domingo, 13 de dezembro de 2009
CASAMENTO A INSTUIÇÃO DE HERA???
A ARMADILHA DA PROTEÇÃO
Emma Goldman
LEALDADE FEMININA
O matrimônio e o amor não possuem nada em comum; estão tão longe entre si como dois pólos, inclusive, antagônicos. O matrimônio é antes de tudo um acordo econômico, um seguro que só se diferencia dos seguros de vida correntes no que é mais vinculador e rigoroso. Os benefícios que se obtém dele são insignificantes em comparação com o que se paga por ele. Quando se assina uma apólice de seguros, se paga dinheiro e se tem sempre a liberdade de interromper os pagamentos. Entretanto, se o prêmio de uma mulher é um marido, tem que pagar por ele com seu nome, sua vida privada, o respeito de si mesma e sua própria vida “até que a morte os separe”. Além disso, o seguro do matrimônio a condena a depender do marido por toda vida, ao parasistismo e à completa inutilidade, tanto do ponto de vista individual quanto social. O homem também paga o seu tributo, mas como sua esfera de vida é muito mais ampla, o matrimônio não o limita tanto quanto à mulher. As correntes do marido são muito mais econômicas.
Vivemos em uma época de pragmatismos. Já não estamos nos tempos em que Romeu e Julieta se arriscavam a desafiar a ira dos seus pais por amor, ou em que Margarita se expunha aos falatórios de seus vizinhos, também por amor. A norma moral que se inculca na jovem não é perguntar-se se o homem despertou seu amor, senão “quanto ganha”. O único deus e a única coisa importante da vida pragmática norte-americana são: Pode o homem ganhar a vida? Isso é a única coisa que justifica o matrimônio. Pouco a pouco vão se saturando com pensamentos da garota, que já não sonha com beijos e a luz da lua, ou com risos e lágrimas, senão com sair para comprar e conseguir liquidações nas lojas. Essa pobreza de alma e essa sordidez são os elementos inerentes à instituição do matrimônio.
Essa instituição converte a mulher em um parasita e a obriga a depender completamente de outra pessoa. A incapacita para a luta pela vida, aniquila sua consciência social, paralisa sua imaginação e lhe impõe, depois, graciosamente sua proteção, que na realidade é uma armadilha, uma paródia do caráter humano. Se a maternidade é a maior realização da mulher, que outra proteção necessita senão o amor e a liberdade? O matrimônio profana, ultraja e corrompe essa realização. Por acaso não disse à mulher que somente sob sua proteção poderá dar a vida? Não a põe na conversa, a degrada e a envergonha se se nega a comprar seu direito à maternidade com sua própria pessoa? Por acaso o matrimônio não sanciona a maternidade, ainda que haja concebido com ódio ou por obrigação? E quando a maternidade é escolhida, produto do amor, do êxtase, da paixão desafiante, não se coloca uma coroa de espinhos numa cabeça inocente, gravada em letras de sangue o odioso epíteto de “bastarda”?
Ainda no caso de que o matrimônio contivera todas as virtudes que dele se afirmam, seus crimes contra a maternidade os excluiriam para sempre do reino do amor. O amor, o elemento mais forte e profundo de toda vida, presságio de esperanças, de êxtase; o amor que desafia a todas as leis, a todas as convenções; o amor, o mais livre, o mais poderoso modelador do destino humano, como pode essa força toda poderosa ser sinônimo da pobre feiúra do Estado e da Igreja que é o matrimônio?
Amor livre? Por acaso o amor pode ser outra coisa mais que não livre? O homem comprou cérebros, mas todos os milhões deste mundo não conseguiram comprar o amor. O homem submeteu os corpos, mas todo o poder da terra não foi capaz de submeter o amor. O homem conquistou nações inteiras, mas todos os seus exércitos não poderão conquistar o amor. O homem encarcerou e aprisionou o espírito, mas não pode nada contra o amor. Incrustado em um trono, com todo o esplendor e pompa que pode proporcionar o seu ouro, o homem se sente pobre e desolado se o amor não pára na sua porta. Quando existe amor, a cabana mais pobre se enche de calor, de vida e alegria; o amor tem o poder mágico de converter um mendigo em rei. Sim, o amor é livre e não pode crescer em nenhum outro ambiente. Em liberdade, se entrega sem reservas, com abundância, completamente. Todas as leis e decretos, todos os tribunais do mundo não poderão arrancar-lhe do solo em que fincou suas raízes. O amor não necessita de proteção, porque ele se protege a si mesmo.
