"E aqueles que pensam em Me procurar, saibam que a vossa busca e vosso anseio devem beneficiar-vos apenas se vós souberdes o Mistério; se o que vós procurardes, vós não achardes dentro de vós mesmos, então nunca encontrarão fora. Pois eu tenho estado convosco desde o Início e Eu Sou Aquela que é alcançada ao final do desejo"


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quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

MAYTREA, MÃE PRIMORDIAL

QUEM É MAYTREA?

SENHOR MAYTREA

Como Buda da Evolução para a Terra, ele mantém acesa a Chama Divina nos corações humanos
O termo buda, em sânscrito, significa "o iluminado". Na senda da evolução espiritual, essa palavra designa um altíssimo grau de consciência. O Senhor Maytrea foi instrutor do Mestre Jesus em sua missão como avatar e a Luz que guiou como os Reis Magos até o local de nascimento do Cristo.

Como Buda da Evolução para a Terra, mantém acesa a Chama Divina nos corações humanos. Ele irradia a Chama Rosa do Amor com nuances de Dourado e de Azul para o templo etérico de Shamballa, de onde é redistribuída ao planeta. Seu complemento divino, Mãe Kwan Yin, atua como buda da compaixão para a humanidade, concedendo misericórdia aos seres cujos ajustes cármicos são demasiadamente severos. O Senhor Maytrea atua também como Cristo Cósmico para toda a nossa galáxia, irradiando a Chama da Sabedoria e da Iluminação para todos os seus planetas e estrelas. Nessa função, em que representa o aspecto Deus-Filho, concede a Iniciação Solar aos Iluminados mais adiantados.

in: http://sofwhat-sowhat.blogspot.com/2006/07/acordai-o-advento-do-mestre-maytrea.html


MAYTREA É O DIVINO FEMININO DISFARÇADO PELOS MESTRES E MASCARADO SOB A FORMA DE UMA ENTIDADE MASCULINA PELO TEMOR INERENTE A GRANDE DEUSA.


No Inicio do Universo,
A Deusa estava só.
Dela nasceu o desejável
E tudo que tem energia.
Dela também os seres,
Que tinham como origem
O ovo, a água, o grão ou
A matriz;
Os vegetais, os animais
Dela também o homem.
É Ela que é a Energia
Suprema.

A Criação e a Grande Deusa. Bahvricha Upanishad. Citado por Gwanael Verez.


Essa Deusa criadora é que cria tudo e que tudo permeia. Quando a Humanidade está passando por períodos de trevas, ela toma forma humana e vem á Terra para ajudar a humanidade atravessar aquele período e destruir tudo de negativo que está acontecendo e gerar grandes transformações. Essas escrituras afirmam que a Mãe Primordial já veio a Terra por nove vezes e na próxima ela trará em si a forma tripla de poderes. Assim ela será Maytrea, ou seja, aquela que é três vezes Mãe.
Nas variadas culturas esses dois princípios- masculino e feminino- tomam seus nomes correspondentes: Ísis e Ossíris no Egito; Enlil e Isthar na Suméria, Dagda e Danu para os Celtas, Pangu et Newa na China, entre outras mais.
É dessa Adi Shakti que emana o mundo criado: das galáxias às micro-partículas. Lao-Tse4 escreveu:

“(...) o Mundo tem uma Origem, é a Mãe do Mundo” ( Tao Te-King). “As Teorias científicas atualmente colocam a energia como fonte e poder de toda à existência. (...)”.

Nos Vedas, essa concepção do Universo afirma que todos nós estamos interligados a essa energia cósmica transcendente imanente feminina. Entretanto, mantemos essa conexão fraca, pois temos individualidades separadas e consciência de que somos uma pessoa: eu, nome, identificação. Dessa forma, não temos consciência da unidade integradora. Aquela que quando atingida, nos manterá num nível de consciências de onde todas essas falsas identificações são eliminadas e passamos a ter uma nova visão da realidade através do Todo.
É essa conexão que todos os místicos procuram, através da realidade da experiência interior da unidade com o Si. Esse Si é essa conexão com a energia Divina Feminina, a Mãe Cósmica Universal, o Princípio Imanente e Transcendente. Essa conexão é chamada de Yoga ou religare.
Os místicos afirmam que as pessoas que têm esse Si despertado são dotadas de qualidades excepcionais, incomuns além da consciência do homem do dia-a-dia. Elas transcendem os lugares comuns, ao mesmo tempo em que as tornam-se deslocadas do seu meio e de seu tempo. Isto, porque elasdesenvolvem qualidades divinas que as movem de acordo com a ordem cósmica do Universo.
Ao olharmos para os grandes homens da humanidade: pensadores, artistas, cientistas, políticos que com suas ações e idéias revolucionaram a humanidade. Há um sutil questionamento: quem são eles afinal? Sócrates, Confúcio, Lao-Tse, Shakespeare, Van Gogh, Michelangelo, Goethe, Cervantes, Blake, Einstein, Jung, Georg Washington, Dante, Pascal, São Francisco de Assis, Eckart, Hesse entre outros. Alguns falaram sobre essa experiência energética e da busca do Infinito em suas Obras. Outros pintaram essa consciência luminosa e o ímpeto de evoluir. Outros ainda descreveram sobre essa interligação luminosa, como o caminho da energia interior a ser despertada, que quando desperta vai até o topo da cabeça e ali se estabelece e conecta-se com a energia cósmica da Mãe Primordial. Quando há essa conexão, a individualidade desaparece e essa pessoa atinge o estado de Supraconsciência que o retira do nível do pensamento comum. Esse é o retorno à Mãe Primordial que todos procuram.
Na história da humanidade esse símbolo da Mãe Sagrada, o Eterno Feminino é venerado e encontrado em quase todas as culturas. Essa Deusa Mãe vamos encontrá-la em Jung , O Arquétipo da Mãe, a Psique, o mistério da vida interior, vamos encontrar em Goethe em Fausto:

Tudo que é transitório é parábola.
Inacessível, aqui, torna-se realidade.
Aqui, o inefável é atingível,
A forma feminina eterna nos eleva.

Desde o Iluminismo, o homem moderno vive o mundo do racionalismo, da industrialização, da máquina, e, afastou-se do seu interior. Hoje em dia, predomina o racionalismo e o materialismo. Inclusive as religiões vivem em função do economicismo. Esse homem, ao mesmo tempo em que usufrui desses valores, quando ele volta para seu interior entra em choque e encontra um vazio, por isso, entra em crise e desequilibra-se e oscila entre luz e trevas da mente. Outrosainda, nem sequer dão-se conta desse vazio, vivem em função desse racionalismo, da velocidade e do efêmero.
Entretanto, ao olharmos para a história da evolução da humanidade em todas as culturas: “(...) foi à busca espiritual que elevou o homem ao seu mais alto nível de dignidade e criatividade e fez progredir as sociedades”.
Vejamos as contribuições de Confúcio, Lao-Tse para China, a Idade Média e as construções das catedrais, como ainda afirma Verez.
É comum em várias culturas a veneração do mito do Eterno Feminino, que segundo arqueólogos o “culto da Deusa”, remonta a tempos antigos, há mais de 20.0000 anos a.C. Foram achado vestígios destes cultos em estátuas e inscrições durante escavações em regiões entre a Índia e o Mediterrâneo e no sudeste da França, em cavernas que remontam ao Paleolítico. Essa Deusa manifesta-se sob variados aspectos em algumas culturas, na China como Kuan-Yin; Durga, na Índia; Atenas na Grécia; Isis, no Egito; Malta, na Sibéria e Virgem Maria, para os cristãos. Gwanael ainda cita:

"É a Deusa que faz o homem chegar a sua própria divindade, que é a contemplação de seu Espírito”.

