quinta-feira, 29 de abril de 2010
A LILITH QUE HÁ EM NOS
MÃE-DEUSA DAS ORIGENS...
O ÊXTASE DAS MULHERES...
“ O homem e a Mulher são diferentes, diz-nos Joelle de Gravellaine, os seus êxtases não são os mesmos”. Em vez de se reduzir a uma espécie de incomunicabilidade feminista, a fundadora da célebre colecção Response (Ed Rober Laffont) decidiu contar-nos a origem sagrada do êxtase das mulheres, persuadida que isso pode ajudar a iluminação do homem.”
Em 1985, depois de quarenta anos de caminho, para lançar uma primeira síntese entre os domínios da sua predilecção, em que se articulam simbólica, poesia, mito, psicologia das profundidades, ela faz de Lilith – fiel serva do Criador – o seu tema de estudo, publicando uma obra astrológica e mitológica com o título O Retorno de Lilith: a lua negra (ed. L’Espace Bleu).
Através de ambiguidade do desejo e da rebelião da primeira parceira de Adão (antes de Eva), ela ataca um momento apaixonante do inconsciente colectivo: aquele em que, nomeadamente interposta pela Bíblia, a nova ordem patriarcal decide encerrar a selvajaria do desejo feminino no inferno.
Joelle de Gravelaine termina hoje a sua defesa sobre a natureza feminina com a Deusa Selvagem (ed. Dangles). Ela conta que a terra é à imagem da Mãe e vice-versa, Terra Mãe, Magna Mater, dadora de vida e de morte, senhora das árvores e dos animais selvagens, ela é ao mesmo tempo primitiva, subtil, espiritual, andrógino, loba, serpente, porca e jumento. Ela denuncia a atitude desonesta dos gregos que em vez das deusas – de Isthar a Athena passando por Ísis, Demeter, Ereshkigal -, na sua luta obstinada de as reduzir à condição de ogres satânicos e mães desrutivas, vazias de todo o apelo à vida e à ressurreição. Posição misógina e recuperada e mantida mais tarde pela tradição judaico-cristã.
Resultado: ainda são numerosos aqueles a quem o desejo selvagem, o prazer, o instinto da mulher arquetípica, embaraçam consideravelmente. Eles contestam a legitimidade da Deusa das Origens, e fazendo-o, negam completamente o papel da mulher no mundo.” (Introdução a uma entrevista feita à autora por N.C.)
COMO O ÊXTASE NOS FOI PROIBIDO..
Fica aqui uma ilustração clara do que os “clássicos” gregos e o Império romano e depois os judeus e cristãos fizeram da mulher: um ser mutilado de uma parte de si, um ser cindido, maléfico e pecador, uma ameaça para os “santos” padres e condenado aos infernos e como sabemos, mais tarde, perseguida e queimada nas fogueiras da Santa Inquisição… Neste pequeno trecho que acabei de traduzir do francês podemos perceber com grande clareza até que ponto a mulher foi banida da história dos homens e condenada ao descrédito, afastada do seu ser essencial, facto que se reflecte ainda e de maneira gritante nas nossas sociedades que se pretendiam civilizadas e onde a mulher intelectual ou “espiritual” julga que ocupa um lugar “importante”, sem perceber que está desligada da sua essência e da sua verdadeira natureza.
Todas nós nos perdemos da nossa verdadeira identidade ao perder uma parte integrante de nós mesmas, mas também os homens perdendo o seu lado feminino, perderam muito, assim como o mundo, para não dizer que perderam tudo, pois vamos de ter que recomeçar do início face a um anunciado (próximo ?) fim tão calamitoso para a humanidade…
A não ser que a mulher acorde para essa parte de si que foi apagada dentro dela e da face da terra, a não ser que a Deusa Mãe e a Terra façam a sua limpeza global do Planeta, não voltaremos a ser Humanos como era suposto sermos à partida. Para quem tenha dúvidas, basta olhar com olhos de ver à sua volta para a crise mundial: ela não é só económica e financeira, mas uma crise global de valores baseada na falta de respeito pela vida humana e dos animais em geral na terra, por uma tónica nos valores materiais e na conquista de poder. Seria inconcebível uma raça verdadeiramente humana comportar-se deste modo tão evidentemente criminoso para com o seu “semelhante” seja, em primeiro lugar para com a mulher, seja para com os outros seres humanos, crianças e animais, e a própria Natureza-Mãe!
Que lavagem ao cérebro, que “educação”, que poder ignominioso de destruição cabal e de controlo do mundo tem os poderosos que governam na sombra, para cegar as pessoas impedindo-as de reflectir e de pensar, para as impedir de agir e sequer sonhar ou querer um mundo melhor, um mundo mais justo e igualitário, sem que não seja a Utopia ou a Crença consentida para manter a ilusão dos que lutam e trabalham e ainda acreditam no sistema que os escraviza ou no deus que os castiga? Faça o que o homem fizer ainda neste mundo sem A Consciência do Feminino Sagrado, sem a elevação da verdadeira Mulher e da Deusa Mãe, e não a que está nos altares católicos, não poderemos nunca chegar à Consciência Suprema, à Alquimia da Mutação nem realizar a Obra para que fomos criados …
UM NOVO SER HUMANO!
rlp
domingo, 18 de abril de 2010
A NOSSA IRMANDADE
PORQUE INSISTIMOS NESSE TRABALHO?
Sem duvida é uma coisas que todas nos que trabalhas na área do Feminino Sagrado nos perguntamos todas as vezes em que damos de cara com as dificuldades da vida, com a desistência de nossas irmãs, com o desrespeito social e religioso da causa da Deusa e da descrença na força das mulheres....
Não continuamos para ficar famosas, pois na nossa sociedade patriarcal só é valido para a mulher na midia, o que de gostosa ou sensual, ou a intelectualidade patriarcal e as mulheres masculinizadas , as donas das multi-nacionais e as politicas...
Igualmente as feministas ou tão aplaudidas ou desprezadas dependente de sua atitude, e principalmente quando se voltam para questões ditas mais psicológicas e espirituais do que as questões sociais e a camuflagens de direitos...
Enfim creio que nos continuamos esse trabalho unicamente pelo estimulo de pertencer a algo, maior que nos mesmas, a nossa Irmandade, por vezes dividida, por vezes conflitante, mas nunca destrutiva...Continuamos unicamente porque cada uma de nos é a Deusa para outra mulher quando ela está a beira de desistir, tal como Rosa Leonor foi a Deusa me chamando de volta a seu serviço a um tempo atrás, tal como eu fui a Deusa para ela pedindo para que continuasse, tal como Nana Odara também o foi depois de mim.
Nos continuamos unicamente porque vamos além de todos os preconceitos que nossa sociedade nos impôs, e desafiamos o mundo, pois somos as primeiras mulheres apoiando mulheres numa causa totalmente feminina (o que não exclui os homens).Entre nos não a divergências politicas, pois não nos preocupamos com o que o patriarcado e seus homens pensam de nos, entre nos unidas no sentimento de mutuo afecto e respeito, sentindo assim , e vivendo, cada uma a sua maneira, a Deusa Mãe.
Todas nos somos como pedaços coloridos de um vidro uma garrafa, um Cálice Sagrado, muito maior que todas nos, que nos permeia e protege, um Poder que nois defendemos com todas as nossas garras, das injurias e injustiças do patriarcado...Todas nos somos a Deusa em seus múltiplos aspectos, A Mãe Sedutora, a Donzela Rebelde, a Velha de Saber, a Mulher de Mistério, a Mãe Selvagem, Aquela que Amamenta, a Destruidora, a Rainha da Noite, Jovem Cantora, A Sacerdotisa, A Maga, a Bruxa, etc...
Juntas unidas nessa causa, unidas pela força das Deusas, nos A encarnamos, e A vivenciamos no nosso dia-a-dia, as vezes explicitamente, as vezes como refugiadas clandestinas, as vezes como fugitivas ou espiãs...Somos em fim uma Irmandade, que tem um mesmo objectivo, A divulgação e a ampliação da ecologia, da Espiritualidade Feminina, o equilíbrio entre homens e mulheres, a parceria e o respeito a vida...
Juntas, sejamos feias ou lindas, sejamos jovens, maduras ou velhas,brancas ou negras, pardas ou morenas, juntas cada uma de nossas faces formam o A Face da Deusa, cada um de nossos corpos, magros, velhos, belos, pequenos, grandes, enrugados, macios ou lisos, formamos o Corpo da Deusa.
Que jamais nos esqueçamos que no nosso abraço e na nossa Unidade
Nos somos a Deusa.
JUNTAS NOIS SOMOS A DEUSA
Gaia Lil
AS CATÁSTROFES NATURAIS QUE ASSOLAM O MUNDO
Pele, a Grande Deusa da montanha e do vulcão, Senhora da fúria da Natureza, Deusa que sem dúvida rege todas as catástrofes "naturais" provocadas pelos seres humanos...
Pele não é má, ela apenas ensina que a natureza tem poder e é muito maior que os seres humanos e suas religiões patriarcais que tratam a Terra Mãe como se fosse uma matéria nati-morta e sem vida que nada mais faz do que estar aqui para satisfazer nossos prazeres mundanos e profanos , arrasando com florestas e matas em nome de casas feitas a madeira, moveis e outras tolices que poderiam ser substituidas por matérias mais ecológicos, ou por matérias recicláveis (reciclados). Tudo que fazemos é jogar nosso lixo, no Útero da Deusa, assim jogamos tudo no mar na esperança que a Mãe não se volte contra nos, rezamos nossos mantras nova era e achamos, enfim que a Mãe Terra vai manter tudo numa boa e aguentar todas as violências do ser humano ao seu corpo sagrado , a seus animais, as nossos semelhantes que vivem na miséria e na fome, sem dar nenhuma resposta....Sem duvida é esperar miséricordia demais da Grande Mãe!
"O habitat do ser humano, a Mãe Terra, encontra-se em um ponto crítico e é vital que “as filhas da Grande Mãe” se empenhem no resgate, na prática e na divulgação dos valores, das tradições e dos ensinamentos da Sacralidade Feminina" no respeito a Terra Mãe e a todas as criaturas viventes no seu corpo, proprondo uma sociedade de parceria entre homens e mulheres, além do aumento de praticas ecologicas e mais empenho na tentativa de recuperação de rios e florestas arrasadas pela nossa cultura patriarcal consumista e possesiva...
Gaia Lil
O trecho entre aspas e itálico é do texto " Sabedoria Feminina para promover a paz"- Mirella Faur.A LUZ DA VERDADE
PORQUE NOS NEGAMOS AS EVIDÊNCIAS?
“O encontro com a Mãe Divina é uma etapa essencial para a nossa consciência, totalmente incompreensível para o intelecto. Porque a Grande Mãe é o Todo. Ela é o próprio Corpo da criação, Ela sustem o universo, a sua Essência está em todo lado. E a sua Essência é Amor puro. Ela é a Matriz última, da qual somos todos filhos.
(…)
Ela levanta para nós o véu da Ilusão, e convida-nos a vê-La em tudo. Ela reina sobre todas as manifestações do elemento água, quer sejam físicas ou mais subtis.”