Enquanto é o amor que gera os filhos, não há crianças abandonadas, famintas ou carentes de afeto. Conheço mulheres que foram mães sem liberdade com o homem a quem amavam. Poucos filhos têm desfrutado do matrimônio do cuidado, proteção e devoção que a maternidade livre é capaz de deparar-lhes. Os defensores da autoridade temem a maternidade livre por medo de que se despoje de sua presa. Quem então lutaria nas guerras? Quem se faria de carcereiro ou polícia se as mulheres se negam a dar luz indiscriminadamente? A raça, a raça! Grita o rei, o presidente, o capitalista, o sacerdote. Há que salvar a raça, ainda que a mulher seja degradada ao papel de pura máquina, e a instituição do matrimônio é a única válvula de segurança contra o perigoso despertar sexual da mulher.
Mas são inúteis estes esforços desesperados para manter um estado de escravidão. São inúteis também os editos da Igreja, os ferozes ataques dos ditadores, e inclusive o braço da lei. A mulher não quer seguir sendo a produtora de uma raça de seres humanos doentes, débeis, decrépitos e miseráveis, que não tem nem a força, nem o valor moral de sacudir-se do jugo de sua pobreza e de sua escravidão. Em lugar disto, deseja menos filhos e melhores, formados e criados com amor e por livre eleição, não por obrigação, como no matrimônio.
Nossos pseudomoralistas têm que aprender o profundo sentido de responsabilidade para com as crianças, que o amor em liberdade desperta no peito da mulher. Esta preferiria renunciar para sempre a maternidade que dar a vida em uma atmosfera onde só se respira a destruição e a morte. E, se se converte em mãe, é para dar a criança o melhor e o mais profundo de seu ser. Seu lema é desenvolver-se com a criança, e sabe que só desta maneira poderão formar-se os verdadeiros homens e as verdadeiras mulheres.
Na realidade, em nosso atual estado de pigmeus, o amor é algo desconhecido para a maioria das pessoas. Não o compreendem, e se esquiva ou muitas raras vezes se arraiga; e quando o faz, de repente murcha e morre. Sua fibra delicada não pode suportar a tensão e os esforços do viver cotidiano. Sua alma é demasiadamente complexa para ajustar-se a viscosa textura da nossa trama social. Chora, se lamenta e sofre com os que o necessitam e, no entanto, carecem de capacidade para elevar-se a sua altura.
Algum dia, os homens e as mulheres se elevarão e alcançarão o cume das montanhas; se encontrarão grandes, fortes e livres, dispostos a receber, compartilhar e aquecerem-se nos dourados raios do amor. Que imaginação, que fantasia, que gênio poético pode prever, ainda que seja aproximadamente, as possibilidades dessa força nas vidas dos homens e das mulheres? Se no mundo tem que existir alguma vez a verdadeira companhia e a unidade, o padre será o amor e não o matrimônio.
Traduzido de: GOLDMAN, Emma. La trampa de la protección. In: BAIGORRIA, Oslvaldo. El amor libre: Eros e anarquia. 1 ed. Buenos Aires: Libros de Anarres, 2006. cap. 9, p. 49 – 52.
Traduzido por: Antonio Henrique do Espirito Santo. Revisado por: Íris Nery do Carmo.
A DEUSA HERA
Na sua descrição patriarcal e negativa encontramos a Deusa Hera como uma esposa rixosa e ciumenta e dependente que vivia sempre em pé de guerra com Zeus.
No entanto ao estudarmos o mito de Hera e seu culto anterior ao de Zeus (culto deste que era patrilinear e nordico, sua descendencia provinda de Odin) encontramos uma Deusa da Soberania da Terra e da sabedoria feminina, proterora ferrenha de todas mulheres e da sexualidade pois suas ervas sagradas eram conhecidas na antiguidade por curar doenças genitais femininas.