Essas Deusas são associadas à serpente, que é a representação inconsciente da Kundalini para os hindus-que é a imagem do poder da Mãe.
Essa energia kundalini é o reflexo da Mãe cósmica no interior de cada ser humano. È uma energia potencial em estado latente, mas adormecida. Segundo os Upanishads10, ela é despertada na base do osso sacro, início da coluna vertebral e, quando despertada, ergue-se tal qual uma serpente em espiral e vai subindo ao longo da coluna vertebral, iluminando os centros de energias interior que contêm as qualidades “incomuns” ou “divinas” daquelas pessoas. Essa energia sobe até o topo da cabeça, numa região chamada fontanella e conecta-se com a energia da Mãe Primordial que permeia todo o Universo. A partir dessa experiência essa pessoas desenvolvem qualidades excepcionais. Essa Energia também é conhecida no Ocidente como o Caduceu de Mercúrio para os ocultistas e a pomba, para os cristãos. É esse princípio feminino presente em todas as culturas desde tempos imemoriais.

TEXTO COMPLETO E SITAÇÕES IN:

A Mãe Primordial em Demian de Hermann Hesse

- Maria Leuzimar França Cunha - UERJ

NOTA:

Com mulheres corajosas como Maria Leuzimar até mesmo os mestres da Luz tem de admitir que a Grande Mãe está sendo bem servida.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

SHAKTI - FORMAS E FACES DA MÃE SUPREMA


"Os quatro Poderes da Mãe são quatro de suas Personalidades proeminentes, porções e encarnações de sua divindade através das quais ela age sobre suas criaturas, ordena e harmoniza suas criações nos mundos e dirige a realização de suas mil forças. Pois a Mãe é uma, mas ela se apresenta a nós com aspectos diferentes; muitos são seus poderes e personalidades, muitas suas emanações e Vibhutis que fazem seu trabalho no universo. A Única que adoramos como a Mãe é a Força Consciente divina que domina toda a existência, única e ao mesmo tempo de tantos aspectos que é impossível seguir seu movimento, mesmo para a mente mais veloz e para a inteligência mais livre e mais vasta. A Mãe é a consciência e força do Supremo e está totalmente acima de tudo que ela cria. Mas algo de seus modos pode ser visto e sentido através de suas encarnações e através do temperamento e ação mais palpáveis — porque mais definidos e limitados — daquelas formas de deusa nas quais ela consente em ser manifestada às suas criaturas.

Há três modos de ser da Mãe dos quais você pode tornar-se consciente quando você entra em relação de unicidade com a Força consciente que sustenta a nós e ao universo. Transcendente, a suprema Shakti original, ela está acima dos mundos e liga a criação ao mistério sempre não manifestado do Supremo Universal, a Mahashakti cósmica, ela cria todos estes seres e contém e penetra, suporta e conduz todos estes milhões de processos e forças. Individual, ela encarna o poder desses dois modos mais vastos de sua existência, torna-os vivos e próximos a nós e media entre a personalidade humana e a Natureza divina.


A Shakti única original transcendente, a Mãe, está acima de todos os mundos e suporta em sua consciência eterna o Divino Supremo. Sozinha, ela abriga o poder absoluto e a Presença inefável; contendo ou chamando as Verdades que devem ser manifestadas. Ela as faz descer, do Mistério no qual estavam escondidas, para a luz de sua consciência infinita e dá-lhes uma forma de força em seu poder onipotente e em sua vida ilimitada, e um corpo no universo. O Supremo está manifestado nela para sempre como o perene Sachchidananda, manifestado através dela nos mundos como a consciência una e dual de Ishwara-Shakti e o princípio dual de Purusha-Prakriti, corporificado por ela nos Mundos e nos Planos e nos Deuses e em suas Energias e, graças a ela, configurado como tudo que existe nos mundos conhecidos e em outros desconhecidos. Tudo é seu jogo com o Supremo; tudo é sua manifestação dos mistérios do Eterno, dos milagres do Infinito. Tudo é ela, porque todos são parcela e porção da Força Consciente divina. Nada pode haver aqui ou em outro lugar a não ser o que ela decide e o Supremo sanciona; nada pode tomar forma exceto o que ela, movida pelo Supremo, vê e forma após lançar em estado semente em sua Ananda criadora.


A Mahashakti, a Mãe universal, torna realidade tudo que por sua consciência transcendente é transmitido do Supremo e entra nos mundos que ela criou; sua presença enche-os e suporta-os com o espirito divino e a força e deleite todo-sustentadores divinos, sem os quais eles não poderiam existir. Aquilo que chamamos Natureza ou Prakriti é somente seu aspecto executivo mais exterior; ela conduz e organiza a harmonia de suas forças e processos, impele as operações da Natureza e se move entre elas secreta ou manifesta em tudo o que pode ser visto ou experimentado ou posto em movimento de vida. Cada um dos mundos não é mais que um jogo da Mahashakti daquele sistema de mundos ou universo, que está lá como a Alma e a Personalidade cósmicas da Mãe transcendente. Cada um é algo que ela viu em sua visão, reuniu em seu coração de beleza e poder e criou em sua Ananda.


Mas há muitos planos de sua criação, muitos estágios da Shakti Divina. No cimo desta manifestação de que fazemos parte há mundos de existência, consciência, força e bem-aventurança infinitas, acima dos quais a Mãe está com o poder eterno sem véus. Lá todos os seres vivem e se movem em uma inefável inteireza e uma inalterável unicidade, porque ela os carrega seguros em seus braços para sempre. Mais perto de nós estão os mundos de uma criação supramental perfeita, nos quais a Mãe é a Mahashakti supramental, um Poder de Vontade onisciente e um Conhecimento onipotente divinos que sempre aparecem em seus trabalhos infalíveis e espontaneamente perfeitos em cada processo. Lá todos os movimentos são os passos da Verdade; lá todos os seres são almas e poderes e corpos de Luz divina; lá todas as experiências são mares e inundações e ondas de uma intensa e absoluta Ananda. Mas aqui onde nós moramos estão os mundos da Ignorância, mundos de mente e vida e corpo separados em consciência de sua fonte, dos quais esta terra é um centro significativo e sua evolução um processo crucial. Também isto, com toda sua obscuridade e luta e imperfeição, é sustentado pela Mãe Universal; também isto é impelido e guiado a seu secreto objetivo pela Mahashakti.


A Mãe como a Mahashakti deste mundo triplo da Ignorância, fica num plano intermediário entre a Luz supramental, a vida da Verdade, a criação da Verdade que precisa ser trazida aqui para baixo, a esta hierarquia ascendente e descendente de planos de consciência que, como uma escada dupla, afunda até a insciência da Matéria e sobe de volta novamente, através do florescer da vida e da alma e da mente, até a infinidade do Espirito. Determinando tudo o que deve ser neste universo e na evolução terrestre pelo que ela vê e sente e emana de si, ela está acima dos Deuses, com todos seus Poderes e Personalidades dispostos diante dela para a ação, e envia emanações deles para estes mundos inferiores a fim de intervir, governar, lutar e conquistar, guiar e mudar os seus ciclos, dirigir as linhas totais e as linhas individuais de suas forças. Estas emanações são as muitas formas e personalidades divinas que os homens a cultuaram sob diferentes nomes através dos tempos. Mas ela também prepara e molda, através destes Poderes e suas emanações, as mentes e os corpos de seus Vibhutis, assim como prepara mentes e corpos para os Vibhutis do Ishwara, para que ela possa manifestar, no mundo físico e sob o disfarce da consciência humana, algum raio de seu poder e qualidade e presença. Todas as cenas do jogo terrestre foram, como um drama, arranjadas e planejadas e encenadas por ela, com os Deuses cósmicos como seus assistentes e ela própria como um ator velado.


