terça-feira, 31 de maio de 2011

NÓS, TODAS NÓS....

“Aquelas que recebem os dons da Deusa"

Z Budapest: Eu estava mexendo em meus antigos arquivos e achei uma oração muito poderosa. Ela está escrita a mão e não fui eu quem a escreveu. Não sei quem possa tê-la escrito, mas essa oração me tocou. É um pouco longa.

“Aquelas que recebem os dons da Deusa
Devem utilizá-los.
Lustrem os seus dons de manhã
Lustre-os com anseio
Colha-os da trêmula Árvore da Criação
Gentilmente, guarde-os na cesta de seu amoroso esforço
Use-os ou eles deixarão de ser frutos e se tornarão pedras pesadas.
Os frutos da Mãe são suculentos e nutritivos
Ignore-os e eles se tornarão dentes e te morderão.
Estes dons são mais valiosos do que a noite e a manhã
Ignore-os e a noite e a manhã morrerão
A cova de seu conhecimento queima e se transforma nos frutos da Mãe, dentro de você
Saia da cova e você estará perdida
Quando utilizados, os belos dons são abundantes e começam a aumentar
Eles crescem conforme são consumidos
Balance os galhos da Criação
E os dons cairão em seu colo, resplandecentes
Dê as costas e a Árvore murchará
E o vento carregará a semente para longe
Utilize os dons da Senhora, então com grande abandono
Eles se tornarão seu alimento
Eles são os frutos, o florescer na escuridão dos sonhos
Eles são a luz que dissipa o caos
Eles são os frutos da árvore desconhecida mas que está sempre presente
Eles são os frutos que crescem eternamente nos galhos do desconhecido
Trazidos à visão
Eles são mais doces do que a evidência do amor no corpo
Não permita que ninguém dê as coisas enquanto os frutos caírem
Ao contrário, recolha-os
Eles são sua abundância e seu sustento.”
Abençoada seja.

(Tradução: Aphrodisiastes)

domingo, 29 de maio de 2011

A CRENÇA NAS DEUSAS


THEATEÍSMO

Thea (do termo grego Théas: Deusas; ismós: crença)

Aqueles que possuem como eixo de crença e culto às deidades femininas podem se autodenominar como Theateístas. Poderia apenas assumir o nome de religião matriarcal, ou religião da Deusa, entre tanto o termo Theateísta envolve em si um imenso coletivo de significados.
Ele se refere à crença, ao culto, a fé, a celebrações e práticas cotidianas onde a essência é uma ou mais de uma Deidade Feminina.
Fato que liga este conceito diretamente ao Politeísmo e o faz corretamente, porém calhando de modo mais concreto este pela sua identificação pessoal para com Deidades Femininas.

Assim o Theateísmo mesmo que tenha em seu culto ao Feminino Sagrado, seja ele dentro de um panteão específico ou com mais de um, não recai dentro do conceito mais conhecido, mais evidenciado, de ser o mesmo que a religião Wicca.
Não deve ser entendida como vertente ou Tradição da religião Wicca por não atender aos princípios que essa religião orienta, não há uma necessidade premente por ritos cerimonialistas, ou de uma presença masculina dividindo celebrações no caráter sacerdotal, e o universo da Magia e Bruxaria é considerado como parte que pode ou não existir dentro da vivência sagrada de cada um.
O Theateísmo pode ser cultivado em esferas diversas e distintas daquela que é a religião Wicca, contudo um wiccano/a pode se dizer também Theateísta.


Os movimentos femininos das décadas de 60 e 70 e cujos reflexos sentimos no hoje, perfazem ainda que distantes em tempo e geografia, o sentir espiritual do feminino pagão atual. Foi lá naqueles anos vestidos de roupas exóticas e movimentos libertários, que o Neo-Paganismo Feminino tomou formas, nasceu e perdurou… Não me refiro à história e registros antropológicos, mas a historicidade.
A historicidade é um conceito crucial para o entendimento da história, seja ela considerada “ciência” como queriam os estudiosos do século XIX, ou “narrativa verídica”, como definiu Paul Veyne. É a historicidade que dá caráter factual à vivência, em oposição à narratividade que cerca o homem; é aquilo que dá valor ao antigo apenas por ser antigo, e não por ter uma qualidade intrínseca - é o que define um mero objeto de um objeto histórico. Analisando a importância da história para o homem, Gadamer afirma: “o homem é, simultaneamente, o ser do passado remoto e o ser que vive no seu futuro como grande horizonte de expectativa e vasto campo de projetos que o seu ser modelado pela sua história lhe abre.” (GADAMER, 1988: 12).
Esse ‘ser modelado pela história’, no entanto, é impensável sem a preocupação consciente ou inconsciente, para com a historicidade.

É partindo dessa historicidade que os movimentos daquelas décadas representam papel preponderante para nosso fazer pagão atual.
Em outras palavras, não devemos menosprezar a história recente do feminino e suas manifestações, mas considerar seriamente a representatividade que ativistas feministas dos anos 70 possuem no que hoje é o Neo-Paganismo Feminino.
Entendo que assim como eu, outras pagãs possam se encaixar no conceito do Theateísmo, que é também pagão por decorrer da necessidade inerente entre quem o pratica em resgatar os saberes matrifocais dos povos primevos, o que de certa forma pode ser compreendido por alguns como um reconstrucionismo, mas por não deter em si um rígido entendimento quanto às bases e pilares sobre os quais deva ser realizado esse resgate, quiçá não caiba nessa nomenclatura.

Mas em suma é em base às dinâmicas psicossociais e espirituais das culturas matriarcais e matrifocais que se erige a construção do Theateísmo. Estudos e pesquisas de culturas pré-históricas proporcionaram insumos para esse resgate, onde essas culturas são entendidas como culturas de paz e equidade entre gêneros.
Cabe citar a personagens preponderantes nesse fazer arqueológico matrístico: Merlin Stone, Erich Neumann, Marija Gimbutas, Robert Graves, e ainda que muito se discuta a seriedade dos seus escritos, a James Frazer, que antecede aos primeiros no quesito interesse por esse tipo de estudo.
Eles, pesquisadores que focaram seus olhos nas culturas Europeias, Mediterrâneas e das regiões adjacentes. Eles que são compreendidos como pedra basilar nessa construção e resgate das culturas onde o feminino foi o núcleo, devem sempre ser lembrados, pois sem esse olhar arqueológico feminino, ainda a trilha do Theateísmo seria incipiente...
As culturas do matriarcado por terem a figura feminina como representação de eixo e liderança, e as matrifocais onde homens e mulheres possuíam o mesmo peso e permaneciam no mesmo status quo, se constituem nos modelos para a elaboração do propósito que orienta ao Theateísmo. Isto no que se refere aos papeis sociais, sexuais e espirituais atribuídos a mulheres e homens, ações que repercutem no sistema religioso não hierárquico, e talvez por isto mais aberto a práticas que podem ser coletivas ou não.

A forma como é percebido o construto sobre uma deidade também depende da cultura de origem do praticante, ou da sua ideologia e identificação com panteões, no entanto por questões de coesão e harmonia, grupos que se dedicam ao culto de deidades femininas optam por centrar suas atenções naquelas que advieram de núcleos matrifocais.

De modo que não se deve confundir ou fundir o Theateísmo com a Tealogia, em vista de que esta última se dedica à pesquisa do Feminino dentro das culturas religiosas judaicas e cristãs.

Dentro do movimento Neo-Pagão do século XXI, o Theateísmo pega emprestado muito do que foi elaborado pelos movimentos ativistas espirituais femininos como os encabeçados por Starhawk [Tradição Reclaiming], ZZ. Budapest [Dianismo], por exemplo, e por movimentos dentro do universo psicanalítico, onde podemos citar a seguidoras e revisionistas junguianas, como: Jean Shinoda Bolem; Marion Woodman; Christine Downing, entre outras.
Estas últimas que em suas analises pessoais e interpessoais resgatam o conceito da identificação da nossa psiquê e os arquétipos das deidades femininas oriundas em base à mitologia grega, mas que hoje em dia abarca a outras mitologias.

Pela semelhança se pode pensar que falamos do Dianismo. Com tudo tal suposição não é verdadeira, uma vez que o Dianismo é considerado pela sua genitora Zsuzsanna Budapest passível de apreensão como uma Tradição da religião Wicca, e não podemos esquecer que há no Brasil outras Tradições Diânicas, ambas Wiccanas. Assim como no Dianismo Feminista há a preferência pela não inclusão de homens em ritos diânicos. Então não é Dianismo.
Há uma congruência, entre tanto, no que se refere ao conceito a ser elaborado e implementado, onde a mulher pagã se entende como um ser politicamente ativo, não apenas em relação aos direitos civis, mas ao resgate da sacralidade da Terra e de si mesma. Nisto o Dianismo e o Theateísmo coincidem.

Para muitas o termo mais próximo ao conceito do Theateísmo, seja nomear suas práticas particulares ou comunitárias como uma “Espiritualidade Feminina”, não obstante há o risco de que se entenda a essa Espiritualidade Feminina como sendo qualquer culto a um feminino, podendo incluir aqui ao Marianismo, fato que seria incorreto, considerando ser o Marianismo o culto a Maria, não na condição de deidade como é encarado o Sagrado Feminino dentro do Paganismo, mas sim como mãe de um deus monoteísta.

A desambiguação quanto à dupla Theateísmo e Espiritualidade Feminina é necessária, e não há estudo religioso que seja simples de ser compreendido e internalizado apenas em base a uma leitura ou fala...
Faz-se imperativa essa desambiguação pela semelhança que mora em ambas as vivências, pois o Theateísmo é a Espiritualidade Feminina em toda sua dimensão contendo-a, porém a condição inversa não é verdadeira, a Espiritualidade Feminina não é por derivação o mesmo que o Theateísmo, pelas razões que já foram expostas.

