quarta-feira, 9 de março de 2011
UM CAMINHO DE AUTO-DESCOBRIMENTO
Minha busca é sempre extrair mais e mais de mim mesma, extrair o que a de mais profundo em mim na minha Fonte Interna. Eu persigo um sentido, um sentimento o qual não sei nomear e que as vezes me pulsa. Minha profunda devoção a Deusa também se deve a isso: sou muito recôndida para religiões dogmáticas, sou como uma água que percorre profunda o leito da terra. Minha alma quer sempre mais, quer sempre criar mais e enquanto crio vou destruindo as coisas e as pessoas a minha volto. Minha salvação (palavra que eu odeio pelo seu sentido religioso) é que quando me sinto entregue a Mãe, eu entro em um estado de graça, de plenitude, eu entro em contato comigo mesma e com meu ritmo. A busca espiritual para mim tem sido e é conseguir isso; compreender aquilo que me corre no intimo e por isso não busco uma iluminação; a Deusa já está em mim, eu já sou plena e sagrada. O que eu quero é não apenas compreender isso psicologicamente mas também sentir profundamente essa plenitude. Foi por isso que o caminho do Sagrado Feminino me interessou: ele é autentico e sem máscaras. Foi por isso que encontrei a Deusa em meu ser: Ela é dúbia e una simultâneamente, Ela não finge ser apenas bondosa para depois nos castigar pelos nossos pecados, Ela é o próprio instinto que simultâneamente é salvação e milagre. A salvação é na Terra e para a Terra e não para um céu fictício do qual todos interiormente duvidam. E mesmo a reencarnação no culto da Grande Mãe tem sua lógica. Se nossas almas pertencem a Terra Mãe, que é uma das múltiplas formas que a Deusa Una adota para comandar o cosmos, é natural que na hora da morte os seres humanos retornem a Seu ventre. A Deusa enquanto divindade suprema é totalmente diversa dos deuses patriarcais pois para Ela tanto mulher quanto homem são iguais, tanto a vida como a morte tem seu valor, a sexualidade deve sim ser guiada pelos instintos de forma sadia e natural sem forçarmos anseios que não nos pertencem para seguir modelos sociais estipulados para estruturar uma sociedade machista na qual os homens governam um mundo nutrido pelas mulheres, no qual a mulher deixe de ser símbolo do milagre da Deusa na terra para se tornar uma mera reprodutora, um buraco no qual o homem se alivia, um mundo que no sumo de sua crueldade divide a mulher em dois arquétipos; uma mulher espiritualizada com sua sexualidade anulada ou negada (camuflada ou subvertida) e outra mulher que serve de alívio para os instintos sexuais reprimidos de toda uma sociedade masculina seja ela formada por trabalhadores ou empresários, pobres ou ricos. E assim as duas mulheres que em origem era uma lutam pelos favores do Homem e pelos seus privilégios sejam os da puta (liberdade sexual, ainda que induzida) ou os da santa (estabilidade social ainda que tenha de se sujeitar) e é desse modo que vemos as mulheres lutarem entre si, até a morte se for preciso num mundo (sociedade) criado por homens e para homens. Cansei de observar tamanha hipocrisia e até agora a espiritualidade feminina tem sido o meu refugio contra o abandono da sociedade patrista. E não podemos parar por ai e sim prosseguir nos engajando sim no eco-feminismo e nas causas sociais alicerçadas pelo culto da Deusa, pelo novo modo de amor a Deusa Terra e a mulher, cuidando da Terra, de sua bio diversidade, do seu meio ambiente. Buscar no fundo da própria alma um motivo digno para se viver.
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Que o Poder Infinito da Deusa e da Mãe Natureza purifique seus caminhos.