A Mãe não só governa tudo de cima, mas ela desce para dentro deste universo triplo inferior. Impessoalmente, todas as coisas aqui, mesmo os movimentos da Ignorância, são ela mesma em poder velado e suas criações em substância diminuída, sua Natureza-corpo e sua Natureza-força e elas existem porque, movida pelo misterioso decreto do Supremo para tornar realidade algo que estava lá nas possibilidades do Infinito, ela consentiu no grande sacrifício e pôs sobre si, como uma máscara, a alma e as formas da Ignorância. Mas pessoalmente ela também concordou em descer aqui na Escuridão a fim de poder conduzi-la à Luz; na Falsidade e no Erro a fim de poder convertê-los em Verdade; nesta Morte a fim de poder mudá-la em Vida divina; nesta dor do mundo e sua tristeza e sofrimento obstinados a fim de poder finalizá-los no êxtase transformador de sua sublime Ananda. Em seu profundo e grande amor por suas crianças, ela consentiu em vestir o manto desta obscuridade, condescendeu em suportar os ataques e influências torturantes dos poderes da Escuridão e da Falsidade, sujeitou-se a passar através dos portais do nascimento que é uma morte, tomou sobre si as angústias e tristezas e sofrimentos da criação, porque parecia que somente assim poderia ser erguida para a Luz e Alegria e Verdade e Vida eterna. Este é o grande sacrifício, às vezes chamado o sacrifício do Purusha, mas muito mais profundamente o holocausto da Prakriti, o sacrifício da Mãe Divina.


Quatro grandes Aspectos da Mãe, quatro de seus Poderes e Personalidades principais tomaram a frente em sua direção deste Universo e em sua participação no jogo terrestre. Um deles é sua personalidade de calma amplitude, compreensiva sabedoria, tranqüila benignidade, compaixão inexaurível, majestade soberana e transcendente e grandeza que reina sobre tudo. Um outro encarna seu poder de vigor esplêndido e paixão irresistível, seu humor de guerreiro, sua vontade esmagadora, sua impetuosa velocidade e força que sacode o mundo. Um terceiro é vívido e doce e maravilhoso com seu profundo segredo de beleza e harmonia e ritmo delicado, sua opulência intrincada e sutil, sua atração irrecusável e graça cativante. O quarto é provido com sua capacidade densa e profunda de conhecimento íntimo e trabalho cuidadoso e impecável e perfeição quieta e exata em todas as coisas. Sabedoria, Vigor, Harmonia, Perfeição, são os diversos atributos das Personalidades da Mãe, e são estes os poderes que elas trazem consigo para dentro do mundo, manifestam num disfarce humano em seus Vibhutis e devem erigir, no grau divino de sua ascensão, naqueles que podem abrir sua natureza terrestre à influência direta e viva da Mãe. Às quatro damos os quatro grandes nomes: Maheshwari, Mahakali, Mahalakshmi, Mahasaraswati.


A imperial Maheshwari está situada na amplidão acima da mente e da vontade pensantes, sublimando-as e engrandecendo-as em sabedoria e vastidão ou inundando-as com um esplendor de além delas. Pois ela é a Única poderosa e sábia que nos abre às infinitudes supramentais e à vastidão cósmica, à grandeza da Luz suprema, à casa de tesouro do conhecimento milagroso, ao movimento incomensurável das forças eternas da Mãe. Tranqüila e maravilhosa é ela, grande e calma para sempre. Nada pode movê-la porque toda a sabedoria está nela: nada que ela deseje saber está escondido dela: ela compreende todas as coisas e todos os seres, sua natureza e o que os movimenta, a lei do mundo e seus tempos e como tudo foi e é e deve ser. Nela está uma força que defronta e domina tudo, e nada pode no fim prevalecer contra sua sabedoria vasta e intangível e seu poder alto e tranqüilo. Igual, paciente e inalterável em sua vontade, ela lida com os homens de acordo com sua natureza, e com as coisas e os acontecimentos de acordo com sua Força e a verdade que está neles. Ela não conhece parcialidade, mas segue os decretos do Supremo, e uns ela eleva enquanto outros ela abate ou afasta de si para dentro da escuridão. Ao sábio ela dá uma sabedoria maior e mais luminosa; aqueles que têm visão, ela os admite como seus conselheiros; ao hostil ela impõe a conseqüência de sua hostilidade; o ignorante e o tolo ela guia de acordo com sua cegueira. Em cada homem ela responde e maneja os diferentes elementos de sua natureza de acordo com sua necessidade e seu anseio e com a resposta que eles pedem, exerce neles a pressão requerida ou os deixa em sua querida liberdade para vingarem nos caminhos da Ignorância ou para perecerem. Pois ela está acima de tudo, por nada presa, a nada apegada no universo. E no entanto tem ela mais do que qualquer outra o coração da Mãe universal. Porque sua compaixão é ilimitada e inexaurível; todos são a seus olhos suas crianças e porções do Um, mesmo o Asura, o Rakshasa e o Pisacha e aqueles que são revoltados e hostis. Mesmo suas rejeições são somente um adiamento, mesmo suas punições, uma graça. Mas sua compaixão não cega sua sabedoria nem desvia sua ação do curso decretado; porque a Verdade das coisas é sua única preocupação, conhecimento seu centro de poder, construir nossa alma e nossa natureza na Verdade divina sua missão e seu trabalho.


Mahakali é de uma outra natureza. Não amplidão mas altura, não sabedoria mas força e vigor é seu poder peculiar. Há nela uma intensidade transbordante, uma poderosa paixão de força de alcançar, uma divina violência arremetendo-se para destroçar todo limite e obstáculo. Toda sua divindade se lança para fora num esplendor de ação tempestuosa; ela está aí para a velocidade, para o processo imediatamente efetivo, o golpe direto e rápido, o assalto frontal que arrasta tudo à sua frente. Terrível é seu rosto para o Asura, perigoso e implacável seu humor contra os inimigos do Divino; pois ela é o Guerreiro dos Mundos que nunca foge da batalha. Intolerante com imperfeição, ela lida asperamente com tudo no homem que é relutante e é rigorosa em relação a tudo que é obstinadamente ignorante e obscuro; sua fúria é imediata e direta contra traição e falsidade e malevolência, a má vontade é imediatamente golpeada pelo seu açoite. Ela não tolera indiferença, negligência e preguiça no trabalho divino e golpeia subitamente para despertar com dor aguda, se necessário, o sonolento e o ocioso. Os impulsos que são velozes e diretos e francos, os movimentos que são incondicionais e absolutos, a aspiração que sobe como uma chama são a moção de Mahakali. Seu espírito é indomável, sua visão e vontade são altas e de longo alcance, como o vôo de uma águia, seus pés são rápidos no caminho ascendente e suas mãos estão estendidas para bater e para socorrer. Porque ela é também a Mãe e seu amor é tão intenso quanto sua fúria e ela possui uma bondade profunda e apaixonada. Quando lhe é permitido intervir com seu vigor, os obstáculos que imobilizam ou os inimigos que assaltam àquele que busca, são então quebrados num instante como coisas sem consistência. Se sua raiva é medonha para o hostil e a veemência de sua pressão dolorosa para o fraco e o tímido, ela é amada e venerada pelo grande, o forte e o nobre; porque eles sentem que seus golpes, batendo, transformam em força e perfeita verdade o que no material deles é rebelde, malham o que é torto e perverso e expulsam o que é impuro ou defeituoso. Mas devido a ela o que é feito num dia poderia ter levado séculos; sem ela a Ananda poderia ser ampla e grave ou suave e doce e bela, mas perderia a alegria flamejante de suas intensidades mais absolutas. Ao conhecimento ela dá um poder vitorioso, traz para a beleza e a harmonia um movimento alto e de ascensão e concede ao trabalho lento e difícil em busca de perfeição um ímpeto que multiplica o poder e abrevia o longo caminho. Nada em que faltem os êxtases supremos, as alturas mais altas, os objetivos mais nobres, as visões mais abrangedoras pode satisfazê-la. Por isso, com ela está a força vitoriosa do Divino e é graças a seu fogo e paixão e rapidez que a grande realização pode ser feita agora, em vez de mais tarde.


