terça-feira, 22 de maio de 2012

BIPARTIDA

Meu coração queima
Assim como me arde a palavra sagrada
Na boca dos antigos
Meu leito de gaze queima e trémula
labaredas como os lábios de um coração ressequido
A palavra sagrada se esvai dia a dia e eu morro
E renasço, tal como a Deusa da Arábia
Sinto o leito das trevas e canto de Prosérpina me persegue
Sinto o Demónio Feminino das horas primevas
A meia noite o sino canta

e o sol nasce trazendo o resplendor da virgem deusa à Terra
Sinto me sufocada entre teus gritos
Persegue me o som melodioso e maldito
Que escorre de meus próprios lábios
Que tolice minha um dia
Pensar em ser Palas Athena
Quando de virgem possuo apenas o sangue
E a força da carne
Pois todos os meus outros poderes já foram
Corrompidos
Entupidos pelo sangue virginal
De meu próprio pensamento
Cansado ausente voltando-se
Ao ponto oriental
Ouço uma voz que paira acima do vento
E no relento um vulto
De branca seda e branca carne
E minha contra parte
Veio ela esguia e límpida
rejuntar-se a mim
A mulher de tez negra
Junta mos no arrebate do amor
Queima a vida, queima no coração da Mãe
e descobrimos que só Unas
Podemos da Deusa ter o vigor
E o amor, e amor...

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Que o Poder Infinito da Deusa e da Mãe Natureza purifique seus caminhos.