ser feliz como se realmente é. O papo é clichê, mas é real. Quantas mulheres maravilhosas eu conheço, de mais ou de menos idade, com quilinhos a mais ou quilinhos a menos? Se algumas delas não se perdessem lamentando não se encaixarem no perfil esquelético-sexy, mas no próprio perfil, seriam tão mais felizes...
Texto muito bonito e sensivel recomendado por Ana Paim do Janela da Alma:

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Que o Poder Infinito da Deusa e da Mãe Natureza purifique seus caminhos.