Sabedoria e Força não são as únicas manifestações da Mãe suprema; há um mistério mais sutil de sua natureza, e sem ele a Sabedoria e a Força seriam coisas incompletas, sem ele a perfeição não seria perfeita. Acima delas está o milagre da eterna beleza, um segredo incaptável de harmonias divinas, a magia fascinante de um irresistível encanto e atração universais que reúnem e mantêm unidos coisas e forças e seres e os obrigam a se encontrarem e unirem para que uma oculta Ananda possa brincar secretamente e fazer deles seus ritmos e suas figuras. Este é o poder de Mahalakshmi, e não existe nenhum aspecto da Shakti Divina que seja mais atrativo para o coração dos seres encarnados. Maheshwari pode parecer demasiadamente calma e grande e distante para a pequenez da natureza terrestre aproximar-se dela ou contê-la, Mahakali demasiadamente veloz e formidável para ser agüentada por sua fraqueza; mas todos se voltam com alegria e anseio para Mahalakshmi. Pois ela lança o encantamento da doçura arrebatadora do Divino: estar perto dela é uma profunda felicidade e senti-la dentro do coração é fazer da existência um enlevo e uma maravilha; graça e encanto e ternura fluem dela como a luz do sol, e onde quer que ela fixe seu olhar maravilhoso ou deixe escapar a beleza de seu sorriso a alma é capturada e aprisionada e mergulhada nas profundezas de uma alegria insondável. Magnético é o toque de suas mãos e sua influência oculta e delicada refina a mente e vida e corpo, e onde ela imprime seus pés correm rios miraculosos de uma extasiante Ananda.


E no entanto não é fácil corrresponder à exigência deste Poder encantador ou manter sua Presença. Harmonia e beleza da mente e da alma, harmonia e beleza dos pensamentos e dos sentimentos, harmonia e beleza em cada ação e movimento exteriores, harmonia e beleza da vida e do ambiente, esta é a exigência de Mahalakshmi. Onde existe afinidade com o ritmos da secreta beatitude do mundo e resposta ao chamado do Todo-Belo e concordância e unidade e o feliz fluxo de muitas vidas voltadas em direção ao Divino, nessa atmosfera ela consente em ficar. Mas tudo o que é feio e mesquinho e vil, tudo o que é medíocre e sórdido e sujo, tudo o que é brutal e rude repele seu advento. Onde o amor e a beleza não estão ou relutam em nascer, ela não vai; onde eles estão misturados e desfigurados por coisas mais baixas, ela logo se volta para partir ou está pouco disposta a derramar suas riquezas. Se nos corações dos homens ela se encontra rodeada por egoísmo e ódio e ciúme e maldade e inveja e discórdia, se traição e cobiça e ingratidão estão misturadas no cálice sagrado, se vulgaridade de paixão e desejo não refinado degradam a devoção, em tais corações a graciosa e linda Deusa não vai demorar-se. Um divino desgosto apodera-se dela e ela se retira, pois não é alguém que insista ou lute; velando seu rosto, espera até que essa coisa diabólica, amarga e venenosa seja rejeitada e desapareça, antes que ela estabeleça de novo sua feliz influência. Nudez e aspereza ascéticas não lhe agradam, nem a supressão das emoções mais profundas do coração e a repressão rígida das partes de beleza da alma e da vida. Pois é através de amor e beleza que ela põe sobre os homens o jugo do Divino. A vida se torna em suas criações supremas um trabalho rico de arte celestial e toda a existência um poema de delícia sagrada; as riquezas do mundo são juntadas e harmonizadas em uma ordem suprema, e mesmo as coisas mais simples e comuns são tornadas maravilhosas por sua intuição de unidade e pelo sopro de seu espírito. Admitida no coração, ela eleva a sabedoria a pináculos de maravilha e revela-lhe os segredos místicos do êxtase que ultrapassa todo conhecimento, responde à devoção com a atração apaixonada do Divino, ensina à força e ao vigor o ritmo que mantém o poder de seus atos harmoniosos e na medida, e lança sobre a perfeição o encanto que a faz permanecer para sempre.

Mahasaraswati
é o Poder de Trabalho da Mãe e seu espírito de perfeição e ordem. A mais jovem das Quatro, ela é a mais hábil em faculdade executiva e a mais próxima da Natureza física. Maheshwari estabelece as grandes linhas das forças-mundo, Mahakali aciona sua energia e ímpeto, Mahalakshmi descobre seus ritmos e medidas, mas Mahasaraswati preside sobre seu processo detalhado de organização e execução, relação de partes e combinação efetiva de forças, exatidão infalível de resultado e realização. A ciência e a habilidade e a técnica das coisas são a província de Mahasaraswati. Ela conserva sempre em sua natureza e pode dar àqueles que escolheu o conhecimento íntimo e preciso, a sutileza e a paciência, a acurada precisão da mente intuitiva e da mão consciente e do olho perspicaz do perfeito trabalhador. Este Poder é o construtor forte, incansável, cuidadoso e eficiente, organizador, administrador, técnico, artesão e classificador dos mundos. Quando ela assume a transformação e a nova construção da natureza, sua ação é laboriosa e minuciosa e parece muitas vezes, à nossa impaciência, lenta e interminável, mas ela é persistente, integral e impecável. Pois em seus trabalhos a vontade é escrupulosa, desperta, infatigável; inclinando-se sobre nós ela nota e toca cada pequeno detalhe, descobre cada mínimo defeito, brecha, desvio ou imperfeição, considera e pesa com exatidão tudo que foi feito e tudo que ainda resta para ser feito depois. Nada é pequeno demais ou parece banal à sua atenção; nada, por mais impalpável ou disfarçado ou latente, pode escapar-lhe. Moldando e remoldando, ela trabalha cada parte até que esta tenha atingido sua forma verdadeira, seja posta em seu lugar exato no todo e cumpra sua finalidade precisa. Em seu constante e diligente arranjo e rearranjo das coisas, seu olho está ao mesmo tempo sobre todas as necessidades e a maneira de resolvê-las, sua intuição sabe o que deve ser escolhido e o que deve ser rejeitado e ela determina com sucesso o instrumento certo, a hora certa, as condições certas e o processo certo. Ela detesta a falta de cuidado e a negligência e a indolência; todo trabalho feito às pressas e irrefletido e enganador, toda falta de jeito e todo “mais ou menos” e todo acidente, toda adaptação errada e mau emprego dos instrumentos e faculdades e todo deixar as coisas por fazer ou feitas pela metade é ofensivo e estranho a seu temperamento. Quando seu trabalho está terminado, nada foi esquecido, nenhuma parte foi mal colocada ou omitida ou deixada numa condição defeituosa; tudo é sólido, acurado, completo, admirável. Nada em que falte a perfeição perfeita a satisfaz, e ela está pronta a enfrentar uma eternidade de labuta se isso for necessário para a plenitude de sua criação. Por isso ela é, de todos os poderes da Mãe, o de maior paciência com o homem e suas mil imperfeições. Gentil, risonha, próxima e prestativa, não facilmente afastada ou desencorajada, insistente mesmo depois de um falhar repetido, sua mão sustenta cada passo nosso, na condição de que sejamos íntegros em nossa vontade e retos e sinceros; pois ela não vai tolerar uma mente ambígua, e sua ironia reveladora é impiedosa para com o drama e a simulação e o auto-engano e a presunção. Uma mãe para nossas necessidades, uma amiga em nossas dificuldades, uma conselheira e mentora persistente e tranqüila, afastando com seu sorriso radiante as nuvens de tristeza e impaciência e depressão, lembrando continuamente a ajuda sempre presente, apontando para a eterna luz do sol, ela é firme, quieta e perseverante no profundo e constante ímpeto que nos impele em direção à integralidade da natureza mais alta. Todo o trabalho dos outros Poderes se apóia nela para ser completo; porque ela assegura o alicerce material, elabora os detalhes e erige e firma a armação da estrutura.