Quiçá se fuja da rotulação religiosa como uma forma de emancipação para com as crenças monoteístas patriarcais, por outro lado há grupos e coletivos que se sentem a vontade com o uso e adoção do termo, que classifica e identifica a esse coletivo com esta prática religiosa.
No que tange à mulher, esse encontro com o Theateísmo lhe investe de valor e significância. De valor pessoal, emocional, espiritual e ancestral. A retira da esfera das simplificações patriarcais, proporcionando-lhe o direito a assumir uma outra religiosidade com nome, forma e historicidade.
Por ela ser pagã e ter nascido no século XX, vir a ser cópia fiel de outras mulheres do passado, no que se refere à passividade perante a extirpação dos seus direitos, a desclassifica e coisifica. Mencionar isto aqui advém da resistência que existe mesmo entre pagãos, para com a aceitação e legitimação da religiosidade Theateísta, e da mulher que a exerce como crença e fé.
O machismo não pertence a credos, ele se faz onde a intolerância se deixa permanecer. A coisificação da mulher não se restringe a mídias, ela surge aonde haja discriminação e intolerância. Logo aceitar que mulheres assumam como religião ao Theateísmo é de grande importância, sobretudo em nichos considerados como abertos a diversas leituras de fé e de vida.

Os movimentos femininos que defendem a criação de Círculos se mostram epicentros energéticos dos conceitos matrifocais, gilânicos [aqui o trabalho de Riane Eisler lança luzes sobre o que é a gilania, sobre a fala da equidade entre gêneros, sobre as relações de parceria, que nos levam aos conceitos de Humberto Maturana e sua teoria da dinâmica da Matriz Biológico-cultural da Existência Humana], onde a manifestação matrística não se limita ao feminino, mas contêm em si ao masculino, um masculino que aceita um conviver de igual para igual, e de valorização da figura feminina.

“Somos seres por natureza parida Matristicos, depois os rumos e trilhas nos separam desse primevo estágio”.
Humberto Maturana, no prefácio de
“O Cálice e a Espada” de Riane Eisler.

Círculos de Mulheres tais como os propostos pela escritora e psicanalista Jean Shinoda Bolen, em seu livro~poema “O Milionésimo Círculo” incitam a transpor barreiras rumo a um adentrar na Espiritualidade Feminina, onde seja pela ótica da psicanalise ou pelo caminho dum encontro com Thea[s], as mulheres em Círculo aprendem a se desfazer dos parâmetros hierárquicos que lhe foram cunhados na alma. Aprendem a dialogar sem escalas, de igual para igual, em respeito quanto a tempos, falas, e conceitos.
Ela, a autora, incita a reflexão sobre o conceito bem formado interior, sobre cada um, ato que salva a mulher do auto silenciar-se, de omitir-se e perpetuar a nulidade dos seus direitos e a repetição cíclica da sua exploração massiva ou particular.
Seja em Círculos ou Grupos, ou em Groves, a construção espiritual feminina permite que impere a sensação elástica e ampla que libera um sentir-nos “estar em casa”, onde podemos manifestar dizeres que exteriorizam aquilo que já passou horas demais internalizado.

Tais movimentos circulares, espiralados ecoam de maneira impressionante, envolvendo até aos mais céticos. Acolhendo uma realização ideológica, espiritual, ativista e pagã que aceita a mulher tal como ela se mira, como ela se vê refletida em seus espelhos mutantes.

Reuniões circulares celebrantes de manifestações da natureza, onde a reverência pode recair na sacralidade da Terra, da Lua, de ritos sazonais, ou de honra a Deusas, atendem as múltiplas formas que as mulheres pagãs possuem; mulheres pagãs que se entendam ou não, a si mesmas como Bruxas, como Feministas, como Ecofeministas, dentro da vivência e realidade do Theateísmo, sem que esse entender seja indispensável para que ela, a mulher, seja Theateísta.

A construção ativista dentro da visão matrística é defendida e exercida em base ao conceito da “co-inspiração”, não observando ao extremismo e à contraposição de gêneros. Ou seja, podem homens dizer-se Theateístas sem que isso induza sua desmasculinização.

Dentro da realidade brasileira é urgente citar a estudiosa e pesquisadora das celebrações panculturais do Sagrado Feminino, Mirella Faur, quem iniciou o movimento da religiosidade da Deusa no Brasil, facilitando encontros entre mulheres em rituais públicos ou reservados na cidade de Brasília. Deve ser esta pesquisadora inserida no elenco de personagens que construíram a Espiritualidade Feminina Pagã Brasileira, abrindo espaço para que muitas outras criassem coragem para assumir posturas, manifestar pensamentos e co-inspirar!
A sua obra “O Legado da Deusa” serve para essa co-inspiração espiralada, serve de mola propulsora para muitas, que seja em solitário ou não, celebram o Feminino Sagrado.
Havendo muitas outras mulheres que em nosso hoje dilatam as trilhas do Theateísmo no Brasil, fazendo com que o tempo no qual para saber, viver e apreciar o Sagrado Feminino Pagão se fazia necessário olhar para fora, seja um tempo pretérito.
A ritualística deste Feminino é permeada por simplicidade, singeleza, silêncios eloquentes, ou festivais infinitos, realizados a solo, ou em Círculos onde a partir de duas mulheres já se cria um.

Círculos que se alimentam da unicidade que a mulher descobre entre ela e outras, gerando movimentos que visam reconstruir a imagem feminina tão machucada pelo meio e também por outras mulheres que conhecem tão só a realidade obtusa e ferrenha que lhe foi repassada por outra geração de mulheres. Logo esse movimento pela recuperação da imagem, da honra, da plenitude feminina, empodera a mulher e modifica sua maneira de se discernir e inserir no mundo, garantindo que ela se torne uma agente modificadora por sua vez de outras realidades, umas mais imediatas do que outras, mas a torna um ser crítico e ciente do seu valor pessoal e do seu direito a assumir com inteireza suas formas, sua vida.
Dentro desse elenco de movimentos modificadores e vivificadores, vemos a grupos de mulheres que se voltam para a sacralidade dos nossos corpos, primando pela desmistificação de temas como a menstruação, a menarca, a menopausa, o aborto, a morte. Mostrando a naturalidade e o caráter inalienável que esses temas possuem. E aqui também não é mais preciso olhar para fora dos limites do país, o movimento se faz aqui, com e para brasileiras.
Quiçá um livro que marcará diferença para sempre dentro desse reconhecimento do sagrado em nossos corpos seja o “Rubra Força” da psicanalista Monika Von Koss. Faz da sua leitura uma ponte para um outro mundo e entendimento do que somos, como seres biológicos, históricos e espirituais.

A diversidade sobressai ao se falar de formas e focos a serem celebrados, entre tanto algo em comum entre os Theateístas é a criação, cuidado e zelo para com o altar em casa. E é especial perceber que ele não se esconde, ele se mostra com orgulho. Ultrapassa o limiar das casas e se expõe aos outros, ou pela sua pequenez torna-se uno ao lar onde mora.

O Theateísmo defende o empoderamento da mulher, sem sobreposição ao masculino, assim famílias matrísticas podem vir a ser pauta em nossa sociedade, famílias onde mãe e pai dispõem deveres, direitos e espiritualidade num fazer circular, de igual para igual, permitindo assim que uma nova geração seja elaborada, criada e parida para o mundo. Uma geração que entende esse mundo como sagrado, livre e passível de reinvenção, e releitura.

Uma releitura gilânica, matrística, Theateísta.

Luciana Onofre
São Luís, Maranhão, Brasil, 16 de maio de 2011.

Bibliografia Consultada
El Poder Mágico de las mujeres – Z. Budapest. Ed. Robin Book.
A Deusa Interior – Jennifer Barker Woolger & Roger J. Woolger. Ed. Cultrix.
A Deusa no Escritório – ZZ. Budapest. Ed. Agora.
Bruxaria e História – Carlos Figueiredo Nogueira. Ed. USC.
Como se escreve a história e Foucault revoluciona a história – Paul Veyne. Ed. UnB.
História e Historicidade - H.G. Gadamer. Ed. Gradiva. Lisboa.
A Dança Cósmica das Feiticeiras – Starhawk. Ed. Nova Era.
O Milionésimo Círculo- Como transformar a nós mesmas e ao mundo -
Um guia para Círculos de Mulheres – Jean Shinoda Bolen, M.D. Ed. Taygeta/Triom.
O Cálice e a Espada – Riane Eisler. Ed. Palas Athena.
Rubra Força – Fluxos do poder feminino – Monika Von Koss. Ed. Escrituras.
O Corpo da Deusa – Rachel Pollak. Ed. Rosa dos Tempos.
A Tecelã – Bárbara Black Koltuv. Ed. Cultrix.
O Livro de Lilith - Bárbara Black Koltuv. Ed. Cultrix.
Mãe Paz – Vicki Noble. Ed. Nova Era.
O Legado da Deusa – Mirella Faur. Ed. Rosa dos Tempos.

A obra Theateísmo de
Luciana María Onofre Martins foi licenciada com uma Licença Creative Commons - Atribuição - Uso Não Comercial - Obras Derivadas Proibidas 3.0 Brasil.
Podem estar disponíveis permissões adicionais ao âmbito desta licença em http://gherminando.blogspot.com/.

ROSAS

CONTRADIÇÃO

Minha alma quer o mundo

Apesar de habitar neste corpo tão pequeno
Por vezes algumas vezes amado e outras muito odiado
Minha pequena alma ainda sim deseja o mundo
Minha pequena alma ainda sim tem sede das coisas belas
Minha pequena alma ainda sim está cheia de amor por Ti
E pelo mundo.
Minha Mãe, meu mundo...
Vive em mim!
Meu mundo mesmo com dor
Tão ternamente ardente flor em meu coração.
Meu amor mesmo que na dor que floreça
Meu amor mesmo no corpo tão ternamente marcado de feridas
Que são minhas acaricias de dor
Meu amor mesmo que separado do corpo
Corpo que arde, doi e sofre
Corpo que sofrerá mais
Mesmo nesse corpo aberto
Como rosa encarnada
Em vermelho
Mesmo na obscuridade da dor
Da ferida da rosa arrancada do galho
Meu amor vive
Vive naquele que provou o sabor do perfume desta tão mal formada rosa
Sua beleza secreta tão dentro e fundo
Tão fundo e mais docemente
A sugar a seiva da raiz,
Do grão do grão, da Terra, da Terra
De um mundo chamado vida
De um mundo Mãe,
Minha dor é rosa desabrochada
Machucada e encarnada
Na mas bela flor
No seio da Mãe.