*
MEM – 13
Marie Elia – Rencontres Avec la Splendeur
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“Vulcão entra em erupção e derrete parte do gelo na Islândia
Degelo provocou enchentes que ameaçam rodovias e pontes. Cerca de 700 pessoas tiveram de deixar suas casas.”
A erupção do vizinho vulcão Fimmvorduhals, situado entre as geleiras de Eyjafjälla e Mýrdal, já tinha provocado há três semanas a evacuação durante dois dias de mais de 600 moradores e o fechamento temporário do tráfego aéreo e rodoviário."
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Os céus da Europa estão cobertos de cinza…milhares de voos cancelados, Aeroportos fechados…
Um vulcão na Islândia, que na última vez que entrou em erupção, em 1820, esteve activo um ano…Se assim acontecer o prejuízo económico, que é só no que os Homens pensam, de milhões de euros em poucos dias, será a catástrofe para a Europa civilizada e consumista…
Não, este não foi um ataque “terrorista”, nem uma bomba nuclear – a grande “ameaça” para os Estados Soberanos…
É só…a revolta da Grande Mãe a chamar os seus filhos à dura Realidade, na sua justa ira….porque é preciso que os seres humanos voltem à sua Essência, ao Amor inicial da criação.
E se para isso for necessário derrubar os Estados e as Economia do abominável Sistema Financeiro e mesmos os Países, Ela o fará sem mais contemplações. Não há mais tempo para suportar a mentira dos Homens e as suas políticas de fachada, os seus enredos financeiros os seus crimes. Não há mais tolerância para com os humanos que se destroem e destroem a Terra…
A Grande Mãe Gaia não vai permitir e Ela só está a avisar!
Ela apenas abre o seu Útero e expele lavas de fogo e cinza de 200 metros de altura…e é bom lembrar, há um outro vulcão ainda adormecido…
A Mãe e as suas águas cúmplices formam tornados, furacões e tempestades e destroem as casas erigidas sobre as lixeiras… porque há homens que edificam as suas casas sobre a pobreza e a dor do próximo. Mas Ela derruba a riqueza como a pobreza…
Ela faz estremecer os alicerces falsos desta humanidade dividida.
Porque há homens que por ganância destroem Florestas derrubando milhares de árvores sagradas…
Há homens que erigem torres inúteis sobre a miséria e a escravidão e desfrutam do luxo…
Há homens de deus que violam crianças…
Há homens que vivem apenas da exploração de outros humanos, que traficam órgãos e matam crianças para os obter, como matam animais sem dó nem piedade…
Há homens que prostituem as mulheres, que vendem as filhas e as irmãs e as enterram vivas e matam por honra à pedrada…em nome de deus…
Há homens que vivem em Palácios e castelos, futebolistas e gestores que ganham milhões e Bancos com lucros fenomenais…
Há homens que detêm toda a riqueza do planeta e milhões de mulheres e crianças que morrem de fome…
O Mundo dos Homens há muito que enlouqueceu nas suas disparidades, na sua alienação, na sua arrogância…
Dizem-me que sempre foi assim…mas há sempre um limite…e nós estamos nesse limite, o limite zero!
É tempo deste mundo podre e corrupto ruir…à força das águas da Grande Mãe, das enxurradas e do fogo purificador…
Onde há mentira que caia tudo o que foi construído e obtido pela dor dos outros…
Ah, dir-me-ão…as crianças também morrem e talvez os justos…e são os pobres que pagam sempre a factura…
Mais do que o nosso juízo curto sobre o Universo e a inteligência de Gaia, é a Força da Natureza que regenera e Ela sabe melhor do que ninguém o que faz…Ela está por detrás de tudo o que existe…
É preciso e urgente limpar a superfície da Terra da imundície dos homens, libertá-la das garras do seu Poder…da sua mentira, da sua ganância.
Os Homens tão tementes dos seus deuses de guerra, não respeitam a Mãe Terra e destroem a Vida ameaçando o Planeta e o Cosmos com a sua ciência, a sua tecnologia e os seus dogmas…eles destroem a vida com a sua superioridade, a sua soberba e a sua ignorância…se morrerem inocentes mas a Terra for salva eu aceito morrer por uma derradeira e última causa!
É impossível deixar que a insanidade dos homens continue a matar e a destruir o mundo para proveito próprio!
Não vai haver um “Fim do Mundo”, pois vamos voltar à nossa condição de Verdadeiros Humanos, a um novo começo da Consciência Plena do Amor da Mãe sobre a Terra.
Mesmo perante as evidências dirão que sou catastrófica...mas eu creio na Justiça da Grande Deusa. Eu creio na Sabedoria de Gaia.
*
rleonor pedro
http://rosaleonor.blogspot.com/2010/04/porque-nos-negamos-as-evidencias.html
terça-feira, 13 de abril de 2010
A GRANDE MÃE QUE ESTÁ POR DETRAS DE TODOS OS RITOS DE TODAS AS COISAS CRIADAS...
A MANIFESTAÇÃO DO ARQUÉTIPO DA DEUSA
“Sintam no âmago das suas identidades, a nutrição, a dádiva e o mistério da Mãe. Haverá um retorno e um despertar da Deusa Mãe.”*
- A DEUSA MÃE É TODAS AS DEUSAS E UMA SÓ DEUSA DESDE O PRINCÍPIO DOS TEMPOS. A DEUSA É A FONTE POR DETRÁS DE TODAS AS COISAS...
AS APARIÇÕES DA NOSSA SENHORA DE FÁTIMA, COMO OUTRAS EM TODO O MUNDO, CORRESPONDEM SEM DÚVIDA, DE UMA FORMA OU DE OUTRA A UMA MANIFESTAÇÃO QUE DÁ EXPRESSÃO VISÍVEL E SIMBÓLICA À FORÇA CRESCENTE DO ARQUÉTIPO DA DEUSA-MÃE QUE FOI HÁ MILÉNIOS RELEGADO PELA HISTÓRIA DOS HOMENS PARA SEGUNDO PLANO E ESTÁ ADORMECIDO AO NÍVEL DO INCONSCIENTE COLECTIVO, DENTRO DE TODA A HUMANIDADE.
ELE SURGE DE NOVO NO PRINCÍPIO DO SÉCULO XX COMO RESPOSTA ENERGÉTICA AOS APELOS DAS PESSOAS E DAS POPULAÇÕES ASSOLADAS PELAS GUERRAS. ESSE APELO VEM PRINCIPALMENTE DA PARTE DAS MULHERES, SEMPRE AS MAIS CASTIGADAS PELA VIOLÊNCIA DOS HOMENS. ELAS RESPONDEM POR SUA VEZ AO APELO DA DEUSA MÃE PELA NECESSIDADE INERENTE E PREMENTE DO PRINCÍPIO FEMININO NA TERRA, E SEGUEM FIÉIS DENTRO E FORA DE SI OS PASSOS DA GRANDE DEUSA COM FERVOR. A VOZ AMORDAÇADA DAS ANTIGAS SACERDOTISAS ECLODE...NO ENTANTO, ESSA FORÇA INATA EM CADA MULHER NA MANIFESTAÇÃO DO FEMININO SAGRADO E DA MÃE QUE É A EXPRESSÃO DA MULHER NA TERRA, É DESDE LOGO E MAIS UMA VEZ USURPADO PELA IGREJA DE ROMA E EXPLORADO PELOS BISPOS PADRES E POLÍTICOS EM DETRIMENTO DA MULHER VERDADEIRA QUE ESTÁ A ACORDAR.
MAS AINDA ASSIM, MESMO QUE OCULTA E RECALCADA DENTRO DE CADA MULHER
(Rosa Leonor)
“A Deusa é uma consciência que permite todas as coisas. É a fonte que mantém toda a união, a cola da criação. Este é um conceito difícil de ser absorvido por algumas pessoas. É difícil para as mulheres conceber uma energia poderosa, que corre através do seu próprio sangue, em semelhança com elas mesmas. É chocante para os homens pensar que, talvez, uma vibração feminina possa ser a fonte que está por detrás de todas as coisas.”*
"É verdade que o Criador Primordial é uma vibração feminina. A Fonte, como a conhecemos, é uma vibração feminina. Os consortes deste princípio feminino, a vibração masculina, competindo pelo amor da Deusa, começaram a se fragmentar num mau uso da energia, há milhões de anos. Vocês constituem uma parte fragmentada desse mau uso de energia.”*
“Houve um declínio e uma queda da Deusa por razões muito importantes."(...) Mas agora é o tempo da Deusa voltar...
Que venha A Antiga e Deusa Soberana, que se manifeste, sim! Que o mundo inteiro Lhe seja consagrado, mas que sejam as mulheres as suas representantes e sacerdotisas em festa livre e pagã, vestidas de branco e enfeitadas de flores e risos de esperança, cheias de compaixão e amor no coração porque a Deusa sempre foi a festa e vida e não apenas a morte como os padres pregam...
(Rosa Leonor)
"A energia da Deusa sempre reconheceu o direito da fertilidade. A energia dela não é como no mundo ocidental; para ela, o sexo não era vergonhoso. A Deusa amava o sexo, que é obviamente, a herança natural dos humanos.”*
(...)
"A Deusa é muito generosa. Ela permaneceu por detrás da cena nessa batalha do patriarcado, porque sabe que é a força criativa em todas as coisas e que todas as coisas precisarão finalmente de reencontrá-la.”*
***(as várias citações de) TERRA - CHAVES PLEIADIANAS PARA A BILBLIOTECA VIVA BÁRBARA MARCINIAK
O MOTIVO PELO QUAL NÃO ACREDITO NUMA VÍRGULA DO QUE ESTÁ ESCRITO NA BÍBLIA!
"Assim, através do processo de replicação de sistemas agora descoberto por cientistas como Vilmos Csanyi, milhões de pessoas ainda hoje mostram-se incapazes de perceber o que nossa literatura sagrada de fato afirma, e como essa literatura funciona de maneira a manter os limites que nos mantêm
aprisionados em um sistema dominador. Talvez o exemplo mais notável dessa cegueira induzida pelos sistemas esteja no tratamento bíblico dado ao estupro. No Livro dos Juizes, capítulo 19, os sacerdotes que escreveram a Bíblia nos falam de um pai que oferece sua filha virgem a uma turba de bêbados. Ele tem um convidado em sua casa, um homem da tribo dos levitas, de alta casta. Um bando de desordeiros da tribo de Benjamin exige que ele saia, aparentemente com a intenção de surrá-lo. "Olhai", fala o pai para a turba, "eis aqui minha filha, uma donzela, e sua concubina (do hóspede); trago-as agora até vós, e degradai-as, e fazei com elas o que vos parecer adequado, mas a este homem não façais tal vileza."
Isso nos chega de passagem, como questão de pequena importância. Em seguida, com o desdobrar da história, sabemos como "o homem tomou sua concubina e levou-a diante deles, e eles a conheceram e violaram-na a noite inteira, até o amanhecer"; como a concubina voltou rastejando até a soleira da porta da casa onde "seu senhor" dormia; como, ao despertar e "abrir a porta da casa, e sair para seguir seu caminho", ele tropeçou na mulher e ordenou: "Levanta, sigamos o caminho"; e como por fim, descobrindo estar ela morta, ele carregou seu corpo às costas e foi para casa.