Há outras grandes Personalidades da Mãe Divina, mas foram mais difíceis de trazer para baixo e não sobressaíram com tanta proeminência na evolução do espírito-terra. Há entre elas Presenças indispensáveis à realização supramental — acima de tudo aquela que é a sua Personalidade daquele êxtase misterioso e poderoso e daquela Ananda que flui de um supremo Amor divino, a Ananda que, unicamente, pode sanar o golfo entre as alturas mais altas do espírito supramental e os abismos mais fundos da Matéria, a Ananda que guarda a chave de uma Vida maravilhosa mais divina e mesmo agora sustenta, de suas realidades secretas, o trabalho de todos os outros Poderes do universo. Mas a natureza humana limitada, egoísta e obscura está inapta para receber estas grandes Presenças ou suportar sua potente ação. Somente quando as Quatro tiverem fundado sua harmonia e liberdade de movimento na mente e na vida e no corpo transformados, esses outros Poderes mais raros vão poder se manifestar no movimento terrestre e a ação supramental tornar-se possível. Pois quando todas as suas Personalidades estiverem reunidas nela e manifestadas e o trabalho separado delas estiver convertido numa harmoniosa unidade e elas se elevarem à divindade supramental da Mãe, a Mãe então é revelada como a Mahashakti supramental e traz, vertendo as Personalidades para baixo, as luminosas transcendências de Mahashakti a partir do éter inefável de suas Personalidades. A natureza humana pode transformar-se então em natureza divina dinâmica, pois todas as cordas elementares da Consciência-Verdade e da Força-Verdade supramentais estão esticadas juntas e a harpa da vida está pronta para os ritmos do Eterno.

Se você deseja esta transformação, coloque-se nas mãos da Mãe e de seus Poderes, sem objeção ou resistência, e sem impedimentos, deixe-a fazer seu trabalho dentro de você. Você deve ter três coisas: consciência, plasticidade, entrega irrestrita. Pois você deve ser consciente em tua mente e alma e coração e vida e nas próprias células de teu corpo, percebendo a Mãe e seus Poderes e o trabalho deles; pois embora ela possa trabalhar em você, e realmente o faz, mesmo em tua obscuridade e em tuas partes e momentos não conscientes, isso não é a mesma coisa que você estar em uma comunhão desperta e viva com ela. Toda a tua natureza deve ser plástica ao toque dela — sem questionar, como a auto-suficiente mente ignorante questiona e duvida e disputa e é a inimiga da própria iluminação e mudança; sem insistir nos próprios movimentos como o vital no homem insiste e persistentemente opõe seus desejos obstinados e sua má vontade a toda influência divina; sem obstruir e ficar entrincheirado na incapacidade, inércia e Tamas, como a consciência física do homem obstrui e, prendendo-se a seu prazer em pequenez e escuridão, grita contra cada toque que perturba sua rotina sem alma ou sua preguiça estúpida ou sua sonolência entorpedida. A entrega sem reserva de teu ser interior e exterior trará esta plasticidade para dentro de todas as partes de tua natureza; a consciência irá despertar em todas as partes em você, pela constante abertura à Sabedoria e Luz, à Força, à Harmonia e Beleza, à Perfeição que vêm fluindo de cima. O próprio corpo despertará e unirá finalmente sua consciência, não mais subliminal, à Força supramental supraconsciente, sentirá todos os poderes dela impregnando-o de cima e de baixo e ao redor dele e vibrará com um Amor e Ananda supremos. Mas mantenha-se em guarda e não tente entender e julgar a Mãe Divina segundo tua pequena mente terrestre, que gosta até mesmo de submeter as coisas que estão além dela às suas próprias normas e padrões, aos seus raciocínios estreitos e impressões errôneas, à sua interminável ignorância agressiva e ao seu pequeno conhecimento autoconfiante. A mente humana, trancada na prisão de sua semi-iluminada obscuridade, não pode seguir a liberdade multiforme dos passos da Shakti Divina. A rapidez e a complexidade da visão e da ação Dela escapam à sua trôpega compreensão; as medidas do movimento Dela não são suas medidas. Desnorteada pela rápida alteração das muitas personalidades diferentes Dela, Sua criação de ritmos e Sua quebra de ritmos, Seu acelerar e Seu retardar a velocidade, Seus modos variados de lidar com o problema de um e de outro, Seu assumir e largar agora esta linha e logo aquela outra e Seu juntar todas elas, a mente humana não reconhecerá o caminho do Poder Supremo quando este descreve círculos e se arremessa impetuosamente para cima através do labirinto da Ignorância, rumo a uma Luz altíssima. Pelo contrário, abra tua alma para ela e satisfaça-se em senti-la com a natureza psíquica e em vê-la com a visão psíquica, as quais, unicamente, respondem corretamente à Verdade. A própria Mãe então iluminará tua mente e coração e vida e consciência física com os elementos psíquicos deles e também lhes revelará os caminhos e a natureza Dela. Evite também o erro da mente ignorante de exigir do Poder Divino que ele aja sempre de acordo com as nossas cruas noções superficiais de onisciência e onipotência. Pois nossa mente clama por ser a cada momento impressionada pelo poder milagroso e pelo sucesso fácil e pelo esplendor deslumbrante; senão, ela não pode acreditar que o Divino esteja aqui. A Mãe está lidando com a Ignorância nos campos da Ignorância; ela desceu lá e não está inteiramente acima. Em parte ela vela e em parte revela seu conhecimento e seu poder, freqüentemente não os dá ao seus instrumentos e às suas personalidades e, para poder transformá-los, segue o caminho da mente que busca, o caminho do psíquico que aspira, o caminho do vital que luta, o caminho da natureza física aprisionada e sofredora. Há condições que foram decretadas por uma Vontade Suprema, há muitos nós cegos que têm de ser desatados e não podem ser abruptamente cortados em pedaços. O Asura e o Rakshasa prendem esta natureza terrestre em evolução e têm de ser enfrentados e vencidos em suas próprias condições, em seu próprio domínio e província por eles conquistados durante muito tempo; o humano em nós precisa ser conduzido e preparado para transcender seus limites, e ele é fraco e obscuro demais para ser subitamente erguido a uma forma muito além dele. A Consciência e a Força Divinas estão aí e fazem a cada momento o que é necessário nas condições do trabalho, dão sempre o passo que é decretado e moldam no meio da imperfeição a perfeição que deve vir. Mas somente quando a supramente tiver descido em você é que a Mãe, como a Shakti supramental, pode lidar diretamente com naturezas supramentais. Se você segue tua mente, ela não reconhecerá a Mãe mesmo se ela se manifestar diante de você. Siga tua alma e não tua mente, tua alma que responde à Verdade, e não tua mente que se lança sobre aparências; confie no Poder Divino e ela libertará os elementos divinos em você e os moldará todos numa expressão da Natureza Divina. A mudança supramental é uma coisa decretada e inevitável na evolução da consciência da terra; pois sua ascensão não está terminada e a mente não é o seu último cimo. Mas para que a mudança possa chegar, tomar forma e perdurar, é necessário o chamado de baixo com a vontade de reconhecer e de não negar a Luz quando ela vier, e é necessária a sanção do Supremo, de cima. O poder que media entre a sanção e o chamado é a presença e o poder da Mãe Divina. Somente o poder da Mãe, e não um esforço e tapasya humanos, pode romper a tampa e arrancar a cobertura e moldar o vaso, e trazer para baixo, para este mundo de obscuridade e falsidade e morte e sofrimento, Verdade e Luz e Vida divinas e a Ananda do imortal."

