A DEUSA ERA A TERRA, QUE POR SUA VEZ ERA A MULHER
Identificando a mulher com a Terra e honrando esta como uma divindade, nossos ancestrais concluíram que o poder divino que presidia a criação, que nutria e sustentava a vida, era feminino. Segundo os mais recentes estudos de antropologia, arqueologia e sociologia concluiu-se que “Deus era mulher” durante pelo menos os últimos trinta mil anos, conforme atestam as milhares de estatuetas e gravuras representando mulheres grávidas, dando a luz ou amamentando, oriundas dos períodos paleolítico e neolítico. Foram encontradas em grutas, locais sagrados ou túmulos, junto com ossadas pintadas de vermelho e em posição fetal, para assim representar o seu renascimento, do sagrado sangue da Mãe Terra.
A Fonte Criadora nas culturas matrifocais era a Grande Mãe primordial, chamada por inúmeros nomes e venerada pela multiplicidade dos seus aspectos e atributos como a Mãe Terra, a Senhora dos animais, vegetais e frutos, a Mãe das montanhas, dos rios e da chuva, das pedras e das colheitas, do Sol, da Lua e das estrelas, da noite e do dia, das nuvens, dos raios e dos ventos, Padroeira da vida e Regente de todos os seres vivos, como vemos nesta canção nativa da Colômbia:
“A Mãe das Canções”,
a mãe de toda a semente, gerou a todos nós no início.Ela é a mãe de todas as raças dos homens e de todas as tribos. Ela é a mãe do trovão, a mãe dos rios e da chuva, a mãe das árvores, a mãe de todas as coisas. Ela é a mãe das canções e das danças. Ela é a mãe do mundo e de todas as velhas irmãs pedras. Ela é a mãe dos frutos da terra, dos animais e de toda a Via Láctea. Ela, somente ela, é a mãe de todas as coisas, nossa única Mãe.
Mas Ela também era a Mãe Terrível, a Grande Fiandeira e Tecelã, que tramava a vida humana, animal e vegetal, bem como os destinos do mundo na sua tessitura de luz e escuridão, começo, meio e fim, nascimento, vida e morte, como Senhora do Tempo e dos Destinos. A mudança dos ciclos e das estações, a ascensão e o declínio, o nascimento e a morte, a transformação e a renovação eram subordinados à onipotente vontade da Grande Mãe em um grande círculo, o verdadeiro Ouroboros Cósmico. Como “Mãe Negra” a Deusa é a própria Terra, que tudo acolhe e recolhe, em cuja escuridão e silêncio as coisas mortas se decompõem, para onde os mortos vão à espera de cura, repouso e regeneração. O homem nascia do ventre da mulher (o portal da vida), concebido do seu sangue menstrual e alimentado com seu leite, e retornava para o ventre da Mãe Terra (o portal da morte) para aguardar o seu renascimento, na eterna Roda das encarnações.O ciclo da vida e morte era visto como a peregrinação da alma, da sua mãe terrena de volta à Fonte Criadora, a Grande Mãe.
As antigas sociedades tribais eram matrifocais, geocêntricas, pacifistas e igualitárias, agindo em parceria e igualdade de direitos e deveres entre homens e mulheres, em permanente contato e reverência à vida e à Natureza.Mas, com o passar do tempo vieram as invasões que mudaram o pacífico cenário do antigo mundo. Tribos nômades e conquistadores trouxeram consigo o” poder letal da espada” , que substituiu o ”poder doador de vida do cálice”. Cultos de deuses guerreiros, senhores do céu, dos raios e trovões, das batalhas e conquistas se instauraram aos poucos em lugar da veneração à Terra, à Mãe Divina e à reverência dos seus poderes fertilizadores e mantenedores da vida. Sociedades e culturas patriarcais prevaleceram sobre a orientação matrifocal e geocêntrica, a violência e a supremacia dos mais fortes levando à criação de religiões e estados patrifocais, hierárquicos e dominadores. Os mitos e as lendas foram revistas para refletir uma dualidade antes desconhecida: Sol e Céu opostos à Lua e Terra, luz à escuridão, o masculino ao feminino. Antes desta distorção de conceitos e valores tudo fazia parte da Grande Mãe, tudo tinha um aspecto positivo ou negativo , não se falava em Bem e Mal, dia ou noite, claro ou escuro, masculino ou feminino, pois os pólos existiam em tudo e se complementavam e integravam harmoniosamente na totalidade da criação. Por ter sido decretado que a criação original tinha sido a obra de um Pai solitário, tudo que estava relacionado ou associado à Terra ou à mulher tornou-se sinônimo de impuro, maléfico, selvagem ou perigoso, devendo ser conquistado ou subjugado, o único dono digno sendo o homem, feito à semelhança do Criador. Tanto a Natureza quanto a mulher poderiam ser dominadas e exploradas, em nome de leis injustas impostas em nome de um Deus masculino, que personificava a razão suprema e o poder absoluto que criava e governava o mundo.Em lugar da terra pertencer a todos como antigamente, apareceu a propriedade particular, a supremacia dos mais fortes substituiu a divisão igualitária de bens, a competição, ganância e violência predominaram sobre os valores do convívio pacifico e de parceria, as guerras e a inferiorização da mulher tornaram-se coordenadas e regras da nova civilização.