Em momento algum da narrativa dessa história brutal a respeito da traição da confiança de uma filha e uma amante e do estupro e assassínio de uma mulher desamparada, percebemos qualquer vestígio de compaixão, muito menos de indignação moral ou ultraje. Contudo, ainda mais importante — e intrigante — é que a oferta do pai no sentido de sacrificar o que naquela época constituía atributo mais valioso de sua própria filha, sua virgindade, e possivelmente também sua vida, não violava qualquer lei. Ainda mais intrigante é que as ações que previsivelmente levaram ao estupro, à tortura e ao assassinato, praticados pela turba, de uma mulher essencialmente esposa de um levita tampouco fossem consideradas fora da lei — e este é um livro repleto de prescrições e proscrições aparentemente intermináveis sobre o que é moral e legalmente certo e errado.
Em suma, é tão estreita a moralidade desse texto sagrado que apresenta de forma ostensiva a lei divina, que nele vemos que metade da humanidade podia ser entregue legalmente pelos próprios pais e maridos para ser estuprada, torturada ou morta, sem qualquer temor à punição — ou mesmo desaprovação moral.
Ainda mais brutal é a mensagem de uma história até hoje lida regularmente como parábola moral em congregações e classes de catecismo em todo o mundo ocidental: a famosa história de Lot, que, sozinho, foi poupado por Deus quando as cidades pecadoras e imorais de Sodoma e Gomorra foram destruídas. Aqui, mais uma vez segundo o Génese 19:8, com a mesma insensibilidade prosaica, no que aparentemente era costume difundido e socialmente aceito, Lot oferece as duas filhas virgens (provavelmente ainda crianças, pois naquela época as meninas casavam muito cedo) a uma turba que ameaçava dois convidados masculinos na casa. Outra vez, não há traços de qualquer violação à lei ou qualquer expressão de indignação justiceira diante de tratamento tão anormal dispensado pelo pai às suas próprias filhas. Muito ao contrário, como os dois hóspedes de Lot eram anjos enviados por Deus, enquanto o Senhor "fez chover sobre Sodoma e Gomorra enxofre e fogo" por suas "perversões", Lot foi recompensado pelas suas!. Só ele e a família foram poupados.
Segundo a perspectiva da teoria de transformação cultural, o que podemos depreender desses exemplos de moralidade bíblica e do sistema que buscava manter? Fica claro que a moralidade que impõe a escravidão sexual feminina era imposta pelos homens de forma a satisfazer as exigências econômicas de um sistema rigidamente masculino em que a propriedade era transmitida de pai para filho e os benefícios do trabalho de mulheres e crianças destinavam-se ao homem. Ela era também imposta a fim de satisfazer à exigência política e ideológica de que as realidades sociais da antiga ordem na qual as mulheres eram sexual, econômica e politicamente livres, e na qual a Deusa era a deidade suprema, fossem inteiramente anuladas. Pois só através de tal anulação poderia ser mantida uma estrutura de poder baseada em rígidas categorias. Segundo vimos, não foi coincidência, em todo o mundo antigo, a imposição do domínio
masculino como parte da mudança de uma forma de organização pacífica e igualitária da sociedade humana para uma ordem hierárquica e violenta governada por homens gananciosos e brutais. Tampouco é coincidência, considerando-se de uma perspectiva sistêmica, as mulheres serem excluídas, no Antigo Testamento, de seus antigos papéis de sacerdotisas, a fim de que as leis religiosas que passaram a governar a sociedade fossem elaboradas unicamente pêlos homens. Não há coincidência tampouco nas árvores da sabedoria e da vida, outrora associadas ao culto da Deusa, serem apresentadas aqui como propriedade privada de uma deidade masculina suprema — simbolizando e legitimando o poder absoluto de vida e morte, das castas masculinas dominantes sobre a sociedade, bem como de todos os homens sobre as mulheres.
"
IN O CÁLICE E A ESPADA - Riane Eisler
NOTA:
Pois de fato a Bíblia já foi falsificada durante seu próprio nascimento pois é compilação e adaptação hebraica de textos Mesopotãnicos e de Canaã, aonde a Deusa era cultuada, e tais textos foram readaptados e acoplados uns aos outros pela sacerdotes patriarcais hebreus ( note na primeira narrativa Genesi a mulher e o homem nascem iguais já na segunda a mulher nasce da costela do homem portanto sendo lhe inferior, numa contradição da própria vida e da natureza), e eu jamais afirmei que não acreditava no Deus, mas acredito nele enquanto que Filho e Amante Senhor e Rei da Natureza, como Cornífero, a expressão masculina do Poder da Deusa e não como o grande pai castigar bíblico...Salvante O Cântico dos Cânticos que é resquício de um antigo hino de fertilidade da Deusa Mãe e do Deus, não a em nenhuma parte na bíblia, antiga ou atual aonde a Mulher seja exaltada ou ao menos respeitada.
Gaia Lil
domingo, 11 de abril de 2010
MANI, A MÃE NUTRIDORA
MANI, A MÃE DA MANDIOCA
Em tempos remotos, revelou-se grávida a filha de um morubixaba nas margens do Amazonas. Seu pai, querendo punir o autor de tanta desonra, perguntou quem era seu pérfido amante.
A jovem respondeu que não tivera contato com homem algum. Admoestou-a o velho e empregou para tanto, rogos e ameaças, e por fim castigos severos. Mas a jovem persistiu na negativa.
O chefe tinha deliberado matá-la, quando em sonho, lhe apareceu Tupã, que lhe disse que a jovem era completamente inocente, e que a criança era o presente seu. Conteve-se, desta forma, o irritado morubixaba.
Sua filha deu à luz a uma menina encantadora, branca, que com poucos meses já falava corretamente. Não só a gente da tribo, como também a das nações vizinhas vieram visitá-la para ver esta nova e desconhecida raça. Passou a chamar-se de Mani. De inteligência aguda, Mani passou a ser querida por todos de sua tribo.
Mas ao cabo de um ano, sem qualquer doença, a pequenina Mani fechou os olhinhos negros e morreu.
O chefe da tribo mandou enterrá-la ao lado de sua maloca. Diariamente regavam a sua sepultura, segundo antigo costume da tribo. Muito breve, brotou uma planta que, por inteiramente desconhecida, deixaram crescer. Floresceu e deu frutos. Os pássaros que deste comiam se embriagavam, fenômeno que, desconhecido dos índios, argumentou-lhes a admiração. Afinal fendeu-se a terra, cavaram-na e na forma de tubérculo ou raiz, limpando-a, viram que era muito branca, como o corpo de Mani. Acreditando ser a planta reencarnação da criança, comeram-na e fizeram uma bebida fermentada que foi seu vinho.
Este vinho, preparado com a mandioca cozida, é o "cauim", bebida predileta dos índios do Brasil.
A aldeia passou a chamar a planta de "Mandioca", em cujo som encontram-se "Mani", a criança morta, e Oca, a morada do índio, onde a maniveira é aproveitada das folhas às raízes, como símbolo de alegria e abundância.
A mandioca, também conhecida como "aipim" ou "macaxeira" é considerada o pão de cada dia do nosso indígena. Sua origem americana está fora de qualquer dúvida, ainda que seja cultivada na Ásia e na África tropical.
A ciência incorporou-a na família das "euphorbiaceas", que se distinguem por seu suco leitoso, muitas vezes peçonhento, que vertem por incisão. Da raiz que lhe confere a importância da mais notável e proveitosa do Brasil, levanta-se um arbusto de dois metros, cujas folhas em ordem de dedos se parecem com mãos abertas.
Planta-se a mandioca, cavando a terra em montículos e colocando em cada um três ou quatro pauzinhos da vara, tendo porém, o cuidado de quebrá-los à mão ou cortá-los à faca, porque deitam leite onde nascem e se geram as raízes.
Ouçamos agora de Gabriel Soares como no século XVI, se preparava esta comida nacional:
"E para se aproveitarem, diz o narrador, os índios, depois de arrancar suas raízes, raspam-nas muito bem até ficarem alvíssimas, o que fazem com cascas de ostras e depois de lavadas, ralam-nas em uma pedra,espremem a seguir, esta massa em um engenho de palma (espécie de cesto cilíndrico) a que chamam de "tupitim" (tipiti) que lhe faz lançar a água, que tem, toda fora, ficando a massa enxuta, da qual se faz a farinha que se come, que cozem em alguidar, para isso feito, em o qual deitam esta massa, e a enxugam sobre o fogo, onde uma índia a mexe com um meio cabaço, com quem faz confeitos, até que fique enxuta e sem nenhuma humildade e fica como cuscuz, porém mais branda. Desta maneira se come e é muito doce e saborosa."
Existem dois tipos de mandioca, uma doce e outra amarga. A primeira é inofensiva, se pode comer assada ou cozida sem nenhum perigo. A segunda, entretanto, é venenosa. Portanto, para comê-la, é necessário, primeiro tostá-la, para que perca suas propriedades nocivas. Obtêm-se então, uma farinha que constitui um alimento muito apreciado e muito consumido. Desta farinha são produzidos os famosos "beijus".
O cultivo da mandioca é antiguíssimo. Segundo alguns autores, ela é consumida desde antes da chegada dos espanhóis. Outros, asseguram que foi São Tomé quem ensinou o seu cultivo e a forma de faze-la comestível e inofensiva.
MITOLOGIA
Deusas que dão origem a cereais ou frutos existem em todo o universo mitológico desde a Pré-história.
Nossos antepassados acreditavam que a semente era animada por uma Deusa que se encontrava encarnada nas espigas e nos frutos.
Considerar que o corpo da Deusa surgia no fruto, encerra uma metáfora, de que igual ao feto que cresce dentro do útero e leva nove meses para nascer, a Mãe Natureza envia chuvas que molham o solo onde estão enterradas as sementes, que são o ventre da Deusa Terra, de onde emerge a vegetação, que cresce para dar abundantes frutos mais tarde. Aqui está a explicação do porque a sepultura de Mani era regada todos os dias, portanto, o aparecimento da planta já era esperado.
Nossos ancestrais encontraram uma total analogia entre a fertilidade da Mulher e a da Mãe Natureza, que acabaram identificando a Vida da Natureza com a Vida Feminina, concluindo que ambas tinham as mesmas funções com respeito a dar a Vida: Generadora e Nutridora.
Deste modo, a Mãe Humana e a Mãe Natureza cumpriam então, funções equivalentes: produziam bebês e frutos. Os filhos da Mãe Natureza são as plantas alimentícias.
Os mitos arcaicos nos contam, que a vegetação e a agricultura eram originadas em um corpo feminino, desde que se enterra a semente, em seguida ela morre e depois ressuscita.
O pensamento primitivo vê uma conexão entre os mortos enterrados no solo e a vegetação, que dele aflora. Assim, Osíris, o deus egípcio dos mortos, é também uma divindade da vegetação e, como tal, pode ser representado com uma pele verde. Em nossa lenda, a Deusa Mani, representando a mandioca, apresenta a pele branca, por razões também óbvias.
Os índios do leste da América do Norte, que subsistiam em grande parte ao cultivo do milho, concebiam o espírito deste cereal, como uma mulher e como os nossos índios, acreditavam que a própria planta havia surgido originalmente das gotas de sangue ou do cadáver da mulher dos grãos.