Na propria palavra "Hera" encontramos significados como Terra, Senhora, Ar, Escolhida, sendo portanto atributo de uma Deusa minoica da Terra do céu , da água e do ar anterior a Zeus e mais poderosa que este na antiguidade matriarcal.Segundo os mitos centrais do matriarcado Hera deu a luz sozinha a seu filho amante Heracles , cujo nome significa gloria a Hera.O proprio nome heroi provem de Heros sendo atribuido ao consorte de Hera, pois a Grande Deusa era mãe de todos os herois solares. Posteriormente a Deusa Hera foi descrita como a grande inimiga de Heracles, numa tentativa de desacreditar o culto a Deusa Terra.
Isto tambem marca o momento em que o patriarcado absorveu os deuses solares que antes eram filhos da mesma Grande Deusa. A Deusa Hera que antes reinava sozinha e por dereito proprio era um simbolo e um exemplo que todas as mulheres e rainhas dos periodos matriarcais seguiam. Na tentativa de abrandar a rebelião feminina ante a nova ordem imposta, os homens do patriarcado disseminaram a crença de que Hera era na verdade a esposa de Zeus, quando muito pelo contrario este foi por ela escolhido como amante de acordo com a velha tradição. O mesmo aconteceu com as rainhas que tomaram como amantes os invasores e estes depois se sentiram no direito de reinar e instalaram a ordem patriarcal traindo assim as mulheres que lhes tomaram como consortes. Nos antigos sistemas a rainha reinava por direito proprio e como sacerdotisa, tambem sendo escoltada com o rei, que neste sentido, só tinha funções religiosas como simbolo do Deus, o Rei do Ano, que era sacrificado em nome da Deusa para levar ferilidade a vida e a Terra . Tudo isto pode ser tido pela sociedade moderna como um ato cruel e barbaro, mas no entanto não devemos esquecer que o rei consentia com o ritual e não obrigado, tudo isso se fazia no sentido religioso.Posteriormente antes das invasões orientais e nordicas , o ritual não era mais praticado totalmente, ou seja não se dava cabo ao antigo sacrificio , sendo realizado apenas simbolicamente, com o rei se escondendo numa gruta (útero da Mãe Terra) e outro jovem sendo sacrificado em seu lugar e no final do periodo classico um animal do qual o rei comia as parte do corpo simbolizando o seu renascer( no momento que ele saia da caverna).
Por isso eu repudio o culto a Deusa Hera neste contexto como deusa do casamento, e sempre reafirmo sua essência original e verdadeira, como Deusa da sabedoria feminina soberana, fertilizadora da terra e , Rainha dos Deuses por direito próprio, defensora das mulheres e proterora de todos os estágios da vida feminina, uma Deusa a ser evocada por todos os homens e mulheres que buscam uniões espirituais verdadeiras no seu sentido original e totalmente adverso ao casamento patriarcal arcaico e atual.gl
Gaia Lil
Você está confundindo. Hera não é deusa do casamento como instituição civil patriarcal, ela é deusa do casamento sagrado, a união abençoada pelos deuses. Devias ler mais sobre o Hieros Gamos e o Gamelia/Theogamia.
ResponderExcluirOlá!! Li e reli seu texto e como devota de Hera quero lhe perguntar quais as fontes que vc consultou que afirmam ser Hera uma deusa da terra. Ate onde eu sei Ela é de cunho celeste. E ja procurei tb fonets onde falam que Heracles era filho/amante de Hera e tb não achei, só encontro pessoas reproduzindo esse fato mas fonte que é bom, ninguem cita. Vc poderia dizer-me? Eu não vejo Hera da maneira que vc ve, eu vejo Hera como rainha e soberana de um reino e se Ela é casada com zeus não vejo que seja diminuida historica ou mitologicamente por isso. Só vejo essa diminuição em livros da nova psicologia feminina, que A analisa como aruqetipi e não como mito/deusa. Isso já deu pano pra manga no meu blog e me sinto feliz em encontar na net alguem q seja devota dela tb!
ResponderExcluirUm grande e fraterno beijo!
Iony
PS. se quiser me add no msn: ionyming@hotmail.com