A mais bela flor é aquela quem vem cheia de feridas e saudade, aquela que vem cheia de amor pela Mãe, pela vida...

sábado, 28 de maio de 2011

CAMINHOS DO CORAÇÃO

MULHERES & DEUSAS

Busca o encontro da feminilidade original e da mulher essencial no encontro com a Deusa esquecida...
Está exclusivamente vocacionado para o conhecimento alargado da consciência do Sagrado Feminino na sua dimensão ontológica.
Rosa Leonor Pedro


"As mulheres honram o seu Caminho Sagrado quando se dão conta do conhecimento intuitivo inerente a sua natureza receptiva. As mulheres precisam aprender a amar, compreender, e, desta forma, curar umas às outras. Cada uma delas pode penetrar no silêncio do próprio coração para que lhe seja revelada a beleza do recolhimento e da receptividade".


“O poder da Deusa, que se manifesta por meio das mulheres, é uma matriz emocional que convida a uma fusão ou simbiose inconsciente e transmite uma sensação de “chegada a casa”.
Jean Shinoda Bolen


domingo, 15 de maio de 2011

SÁBIA MULHER


EU, TU, ELA, TODAS NÓS...

A sacerdotisa é não apenas a uma mulher plena de poder e autoridade, mas também a mulher em pleno contato com suas dimensões profundas, uma mulher que não apenas emana poder e Sabedoria Feminina, mas que é de fato capaz de extrair de si mesma, a Sabedoria Feminina autêntica que antecede as noções de psicologia, mitologia e religião. Uma mulher realmente alinhada com sua sombra e em contato com a centelha da Deusa que há em seu interior, que não nega suas características ctônicas e sombrias, mas as aceita como parte da bênção e da dádiva da Grande Mãe, como parte dos Mistérios do Princípio Feminino. É está, a verdadeira Mulher que encontrará em si a força da Deusa que vai muito além dos conceitos esotéricos de sacralidade feminina, uma mulher que encontrara em si a Deusa Mãe que acordara chama vital de luz e escuridão que habita a alma de todas as mulheres, que sacraliza e revigora sua sexualidade e que por último é a única fonte de salvação e cura para a humanidade, para a Terra. - Gaia Lil


Deusa,
Eu sou sua sacerdotisa
Abre meus olhos para ver sua luz nos que me cercam
Presentei me com a coragem de transbordar com o seu amor.
Empreste a minha voz o poder de Seu Verbo Criador.
Grande Amada, que eu possa sentir Seu toque em tudo o que Você traga para mim
.

Ver o sagrado e o divino em todas as coisas e, especialmente, em todas as pessoas Ajudar os outros a encontrar o sagrado em si
Meditar o divino
Adorando o divino em todas as coisas
Ser divino
Ser o amigo do divino
Ser a voz do divino
Expressando o divino de forma que as outras pessoas possam entender
Viver de acordo com seus próprios códigos morais
Permitir que os outros vivam da maneira que gostam
Curar para que possamos curar a Terra.


Ishara,
Catherine Ann de Garis
IN: http://webspace.webring.com/people/ac/cathdeg/

Sua energia de Mulher nunca será acionada se você precisar depender de alguém.
Suas forças não existem para serem anuladas, e sim somadas, ampliadas.

...A maior violência que uma mulher pode cometer a si própria é se permitir ser dominada por seus apegos mundanos.
Dominada pelos interesses materiais ou financeiros.
...Você se mutila quando é comandada únicamente pelos interesses materiais.
Seu espírito se apequena para a vida, e sua sombra fica maior do que você mesma.

...Você tem o poder para brilhar e para ter independência em todos os sentidos.
O sexo-frágil não existe!

"Sexo-frágil" ...
Essa palavra foi criada para alimentar a ilusão das mulheres que se esqueceram o que elas são e também para as que, por comodismo, não querem se lembrar.

A mulher só se torna dependente por comodismo e medo.
Medo de agir, de convocar o seu poder.

...A mulher que não convocar seu poder e que não assumir seu compromisso de ser quem deve ser agregando energia essencial em sua vida, em suas atitudes, conquistando sua independência em todos os sentidos, irá se fechar para a Fonte e sentir a corrosão interna provocada pelo ego negativo.

...A dependência lhe consome e a torna menor.
A ilusão lhe adoece.

Seu Templo Sagrado é construído convocando seu poder nos atos simples da vida.
Não é se tornando 'feminista' que você manifesta sua força, e sim agindo a partir dos aspectos da sua essência, em todas as atitudes de sua existência sublime.

Fonte: 'Mulher, a Essência Que o Mundo Precisa' Bruno Gimenes
Postado por Anna Geralda Vervloet IN:
JANELA DA ALMA

quinta-feira, 12 de maio de 2011

O MITO À LUZ DA VERDADE

Eu sou Pandora, a Doadora de todos os Presentes
Eu trago árvores cheias de flores que dão muitos frutos, árvores retorcidas com olivas penduradas e essa videira que irá sustentar vocês

Eu trago a vocês plantas para matar a fome e para curar a doença, para tecelagem e tinturaria. Sob a minha superfície vocês encontrarão minerais e argilas de inúmeras formas. Eu trago maravilhas, curiosidade e memória. Eu trago sabedoria. Eu trago justiça com misericórdia. Eu trago laços de cuidado e de comunhão. Eu trago coragem, força e persistência. Eu trago amabilidade para todos os seres. Eu trago as sementes da paz.



O JARRO DE PANDORA – MALDIÇAO OU BÊNÇÃO?


"Ao abrir a pesada tampa do seu jarro, Pandora soltou todos os males que afligem a humanidade. Assustada com o seu gesto, ela o fechou rapidamente, deixando aprisionada somente a Esperança. Persuadida a libertá-la, Pandora abriu novamente o jarro; foi assim que a esperança saiu voando para aliviar os sofrimentos dos homens"

Theogonia – Hesíodo 700 BC

O mito descrito pelo historiador grego Hesíodo relata a criação de Pandora como o castigo dado à humanidade pelo Zeus, enfurecido com o gesto de Prometheus que tinha roubado dos deuses o fogo para dá-lo aos homens.
Zeus pediu a Hefáisto, o deus ferreiro, para misturar água e terra e modelar uma linda imagem de mulher, a qual deu voz e vida. Athena a vestiu, colocou-lhe um cinto bordado, cobriu-lhe a cabeça com um véu e coroou-a com uma guirlanda de flores e uma coroa de ouro. Ensinou-lhe depois como tecer e bordar. Afrodite, a deusa dourada deu-lhe encanto e o doce veneno da sedução, enquanto as Cárites (as Graças) deram-lhe graça e suavidade. Somente Hermes lhe deu atributos racionais, uma mente ardilosa e o dom de enganar. E Zeus nomeou-a Pandora e pediu a Hermes que a levasse a Epimetheus, o irmão bobo de Prometheus. Apesar de ter sido avisado por Prometheus (cujo nome significava “precognição”) para não receber nenhum presente de Zeus, Epimetheus (sinônimo de compreensão retardada) aceitou Pandora e por ela se apaixonou. Mas em lugar de dar-lhe felicidade, ela decidiu abrir o jarro e espalhou discórdia, doença, velhice e morte sobre a terra.
A semelhança deste mito com o de Eva é espantosa. Em ambos os mitos atribuíram-se a uma mulher a origem da desgraça, dos males e da mortalidade dos seres humanos. Analisando com mais atenção a lenda bíblica de Eva, percebe-se que uma das fontes que a inspiraram foi o mito pagão grego de Pandora. A sustentação filosófica para a luta entre o bem e o mal foi dada por Pitágoras, em cuja visão o mundo tinha sido formado por dez princípios, cada um constituído por duas forças contraditórias – luz e escuridão, masculino e feminino, movimento e inércia, reto e curvo, direita e esquerda, par e impar. As qualidades positivas foram atribuídas ao princípio masculino enquanto a escuridão, a maldade, os aspectos tortuosos, ocultos e indefinidos foram considerados atributos femininos. Devido à desobediência da mulher (não comer da árvore do conhecimento; não abrir o jarro misterioso) a humanidade é castigada, ora por Yahve, ora por Zeus. E a existência da mulher passa a ser uma permanente lembrança do Paraíso perdido por sua causa, por ter desobedecido às ordens de Deus.
Retrocedendo aos mitos anteriores a estas versões patriarcais e analisando as raízes etimológicas podemos encontrar a origem verdadeira da sua história. Pan em grego significa “tudo”, Dora representa dons, e Pandora era o titulo da Mãe Doadora, Pandora Anesidora, aquela que detinha e distribuía todos os dons. O próprio ato da criação – um atributo exclusivamente feminino – foi transferido a Zeus e Hefaisto, que apesar de ser ferreiro, usou terra e água (elementos femininos primordiais na criação) para modelar “uma linda mulher”. Às deusas couberam somente as tarefas de vestir, embelezar e educar Pandora, mas foi o deus Hermes que lhe deu a capacidade mental (distorcida, claro, por ela ser mulher).
A definição original de “jarro” (pithos em grego) foi deturpada por Erasmo, escritor humanista cristão do século XV, que o transformou em pyxis, “caixa” (termo pejorativo para os órgãos sexuais femininos), banalizando assim o vaso primordial de criação, o ventre escuro e misterioso da Mãe Terra, doador da vida, porém também o receptáculo do corpo após a morte.
A própria idéia do jarro precede a versão do Hesíodo, aparecendo em um mito mais antigo que fala sobre uma mulher que tinha dois jarros fechados – um contendo o bem e o outro, o mal – que ela oferecia aos homens, deixando que eles escolhessem. A caixa aparece também no mito de Psique e Cupido, em que Psique não resiste à curiosidade e abre uma caixa fechada, desmaiando em seguida até ser socorrida por Cupido.
A inversão e distorção dos antigos mitos e valores das tradições centradas na Deusa foram usadas pelas sociedades e religiões patriarcais como um embasamento filosófico e moral para denegrir e diminuir a mulher. No século IV AD, João Crisóstomo, patriarca, orador e historiador cristão, define a mulher como “um mal necessário, uma tentação natural, uma calamidade desejável, um perigo doméstico, uma ameaça para a amizade, uma punição inevitável, uma criação má da natureza pintada com lindas cores”.
Neste momento em que presenciamos o ressurgimento de novos valores e manifestações do eterno e sagrado feminino, conhecer os mitos clássicos não é o suficiente. Precisamos ir além, voltando no tempo e no espaço para as verdades originais que foram desvirtuadas, invertidas ou escamoteadas nas versões patriarcais.
A mulher atual somente poderá trazer à tona a ampla gama dos seus recursos criativos e expressivos se reconhecer a riqueza dos dons que a Mãe Doadora lhe conferiu e que estão aguardando sua manifestação escondidos no misterioso jarro de Pandora. Desta maneira, ela se tornará responsável não mais pela difusão dos males inerentes à condição humana, mas por tornar a sua vida e a dos seus semelhantes mais belas, mais plenas e mais felizes.