Na Mitologia Comparada, nossa Deusa Mani, seria um protótipo da Perséfone, a Deusa Virgem dos Grãos, cuja descida ao mundo inferior, é a representação mítica da semeadura e o seu reaparecimento na primavera, significava o despontar do cereal novo.
Outras Deusas de cujos corpos nascem alimentos são Uzume, entre os japoneses e Pachamama, entre os incas.
CONECTANDO-SE COM MANI
Reserve um lugar em que você não seja interrompida. Você irá precisar de uma caneta e um papel. Escreva então tudo o de bom que você já adquiriu na vida. Exemplo: filhos, saúde, alimento, talento, beleza, roupas, carro, casa própria, etc. Quando terminar a relação sente-se ou deite-se, com a coluna ereta e feche os olhos. Respire profundamente e tente relaxar.
Respire novamente e visualize uma energia dourada de essência adocicada que circulará por seu corpo. Faça isso novamente. Então veja-se entrando em uma mata fechada com muito verde e uma trilha para seguir. Sinta o cheiro do mato virgem e da terra molhada. Envolva-se nestes odores e siga em frente.
No final da trilha há uma oca. Entre nela e sente-se no chão, logo uma menina pequena vem até você lhe oferecendo "beijus". Aceite e convide-a para comer com você. Ela sentará satisfeita a seu lado. Comam e riam um pouco.
Ela depois lhe perguntará o que a trouxe até sua oca. Agora é hora de dar-lhe a lista e agradecer-lhe pela abundância em sua vida e pedir mais prosperidade em áreas que estejam deficitárias. Sorrindo ela responderá que prosperidade é um estado de espírito, mas que se você for merecedora alcançará seus objetivos com suas bênçãos. Agradeça-lhe novamente e peça permissão para retornar, mas não antes de prometer visitá-la novamente. Ela adora companhia!
É hora de voltar, saia da oca e tome o caminho da trilha. Respire fundo e, à medida que solta o ar, volte para o seu corpo. Quando sentir que está pronta, abra os olhos.
Seja bem-vinda!
Texto pesquisado e desenvolvido por
Rosane Volpatto
Bibliografia:
Moronguêtá - Nunes Pereira; Editora Civilização Brasileira; RJ; 1967
Lendas Brasileiras - Afonso Schmidt; Livraria Pluma, Porto Alegre; RS
Lendas e Mitos da Amazônia - Ararê Marrocos Bezerra e Ana Maria T. de Paula
IN: http://www.rosanevolpatto.trd.br/Mani.htm
sábado, 10 de abril de 2010
AS SAGRADAS DEUSAS DO BRASIL
Mães d'água, feiticeiras da Lua, guerreiras das matas, as deusas brasileiras protagonizam histórias fascinantes da mitologia indígena. "Algumas foram mulheres de carne osso, outras são espíritos da floresta", diz Zoe de Camaris, autora do livro "Cy, A Deusa do Brasil" (por sinal um ótimo livro), que traz as mulheres sagradas em diversas culturas indíginas. As Deusas brasileiras estão ligadas a natureza e simbolizam sedução, fertilidade e abundância. "Nas tribos, a presença delas é invocada durante fesras e cerimônias de cura", diz o índio tapuia Kaká Werá Jecupé, coordenador do Instituto Arapoty, um centro de presevação da cultura indígina em são Paulo. Mas as dinvidades também se manifestam espontaneamente.
Não é possivél relacionar essass figuras femininas ás santas católias nem ás deusas gregas, já que os índios vivenciam o sagrado de maneira particular (embora há semelhança). "Para eles Deus não está no ceú, mas integrado a todas as coisas. essas deusas são 'mulheres-natureza', que convivem com oser humano, assim como as plantas e os animais." diz Zoe. Para invocar a influência de uma dessas deusas, basta entrar no reino delas - natureza -, como ensina Kaká: 'Diante de um pôr-do-sol, de um cachoeira, você pode fazer um pedido, de coração puro". Também vale fazer uma oferenda ou ter por perto um elemento ou amuleto ligado à dinvidade em questão. Logo abaixo vou citar algumas dessas deusas brasileiras ou seres venerados como tal, lá vai:
A Feiticeira da Lua
Mara, Mulher da Magia, Desperta o poder de persuasão e a capacidade de alterar o rumo dos acontecimentos.
Segundo o folclore, Mara foi uma menina raquítica, criada por um pajé, e adquiriu poderes maiores doque os dele.Ela representa a bruxa nativa, conhecedora de ervas e dos feitiços. Do seu corpo, depois de morta enterrada nasceram plantas venenosas que as feiticeiras indígenas utiliza, até hoje.
Em Trevas: Foi uma feiticeira de Arkanun que acidentalmente veio para na Terra, seria uma das filhas de Cy, foi auxiliada por um xamã indígena, logo todo a aldeia a reverenciava, e depois as aldeias ao redor, logo uma ordem foi criada, a Ordem das Feiticeiras da Lua, que continua ativa até hoje.
Caminhos: Terra e Ar.
Cores: Preto e Branco.
Simbolos: Coruja e Aranha.
Talismã: Uma pena negra usada como brinco ou colar.
A Grande Mãe
Sábia e Poderosa, Cy é a Mãe Suprema. entar em contato com essa deusa é estimular a fmilinidade e a fertilidade.
O nome Cy, do tupi-guarani, significa mãe. Para os índios, ela é a doadora da vida, criadora de todas as coisas. Seu nome está presente em outas deusas: Ñandercy, a Nossa Mãe; Coaracy, a Mãe do Sol; acy, a Mãe da Lua.
Em Trevas: Juntamente com Tupan, é um entidade de Arkanun, e foi um dos primeiros seres sobrenaturais a pisar no Brasil. É uma deusa de muitas faces, e muito cultuada. Sua ordem, a Ordem da Grande Mãe, possuia muitas adeptas no passado, e embora o panteão indígena tem enfraquecido, nas tribos que ainda mantem a tradição, a crença na Deusa é forte.
Caminhos: Terra e Agua.
Cores: Marron e Branco.
Simbolos: Ovo e Tartaruga.
Talismã: Ovo de Cristal.
A Senhora da Fartura
Se um trabalho não dá frutos, é o momento de invocar Mani, Doadora do alimento e da fartura, que tem o poder de devolver a abundância.
Certa vez, a filha do um poderoso índio de um povo de língua aruak, do Xingu, foi expulso e sua aldeia por ter engravidado misteriosamente. Por causar da ira do pai, ela deu à luz a uma menina albina, chamada Mani. A menina andou e falou precocemente, também morreu cedo. A mãe chorou por muitos dias sobre a sepultura e passou a regá-la diariamente, segundo o costume indígena. Da cova de Mani brotou uma planta desconhecida, de raízes grossas, que, descascadas, eram brancas como o corpo da pequena nativa. Os índios passaram a cultva essa planta, que batizaram de mandioca - palavra que significa "corpo de mani".
Em Trevas: O pai de Mani seria uma entidade do Eden, que até agora não se sabe a origem. O fruto dessa união seria a pequena Mani, um ser pacifico mais de imenso poder. Em algumas tribos ela ainda é adorada com algum fervor.
Mães D'Água
Belas e sensuais, as sereias ativam a intuição, a sensibilidade e a sedução.
Yara
Diz a lenda que Yara uma índia muito bonita, mas indiferente aos apelos do sexo oposto. Por isso, foi violentada e atirada no rio. O espírito da aguas a transformou em um ser duplo -metade mulher, metade peixe. Ela é uma sereia de agua doce, de cabelos verdes ou louros, que carrega os moços para o fundo dos rios.
Em Trevas: Na verdade Yara, assim como as outras sereis que existem no Brasil vieram de Árcadia, Yara foi a primeira, a cruzar os portais e vim para essas terras.Além de ser a mais velha, é a mais poderosa das sereis no Brasil.
Cotaluna
Sereia do Rio Grand do Norte, Cotaluna tem o colo branco e farto. No inverno, ela fica feroz e arrasta todos os rapazes que cruzam seu caminho para fundo dos rios, sem se mostrar da cintura para baixo. Os moços nunca retornam. No verão, porém, ela fica calma, voltaa ser mulher como outras e escolhe seu homem com capricho, vivendo com ele uma festa sexual. Depois ele o libera, mas a experiência é tão arrebatadora que o moço volta com saúde abalada. Caso se recupera, naõ se lembra do ocorrido -guarda apenas a lembraça de ter vivido algo delicioso.
Caminhos: Água.
Cores: Azul e branco.
Simbolos: sereia, pedra de rio, vitória-régia.
Talismã: qualquer joia de prata em forma de espiral.
Guerreiras das Matas
Com espíritos de luta, as guerreiras, também chamada de amazonas, regem os processos de transformaçãoe trazem força para vencer desafios.
Kamatapirari
Mulher de chefe de uma tribo mehinaru, do Xingu, Kamatapirari liderou uma revolução feminina em sua tribo. Os homens tinham ido pescar, estavam demorando demais a voltar e as mulheres iam morrer de fome. Um dia, todas resolveram passar no corpo um óleo de casca de madeira e ficaram dançando sem parar, depois foram embora da aldeia. Quando os homens voltaram, era tarde. Sob a chefia de Kamataparari, as mulheres haviam aprendido a usar o arco, e a flecha, a pesca e a caçar. Chegaram a ter a própria aldeia, só de mulheres. ainda hoje, no Xingu, é feito um ritual que lembra a saga dessas guerreiras.
Cy, Deusa do Brasil - Mavesper Cy Cerridwen
PORQUE FIQUE ESTES TEMPOS SEM POSTAR?
Eu não sei não faço ideia...Mas sinto que estou viva de novo, e estas são as únicas respostas que posso dar as minhas amigas, as minhas Sagradas Irmãs (pelos votos que fiz todas as mulheres na face da Terra são minhas irmãs) que tem feito o Trabalho da Deusa no momento.É como seu eu precisa se voltar para casa e ao mesmo tempo soube se que é preciso fingir.Tenho pena da minha mãe e dos sofrimentos que lhe causarei quando contar a verdade, pois digo do fundo do meu coração que minha mãe é para mim uma face da Deusa.
Mas ela não possui a sabedoria da Senhora de modo que eu imagino sua reação e seu sofrimento.Eu sou mesmo uma mulher ou melhor dizendo uma criatura (alma? androginia?) estranha.
já não me importo mais com como serei vista pelas pessoas que me rodeiam, nem tenho mais certeza do meu futuro.Só sei que continuarei este trabalho e por fim possa vir alguma coisa boa disto.E pensar que a Deusa me chamou quando eu tinha apenas 12 anos e agora cada vez mais me aproximo da maior idade.
É uma pena eu não poder ( e não querer) colocar nenhuma foto para que vocês me conheçam mais pessoalmente, mas simplesmente só colocarei minhas fotos quando eu puder exprimir em meu exterior o que há em meu interior
Cirurgia? vocês perguntam se....Não porque seria uma extrema violência a vida e a natureza assim como uma violência as próprias doutrinas que me criaram...Eu vou aprender a lidar com o meu corpo tal como ele esta agora e a menos que me acontece uma desgraça enorme eu me poria, quero dizer, poria a integridade de meu corpo assim em risco.