Nestes momentos difíceis e incertos que presenciamos, em que paira sobre a Terra a possibilidade de sua destruição, precisamos relembrar os antigos valores ancestrais e regatar o respeito à vida e preservação da Terra, nossa Mãe primordial e nosso único lar. Somos todos filhos e filhas da Mãe Terra, formamos uma só unidade, complexa, variada e diversificada, mas em que não existe separação, pois somos totalmente dependentes da natureza que nos abriga, nutre e sustenta. Ao trocar os modelos naturais pelos mecanicistas a ciência nos afastou da nossa Mãe e origem verdadeira e em lugar da unidade surgiu a fragmentação. Porém, continuamos fazendo parte de Gaia, suas feridas são nossas também e ao destruirmos nosso habitat estaremos contribuindo para a nossa extinção. No entanto, como reflexos da memória de Gaia, do seu potencial criativo, curador e regenerador, temos a responsabilidade e as possibilidades de curar os males por nós mesmos provocados.
Como solução, surgiu no planeta um movimento de conscientização cuja missão é a ressacralização da Terra e da mulher. Chamado de “Consciência de Gaia” ou “Gaianismo” apareceu após a divulgação das imagens da Terra vista do espaço. Assim como os primeiros astronautas, pessoas do mundo inteiro contemplaram maravilhados o lindo planeta azul, cuja beleza e vulnerabilidade tocou os corações de todos. Percebendo-o como uma única estrutura complexa e variada, em que não se distinguiam diferenças entre raças e povos, pobres e ricos, homens e mulheres, manifestou-se a vontade de cuidar dele e a esperança de preservar suas riquezas, lembrando a sabedoria destas canções dos índios norte-americanos: “ A Terra é nossa mãe, devemos cuidar dela” e “Somos um com o espírito da Terra”.
trecho republicado de http://sitioremanso.multiply.com/journal/item/38
TODAS AS DEUSAS SÃO UMA SÓ DEUSA E ASSIM ERA DEIS DO INICIO DOS TEMPOS
É essa a mesma Grande Deusa, Senhora da Colheita e da vida, a mesma Mãe Divina tão invocada pelos gnósticos e os místicos todos, que não a conhecem e nem em si mesmos concebem o principio feminino.
Nesta nova espiritualidade, New Age que já esta por assim dizer velha, parece me que a imagem da Grande Deusa, primordial e eterna é sempre desvalorizada ou associada a Maria, Mãe de Deus, antes Deusa Mãe.
Também a mulher ainda presa em sua rixas vê outras mulheres como inimigas e mesmo no culto a Deusa, via Internet parece que há tal disputa para ver quem tem o blog mais bonito e quem é mais inteligente...
Como disse Rosa Leonor, até mesmo aquelas que dizem servir a Mãe, temem sua sexualidade e não exploram seu arquétipo de Bruxa, apenas brincam de bruxas e de Saint Germain...
Ou então elas brincam mas não vivem a bruxaria em si, e continua vendo o "paganismo" como uma forma obscura ou então para seduzir a atiçar os homens, as falsas "sacerdotisas de Afrodite" tal como num texto publicado num blog, dito de sagrado feminino, aonde a dona do blog, se deixa enrolar por um homem que enviou la um texto dizendo que Lilth era hebreia (o que é uma tolice já que sua origem é sumérica) e sempre perversa e a única forma de nos desvenciliar mos dela como arquétipo é adoptar a sexualidade de Afrodite...
No dia que li muito me irritou esse texto e muito me irritou que uma mulher que se diz sacerdotisa da Mãe tenha se deixado manipular dessa maneira e ao que me parece talvez nem tenha lido aquilo que o homem escreveu...
Em sua as mulheres parecem apenas confiar nos homens, e na falocracia e parecem abdicar de qualquer profundidade espiritual e racional.
O que me consola é saber que aquelas que estão realmente tocadas pela chama e pelo potencial da Deusa, tem feito este trabalho com real entrega.
O amor a Deusa, e o respeito a si mesma, sem se permitir tal divisão patriarcal (sexualidade versus espiritualidade) nestes arquetipos mil vezes mencionados da Santa e da Prostituta, ou de Eva e Lilith, é essencial para fazer mos esse trabalho.
Caso contrario cai mos na bula de um Jeová de sais como se diz e num total distanciamento da Mãe Terra, a Deusa ou então numa degradação e limitação da própria Deusa e do Seu poder aonde se misturam mitos patriarcais e a guerra das deusas gregas do Olimpo...Todas elas lutando (entre si) para chamar a atenção do poderoso deus pai...Pois a visão puramente arquétipa das Deusas ("tipo qual deusa você está/é?") é o pior tipo de limitação que poderia se fazer do Princípio Feminino nas mulheres.Temos de ir além disso e compreender a Deusa enquanto Una, a Deusa enquanto Força Divina e Criadora, a Deusa como uma Mãe Grávida carregando em si o masculino e o feminino, pois é essa parte que sempre nos escapa.
A integração destas partes cingidas em nos, da nossa sexualidade e da nossa espiritualidade, nossa liberdade vivida nos braços da Grande Mãe...
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Que o Poder Infinito da Deusa e da Mãe Natureza purifique seus caminhos.