Mirella Faur - IN: http://sitioremanso.multiply.com/journal/item/33

(republicado)

quarta-feira, 11 de maio de 2011

OUVIR A VOZ QUE EMANA DE DENTRO...


Poderiam os terrores e crimes de hoje serem possíveis se ambos os Princípios se tivessem mantido equilibrados? Nas mãos da mulher está a salvação da humanidade e do nosso planeta. A mulher deve consciencializar-se do seu significado, a grande missão da Mãe do Mundo; ela deveria preparar-se para assumir a responsabilidade do destino da humanidade. A mãe, a que dá à luz, tem todo direito de dirigir o destino de seus filhos. A voz da mulher, da mãe, deveria ser ouvida entre os líderes da humanidade. A mãe sugere os primeiros pensamentos conscientes de seu filho. Ela dá direcção e qualidade a todas as suas aspirações e capacidades. Mas a mãe privada da cultura do pensamento, desta coroa da existência humana, só pode contribuir para o desenvolvimento de expressões inferiores dos desejos humanos.

HELENE ROERICH


ABRIR A CAIXA DE PANDORA

Na filosofia pagã, Pandora não é a fonte do mal; ela é a fonte da força, da dignidade e da beleza, portanto, sem adversidade o ser humano não poderia melhorar.
O nome “Pandora” possui vários significados: panta dôra, a que possui todos os dons, ou pantôn dôra, a que é o dom de todos/as (dos/as deuses/as).
…também significa a jarra (pithos) que “nada mais é que uma simples ânfora: um vaso muito grande, que serve para guardar grãos. Este vaso só fica cheio através do esforço, do trabalho no campo, seu conteúdo então simboliza a condição humana. Por consequência, será a Mulher que a abrirá e a servirá, para alimentar a família.”

OUVIR A VOZ DA DEUSA,
É OUVIR A VOZ DA TERRA, A VOZ DO ÚTERO


Eu há dias acordei com esta frase na cabeça: a Mulher tem de voltar a ser fiel à Terra…e ser senhora de si mesma… Era um sentimento de premência e de força que me invadiu ao acordar e sentiu-o em todos os poros…Não se pode adiar o amor diz o poeta…e eu digo, NÃO SE PODE ADIAR A TERRA…ELA É A NOSSA MÃE…


Tudo depende dela, como todos dependemos da Mãe ao nascer, da sua força e poder… também agora a mulher pode e deve salvar o Planeta e empenhar-se na sua regeneração… só assim dará à luz uma nova Humanidade renascida das suas entranhas e da terra… A Terra é um corpo inteligente e nós respiramos o ar que a envolve e todos os seres vivos a respiram. A Terra é o nosso Matrimónio…o nosso Templo vivo…Nós não vivemos no Céu…é na Terra que nascemos e é a Terra que temos de honrar, ao contrário do que as religiões do deus pai dizem e que mais não fazem do que adiar a vida nas suas contingências e paradoxos…A vida plena tem as suas raízes na Terra e só sendo fiel à Terra Mãe podemos partir em paz e ascender aos céus…


E a Chave que se perdeu é a mulher. A mulher que foi apagada da história e da vida dos homens como ser individual e senhora da sua vontade
…A mulher que durante milénios cumpriu o pesado fardo de servir exclusivamente a humanidade homem na negação da sua individualidade ao serviço da espécie como mãe, mas em total sujeição ao homem. Cumpriu séculos de sujeição ao pai e ao filho. Agora é tempo de a mulher retomar as rédeas e voltar a servir a Terra e ser fiel à Deusa Mãe e a Natureza.
Por isso é urgente que a mulher acorde para si mesma, que desperte para uma nova consciência do seu SER em plenitude e para isso tem de se resgatar do fundo desse esquecimento de si mesma e do caos em que os homens a projectaram a si e à Terra…a Mulher tem de recuperar a sua memória celular, recuperar a sua identidade esquecida, a identidade que perdeu ao ceder ao homem o seu poder de cura e amor, o seu poder de amar e ser livre…o seu dom de visão e profecia, a sua alegria a mais genuína.

É inconcebível que a mulher só por ser mulher seja ainda castigada e estropiada, violada e morta nas guerras pelos homens em todo o mundo.
E fosse o que fosse que tivesse sido acordado pelas esferas superiores em relação à Mulher, nos céus ou na terra, pelos mitos ou nas histórias do mundo, nos eons, na roda das civilizações, ou nos ciclos da evolução da Humanidade, é tempo de a mulher ser respeitada por si mesma como ser individual e não colectivo e realizar o Matrimónio sagrado com a Deusa Mãe e consigo mesma, unindo-se à outra mulher-metade de si e da qual foi separada há milénios…

Durante milénios a mulher esteve submetida e incapaz de se erguer na sua natureza obedecendo aos padrões e leis do mundo apolíneo estritamente masculino na sua negação do ctnónico e do princípio feminino. É tempo da mãe e da filha se unirem em vez de competirem entre si e lutar pelo homem. É tempo de a mulher se libertar das algemas do património e da escravidão do sexo. É tempo de a mulher olhar para dentro de si mesma e descobrir o seu tesouro escondido, o seu tesouro sem fim, o “manancial fechado” que ela se tornou e abrir essa Caixa de Pandora, que ao contrário dos mitos que a anunciam como desgraças maiores causada pela Mulher – não pode haver maior desgraça do que a que os homens semearam na Terra – e que mais não fazem do que reflectir a milenar misoginia e medo ancestral da mulher, da sua força sensual e sexual, da seu poder magnético como fêmea, tal como o medo à força indomável da Natureza e que tanto assusta ainda os homens.
Foi por esse medo e desejo de controlar o mundo ctónico que os homens reprimiram e condenaram a mulher, e a fecharam nessa Caixa de Pandora sob a ameaça de perigos medonhos… E assim, quer na religião quer o mito, fizeram pesar sobre a mulher a culpa do erro ou do pecado e dos males da humanidade, para a manter encerrada em si e calada, para a manter agrilhoada e incapaz de se defender ou agir por si mesma.


AO contrário do que muitos “espiritualistas”, guias e mestres antigos e modernos afirmam, não é verdade que a mulher sem caminhar no seu próprio caminho de retorno a si mesma, ao seu Útero e à Terra, para celebrar as suas núpcias secretas consigo mesma, possa evoluir e ser “igual” ao homem – não, eu não quero ser igual a este homem desnaturado – que quer ascender aos céus e ao cosmos, negando a sua natureza ctónica e a Mãe que o mantém no ventre o alimenta e lhe deu vida na Terra…

A mulher tem de reivindicar as forças telúricas para que ela e a terra sejam respeitadas, a Terra como um ente vivo, biológico e inteligente e não ser tratada como objecto de posse do homem cuja arrogância o leva a crer-se dono do mundo tendo-o dominado pela força e pela violência. Milhões de seres humanos mortos pela sua conquista de poder e acumulação de riqueza…


O Homem que desventra a Terra para lhe sugar o seu “sangue”
O Homem que explora a mulher como mãe dos seus filhos e a viola como despojo de guerra… - A Mulher tem de descer ao abismo do seu ser ctónico, descer às raízes da Terra Mãe, mergulhar no seu Útero caverna gruta oráculo de Delfos, o umbigo da Terra Mãe e reclamar essa voz que se perdeu nos confins dos tempos…a voz das pitonisas, das sacerdotisas e feiticeiras e das Eríneas que eram deusas ao serviço da Mãe, e que por veredicto de Atena – a filha do pai – são transformadas em megeras e monstros, “bruxas” condenadas como criaturas pérfidas e mortíferas…

- A mulher que se encontra a si mesma, a mulher que acorda para o seu poder interno, torna-se na guardiã que mantêm os segredos da vida e da morte e não os teme e por isso é a mulher que tem de acordar os seus poderes para assim poder curar as suas próprias feridas e as do mundo… as feridas das mil batalhas e das guerras, as feridas das armas e das bombas, dos desastres nucleares, da violência perpetrada com que o Homem a feriu no seu ventre e a ofendeu de morte – tanto à mulher como a Terra – tal como matou em si o seu feminino tornando-se no déspota e no assassino… Ele fez da mulher a primeira escrava e depois o homem inferior… o escravo fraco também… dividiu o mundo em partes e dividiu as mulheres em escravas concubinas e meretrizes…
Esse mundo que fez a cisão da mulher em duas espécies é o culpado da divisão hierárquica do mundo e a exploração de seres humanos em todo o planeta.