A Deusa sabe que nem como homem ou como mulher posso ser definida como uma pessoa bonita, a não ser quando a luz da Deusa me toca...E isso tem acontecido muito raramente.É claro que as pessoas normais me definiriam como uma pessoa estranha, Nova Era, totalmente afastada da realidade , totalmente enlouquecida.Tudo que eu não sou é falsa, e não vou condizer (nem estou obrigada) com o que as pessoas definem como racionalidade ou realidade.Talvez chegue o momento em que me faltem forças e eu dance como um macaco treinado para a sociedade patriarcal bater palma e jogar bananas, mas graças a Grande Mãe até agora ainda tenho alma e pretendo preservar a mim mesma, mesmo que isso signifique a minha destruição...Creio que muitas pessoas sem noção de profundidade não entenderiam as palavras que digo, mas creio que talvez Rosa entenderá e se ao menos uma entender me já temos alguma coisa. Creio que deis do momento em que fui sincera neste blog e contei a verdade sobre mim, as coisas tem corrido melhor e já posso ver a grossa lista de leitoras e leitores,as quais eu agradeço ao aderir a minha (nossa causa) que é o ressurgimento da Grande Mãe no mundo.
Muitos me definiriam apenas como uma pessoa fantasiosa e imaginativa que fala da sua vida particular e privada, numa tal tolice, dum blog que jamais afetará o mundo exterior , o mundo real.
Sou uma pessoa muito diferente do que eu própria poderia definir, mas ao menos, ao ser sincera posso vislumbrar a minha verdade.
Minha vida continua seguindo, e eu gostaria imensamente de ter a oportunidade de falar em publico sobre coisas...importantes e de uma forma não convencional( não gosto de palestras nem pretendo da las)...
O que eu sou é só muito diferente...apenas isso. Sou duma tal diferença que quando tinha uns 6 anos minha professora disse que eu era louca e anormal...Todos me consideram uma pessoa estranha e sé fosse só uma questão de sexualidade respiraria aliviada mais não é...É uma questão muito mais profunda.
Além disso eu não fingir que sou totalmente consciente e adulta, ainda caminho no meu descobrimento e desenvolvimento, tentando ser o mais natural possivel e percebendo que quanto mais natural sou, mas estranha pareço as pessoas comuns ( ai varia o que é comum para cada um)...
Mas uma vez creio que serão poucos capazes de me compreender, mas se a calhar nem eu me compreendo.
Sou muito estranha.
Gaia Lil
PARA USAR O TERMO DOS CRISTÃOS DIRIA QUE É UM "CULTO DEMONIACO"
A DITADURA DA "BELEZA"...
“O massacre da auto-estima”
(…)
Do alto desses tempos supostamente "civilizados", olhamos com desdém para as torturas a que eram, ou ainda são, submetidas as mulheres em sociedades antigas e/ou "primitivas": os espartilhos vitorianos e os pés deformados da China foram apropriadamente lembrados há dias, aqui mesmo no GLOBO, na página sete, por Leonardo Drummond -- que não se esqueceu de contrapô-los às atuais costelas cirurgicamente removidas, que tanta gente considera uma forma "normal" de afinar a silhueta.
A isso se poderia acrescentar um vasto catálogo de horrores contemporâneos, das argolas que continuam a esticar os pescoços das mulheres de Burma às pernas serradas e espichadas das chinesas que, com isso, ficam mais altas e "atraentes", tanto para os homens quanto para o mercado de trabalho.
É fácil percebermos que há algo errado em pessoas de resto normais, e eventualmente bonitas, que se submetem a cirurgias em que seus ossos são removidos ou serrados por razões puramente estéticas; chega a ser difícil acreditar que isso aconteça aqui, agora, num mundo cientificamente esclarecido. Mas a maioria das dietas a que se submetem tantas mulheres insatisfeitas com seus corpos e os remédios que tomam para se manterem magras não são menos prejudiciais do que os procedimentos cirúrgicos que nos horrorizam; nem é menos profundo o grau de infelicidade que as move a comportamentos tão destrutivos.
Muito pior do que o que se vê no corpo é o que vai pela alma, e que não se vê.
Esta trágica infelicidade não se restringe mais a umas poucas pessoas, mas se espalha, como praga, por toda a sociedade. Num mundo cada vez mais obeso, a imagem da beleza é, paradoxalmente, cada vez mais esquálida. A própria idéia do que é beleza, aliás, anda tão inequivocamente atrelada a pele e ossos que já não se concebe beleza acima do peso "ideal". Isso seria compreensível, até certo ponto, em termos de saúde -- se este magro "bonito" não estivesse muito, mas muito além do que a imensa maioria das mulheres pode alcançar naturalmente. E não fosse doentio.
(…)
EXCERTO DE ARTIGO CORA RONAI
(O Globo, Segundo Caderno, 23.11.2006)
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NOTA À MARGEM...
Será que o mundo mudou assim tanto para as milhares (MILHÕES?) de mulheres que no mundo de hoje, dito civilizado ainda se mutilaM e se sacrificaM por conceitos actuais que as escravizam desde sempre?
Enquanto umas são mutiladas pelas tribos, as mulheres civilizadas do Ocidente submetem-se às mãos dos médicos e cometem todo o tipo crimes contra natura e contra si próprias em nome da moda e da imagem...ou para conquistar o "amor" de um homem ou para manter a "juventude" sem a qual elas deixam de ter valor...
Elas são ao longo da vida mentalizadas, manipuladas pelos midia em geral, obsecadas pela imagem das modelas e artistas de cinema, e quando chega o momento estão prontas para serem as cobaias dos médicos que as operam. Elas OBEDECEM AOS PADRÕES MASCULINOS DE BELEZA E ainda por cima pagaM milhares de euros ou dólares para ter uma "imagem"...?
A única diferença entre o ocidente e o sub-mundo da escravidão está no dinheiro e nas aparências e claro nas anestesias que usam os especialistas que as torturam e mutilam a cirurgicamente...com consentimento da vítima...
QUe diferença há entre isso e os "pés de lótus" das chinesas?
RLP
EM MULHERES & DEUSAS
UM RETORNO À MÃE
"O retorno à Deusa, para renovação numa base de origem e num espírito feminino, é um aspecto vitalmente importante na busca que a Mulher moderna empreende em direcção à totalidade.
Nós, mulheres que alcançamos sucesso no mundo, somos, via de regra, “filhas do pai” , ou seja, somos bem adaptadas a uma sociedade de orientação masculina, e acabamos por repudiar nossos instintos e energias mais integralmente femininas, rebaixando-as e deformando-as da mesma forma que a nossa sociedade o fez. Precisamos retornar a esse mundo e redimir o que o patriarcado frequentemente considera apenas como uma ameaça perigosa, chamando-a de Mãe Terrível, Dragão ou Bruxa."
De SYLVIA B. PERERA
IN: http://rosaleonor.blogspot.com/2010/04/o-retorno-da-deusa.html
terça-feira, 6 de abril de 2010
PARA FILHAS E FILHOS DA GRANDE MÃE
Mirella Faur
Artigo publicado no livro “A Paz como Caminho” organizado por Dulce Magalhães e publicado como uma contribuição para a realização do Festival Mundial da Paz em 2006, Florianópolis, S.C.
Um mito comum a muitas culturas, religiões e tradições espirituais diz respeito à existência de uma Idade de Ouro, período que corresponde a uma das quatro idades da mitologia clássica e é definido como a “perfeição dos começos”, no qual a humanidade vivia em paz, harmonia e abundância.
Na bíblia judaico-cristã, menciona-se o jardim do Éden, onde o casal primevo vivia em perfeita harmonia consigo mesmo e com a Natureza, antes de ser expulso do Paraíso por um Deus punitivo e severo, que decretou o “pecado” da mulher como causa do sofrimento da humanidade e a castigou com sua inferiorização e subserviência dohomem.1) outro O texto clássico chinês Tao Teh Ching descreve outro período harmonioso da Terra, quando o princípio feminino – Yin – era o pólo complementar do masculino – Yang -, sem ser, todavia, por ele dominado. Honrava-se Tao, a Ordem Cósmica, a lei da harmonia primordial que tudo permeava e que estava refletida no todo e em todos. Quando nasciam, todos os seres e todas as coisas Dela emergiam, a ela retornando após a morte. Tao era infinita e imensurável, não era limitada nem pelo tempo, nem pelo espaço; ela criava tanto a forma, quanto sua ausência, o vazio. Era reverenciada como “O Coração Imortal, a Misteriosa Mãe Fértil, Criadora do Céu, da Terra, de tudo que existia, visível e invisível”, cuja essência era eterna e toda abrangente, imutável e se encontrava em movimento perpétuo. Enquanto Tao reinou, a humanidade viveu em paz e prosperidade, a Terra foi honrada e a mulher respeitada. (2 e 3)
O poeta grego Hesíodo mencionou uma “raça dourada”, que cuidava da terra em “paz e tranqüilidade”, até ser dominada por outra raça, que cultuava os deuses da guerra e invadia as pacíficas comunidades agrárias, instaurando a hierarquia e a dominação do poder masculino, a conquista da terra e a subjugação das mulheres – não mais respeitadas, mas aprisionadas como troféus dos conquistadores.
Outros poetas, como Virgílio, enalteceram o aspecto bucólico da tranqüila vida dos pastores e camponeses, considerando-a vestígio da Idade de Ouro, enquanto escritores e filósofos declararam a cobiça pelo ouro como a causa dos males e da violência da Idade de Ferro. Sá de Miranda escreveu que “do branco ouro e da prata faz duras prisões de ferro”, enquanto o padre Antônio Vieira, inspirado pelos filósofos gregos, resumiu esta realidade mítica com palavras simples: “enquanto no mundo não houve ouro, então foi a Idade de Ouro; depois que apareceu o ouro no mundo, então começou a Idade de Ferro”. (4)
Com o passar do tempo e a substituição da tradição clássica pelo movimento romântico, começou a desvalorização da herança greco-latina e de toda sua riqueza mítica, ignorando ou ironizando qualquer menção a uma possível Idade de Ouro. As referências aos períodos em que homens e mulheres viviam em paz e harmonia eram consideradas fantasias. Os manuais de história davam ênfase à evolução da humanidade pelas guerras e conquistas, o poder e as vitórias pertencendo sempre às hierarquias masculinas. Os dogmas religiosos reforçavam cada vez mais a supremacia paterna (divina e humana), afirmando ter sido ordenada divinamente. A Igreja Cristã não somente permitia como incentivava e abençoava as guerras santas, ordenando e “premiando” a destruição dos vestígios espirituais e culturais do passado, considerados “heresias pagãs nocivas à alma cristã”. Os livros científicos ou artísticos ignoravam os primórdios da civilização européia e a existência das sociedades igualitárias que cultuavam a Grande Mãe, criadora, nutridora e sustentadora da vida e que desfrutavam de longos períodos de paz, abundância e respeito pela vida.