Trecho do livro, "Mãe", do mestre Sri Aurobindo (Yoga Integral)
Encontrado em ÊXTASE DA DEUSA

terça-feira, 31 de agosto de 2010

MATRIARCADO CÓSMICO...


A Mãe-Deusa está acima de todos os mundos...

Sachchidananda

“Para caminhar pela vida protegido contra todo medo, perigo e desastre, só duas coisas são necessárias, duas que andam sempre juntas — a Graça da Mãe Divina e, a par disso, um estado interior composto de fé, sinceridade e entrega.

(...)

Que a sua sinceridade e entrega sejam genuínas e inteiras. Quando se der, dê-se completamente, sem exigência, sem condições, sem reserva, de modo que tudo em si possa pertencer à Mãe Divina e nada seja deixado ao ego ou dado a algum outro poder.

Quanto mais completas forem a sua fé, sinceridade e entrega, tanto mais a graça e a protecção da Mãe Divina estarão consigo. E quando a graça e a protecção da Mãe Divina estão consigo, o que é que pode atingi-lo, ou quem é que deve temer? Mesmo que consiga só um pouco de tudo isto é suficiente para o conduzir através de todas as dificuldades, obstáculos e perigos; rodeado pela Sua presença plena, pode seguir seguramente o seu caminho porque é esse o Seu Caminho, despreocupado de qualquer ameaça, não será afectado por nenhuma hostilidade por mais poderosa que ela seja, seja deste mundo ou de mundos invisíveis. O seu tocar pode mudar dificuldades em oportunidades, fracasso em sucesso e fraqueza em força que não vacila. Porque a graça da Mãe Divina é a sanção do Supremo, e, cedo ou tarde, seu efeito é certo, uma coisa decretada, inevitável e irresistível.
(…)
A Shakti única original transcendente, a Mãe, está acima de todos os mundos e suporta em sua consciência eterna o Divino Supremo. Sozinha, ela abriga o poder absoluto e a Presença inefável; contendo ou chamando as Verdades que devem ser manifestadas. Ela as faz descer, do Mistério no qual estavam escondidas, para a luz de sua consciência infinita e dá-lhes uma forma de força em seu poder omnipotente e em sua vida ilimitada, e um corpo no universo. O Supremo está manifestado nela para sempre como o perene Sachchidananda, manifestado através dela nos mundos como a consciência una e dual de Ishwara-Shakti e o princípio dual de Purusha-Prakriti, corporificado por ela nos Mundos e nos Planos e nos Deuses e em suas Energias e, graças a ela, configurado como tudo que existe nos mundos conhecidos e em outros desconhecidos. Tudo o que existe é o seu jogo com o Supremo; tudo é sua manifestação dos mistérios do Eterno, dos milagres do Infinito.
(…)
Siga a sua alma e não a sua mente, a sua alma que responde à Verdade, e não a sua mente que se lança sobre aparências; confie no Poder Divino e Ela libertará os elementos divinos em si e os moldará todos numa expressão da Natureza Divina.
A mudança supra mental é uma coisa decretada e inevitável na evolução da consciência da terra; pois a sua ascensão não está terminada e a mente não é o seu último cimo. Mas para que a mudança possa chegar, tomar forma e perdurar, é necessário o chamado de baixo com a vontade de reconhecer e de não negar a Luz quando ela vier, e é necessária a sanção do Supremo, de cima. O poder Tudo é Ela, porque todos são parcela e porção da Força Consciente divina. Nada pode haver aqui ou em outro lugar a não ser o que Ela decide e o Supremo sanciona; nada pode tomar forma excepto o que Ela, movida pelo Supremo, vê e forma após lançar em estado semente em sua Ananda criadora. mediador entre a sanção e o chamamento é a presença e o poder da Mãe Divina. Somente o poder da Mãe, e não um esforço e tapasya humanos, pode romper a tampa e arrancar a cobertura e moldar o vaso, e trazer para baixo, para este mundo de obscuridade e falsidade e morte e sofrimento, Verdade e Luz e Vida divinas e a Ananda do imortal
Shri Aurobindo - enxertos
PUBLICADO IN MULHERES & DEUSAS -Rosa Leonor


Publicado pela minha Irmã Sagrada mais velha no caminho e na vida e mais sábia pelo Dom da velhice...E que lhe chovam as dádivas Hécate.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

O AMOR SUPREMO


A DEUSA QUE ESTA POR DETRAS E ALÉM DE BRAHMA

Segundo uma das tradições indianas (no Tantra), existe uma Deusa (Devi) que está acima de todos os Deuses. Ela é chamada de Maha Devi (a Grande Deusa), ou Shakti (a Poderosa). Sua característica principal, como o seu próprio nome diz, é o Poder. Ela é ativa, dinâmica, é considerada como a energia que move todo o universo (inclusive os Devas). Em comparação com ela, os Devas são inertes, inativos, passivos. Nessa visão, temos um conceito exatamente oposto ao que se desenvolveu no ocidente (e em outros lugares, como a China), segundo o qual a energia ou atividade seria uma característica masculina e a receptividade ou passividade seria uma característica feminina.
Podemos encontrar alguns aspectos dessa concepção básica indiana na filosofia Sankhya, por exemplo. De acordo com o Sankhya, existem dois princípios cósmicos fundamentais. Um deles é a consciência (Purusha), que é um princípio masculino; o outro é o poder da natureza (Prakriti), que é um princípio feminino. Purusha é passivo, Prakriti é ativa. Todo o desenvolvimento do universo ocorre apenas por causa dos poderes da Natureza. Esses poderes (gunas) são três: tamas, rajas e sattva. Tamas é o poder da inércia, da tristeza, das trevas, da morte; rajas é o poder da vitalidade, do ego, da força, do prazer e da violência; sattva é o poder da luz, da felicidade e da sabedoria. Os três Devas principais do hinduísmo (Shiva, Brahma e Vishnu) estão associados respectivamente a esses três poderes (tamas, rajas, sattva). Esses Devas são seres que só podem atuar no universo porque a Grande Deusa lhe empresta uma parte de seu Poder. Nenhum deles tem todo o poder da Shakti.
A mitologia indiana tem também muitas histórias que mostram que os Devas não são tão poderosos quanto a Shakti. Em alguns mitos, um demônio (Asura) muito poderoso vence todos os Devas (masculinos) e eles vão então pedir ajuda à Grande Deusa, que assume uma de suas formas mais terríveis (como Durga ou Kali) e destrói todos os demônios.
A Shakti, ou Maha Devi, é o poder feminino absoluto. Há, no entanto, muitas deusas (Devis) diferentes. Cada um dos Devas, por exemplo, tem sua companheira (sua Shakti), sem a qual ele é incompleto. A Shakti de Brahma é Sarasvati, a de Vishnu é Lakshmi, a de Shiva é Parvati. Essas Devis são manifestações ou aspectos parciais, limitados, da Grande Deusa. No entanto, muitas vezes se identifica Parvati com a própria Shakti.
Embora Shiva seja um Deva muito poderoso, ele não é nada, comparado com a Shakti. Ela é ativa, ela tem todos os poderes, ele não tem nenhum poder sem ela. Por isso, muitas vezes ele é representado como um cadáver acima do qual Shakti dança, ou com o qual ela tem relações sexuais.
Enquanto Shiva e Shakti estão separados, o universo é dinâmico, ele se transforma, está ativo. Quando Shiva e Shakti se unem e se fundem em uma unidade, toda multiplicidade desaparece, o tempo pára.
Shakti, o poder feminino, está presente, de acordo com o Tantra, em todas as coisas e todos os seres do universo – mas de forma muito mais forte e significativa nas mulheres. Da mesma forma, Shiva, seu complemento masculino, está presente também em todos os seres, mas especialmente nos homens.