Rosa Leonor Pedro

Texto encontrado IN:
http://www.ciranddadalua.com.br/blog/?p=1407

CONSCIÊNCIA UTERINA


Viaje por las intrincadas selvas genitales

Escoge un lugar silencioso, apacible, en el que puedas estar durante algunos minutos.
Que nada en tú cuerpo obstaculice tú respiración, ponte cómoda; espalda derecha, manos y pies descruzados, cuello en ángulo recto con el cuerpo. Puedes escoger estar sentada con la espalda apoyada sobre un cojín o acostada sobre una colchoneta no muy gruesa, colocando debajo de tus rodillas un cojín que eleve tus piernas de manera que la espalda repose completa en la superficie en la que estás apoyada. Coloca una música relajante, prende un incienso, enciende una vela, apaga el teléfono, que nada te moleste. Cierra tus ojos y a medida que vas respirando más lentamente, siente como tus brazos y piernas se van haciendo más pesadas. Siente como el aire que inhalas recorre tú cuerpo llenándote de una sensación cada vez más placentera. Al exhalar vas dejando atrás todas las tensiones del día... Inhala ahora llevando el aire hasta los rincones más olvidados y escondidos de tú cuerpo. Al exhalar toma conciencia de esos lugares olvidados acariciándolos con el aire que sale nuevamente toma el aire llevándolo a los lugares más remotos de ti misma y exhala con un suspiro ¡ ahhh ! Deja fluir ahora tú respiración como un sereno riachuelo navegando con ella y dejándote llevar. Inicia ahora un recorrido dentro de tú cuerpo. Imagina que eres un diminuto ser y que vas a realizar un viaje fantástico dentro de ti. Sitúate flotando frente a tú vulva. Estás con las piernas abiertas y te estás viendo desde ese ángulo por primera vez. Antes de continuar ¿qué sientes de estar frente a frente con tú vulva? ¿Qué olor tiene? Colores, texturas, temperatura…detalla cada sensación y emoción, no dejes pasar ninguna sensación y cuando te sientas lista da un paso hacia delante, deslízate por tus labios mayores hacia dentro, juega como si estuvieras en un parque de toboganes de agua, déjate llevar por tú propio cuerpo recorres los labios como una camino de montañas con muchas curvas, en algunas partes se te hace más fácil moverte y en otras encuentras pequeñas ranuras, te caes dentro de ellas, estás en una selva tupida de arbustos y casi no puedes verâ y de repente estás en una zona donde sientes cosquillas, y muuuucho placer, toma nota mentalmente de cada detalle, de cada sensación, de cada emoción y sigues el camino, encuentras un túnel, ya entraste ¿Qué sensación te produce entrar a ese lugar tibio que es tú vagina, visualiza ese largo pasillo hacia tú vientre, hacia tú útero, siente el cálido y oscuro viaje, flotando en el silencio interior, déjate ir por la corriente a medida que vas ascendiendo imagínate acariciando sus paredes, sus pliegues, sintiendo las formas, apreciando los diferentes tonos de rosado a rojo oscuro. Recuerda respirar, inhala y exhala, aprovecha cada imagen que evoque tú mente, cada sensación, cada memoria que está registrada en ese espacio. Se sincera contigo misma, no evadas los recuerdos desagradables, solo míralos, enfréntalos como la guerrera amazona que eres y déjalos pasar. Haz una pausa de unos minutos, tómate todo el tiempo que necesites y recuerda respirar profundo. Ahora llegas a una pequeña puerta, el cuello del útero es un orificio redondo muy estrecho, un lugar muy gelatinoso lleno de fluidos, entre color carne y rosado perlado ¿te sientes cómoda con tus fluidos, con tus olores, con la gelatina del cuello uterino, el ascenso se te hace difícil, te cuesta recorrer ese angosto canal, además cada vez es más oscuro, solo te puedes guiar por tus manos que van tocando las paredes y por tú olfato en ese ascenso aparecen imágenes, recuerdos, colores, déjalos aparecer, no detengas la película, toma consciencia de las memorias, de los placeres, de los traumas, de los partos, de los mensajes que recibiste siempre acerca de tú feminidad, de tus genitales y sobre todo de lo que tú sientes acerca de ti misma…haz una pausa y respira profundo antes de seguir el recorrido. Y de repente se abre el espacio; ahora estás dentro de la matriz que es una cueva acogedora, húmeda y cálida, con una textura suave, única y excepcional; todos hemos estado alguna vez allí, ¿te provoca acurrucarte en este espacio, ¿cómo lo sientes? ¿Amigable? ¿Hostil? ¿Recuerdas a tú madre? Ella te cobijó en ese lugar por nueve meses… ¿cómo te sentiste dentro de ella? ¿Fuiste aceptada y deseada o rechazada? ¿O a lo mejor piensas en tus embarazos, las pérdidas? Registra cada recuerdo, cada sensación, atesora cualquier imagen que aparezca, es tú historia, es lo que te ha hecho tal cual tú eres, no emitas juicios, sólo déjate estar ahí, estás sanando al tocar a tú útero, si sientes la necesidad ponle tus manos, recórrelo con la intención de sanar con tú amor por ti misma, en cada cicatriz, en cada fibroma, en cada rincón que sea necesario, úntalo con tú amor, con tú reconciliació n y sigue, si lloras está bien, si sientes rabia está bien también, date el tiempo para ir sanando, pasito a pasito…podrás ir integrando tus piezas estropeadas, tú eres la única que tiene la capacidad para sanar tus heridas, tú tienes ese poder aunque quizá todavía no te hayas dado cuenta de que es as invoca la Luz Divina para que te asista, usa el agua purificadora, imagina los ungüentos mágicos que curan. Cuando estás lista, sigues tú recorrido, sigues flotando en subida hacia la trompa; un largo y estrecho canal aún más estrecho que el cuello uterino, muy filamentoso, es como un mar de algas flotantes que te conducen hacia el ovario, acaricia y déjate acariciar por tú trompa hasta que se vuelve a abrir el espacio y te encuentras con tú ovario, el centro de tú creatividad, cada óvulo es un proyecto posible, cada óvulo es un bebé posible, pero más que nada es la vida en potencia, la creatividad en potencia y será lo que tú quieres que sea, toma conciencia de este poder que yace escondido en tú pelvis, bien resguardado, y del cual tú eres la única dueña, la que decides hacia donde sientes que quieres irâ los colores y la energía en este lugar pueden ser como fuegos artificiales, un espectáculo infinito, cósmico, orgásmico. Y si no es así, pregúntate ¿a quien le has cedido el poder? ¿Quién comanda tú vida, tus decisiones, tus acciones? ¿Será aquel órgano bien lejano de tú pelvis, que no para un instante de pensar y pensar? ¿O las decisiones vienen de afuera y tú las acatas? Toma el tiempo para sentir que pasa en tus ovarios, si has tenido o tienes quistes, que significan para ti esas pelotas que crecen y molestan, duelen, que proyectos y metas no has logrado y por qué? ¿Están rígidos o sueltos? Nuevamente si es necesario toma tus ungüentos de sanación y espárcelos por los ovarios, habla con ellos y abrázalos. Tómate unos minutos, respira profundamente, para ir regresando y estar alerta…cuando estés lista. Estira tus brazos y piernas, y poco a poco, abre tus ojos. Toma lápiz y papel y escribe o dibuja con lujo de detalles lo que acabas de ver, percibir y sentir. Recuerda no juzgar, solamente escribe lo más importante, y lo que no te haya parecido también, todo, colores, sensaciones, imágenes, etcétera.

Isabella Polito de Lares - www.auroramadre.com
Encontrado IN:
EMPODERANDO AS MULHERES

SENHORA DAS ÁGUAS QUE CORREM

Divindades da chuva


A chuva é um símbolo universal de fecundidade e fertilidade, doadora e sustentadora da vida animal, vegetal e humana, um verdadeiro fluido divino. Na maioria das antigas culturas e tradições nativas o Principio Feminino era representado pela água, regida pela Lua.
A fonte da vida era simbolizada pelo oceano primordial que cercava a terra, assim como o liquido amniótico envolvia o feto. Rios, correntes, fontes, lagos, mares eram associados à “Senhora das águas que correm”, um termo que revelava a natureza fluida e mutável da Deusa. No período neolítico a Deusa era venerada como a fonte de água, que sustentava a vida e caia do céu em forma de chuva ou brotava da terra como fonte, rio ou lago.

Assim como a constelação da Via Láctea representava a energia nutridora nascendo dos seios da Mãe Celeste, a Mãe Terra era cercada pela água dos mares, que, ao evaporar e cair como chuva, a fertilizava e sustentava a vida de todos os seres. A água era o poder gerador, fertilizador e nutridor da Grande Mãe, que ela oferecia ou guardava. Vasilhas de leite simbolizavam a própria Deusa, como comprovam as estatuetas das deusas da Mesopotâmia segurando o vaso da vida ou o hieróglifo da Deusa egípcia celeste Nut sendo um jarro. Inúmeros vasos com seios e decorados com linhas paralelas, ondulantes e em ziguezague, espirais ou semelhantes às letras V e M, que eram os símbolos da água, encontrados na Creta e Grécia personificam as Deusas Celestes, cujo leite nutridor caia dos seus seios em forma de chuva. Os jarros representavam o ventre da Deusa, de onde fluía a água doadora da vida como leite ou chuva. Leite, água, chuva e orvalho eram atributos femininos e lunares, fertilizadores e nutridores. Na antiga Suméria o céu era a própria Deusa e as nuvens carregadas de chuva seus seios plenos de vida. Inanna era reverenciada como Rainha do céu e regente da chuva, que ao cair sobre a terra fazia as sementes germinarem. Um lindo verso de um hino dedicado a Ela descreve assim as dádivas de Inanna: “Eu piso sobre as nuvens e a chuva cai, eu piso sobre a terra e as sementes se abrem e florescem”. Reverenciadas como forças poderosas - que podiam ser benéficas ou não -, a água e a chuva eram associadas a um sistema complexo de rituais e magias, para invocar e direcionar seu fluxo, principalmente nas regiões áridas. Nas comunidades primitivas a pessoa mais importante era o xamã encarregado dos rituais de chuva; em todo o mundo antigo e entre etnias diversas e radicadas em lugares diferentes, eram constantes os rituais dedicados à chuva, para que ela caísse sobre a terra na época e medida certa, tornando-a fértil. Filha das nuvens e das tempestades, a chuva era também relacionada ao fogo, além da água.
Na Índia, o deus Indra era a manifestação divina do raio que dava origem à chuva e tornava férteis os campos, as mulheres e os animais. As mulheres grávidas na Índia são comparadas à chuva, como nascentes auspiciosas plenas de toda a riqueza e abundância. No Islão eram os anjos enviados por Deus que transportavam as gotas de chuva, uma ideia que também existe na Índia, onde os seres sutis se deslocam para a terra nas gotas de chuva. No Oriente, tanto na China como na Índia, considerava-se que a chuva era uma manifestação do céu, o princípio ativo, masculino e fecundante, mas ela tinha uma natureza lunar, Yin, enquanto o orvalho, também lunar, era Yang.