É fácil se compreender, atualmente, o motivo dessas omissões e das inúmeras distorções das verdades arcaicas. A história – à medida que era escrita e ensinada – pertencia aos escritores, filósofos e estudiosos homens, com escassas ou deturpadas referências ao culto da Deusa, à existência das sociedades matrifocais – gino e geocêntricas – e à participação das mulheres na criação e manutenção das estruturas sociais, culturais e espirituais dessas sociedades. (5)
Assim como a história, a religião também ficou centrada no princípio masculino. Nos últimos quatro milênios, as principais religiões do mundo cultuaram somente o Criador. Apesar das diferenças entre conceitos, dogmas e práticas do judaísmo, islamismo e cristianismo, a Divindade suprema é sempre personificada por arquétipos masculinos e a estrutura social, enfaticamente patriarcal. As poucas figuras femininas não são consideradas forças primordiais e criadoras; apenas desempenham papéis ou funções secundárias. No entanto, a origem dessas religiões – que atualmente prevalecem no cenário mundial – é relativamente recente (2000 a.C.), como demonstrado pelo crescente surgimento de provas irrefutáveis dos antiqüíssimos cultos a uma Grande Mãe, a fonte criadora primordial, que era reverenciada no período paleolítico (50.000 a.C.) até o fim da Idade de Bronze (5 e 6).
A Grande Mãe foi a Suprema Divindade deste planeta por pelo menos 50 milênios, venerada por seu poder de gerar, criar, nutrir, proteger e sustentar todos os seres. Representando a totalidade da criação e a polaridade da vida/morte, início/fim, masculino/feminino e luz/sombra, sua essência é imanente e permanente em todo o universo. Seus múltiplos aspectos e manifestações representam e reproduzem o ciclo evolutivo da natureza, a própria dança espiral da vida, desde o nascimento, crescimento e florescimento até a decadência, morte e renascimento. Cultuada na forma de inúmeras representações e nomes, conforme a cultura ou a época, a Deusa era a própria Mãe Terra, venerada nos ciclos das estações, nos fenômenos da natureza, na beleza do céu, das estrelas, montanhas, águas, plantas e animais, a matriz primordial de todas as formas de vida.
Escritos antigos – sumérios e babilônios -, anteriores aos textos bíblicos, descrevem o paraíso como um “Jardim Mágico” onde a Árvore da Vida oferecia os frutos de ouro da imortalidade e todos os seres viviam juntos – e em paz. Essas descrições podem ser equiparadas ás memórias ancestrais das sociedades paleolíticas e neolíticas, com suas comunidades matricêntricas e pacíficas, que cultuavam a Deusa, louvavam a mulher por seu dom de gerar a vida e viviam em harmonia com a natureza. O Paraíso – em hebraico, pardes – simbolizava o “Jardim das Delícias” (ou Éden), onde corriam rios de leite e mel, uma clara alusão ao corpo nutridor e protetor da mãe – tanto no nível mítico, quanto no pessoal. O modelo psicológico do paraíso infantil é sua primeira experiência de amor, nutrição e proteção no colo materno. Depois do trauma do nascimento – quando se “cai”, do abrigo seguro do ventre, no mundo traumático dos estímulos e sensações -, a criança necessita da compensação pelo “paraíso perdido”, que apenas a mãe pode lhe dar. (1)
O desejo atávico de voltar para o útero – materno e divino – é evidente também nos antigos ritos funerários, como os do Egito, nos quais a tampa dos sarcófagos tinha a representação da Deusa Celeste Nut arqueada sobre o morto e recebendo aquele espírito em seu ventre. Os povos indígenas entregam até hoje seus mortos ao ventre da Mãe Terra, orando para que Ela lhes dê cura, renovação e renascimento, pois acreditam que os seres humanos emergiram das entranhas da Terra (6). Em inúmeros mitos e lendas, o útero primordial é representado pela montanha sagrada, gruta, lago, fonte, portal, Caldeirão ou Cálice – todos eles símbolos sagrados da Deusa.
Recentes descobertas arqueológicas, bem como inovadores trabalhos acadêmicos das últimas décadas do século passado, forneceram evidências surpreendentes de que, ao contrário dos conceitos tradicionais e das teorias ensinadas nas escolas, a evolução histórica, cultural e espiritual da humanidade seguiu um caminho pacífico, equilibrado social e ecologicamente, sem ter sido permeado por guerras ou pelo domínio de um gênero humano sobre outro. Por milênios, as tecnologias básicas que serviram de fundamento para inúmeras civilizações foram desenvolvidas em sociedades isentas de violência, hierarquia, supremacia, dominação ou competição, caracterizadas pela linhagem matrilinear, pelo culto à Grande Mãe, por uma organização social igualitária e uma economia de parceria. (7)
Nomes como Bárbara Walker, Elinor Gadon, Mary Daly, Max Dashú, Merlin Stone, Monica Sjöo, Joseph Campbell, Robert Graves, E. O. James, Jean Markale, James Mellart, Erich Neumann e Robert Patai, entre outros, lançaram luzes reveladoras sobre a nebulosidade que envolvia a pré-história e as origens do culto à Deusa. Porém, deve-se creditar principalmente a duas mulheres – Marija Gimbutas e Riane Eisler – o “desbravamento” das intrincadas distorções e omissões que ocultavam evidências históricas sobre as pacíficas e igualitárias sociedades matriciais.
O fantástico trabalho – de campo e acadêmico – de Marija Gimbutas, contido em seus 20 livros e mais de 200 artigos, documentou, com inúmeras ilustrações, dados e comparações interdisciplinares, a existência de uma era matrilinear, entre 6.500 e 3.500 a.C, na região por ela denominada de Europa Antiga. Oriundas do período paleolítico e neolítico, sociedades matrifocais agrícolas e sedentárias, igualitárias e pacíficas – cujo denominador comum era o culto à Grande Mãe – permaneceram naquela área até meados da Idade de Bronze. A Europa Antiga estendia-se da Rússia até Creta – em direção ao Sul-, Malta – seguindo para Oeste – e o Mar do Norte, e englobava agrupamentos culturais diferentes, mas com o mesmo tipo de organização social, tecnologia, economia, comércio e arte. Todas essas comunidades eram desprovidas de fortificações e armas, evidenciando, assim, seu caráter pacífico e não patriarcal. Com base em escavações feitas em mais de três mil sítios arqueológicos e nas trinta mil esculturas e objetos ritualísticos e domésticos encontrados, Marija Gimbutas criou um novo ramo científico, chamado “arqueomitologia”, que unia dados de dendrocronologia, datações com carbono radioativo, mitologia comparada, textos históricos, etnografia, folclore e estudos lingüísticos (8,9 e 10).
Assim, ela pôde comprovar que a cosmologia das sociedades matrifocais não era polarizada em princípios separados e opostos (masculino e feminino), pois estes coexistiam e se complementavam sem que um estivesse subordinado ao outro. A sociedade refletia a estrutura de um panteão governado pela Mãe (cósmica e telúrica) e por seu Filho/Consorte, cuja união se realizava pelo hieros gamos (casamento sagrado) e garantia a fertilidade da terra, dos humanos e dos animais. A Deusa era a divindade suprema e eterna, ao passo que os arquétipos masculinos, por serem ligados aos ciclos da vegetação, morriam e renasciam conforme as estações. A união entre o Deus e a Deusa era um acontecimento sagrado e perene, celebrado nas festividades de plantio e colheita. (11)
O simbolismo da Deusa era centrado nos mistérios da vida, da morte e do renascimento, tanto no nível mítico e humano, quanto na periodicidade da criação, qualidade da natureza e do universo, representada pelo “mito do eterno retorno”, de acordo com o escritor Mircea Elíade (10). A arte paleolítica representava a energia feminina por movimentos dinâmicos (ondas, espirais, círculos, serpentes, sementes, barcos, rodas solares), ao passo que no período neolítico apareceram as figuras antropomórficas e as estatuetas de mulheres com ventres e seios protuberantes, grávidas ou dando à luz. Foram encontradas imagens de Deusas Pássaros, Senhoras dos Animais ou Mães Divinas embalando seus filhos, ovos cósmicos, serpentes e borboletas, jóias, ferramentas, objetos rituais e caseiros. A arte centrada na figura multifacetada da Deusa reflete a estrutura social deste período em que as mulheres eram respeitadas e honradas como representantes terrestres da Deusa, a imagem religiosa central sendo da mulher que dava à luz ou amamentava seu filho. Não foram encontradas imagens de guerra ou dominação, nem armas ou cenas de guerra, o que comprova que a vida, a fertilidade e a arte eram os traços predominantes das sociedades matricêntricas (12 e 13).
Paralelamente ao apogeu de prosperidade, convivência pacífica e perfeição artística das culturas neolíticas européias, no quinto milênio a.C surgiu outra cultura no Sul da Rússia, que se expandiu posteriormente para o Leste. Provenientes das tribos indo-européias, estes povos – denominados de Kurgos por Marija Gimbutas – tinham um sistema social patrilinear e patriarcal, cultuavam deuses guerreiros, centravam-se na guerra e nas conquistas, eram exímios fabricantes de armas (flechas, espadas, punhais, escudos), possuíam características nômades e economia pastoril (criação de cavalos). Por meio de repetidas incursões e invasões no Sul e no Oeste, eles conquistaram – e, aos poucos, dominaram – os nativos e pacíficos povos europeus, impondo suas crenças, valores e sistemas (social e religioso).
Depois de alguns séculos, a Europa Antiga mudou sua estrutura social, passando da parceria igualitária para a androcracia, da linhagem matrilinear para o patriarcado, da orientação pacifista e do respeito pela vida, pela mulher e pela natureza ao culto da violência, à dominação pela força e à subjugação. Apenas em algumas regiões mais isoladas – como Creta, Malta e Sardenha – a cultura matrifocal e a civilização pacífica e de parceria persistiram até 1500 a.C. O último reduto do culto da Deusa e da reverência a seus valores foi Creta minóica, que aprimorou o antigo legado com expressão artística mais refinada e tecnologia avançada, únicas na civilização européia. Mas o enfoque principal da cultura cretense continuava sendo a glorificação da paz, harmonia, beleza e alegria de viver, bem como a participação igualitária e solidária de mulheres e homens na construção e preservação da sociedade e na celebração da vida (1,8,9 e 10).
A escritora Riane Eisler, em seu livro “O Cálice e a Espada” (1), denominou este tipo de sociedade igualitária e de parceria de gilania, palavra composta de gyne (o princípio feminino) e andros (o princípio masculino), unidos por objetivos e esforços comuns e equilibrados. Em Creta, assim como no período neolítico, as imagens de divindades femininas estavam presentes em todos os lugares, as mulheres exerciam funções importantes e os cultos eram centrados na reverência à Deusa, à Natureza, à beleza e à harmonia da vida.