Manifestações da Shakti
Vamos apresentar a seguir algumas das principais Devis, ou manifestações da Grande Deusa:

Sarasvati é a Deusa associada ao conhecimento, à música e às artes. Ela é a companheira de Brahma, o Deva responsável pela criação do universo. Juntamente com Lakshmi e Parvati, formam a trindade de Deusas (Tridevi). É geralmente representada com roupas brancas (às vezes amarelas), sendo associada a um cisne ou a um pavão. É identificada, muitas vezes, com deusas que aparecem nos textos indianos mais antigos (Vedas): Vak (a Palavra), Savitri ou Gayatri (nome da oração mais sagrada dos Vedas). É a Deusa asssciada à sabedoria sagrada, e por isso se diz que os Vedas são seus filhos. Seu nome quer dizer, literalmente, "aquela que flui", e estava associada a um rio, na mitologia antiga. Muitas imagens de Sarasvati a representam com quatro braços, em um dos quais segura um livro (os Vedas), em outra um rosário indiano (mala) com contas de cristal, representando meditação e espiritualidade, em outro um pote com água sagrada, representando purificação, e por fim um instrumento musical de cordas (Vina) que representa a perfeição nas artes.

O nome Gayatri representa um tipo especial de métrica utilizada nos Vedas. Muitos hinos dos Vedas utilizam essa métrica, mas há um hino em especial que é chamado Gayatri Mantra. A deusa Gayatri é uma forma de Sarasvati, associada aos Vedas, uma representação feminina de Brahma. Ela costuma ser representada sentada sobre um lótus vermelho, com cinco cabeças.

Lakshmi é uma deusa associada à riqueza, à prosperidade e à generosidade, protegendo seus devotos de problemas financeiros. Também está associada à beleza e encanto. É também chamada de Shri. Ela é a companheira de Vishnu, e tem diferentes nomes quando se casa com as diferentes encarnações (avataras) de Vishnu. Assim, ela é Sita, companheira de Rama, e Rukmini, esposa de Krishna. Com o nome de Mahalakshmi, ela é identificada à Shakti, ou Grande Deusa. Dois de seus aspectos são Bhudevi (a Deusa da Terra) e Shridevi (a Deusa luminosa), que são os aspectos complementares das forças da Natureza (Prakriti). Ela é representada em imagens que mostram uma linda mulher, com quatro braços, sobre um lótus, com bonitas roupas e jóias, distribuindo moedas (significando prosperidade) e acompanhada por elefantes que indicam seu poder real. O lótus representa perfeição espiritual e pureza.

Radha é a principal companheira de Krishna, em muitos textos tradicionais. Ela é considerada a Shakti de Krishna e, algumas vezes, é identificada com a Grande Deusa. Assim como Shiva e Parvati, juntos, constituem o Absoluto, há uma tradição que considera que Radha e Krishna juntos constituem a Realidade Absoluta. Às vezes se descreve Radha como tendo se tornado uma esposa de Krishna, às vezes sua relação é descrita como um "amor eterno" (parakiya-rasa). O amor entre Radha e Krishna tem um significado esotérico, representando um amor divino e não mundano.

Parvati é a deusa associada a Shiva. Ela é considerada uma representação da Shakti, ou Grande Deusa, especialmente nos seus aspectos de Mãe divina. As outras Devis são consideradas como suas filhas ou manifestações. Os devotos da Shakti a consideram como a Shakti suprema, incorporando toda a energia do universo. Embora seja apresentada como uma divindade benigna, Parvati também tem aspectos terríveis, como Durga, Kali, Chandi. Ela também tem dez aspectos complementares, as Mahavidyas. Suas formas benevolentes são Mahagauri, Shailputri e Lalita. O nome Parvati significa "a das montanhas", pois é considerada filha do Senhor das Montanhas (Himavan). Ela tem muitos outros nomes, como Gauri (a dourada), Ambika (a mãe), Bhairavi (a terrível), Kali (a negra), Uma, Lalita, etc. Na mitologia, Parvati tem dois filhos, Ganesha e Skanda, mas na tradição Shakta ela é a mãe de todos os Devas e Devis. O veículo (vahana) de Parvati é um leão ou tigre. A união de Shiva com Parvati é considerada como equivalente ao Absoluto, ou Brahman.

O nome Durga significa "a invencível" ou "a inatingível". Ela é uma forma da Shakti invocada para superar situações de dificuldade e sofrimento. É uma forma guerreira de Parvati. É representada com dez braços, e seu veículo é um tigre ou um leão. Ela é considerada um poder auto-suficiente (svatantrya). Pode ser considerada como uma forma de Kali, embora suas aparências sejam distintas: Kali é negra, Durga é branca e radiante. Kali tem uma aparência horrível e é representada com símbolos associados à morte, Durga é linda e tem belos ornamentos de ouro, pérolas e pedras preciosas. Durga é uma representação da Shakti, e por isso é descrita como possuindo todos os poderes de todos os Devas. Na mitologia, ela surge para combater um demônio invencível, Mahishasura.
Kali, também conhecida como Kalika, é uma Devi associada à morte e à destruição. Seu nome significa "a Negra", mas também está associado à palavra Tempo (Kala), podendo ser interpretada como o Poder do Tempo. Ela é uma forma terrível, guerreira e destruidora de Parvati, e é também a principal das Mahavidyas, as dez formas tântricas da Grande Deusa. Está associada a cadáveres, ao sangue, aos chacais e aos terreiros de cremação de corpos. Seus adornos são de cabeças humanas decepadas. Na literatura tântrica, Kali tem um papel central nos textos, nos rituais e na iconografia, sendo considerada como uma representação da Grande Deusa (Maha Devi) ou Shakti. Embora geralmente seja representada sob uma forma terrível, às vezes assume uma forma jovem e bela e seus aspectos positivos são indicados, por exemplo, na expressão Kali Ma (Mãe Kali).