Na Grécia, a lenda de Dánae relata como a linda donzela tinha sido encerrada pelo pai num local subterrâneo blindado de bronze para evitar que engravidasse. Mesmo assim ela foi fecundada por Zeus, que entrou no recinto transformado numa chuva de ouro, pingando por uma fenda no teto. A conotação sexual da chuva como o sémen dos deuses também é encontrada entre os índios da América Central, que consideram a chuva a semente do deus do trovão. Entre os Astecas, o deus da chuva regia os raios e trovões. Os Incas acreditavam que a chuva era retirada pelo deus das trovoadas da Via Láctea, vista como um grande rio no céu.
Para muitas civilizações centradas na agricultura, a chuva equivalia ao poder criador com o sangue, o que justificava os muitos rituais de sacrifício de animais e mesmo de seres humanos, cujo objetivo era a fecundação da terra. Para nossos antepassados, eram os deuses que controlavam a quantidade de chuva, e as lágrimas eram frequentemente associados aos deuses da chuva, talvez uma consequência dos sacrifícios de crianças. Na Bolívia, em Tiahuanaco, tem um antigo monumento chamado “Porta do Sol”: um arco, sobre qual tem a figura do deus celeste com a cabeça cercada de raios do sol; da lança na sua mão ele projeta raios, enquanto dos seus olhos correm lágrimas que representam a chuva. "Lágrimas do céu" é um tema encontrado também no sudeste dos Estados Unidos, onde o culto do sol praticado por algumas tribos inclui um conjunto de emblemas, rituais e símbolos religiosos como conchas, esculturas em pedra, jarros de cerâmica e outros itens gravados com rostos com olhos chorando. A chuva combinada com trovões inspirou mitos e histórias impressionantes, temida como uma combinação celeste enviada pelos deuses para punir os pecados como mentira, incesto, roubo, maus-tratos de animais, desperdício de alimentos ou não honrar juramentos. Seca, fome e destruição de lavouras pelas enchentes ou granizo representavam a vingança dos deuses. Para os antigos hebreus a chuva era a benção divina como retribuição pela obediência humana às leis de Deus. No Gênesis menciona-se a separação das águas, o reservatório da chuva sendo o tesouro divino cujas chaves eram guardadas por Deus.

As secas eram vistas como punição pelos pecados da volúpia, cobiça, avareza, maldade, mentiras, roubos e pelas práticas pagãs. No Antigo Testamento, esta punição foi realizada em grande escala, Deus abriu as forças do céu para chover sobre os ímpios por quarenta dias e quarenta noites. Em um mito mexicano a Deusa Chalchihuitlicue, da “saia de jade”, foi responsável pelo Grande Dilúvio que destruiu o mundo na última era devido ao desequilíbrio humano. Porém ela decidiu salvar alguns escolhidos, construindo uma ponte que ligava o quarto mundo ao quinto para que pudessem passar e depois enviou chuvas torrenciais afogando todos os que tinham cometido atos de maldade e violência contra seus semelhantes ou os seres da natureza. Os povos que a honravam faziam procissões para seus templos, pedindo chuvas suficientes para fertilizar a terra, mas sem inundá-la. Uma reminiscência das antigas celebrações das Deusas astecas da chuva existe no México na comemoração da Virgem de Zapopan.

Na Guatemala a cerimônia da chuva era celebrada com danças de mulheres segurando moringas cheias de água, batendo tambores e sacudindo chocalhos, enqu
anto invocavam as chuvas purificadoras e fertilizadoras. Os índios pueblo realizam até hoje cerimônias para invocar o Povo das Nuvens e atrair a chuva, enquanto os hopis fazem elaborados desenhos com areias coloridas representando nuvens e as danças de alegria pela chuva. Os dançarinos apaches se vestem com trajes que imitam os animais sagrados, como salamandra, sapo, tartaruga, peixe e entoam canções e orações para propiciar a chuva. Os indios chaco acreditam que a chuva é um espirito montado em um cavalo, enquanto outras tribos norteamericanas acreditam que jogar certa espécie de aranha na água, ou molhar a cauda do búfalo e salpicar água na terra, eram práticas para atrair a chuva. Os aimaras de Peru seguem até hoje um ritual especial na seca prolongada. O xamã da tribo vai até o lago Titicaca e enche várias vasilhas com água, sapos e plantas aquáticas, deixando oferendas para os espíritos do lugar. Homens em balsas o acompanham tocando flautas e tambores e orando para os espíritos das montanhas. Uma procissão de homens e mulheres conduzida pelo xamã sobe a montanha Atoja e deixa as vasilhas com água e sapos em dois altares em pleno sol, orando para o Pai e a Mãe da montanha para enviarem a chuva. Com o calor solar, a água evapora e os sapos gritam em desespero, lamento que compadece os espíritos da montanha e para salvarem os sapos, eles enviam a chuva refrescante. No Japão, no primeiro dia do festival dos mortos, milhares de pequenos barcos são preenchidos com comidas e mensagens para os parentes falecidos e os ancestrais. Pede-se aos espíritos que entrem nos barcos, que são soltos na água passando sob um símbolo shintoista em forma de arco, representando a Grande Mãe, o portal para entrar e sair da vida, o santuário das almas errantes. Na China a deusa Xiumu, a "Mãe da Águas" era homenageada nas fontes d'água na época das chuvas e inundações, pedindo-lhe que as suas dádivas viessem na medida certa . Em Hong Kong comemorava-se a Deusa d'água Tien Hou, Rainha do céu, regente do oceano e da estrela do norte, que protegia os marinheiros e pescadores, orientando os ventos e flutuando no meio das nuvens para descobrir e salvar aqueles que corriam perigo. Os hindus celebravam Ranu Mbai, a regente da chuva, fertilidade e primavera; as mulheres estéreis a reverenciavam levando vasilhas com água de chuva para as suas estátuas, molhando-as e pedindo que fertilizasse e abençoasse seus ventres com o dom de gerar a vida. Na Austrália os aborígenes honravam Wonambi, a Deusa da chuva e fertilidade, vista como a serpente guardiã do arcoíris; na África do Sul comemorava-se a Deusa Mbaba Mwana Waresa, guardiã da chuva e do arco-íris. Mokosh era uma antiga Deusa eslava da terra e da água, cujo culto sobreviveu até o século XVI na Sérvia; ela regia as águas do céu e da terra, a umidade, a fertilidade, os animais aquáticos e a pesca. Era simbolizada por pedras com formas de seios e acreditava-se que ao sacudi-las, o leite nelas contido se manifestava como chuva. Na época de neca, as pessoas iam em peregrinação para os rochedos a ela consagrados pedindo saúde, sorte e prosperidade. No folclore russo seu nome sobreviveu como Mokushka, espíritos femininos que sobrevoavam as casas, protegendo ou assombrando e tecendo durante a noite em teares invisíveis. Na antiga Grécia e Roma os regentes da chuva eram Zeus e Júpiter, cujos sacerdotes sacudiam galhos de carvalho - sua árvore sagrada - jogando também pequenas imagens dos deuses nos rios para atrair a chuva. Nos países anglo-saxões os druidas lançavam jatos de água sobre moças nuas ou sobre bonecas vestidas com folhas, prática ainda existente em alguns lugares remotos da Europa. Havia procissões conduzidas pelos druidas para certas fontes sagradas ou locais mágicos, onde eles batiam na superfície da água ou jogavam água sobre pedras especiais. A igreja cristã apoderou-se destas tradições, os padres substituíram os druidas e continuaram as procissões levando imagens de santos; mesmo cristianizadas, com o passar do tempo, estas práticas foram consideradas pagãs e proibidas.

Na Rússia celebravam-se as Russalkas, espíritos femininos da água, cuja dança noturna proporcionava o crescimento e a maturação das plantas. Elas se apresentavam como lindas moças vestidas com roupagens de folhas verdes e serpentes nos cabelos, trazendo as chuvas para o campo. No final do verão elas se escondiam no fundo dos rios onde permaneciam até a primavera seguinte e recebiam oferendas de pão e sal. Com a cristianização, as Russalkas foram sincretizadas com a Virgem Maria resultando assim a figura de Mari-Russalka, protetora das águas e dos salgueiros.
Na Romênia, nos períodos de seca, as moças das aldeias se cobriam com folhas e galhos verdes e dançavam nas ruas pedindo chuva, enquanto a multidão jogava sobre elas baldes com água e recitava orações para os espíritos das águas. Na Índia, monges budistas atraem a chuva vertendo água em pequenos orifícios feitos no chão dos templos; as mulheres amarram um sapo a uma peneira giratória, cantam pedindo chuva e despejam água sobre o sapo. A crença no poder da serpente trazer a chuva é revelada pelos dois grandes festivais hindus na estação chuvosa, quando imagens de serpentes são banhadas e orações de gratidão entoadas. Vários animais são vistos como guardiões ou totens das divindades da chuva como sapos, serpentes, répteis. Em certos lugares, determinadas pedras eram honradas como intermediárias para pedir a chuva ao serem imploradas, molhadas ou submersas. Se a chuva fosse forte demais, elas eram colocadas perto do fogo para secarem. O comportamento de diversos animais podia indicar a chuva: gritos de pássaros, procissão de formigas, voo baixo de corvos, gansos, andorinhas, vagalumes, enquanto o agravamento de certas dores ou doenças humanas também servia como alerta. Atualmente a chuva perdeu seu simbolismo e significado sagrado e religioso. Para muitos de nós, ela tornou-se um inconveniente e uma preocupação em relação às nossas atividades corriqueiras, sem a respeitarmos como uma força divina. Não nos preocupamos com as consequências de muita ou pouca chuva, a não ser que se tornem manchetes de jornais ou noticiários repetidos até exaustão pela TV. Mesmo assim, depois de passar o impacto da destruição causada pelas enchentes, deslizamentos de terra ou a perda das colheitas devidas à seca, voltamos para o nosso ritmo cotidiano e reclamamos quando aumentam os preços de legumes ou de frutas.