Todavia, o “poder letal da espada” dos conquistadores indo-europeus pôs fim ao reino pacífico e harmonioso do “cálice”. Consagrou-se o poder de tirar a vida, não mais o dom de gerá-la ou nutri-la. Uma nova ordem social foi imposta, baseada na hierarquia e na autoridade masculinas, na subjugação e na dominação. O sexo da Fonte Criadora foi modificado, a Mãe tornou-se Pai, a Deusa foi transformada em consorte, filha ou amante dos deuses guerreiros, senhores dos raios, trovões e conquistas. Apesar da diferente origem das tribos invasoras, elas tinham em comum o sistema social, baseado na dominação, na tecnologia da destruição, na propriedade privada e no “culto do falo”, a subjugação das mulheres pelos homens. (14)
A queda de Creta marcou o fim da pacífica era matrifocal; em toda a Europa, a sociedade, dominada pelos homens, tornou-se hierárquica e belicosa, os cultos e a simbologia da Deusa foram relegados ao ostracismo e, paulatinamente, ao esquecimento. Os princípios masculino e feminino – anteriormente pólos complementares da mesma unidade – foram separados e colocados em lados opostos. Enalteceu-se o Pai, renegou-se a Mãe: em nome do Pai, foram cometidos crimes inimagináveis que vitimaram, por séculos, as mulheres declaradas “seres inferiores, sem alma e perpetuadoras do pecado original” (15). O nome de Deus foi utilizado para creditar e justificar o código patriarcal e a inferiorização da Terra e das mulheres. Culparam-se as mulheres para que seu poder (espiritual, ancestral) fosse roubado e, assim, fosse consolidada a supremacia patriarcal. Os antigos símbolos da Deusa – os rituais para a fertilização da terra e a capacidade geradora, curadora e profética da mulher – foram demonizados. Pela sistemática inferiorização e perseguição da mulher, o patriarcado procurava apagar e denegrir os valores e os cultos da Grande Mãe: a serpente, símbolo sagrado da Deusa que representava a renovação e a transmutação, foi demonizada; o simbolismo da árvore da vida foi distorcido; a importância da sexualidade e da relação igualitária homem-mulher foi renegada. A mulher foi declarada responsável pelos males do mundo, um ser maldito, inferior, destinada a sofrer e ser dominada pelo homem. Ao passo que, na era matriarcal, comer da Árvore da vida significava adquirir sabedoria, a Bíblia cristã considerou este ato pecado mortal e substituiu a Árvore pela cruz do sofrimento. O amor sagrado (divino e humano) foi substituído pelo matrimônio – muitas vezes imposto ou forçado-, fundamentado no domínio masculino, na preservação do patrimônio e na obediência feminina. (16)
Pela desconstrução e deturpação dos milenares conceitos matriarcais, pautados na paz, na prosperidade e na parceria igualitária, a era patriarcal de dominação e conquista – de outros homens, de mulheres e da própria natureza – foi legitimada. Os homens – como gênero – não foram os únicos responsáveis pela violência a eles atribuída, mas a maneira pela qual a identidade masculina foi criada e reforçada pelos conceitos e comportamentos de “heróis” e “super homens” (14) – fundamentados em seus “direitos divinos”, outorgados inicialmente pelos deuses guerreiros e depois pela interpretação tendenciosa dos preceitos bíblicos. Ao negar e anular a energia feminina (divina e humana), o patriarcado criou uma cultura destrutiva e exclusiva, centrada predominantemente na violência e na aniquilação, voltada para a morte e não para a vida. O atual desequilíbrio global não foi criado, nem está sendo mantido ou sustentado por mulheres: em todas as tradições femininas, a guerra e a violência eram inaceitáveis, por serem contra o dom da vida conferido pela Grande Mãe à humanidade, que se encontra oculto no ventre das mulheres (17).
Agora, que presenciamos o “poder letal da espada ampliado milhões de vezes pela energia atômica” (14), também vivenciamos o surgimento de uma nova consciência, pautada na valorização das antigas tradições e dos atributos do “cálice”. O caos da civilização atual decorre da hipertrofia e do desgaste da estrutura patriarcal e dos sistemas sociais, morais, culturais e espirituais, excessivamente polarizados nos valores assim ditos masculinos. A dicotomia entre matéria e espírito, razão e emoção, homem e mulher, levou à concepção do Universo como um sistema mecânico fragmentado, o meio ambiente visto como uma fonte inesgotável de recursos a serem explorados em função dos objetivos e interesses humanos, a prevalência das leis dos mais fortes.
A exploração da natureza anda de mãos dadas com a das mulheres: a Mãe Terra mostra, com suas manifestações cada vez mais intensas e avassaladoras, que foi levada aos limites de sua resistência e paciência.
É necessário transcender as teorias científicas, as pesquisas tecnológicas e o pragmatismo para reconhecer a Terra como a Mãe de todos, um sistema vivo e complexo que entrelaça e liga todas as formas de vida à atmosfera, aos oceanos e ao solo, como tão bem demonstrou o cientista Lovelock em sua teoria sobre Gaia.
O avanço tecnológico e cultural da civilização atual criou um complexo de superioridade que faz com que sejam desprezadas ou ignoradas as antigas culturas, suas cosmologias, cerimônias e valores. No entanto, esse pedestal de superioridade é falso e frágil, pois foi erguido à custa de atitudes e conceitos unilaterais que favorecem os valores do consciente e relegam ao inconsciente percepções, emoções, anseios e visões. A sociedade e a cultura patriarcais enfatizaram os valores e padrões ditos masculinos (competição, conquista, rivalidade, racionalismo, materialismo, dominação, violência) em detrimento ou rejeição dos valores e atributos ditos femininos (sensibilidade, receptividade, emotividade, compaixão, tolerância, proteção, nutrição, intuição). Como masculino e feminino não apenas definem o gênero, mas são características psicológicas comuns a ambos os sexos, em graus diferentes, como anima e animus, a supremacia dos valores, das atitudes e ações patriarcais está prejudicando a verdadeira expressão e identidade de homens e mulheres. As mulheres são mais atingidas pela dificuldade – criada e mantida pela dominação masculina secular – de reconhecer e expressar sua verdadeira identidade, suas crenças, percepções e necessidades. Os homens, ao perderem ou não encontrarem o contato com sua anima, se fecham em estruturas rígidas, deixando-se escravizar pelo trabalho e pelo consumismo, pelas compulsões ou pelas evasões. As relações entre os gêneros se tornaram muito superficiais e precárias, oscilando entre a rotina insípida das obrigações familiares e a luta aberta pelo poder e suas nefastas conseqüências (brigas, traições, separações, omissões). São poucos os casais que conseguem revalidar o antigo modelo de parceria igualitária e solidária, aceitando sua complexidade psicológica, mutuamente respeitando sua identidade, honrando em si o Deus e a Deusa e tornando-se reais companheiros (cum panis, que comem do mesmo pão) (14).
Estamos assistindo a uma mudança de paradigmas nas relações e nos conceitos relativos ao masculino e ao feminino. Mas, para que isso se consolide de fato, devem-se desconstruir os conceitos que destroem a harmonia da união complementar das polaridades masculina e feminina e procurar encontrar – ou relembrar – antigos e novos símbolos e práticas de fortalecimento e equilíbrio (16).
O surgimento progressivo de uma dimensão feminina de Divindade na atual consciência coletiva está favorecendo o “retorno da Deusa” e a revalorização da sacralidade feminina.
Um número cada vez maior de mulheres e homens está questionando e refutando os conceitos e dogmas ultrapassados, que atribuíam à mulher uma condição espiritual e social secundária por causa do “pecado original” e da desobediência de Eva. O “retorno da Deusa” não postula a substituição da figura masculina de Deus por uma mulher sentada no trono celeste, nem a volta para conceitos, valores e comportamentos pré-históricos. A principal diferença entre a visão patriarcal do Pai e a vivência cotidiana da Mãe é a condição transcendente e longínqua do Criador e a essência imanente e permanente da Criadora, presente em todas as manifestações da Natureza. A Deusa retoma assim a regência dos processos orgânicos, das mudanças cíclicas e de todas as formas e manifestações da Sua criação, atribuição intrínseca à sua essência e esquecida ou negada ao longo dos tempos.
A redenção da sacralidade feminina diz respeito tanto à mulher quanto ao homem. O dogmatismo espiritual patriarcal, que dominou e limitou a percepção do divino e a compreensão dos mistérios da vida e morte nos últimos quatro mil anos, fez com que se olhassem apenas o céu e o Pai como pilares de sustentação e redenção. A excessiva ênfase no masculino – manifesta no pensamento racional, analítico e científico – levou a humanidade a atitudes violentas e destruidoras que afetaram o equilíbrio global e planetário. Ao esperar respostas e soluções vindas “de cima”, esquece-se de olhar para “baixo e ao redor, o que distancia e aliena os valores, tradições e necessidades de nossa Mãe Terra, percebida, sentida e honrada a Teia Cósmica da qual todos fazemos parte e assumida a responsabilidade em zelar por sua harmonia e equilíbrio (15).
O reconhecimento do Princípio Feminino da criação deve ser uma busca de todos – homens e mulheres. No entanto, cabem às mulheres a missão e a responsabilidade maiores em razão de sua ancestral e profunda conexão com as energias e manifestações da Grande Mãe e da Terra. Ao reverenciar o corpo da Mãe Terra como seu próprio, as mulheres se sintonizarão com seus ritmos e ciclos e sentirão a agressão, a poluição e a devastação do planeta como uma injúria e uma violência pessoais. Assim, poderão se empenhar, com maior convicção e eficiência, no combate aos atos de violência e de destruição, sabendo que a sobrevivência das futuras gerações – seus descendentes – dependerá do restabelecimento do equilíbrio e da paz planetária.
Foram os movimentos feministas e o ativismo político do século passado que iniciaram a restauração da energia feminina na psique da humanidade. O princípio Yin foi fortalecido, mas sua exacerbação ativou também a complementaridade Yang na estrutura psicológica e no comportamento das próprias mulheres. A faceta Yang do princípio Yin se manifestou nos conflitos e nas dificuldades de relacionamento – entre si, com os homens e com a sociedade – e na adoção de padrões masculinos (competição, rivalidade, desconfiança, compulsão pelo trabalho, ambição exagerada, consumismo, hábitos, dependências). Simultaneamente, surgiu a necessidade de correção dos erros da “masculinização” do feminino por meio de iniciativas que reforçassem a essência do Yin, sem acentuar suas fragilidades e vulnerabilidades. Resgatando conhecimentos e tradições ancestrais, inúmeras mulheres começaram a se reunir em círculos e a celebrar seus “mistérios de sangue” e os festivais da Roda do Ano, em reuniões nos plenilúnios ou pela simples reverência às inúmeras faces e manifestações da Grande Mãe, refletidas nas formas da natureza, no movimento das águas, no rodopiar dos ventos ou nas chamas das fogueiras (18).
Enquanto as feministas e as ativistas políticas provocavam mudanças sociais, políticas e culturais – questionando e rejeitando as antigas definições sobre os papéis, as atuações e os direitos masculinos e femininos -, as mulheres empenhadas na prática e na divulgação das tradições espirituais e mágicas de suas ancestrais abriram as portas para a mudança de consciência. Ambas as correntes – política e espiritual – aumentaram a percepção, a compreensão e a evolução de todos os que estavam dispostos a retirar “as vendas” e abrir os olhos para novos pontos de vista, novas escolhas e opções de vida. Enquanto as ações políticas propunham diferentes abordagens para os problemas da sociedade e ofereciam novas direções e possibilidades de valorização das mulheres, a espiritualidade feminina trazia um novo enfoque para a compreensão e a vivência dos “mistérios”. Essa espiritualidade – a tradição da Deusa – está baseada nos princípios da imanência – cada ser humano é uma manifestação da energia vital da Mãe Terra, por isso todas as formas de vida e a diversidade da natureza são sagradas; da interdependência – todos os seres são conectados e interligados na grande teia cósmica, fato que exige de todos nós maior responsabilidade, compaixão e atuação para o bem do todo; do espírito comunitário – não apenas em relação aos humanos, mas a todos os seres vivos e todos os sistemas de energia – e do retorno aos círculos de cura, celebração, conselhos, apoio e transmutação (19).
Essas duas vertentes – do feminismo político e da espiritualidade feminina – fluíram de forma independente ao longo das últimas décadas do século passado, até encontrarem um “ponto de convergência” a partir do qual uniram seus esforços na construção de uma “nova antiga” tessitura de irmandade, solidariedade e atuação femininas. O ressurgimento das antigas tradições e práticas espirituais femininas – que constituem o assim chamado “retorno da Deusa” – tem direcionado a nutridora energia feminina ao equilíbrio e cura das nefastas conseqüências do excessivo e agressivo uso da energia masculina. Para a transformação, a cura e a pacificação planetária, é indispensável o balanceamento das polaridades feminino/masculino, Pai/Mãe, Céu/Terra. O “casamento sagrado” que era celebrado pelos nossos antepassados deverá ser relembrado e realizado em três níveis: dentro de nós – equilibrando as polaridades, anima e animus; na sociedade – criando condições para que círculos e grupos de homens e mulheres trabalhem em conjunto para criar harmonia e paz; e no nível sutil, espiritual e cósmico – atraindo e direcionando harmoniosamente as energias celestes e telúricas, do Pai e da Mãe, dos Deuses e das Deusas (20).
Uma grande contribuição para a transformação das consciências e para a união de mulheres em bases de confiança, solidariedade e irmandade foi trazida pela escritora Jean Shinoda Bolen (21). Ela se baseou na mundialmente aclamada “Teoria dos Campos Morfogenéticos”, do biólogo Rupert Sheldrake, que os define como campos que atuam de forma semelhante aos campos magnéticos e que possibilitam que influências pretéritas afetem acontecimentos presentes, na base da similaridade. Essa hipótese levou à “Teoria do Centésimo Macaco”, de que cada espécie possui um tipo de memória coletiva, alimentada e compartilhada por cada um de seus componentes simultaneamente. Bolen parte dessa mesma premissa, de que uma mudança no comportamento da sociedade irá ocorrer quando um número crítico de pessoas mudarem seus conceitos, atitudes, valores e objetivos. Para que a rígida estrutura patriarcal seja amenizada pela sabedoria e compaixão femininas – o que favoreceria, por sua vez, a pacificação planetária -, deverá haver um número cada vez maior de Círculos de Mulheres, até que se alcance a mudança almejada com o Milionésimo Círculo. O planeta necessita – para seu equilíbrio, cura e transformação – da energia feminina que se materializa nos círculos, sistemas perfeitos, pois são arquétipos naturais desprovidos de hierarquia e pautados em valores de parceria igualitária e solidária. Em círculos – de cura, apoio mútuo, trabalho, aprendizado, celebração ou oração -, as mulheres resgatam sua ancestralidade, força, criatividade, coragem, espontaneidade, capacidade de cura e sabedoria inatas. Elas se sentem à vontade para se expressar, rir, chorar, dançar, trabalhar, criar, ensinar, aprender e compartilhar a riqueza do legado ancestral. Os círculos podem ser temáticos ou espontâneos, programados (em função de uma agenda ou propósito) ou ocasionais, podem se reunir em locais especiais ou simplesmente nas casas das integrantes ou na natureza, e podem ser formados por mulheres de todas as idades, nível social ou cultural, das mais diferentes profissões, crenças ou religiões.
Uma vez criados, os círculos permitem o surgimento de novas propostas, modelos e funções, atuam como mandalas sutis que vão expandir o campo mórfico pelas energias a ele agregadas. Sua função é despertar os arquétipos femininos esquecidos, reprimidos ou adormecidos e alinhar mentes, corações, espíritos e ações para que sejam encontradas soluções que visem a profunda cura, regeneração e transmutação das feridas patriarcais na psique e alma femininas.
Cada círculo representa uma experiência diferente e desafiadora para o autoconhecimento, aprendizado e transformação individual. Seus efeitos não se restringem apenas ao nível pessoal, mas vão além e se refletem e agem nos relacionamentos e situações do mundo exterior. Quando alguém se conhece melhor se fortalece, cura, renova e cresce. A mulher que pertence a um círculo pode catalisar energias de transformação positiva para a estrutura familiar, social, profissional, política e espiritual da qual faz parte. Ao se reunirem em círculos, as mulheres modernas – assim como suas ancestrais, que pintavam linhas ondulatórias nas paredes das grutas onde se reuniam para celebrar seus “mistérios de sangue” e para buscar as orientações intuitivas e espirituais de cura e sobrevivência de suas comunidades – podem criar ondas concêntricas de atuação à distância que, ao se espalharem, irão provocar mudanças – sutis ou visíveis – nas áreas problemáticas ou difíceis de suas vidas, seus relacionamentos, no seu trabalho ou em sua realização espiritual.
Nos círculos, as mulheres se sentem protegidas e seguras e podem abrir seus corações e mentes. Com a exposição de suas dificuldades, elas podem clarear seus pensamentos, enxergar novas possibilidades, descobrir e fazer uso de seus recursos criativos – sutis e energéticos – para curar e transformar, não apenas a si mesmas, mas a seus entes queridos e todo um passado de dor, opressão, humilhação ou violência (racial, ancestral, familiar ou pessoal). Os círculos também oferecem apoio e orientação para a retificação dos comportamentos passivos, complacentes ou submissos das próprias mulheres, que favorecem a perpetuação do status quo patriarcal e hierárquicos (familiar, profissional, cultural, social e político).
A mulher atual, ao se confrontar e se libertar dos condicionamentos limitantes impostos pela educação e pela estrutura sócio-familiar, poderá melhor perceber sua programação negativa como “filha do Pai” e descartar os vestígios do “patriarcado interior”. Ao se reconectar com sua essência, a mulher iniciará a jornada de sua expansão espiritual e reencontrará o caminho que a leva de volta à sua verdadeira origem e fonte: a Mãe Divina, celeste, telúrica e ctônica.
O habitat do ser humano, a Mãe Terra, encontra-se em um ponto crítico e é vital que “as filhas da Grande Mãe” se empenhem no resgate, na prática e na divulgação dos valores, das tradições e dos ensinamentos da Sacralidade Feminina. O verdadeiro Graal – aquele que trará a cura para a violência, a devastação e a poluição do planeta, para o sofrimento da humanidade, e restabelecerá o equilíbrio e a paz – não é o cálice que contém o sangue do sofrimento, mas o coração da Grande Mãe, pleno de amor e compaixão, símbolo sagrado e ancestral da capacidade feminina de curar a “terra devastada” (21).
Uma nova era planetária deve ter como fundamento o poder do amor amparado pelo respeito à vida, direcionado pelos esforços pessoais, coletivos e globais para criar – de fato – as condições necessárias à sustentabilidade e à preservação da vida e ao estabelecimento e manutenção da paz.
Apaziguar a si mesmo, pacificar seus relacionamentos, vencer o separatismo, honrar a interdependência de todos os seres, evitar qualquer forma de violência, dominação pelo poder, competição ou discriminação são os desafios do homem contemporâneo, tanto no micro – do seu cotidiano individual – quanto no macro – do cenário global.
E compete às mulheres a tarefa de tecer uma nova padronagem para o bem-estar natural, social, econômico, político e espiritual do planeta, lançando mão da força poderosa do amor, que desperta e expande as mentes, toca e apazigua os corações. Ao se reconhecer e honrar a inter-relação de todas as formas de vida, o Amor – pessoal, transpessoal, universal – torna-se uma ferramenta para a reeducação e a mudança dos sistemas conscientes e inconscientes das crenças patriarcais. O poder expansivo e inclusivo do amor transcende o separatismo, transmuta medos e sombras, promove a gratidão pelas dádivas da Terra e fortalece a união de mentes e corações, de homens e de mulheres que cultivam novos valores e objetivos.
A nova realidade será o resultado da ativação e da expansão dos campos mórficos, da repetição de ações e de pensamentos positivos, construtivos e regeneradores por um número crítico de pessoas. Os círculos de homens e mulheres poderão criar uma nova egrégora de sinergia, entrando em comunhão entre si, com os outros, com a Mãe Terra, elaborando padrões inovadores de comportamento e interação.
Ao ser ativada a reação em cadeia da expansão da consciência individual, fundamentada na parceria entre gêneros e a interação dos planos energéticos – celestes, telúricos e ctônicos -, criar-se-á uma massa crítica suficiente para catalisar a transformação e a evolução da consciência planetária. Os problemas mundiais não serão resolvidos pela tecnologia ou pela ciência: somente uma elevação dos níveis de consciência da humanidade e o compromisso conjunto de homens e mulheres poderão conduzir à descoberta e ao uso de soluções pacíficas que visem e que se responsabilizem pelo bem de todos e do Todo.
Ao invés de apenas chorar as perdas e as dores, lamentar a destruição das florestas, a extinção das espécies, a violência e a degradação de mulheres e crianças, a negação da sacralidade da vida e da reverência ao Sagrado Feminino, os círculos e os grupos de mulheres devem transformar sua dor, sua ira e sua revolta, seu choro e seus lamentos, em ações firmes orientadas a propósitos comuns.
As mulheres percebem com maior acuidade o sofrimento do mundo, pois “a dor e as experiências de uma mulher refletem fragmentos da vida de outras mulheres” (15). A natureza feminina é mais permeável à vivência e à compreensão da dor, qualquer que seja sua natureza, o que torna as mulheres mais aptas a sentir e a expressar a compaixão. No entanto, não basta irmanar-se na dor; as mulheres contemporâneas devem descobrir e praticar um ensinamento budista, da Mudita, de “alegrar-se com o sucesso, as conquistas e a sorte dos outros”. Somente assim as mulheres, independentemente de filiação cultural, política, econômica ou espiritual, poderão mobilizar seus recursos inatos e agir como agentes vivos de transformação no mundo.
Ao se curarem, as mulheres também poderão curar os outros e melhor educar as futuras gerações e corrigir, assim, os padrões familiares e sociais corrompidos. Apenas honrando seus corpos, respeitando suas necessidades emocionais e fortalecendo suas mentes é que as mulheres irão recuperar sua força interior, desenvolver seus dons, realizar seus sonhos, compartilhar sua sabedoria e trabalhar em conjunto para curar e beneficiar a humanidade e a Mãe Terra.
Para que se possa criar e manter uma nova cultura – a “Cultura da Paz”- deve-se buscar a interação harmoniosa, igualitária e solidária do masculino/feminino, Pai/Mãe, Deus/Deusa, fé/razão, ciência/religião, tecnologia/ecologia. Somente assim poderá se criar uma ponte entre o velho e o novo, de forma a aproveitar o aprendizado do passado e evitar a repetição dos erros.
Um engajamento coletivo e global deverá traçar programas em longo prazo que beneficiem não apenas a geração atual, mas que levem em conta a sabedoria dos povos indígenas, que atribui a uma geração a responsabilidade pelas próximas sete gerações.
Ao relembrarem o legado da sabedoria ancestral, homens e mulheres poderão agir de forma responsável, consciente e solidária, a fim de restabelecer a paz e o respeito entre todos os seres e poderão, assim, recriar a harmonia e a igualdade originais, devolvendo o equilíbrio e a abundância à Terra.
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http://sitioremanso.multiply.com/journal