Nesta época, quando a Mãe Natureza nos alerta sobre os nossos erros ao agredir, poluir e explorar os recursos da terra até a sua exaustão, não percebemos que os sinais que chegam a nós, as “lágrimas do céu”, são verdadeiras mensagens, para evitarmos perpetuar os mesmos comportamentos de cobiça, violência e devastação. Somente com uma mudança radical de valores e atitudes, no nível individual, coletivo e global ,poderemos evitar que novas catástrofes naturais nos mostrem o quanto erramos e abusamos da complacência das divindades perante nossa falta de responsabilidade em relação ao Todo.

Mirella Faur
IN: JORNAL DEUSA VIVA

terça-feira, 10 de maio de 2011

MÃE DO MUNDO - força pulsante de vida e amor


Aceito o fluxo. A imensidão de meu ser navega em pétalas de divinas flores, que brotam no sempre. É o contorno delas. Onde a linha se faz perceber, é sempre o encontro da luz e da escuridão. Sou o entre. Porque sou mulher. Sou o contorno dessas linhas, sou o contorno de todas as formas. Somente a escuridão nos faz perceber a luz. Sou grata. Apanhei num ramo de sol um abraço. Foi quando ele atravessou a nuvem que vi a certeza de seu raio. O universo brinca de cores, e tudo isso não seria nada se não existisse a escuridão que agora me cala. A matéria existe porque a escuridão limita a luz. Ou estaríamos cegos. Nosso mundo é brincadeira do divino, para que a luz possa sair dela própria e se perceber de fora... “Oooolha... sou luz!” Diz o anjo olhando para o sol. Sem nem sempre saber estar diante de um espelho. O maior da nossa galáxia. E nós, anjos da Terra, somos o corpo de luz refletido pelo nosso astro.

Não estremeço, mas tudo é um só choro. À espera de meu sangue, tudo é água que lhe abre caminho. Meu ser chora de viver, chora de tristeza e alegria, chora de se compreender. Lágrima de mim é pura pulsação, sou gota de orvalho na flor. Estremeço a qualquer murmúrio de sua cor. Hoje sou assim: essa lágrima. E sou também a maciez da pétala que a ampara e lhe permite ainda os contornos de uma única gota...
Ah, pequena lágrima. Aprendestes com a nossa mãe. Como ela, tens forma e és pequena aos olhos de quem te olha, vulnerável. Mas és sempre ainda grande mar. Como nossa mãe. Essa mãe que nos acolhe, que aceita que possamos ainda acreditar estarmos apartados dela. Quando tudo vem de seu centro e apenas joga o jogo de se separar, ela sorri e sente cócegas, de seus filhos que passeiam por seu corpo-terra. Mãe Terra, que nos sustenta. Sorrio também ao saber que nossos passos confusos e brincalhões ainda a fazem rir. És bela e leve, e na suavidade reside tua imponência. Haverá no mundo um exemplo maior de humildade do que o teu? Teu colo é disponível ao filho que te sente, mesmo àquele que em arrogância julgou-se superior a ti...

Mãe Terra, generosa. Tua voz fala a teus filhos. Está no correr dos rios, está no sussurrar do mar. Coragem de quem te sente e te percebe por quanto és. Abundância suprema. Se honrássemos teu nome com o que mereces, não haveria em teus filhos nada que não fosse confiança plena.
Em mim, em ti, no laço que nos une está o pai. Sopro criador que em mim um dia dançou ciranda. Que linda dança a criação criou para gerar a vida. Recebe no teu corpo somente quem é digno, mãe. Honra teu nome e teu poder. Honra o que em ti é capaz de criar, honra os filhos que teu corpo gerou. Teu corpo é sagrado, mãe. És mulher, divina. Navegas águas jamais navegadas pelos homens, jamais conhecidas. Que outro ser haveria de receber o privilégio de conceber a criação em seu próprio ventre? A que outro ser poderia ser concedida a possibilidade de gerar, criar, nutrir, fazer crescer em doação e amor?

Vida e morte se entrelaçam, se completam no que em mim é vida. Qual é o oposto da morte, perguntaram. E aos que responderam vida nos foi dito: nascimento. Porque a vida é eterna...

Hoje, minhas lágrimas choraram morte e nascimento, e eram vida. Lágrimas alegres de viver... como vocês são bem vindas! Lágrimas de sorrir e de sofrer. Iguais, a mesma água. Em mim passeiam generosas e abundantes, como mulher que sabe ser fonte e não se reprime. Respeita minhas águas. Confia. Sou eu. Elas têm seu ritmo, seu tempo, sua linguagem. Elas são o que de mim pulsa de mais puro e verdadeiro, como só a água sabe ser. Enquanto houver o que limpar nos rios de minha mãe, enquanto os vulcões cuspirem fumaça como quem engasga, enquanto nosso solo envenenado suportar o alimento que não alimenta... Minha lágrima correrá. Porque sou feita à sua imagem e semelhança, mãe, porque enquanto você não se limpar eu também não vou me limpar, e quando teu corpo-terra me quiser mais pura, eu também me purificarei para te renovar.

Comigo falaram a linguagem dos céus. Quando tudo era nuvem, um rasgo de brilho se abriu na desesperança cinza, desenhando uma vulva. A imagem ouviu minha pergunta: tempo de me permitir um filho? A resposta veio do próprio pai, que iluminou meu rosto pela mesma brecha. Tempo de plantar um sonho em terreno fértil. Honrar pai e mãe no instrumento que há em mim. Meu corpo perfeito, potencial gerador. Terra adorada, espelho do que em mim sonha nutrir, crescer...
Talvez, o sonho do espelho seja ainda fruto em tudo o que a mim se manifesta. Esperança menina, esquecestes de mencionar que tua saia ainda dança, e que a propósito, sempre tivestes mesmo uma preferência por uma saia BEM RODADA. Ah, roda do infinito, que seria de ti sem as pétalas de tuas flores? A partir do centro, teu desenho cresce em múltiplas direções. Acordei no meu sentir o desejo que crescestes em mim, e agora tenho a sabedoria dos abismos.

O que você vê, quando fecha os olhos? Eu vejo vórtices que giram ao infinito, escadas que sobem a lugares desconhecidos, paisagens de sonho, unicórnios que voam e um anjo vermelho na caverna de meu útero, soando trompas. É assim, a cada vez. Nenhum outro veículo me levaria a paisagens assim tão insondadas. Quando outra mão guia a entrada no mistério, nossa imaginação assume a forma de uma carruagem de prata.
Gratidão pelo que em mim me permite crescer. Pelo que em mim reconhece o "a cada dia" do aprender a ser eu mesma e a ser mulher. Descomplicar o simples. Porque o mais importante ficou de lado? Recuperar o sagrado em mim é abrir espaço ao meu sangue, conceder-lhe o silêncio que lhe é próprio, ouvir histórias de suas vozes e expandir o peito para receber as bênçãos. Assim, conciliando os movimentos de nossas águas, aprendemos a girar com a lua e a renascer sorridentes. Possível só quando o silêncio da morte for honrado em sua sabedoria. Céu escuro e noite nos ensinam. Ao mesmo tempo em que as estrelas não nos deixam esquecer que nunca estamos sozinhas.
Obrigada, mãe. Tua generosidade assombra o que em mim ainda é mistério, mas mais ainda o que já é consciência e contemplação. Meu sorrir vem de ser sol depois de cantar para a lua, de irradiar brilho de prata e ouro em qualquer direção. Ah, sim, que reconhecer minha radiância é o passo mais importante para poder dormir no teu seio, para contemplar de perto a acolhida de teu colo, a paz de teu ventre. Que abraçando-te, mãe, eu possa sempre voltar lá pra dentro. Lembrando ser tua criança. Bênção de crescer, de não saber, de não lembrar. Para ser também filha.

Doce surpresa, o universo reserva para nós. Renascer, de nossas próprias mães, que também são filhas dessa Mãe maior... Sermos filhas de quem um dia fomos mães. Descobrir-nos mães sob o olhar de quem nos pôs no mundo e nos pegou nos braços.
Mãe, mãezinha... Quando vou te ninar de novo? Quero ser tua menina, mas também tua mãe. No infinito que é a mulher, podemos ser tudo isso. E a mesma lágrima que veio me abraçar correndo, fui eu, quando me recebestes infinita no teu ventre. Sou eu no momento em que me descubro filha querendo ser mãe de novo.

É isso o que nossos ciclos nos ensinam? Morrer e renascer a cada lua, brincando de percorrer em nós as estações? Meus invernos e primaveras atravessam meus outonos e verões. Entre folhas e flores, exposta ao sol ou ao frio, sou ainda mulher e menina, sou mãe e filha, claro e escuro, e sou sempre a mesma água que atravessa toda a criação. De que imensidão nos fala o nosso fluxo, quantas bênçãos se escondem em minha menstruação? Vermelho de vida e intensidade, cor que ousou ser sangue, mulher.
Me deslumbro. Me entrego. Me abraço. Ser montanha, quanta vastidão! De seu impassível lugar, vi em mim a dança do pequeno eu. Não chorei. Enquanto ele esperneava, eu observava imensa, com a compaixão de quem cresce o filho que ainda não quer aprender, sem impor-lhe uma sabedoria. Porque mãe que é mãe sabe que essa escola é a vida.
Encanto, escrevo... Meu sangue esperou que esse outro fluxo corresse de mim. Insistiu em não descer, paciente de encontros. Talvez se sinta novamente seguro quando estivermos reunidas na intimidade de um círculo. Dessa vez, com as bênçãos de nossas mães.
A gratidão pelo meu sangue, pelo meu fluxo, torna-se então gratidão por toda vida gerada por todo ventre. Sou grata, minha mãe. Pois com o meu sangue, experimento um pedacinho do amor com que você me fez. Até o dia em que meu ventre escolher repetir em mim a alegria de meu nascimento, presenteando-me novamente com a vida que você me deu.

Sem esperar ser mãe para fazê-lo, ofereço meu útero e meu sangue em nome de todas as mulheres que são mães no mundo. Que são mães DO mundo. Meu coração, da mesma cor, habita mais embaixo agora. Ali, onde a vida sempre pulsou. Hoje, mãe, e sempre, ele é todo seu.

(Larissa Lamas Pucci)

ENCONTRADO EM JANELA DA ALMA

http://clafilhasdalua.blogspot.com/2011/05/dedicado-mae-que-existe-em-cada-mulher.html

MÃE DA ALVORADA, SENHORA DA VEGETAÇÃO

EOSTRE, A DEUSA DO RENASCIMENTO DA VEGETAÇÃO


Eostre era a Grande Deusa Mãe saxônica da Alvorada, da Luz Crescente da Primavera e o Renascimento da Vegetação. Era conhecida pelos nomes: Ostare, Ostara, Ostern, Eostra, Eostur, Austron e Aysos.

Esta Deusa estava também associada a lebres, coelhos e ovos.

A Deusa Eostre pode relacionar-se com a Deusa Eros grega e a Deusa Aurora romana, ambas Deusas do Amanhecer, e com Ishtar e Astarte da Babilônia, ambas deusas do amor.

Segundo a Lenda, Eostre encontrou um pássaro ferido na neve. Para ajudar o animalzinho transformou- o em uma lebre, mas a transformação não processou-se completamente e o coelho permaneceu com a habilidade de colocar ovos. Como agradecimento por ter salvo sua vida, a lebre decorou os ovos e levou-os como presente para a Deusa Eostre. A Deusa maravilhou-se com a criatividade do presente e, quis então, compartilhar sua alegria com todas as crianças do mundo. Criou-se assim, a tradição de se ofertar ovos decorados na Páscoa, costume vigente em nossos dias atuais.

Os ovos são símbolos de fertilidade e vida. Uma tradição antiga dizia que se deveria pintar os ovos com símbolos equivalentes aos nossos desejos. Mas, sempre um dos ovos deveria ser enterrado, como presente para a Mãe Terra.

A Lebre da Páscoa era o animal sagrado da nossa deusa teutónica da Primavera, Eostre, a Deusa Lunar que dava fertilidade à terra e tinha cabeça de Lebre. A palavra inglesa para Páscoa,* Easter, provém do nome da deusa Eostre, também designada Ostara ou Eostar. O dia do culto de Eostre, a Páscoa (Easter), que ainda é praticado pelos seguidores da tradição celta, é no primeiro Domingo depois da primeira Lua Cheia, após o equinócio da Primavera, ocorrendo entre os dias 19 e 22 de Março.A Lebre, que é o animal sagrado da deusa da Primavera, é assim, por isso, um símbolo de fertilidade, de renovação e do regresso da Primavera.

Dizia-se, no século XVIII (e ainda hoje em algumas regiões), que quem comesse carne de lebre seria belo durante sete dias. Nos Vosges, era necessário comê-la durante sete dias seguidos.

Segundo os "Evangelhos das Rocas":
"Quando alguém se põe em caminho para um lugar, e uma lebre vem ao seu encontro, é muito mau sinal. Para evitar todos os perigos, deve voltar-se três vezes ao lugar de onde veio, para depois continuar o caminho; então estará fora de perigo". Esse preconceito do encontro com a lebre, assinalado pelo cura Thiers do séc. XVII, pode ser geral, sendo encontrado em todas as regiões da França.

Na região de Lannion, várias lebres são as almas de senhores condenados a se tornar animais tímidos, porque, quando vivos, puseram o mundo todo a tremer.

Eoster também é uma Deusa da Pureza, da Juventude e da Beleza. Era comum na época da Primavera recolher orvalho para banhar-se em rituais. Acretava-se que o orvalho colhido nesta época do ano, estava impregnado com as energias da purificação e juventude de Eostre, e por isso tinha a virtude de purificar e rejuvenescer.



FESTIVAL DE OSTARA (21-23/03) - EQUINÓCIO DA PRIMAVERA


Este festival também é conhecido como Eostre, em honra à Deusa. Este cerimonial deriva da palavra inglesa "East" (Leste), que é a posição do sol nascente. Muitas bruxas colocam seus altares nesta posição para honrar a Deusa Eostre. No Hemisfério Norte, (21-23) de março, é quando o Inverno se despede dando lugar para o florescer de toda a vegetação. Por isso, Ostara é um festival do fogo e da fertlidade, que celebra o retorno triunfal do Sol e da fertlidade da Terra.

É com a primavera que também renascem nossos corações e nossos espíritos vibram em harmonia com as forças da vida.

É quando nossas mentes se tornam um terreno fértil para a sabedoria e nossos ouvidos sensíveis às palavras que alento que se encontram no vento. É quando podemos nos sentir completos e eternos.

Este é um dia especial para se honrar a juventude, a alegria de viver e a música. Na terra a renovação se faz, envolvendo-nos de vida e esperança.

É tempo de plantar e celebrar os primeiros vestígios da fertilidade da Terra e do renascimento do Sol. É época de cantar e dançar em torno das fogueiras, ornadas com grinaldas de flores na cabeça, comunhando com a terra e a primavera. É tempo de honrarmos a Deusa Eostre!

MEDITAÇÃO À DEUSA EOSTRE


Procure um lugar reservado onde ninguém possa interrompê-la. Sente-se confortávelmente e expire e inpire profundamente por três vezes. Agora tente esvaziar sua mente de qualquer preocupação. Desligue-se da tomada e relaxe.

Visualize um bosque muito denso. O céu está todo coberto de nuvens escuras, o ar que respira é melancólico, somente de vez em quando, um raio de luz atravessa as nuvens e ilumina seu caminho. Os galhos das árvores estão nus e em suas pontas podes ver brotos que ensaiam seu nascimento. Um vento frio sopra ao seu redor e a terra parece hibernar. Caminhe um pouco mais e verá uma centenária árvore, que parece ter sido alvejada por um raio, pois seu tronco está partido em dois, a madeira interna ficou seca pela exposição ao tempo e muitas folhas secas cobrem o chão à sua volta. A árvore realmente morreu. Quando olhares para cima, irás te surpreender ao avistar uma mulher. Ela estará toda vestida de branco e traz na mão uma cesta coberta. Bem acomodada sentada no tronco da árvore, fará um gesto pedindo para que te aproximes. Ela pega a cesta e levanta o pano. Dentro, verá ovos de todas as cores, adornados com diversas formas e figuras. Não poderás pensar em nada melhor do escolher um destes lindos ovos e guardá-lo para ti. A Deusa pedirá para que feches os olhos e escolha apenas um. Obedeça-lhe e com cuidado escolha apenas um....abra em seguida os olhos para admirá-lo. Como ele é? Pense no que significa a decoração do ovo e porque Eostre quis te dar este presente em particular para a Primavera que se aproxima. Depois de olhares bem o ovo, levante a cabeça para agradecer a Deusa, mas talvez Ela já tenha ido embora, mas sabes que mesmo assim já recebestes as bençãos da Deusa Eostre.

Quando retornares pelo mesmo caminho, notarás que as nuvens do céu desapareceram, pequenas flores cobrem a relva e pássaros estão cantando. Não parece nem de longe com a paisagem que se descortinou quando inicialmente aqui chegou. Agora a Terra está cheia de vida, o ar perfumado, o céu está azul e você sente o calor do sol aquecer você. É Primavera em seu coração! Este é o maior dos presentes que a Deusa Eostre nos oferece.

Seja então Bem-Vinda a uma nova Primavera em sua vida!

O OVO MÁGICO




Os ovos, que obviamente são símbolos da fertilidade e da reprodução, eram usados nos antigos ritos da fertilidade. Pintados com vários símbolos mágicos, eram lançados ao fogo ou enterrados como oferendas à Deusa.

O ovo também está associado ao crescimento e a novos começos, vamos então tornar um ovo mágico e fazer com contenha dentro dele todas as nossas esperanças e desejos para a vinda da nova estação?

Pegue um ovo cru e tinja com a cor apropriada para seus desejos:

Verde - Para o crescimento e a prosperidade;

Vermelho ou Cor-de-rosa - Para o amor e a união;

Roxo - Para o desenvolvimento psíquico e crescimento espiritual;

Amarelo - Para novos começos e sucesso nos estudos;

Azul - Para a paz e serenidade;

Laranja - Para o poder e energia;

Agora pegue o ovo e fure em uma das extremidades e o esvaze completamente. Lave-o cuidadosamente para não quebrar. Como três é um número mágico, você usará duas ervas e uma pedra carregados de seus desejos para encher o ovo. Obedecendo a seguinte ordem:

Ovo verde - louro, pau de canela e uma pedra de citrino;

Ovo vermelho ou Cor-de-rosa - folha de damiana, pétala de rosa e uma pedra de quartzo rosa;

Roxo - semente de papoula, sândalo branco e uma pedra de ametista;

Amarelo - lavanda, pimenta da Jamaica e uma pedra de quartzo;

Azul - camomila, lúpulo e uma pedra azul;

Laranja - patchouli, pau de canela e pedra olho de tigre.

Acenda uma vela da cor de seu ovo. Pegue na mão cada uma das ervas e depois a pedra em sua mão e os imante com a energia de seus desejos. Em seguida pode colocá-los dentro do ovo. Agora goteje a cera da vela para dentro do ovo até enchê-lo por completo. Com o dedo, você pode alisar e dar acabamento na porção que abriu para colocar as ervas e a pedra.

Mantenha o ovo mágico em um lugar seguro e escondido e quando você alcançar seu objetivos, enterre-o em um jardim.

BOA SORTE!


As Deusas que animam a mitologia antepassada, movem-se por nossas almas e atuam de maneira inquietadora. Os cenários dos antigos roteiros hoje são visíveis nos enredos que encenamos, por mais que as variações sejam milenares.

Ler as histórias das Deusas nos faz mais uma vez nos religar com as zonas atemporais do psiquismo. Quando elas acordam algo dentro de nós, as Deusas estão de volta e se movimentando no estilo numinoso e invisível.

Assim, a velha e antiga história de sempre, a mescla de Deusas e mortais, pousada nos penhascos do tempo, contempla as cavernosas profundidades da alma.

Rosane Volpatto