Chamunda é o nome de uma forma terrível da Grande Deusa, sendo uma das sete Deusas Mães e uma das principais Yoginis (um grupo de deusas do Tantra, que acompanham Durga). O nome Chamunda é uma combinação dos nomes dos demônios Chanda e Munda, que ela destruiu numa batalha. Muitas vezes, Chamunda é identificada com Kali. Ela é cultuada com sacrifícios de animais e oferecimento de vinho. Ela é representada com uma cor negra ou vermelha, com uma guirlanda de cabeças decepadas (como Kali).

Lalita, "Aquela que Brinca", é o nome de uma forma benigna de Parvati. Ela é também chamada de Tripura Sundari, Shodashi e Rajarajeshvari. Pertence ao grupo das dez Mahavidyas. O nome Shodashi significa uma jovem com dezesseis anos, e representa dezesseis tipos de desejos. Lalita, ou Tripura Sundari, está associada ao Shri Yantra e ao Shri Mantra. O nome Tripura significa "Os Três Mundos" (Terra, Atmosfera, Céu) e Sundari significa "A Mais Atraente", ou "A Mais Bela". Assim, Tripura Sundari é a Deusa mais bela dos três mundos. Na iconografia, é sempre representada como uma linda jovem, geralmente com roupas vermelhas. O hino Lalita Sahasranama (os mil nomes de Lalita) descreve todos os seus atributos.

O nome Mahavidya vem das palavras Maha (grande) e Vidya (sabedoria, revelação, conhecimento). É um grupo de dez deusas conhecidas como Deusas da Sabedoria por revelarem aspectos auspiciosos do conhecimento da Grande Deusa. Elas são: Kali, Tara, Tripura Sundari (ou Lalita), Bhuvaneshvari, Bhairavi, Chhinnamasta, Dhumavati, Bagalamukhi, Matangi, Kamalatmika. Cada um dos nomes da Deusa possui uma vibração especial. Eles são Mantras, e entonação correta, sob a orientação de um Guru, confere realização espiritual. A forma feminina confere bênçãos ao devoto, liberando-o do mundo material e da roda de reencarnações.


Texto escrito por Roberto de A. Martins

IN: http://www.yogadevi.org/shakti.html


quarta-feira, 28 de outubro de 2009

A HISTORIA É SEMPRE A MESMA...


O CULTO A GRANDE MÃE NA ÍNDIA

Antes da invasão dos povos arianos, a região que eles chamaram de Aryavarta, atual Índia, esta era habitada por um povo de origem atlante que possuíam baixa estatura, pele moreno escura, conhecido como drávidos, sua cultura diferentemente da ariana, baseava-se na agricultura sua religião fundamentava-se no culto a Grande Mãe, sua organização social era o matriarcado.

Em meio a esse povo, o culto a Grande Deusa, Mãe da natureza, dos deuses e dos homens, era mantido por sacerdotes e sacerdotisas, sendo estas últimas as grandes iniciadoras e Grã mestrinas dos Mistérios da Mãe, conhecidos como Tantrismo.

Os adeptos do tantrismos, homens e mulheres, adoravam a Deusa, através de suas inúmeras formas e nomes, Durga a deusa da força, Lakshimi, deusa da beleza e da prosperidade, Sarasvati, Parvati, etc. todas elas expressando suas diferentes características, como projeções num prisma, de um princípio único, arquetípico, que se manifesta de inúmeras formas na face da terra, através de todas as mulheres, ou iniciaticamente falando da hierarquia dos Barishades.

As mulheres, materializam através de suas características físicas e psicológicas os diversos aspectos da Divina Mãe.


Maha Kâli a Força Cósmica

Entre todas as representações da Deusa, no panteon tântrico, sem dúvida nenhuma Kâli, ou Maha Kâli, a deusa negra, nua, exerce um papel central, para o Adepto do Tantrismo que a adora nas profundezas de seu próprio corpo, na escuridão de seu santuário mais sagrado. Porém, para os não iniciados, Kâli apresenta-se como uma figura horrenda, macabra, pois seus aspectos externos foram forjados, ao mesmo tempo para confundir e afastar os profanos e instruir os discípulos, sobre os Arcanos e Mistérios do Culto da Grande Mãe.
Ela, Kâli, personifica a força cósmica que devora e destrói as ilusões e a mediocridade dos seres humanos, "Sua ferocidade aparente, só tem igual na verdade metafísica da mensagem de libertação que ela encarna e ensina aos seus fieis" (O Tantrismo - Michel Jean Varenne)

Nua e Negra, Kâli não conhece diferenciação, encarnando a pura consciência, impenetrável, despojada das roupagens transitórias, ela se perpetua em meio a escuridão, sem nenhum condicionamento. Feche os olhos e a encontrará, na escuridão de seu próprio corpo.

Seus seios generosos, expressão a doçura materna, o afeto instintivo, de uma mãe para com seus filhos, perdidos.

O colar de crânios, que ostenta simboliza as letras do alfabeto sânscrito, representando a totalidade do conhecimento, que ela oferece a seus seguidores.

Um cinto de mão decepadas, orna-lhe a cintura, para demonstrar que somente Kâli, pode nos livrar dos frutos kármicos, de nossas inumeráveis ações, através do acesso que a pura energia nos dá a consciência cósmica.

Seus três olhos, representam o despertar da tríade superior, Atmã, Budhi e Manas que ela promove nos Adeptos.

Seus dentes fulgurantes, dourados e sua língua vermelha, personificam a manipulação das energias, sattwica e tamasicas, ou seja, a manipulação do espirito e da matéria, onde o espirito é materializado e a matéria é espiritualizada, no verdadeiro sentido de solve et coagula, ou seja o dissolver e coagular dos alquimistas.

Suas duas mãos esquerdas, uma das quais empunham uma espada, afirmam o inevitável extermínio de nossa forma física, animal, e também a destruição dos liames que nos acorrentam à matéria.

Suas duas mãos direitas, nos levam a seguir com firmeza e coragem a via espiritual que conduz a libertação interior, a vitória sobre a morte física.

Kâli, é a expressão de um Mistério Arcano oculto aos olhos dos não iniciados, que conduz a valores espirituais transcendentes, personifica a força última, constitui a introdução ritual indispensável ao principio da Shakti (energia).

As sacerdotisas drávidas, despojavam a Deusa de todas os seus atributos externos, afim de obter a visão da energia impessoal, incondicionada, criadora e destruidora dos mundos.

Uma das características dos Adeptos do Tantrismo, é a capacidade de despojar cada acontecimento, quer seja uma sensação física, uma emoção ou um terremoto, para reconhecer a energia, a Shakti, em ação, livre de toda a qualificação moral.

A doutrina da Shakti, afirma que o mundo sem dúvida é Maya, ilusão, mas que ele é também a manifestação intempestiva da força, ou da Shakti. Ao invés dos vedantinos e budistas, que posteriormente, dotaram o conceito de Maya de uma interpretação profundamente abstrata e idealista, exacerbando seu aspecto ilusório, os drávidos, ressaltavam seu aspecto de ilusão gerada pela força da manifestação, que cria e destrói simultaneamente, chamando-a de Maya-Shakti, diziam que, "o conceito de força, para que se exerça na Sadhana, na prática, é um guia mais seguro do que a nebulosa idéia de espirito" (Tantra Tatwa).

As sacerdotisas ensinavam aos discípulos, através dos simbolismo da dança dos sete véus, os segredos, do desvelamento de Ísis, ou de Maya-Shakti, cada véu representando um aspecto da ilusão que ocultava a força geradora de mundos, plasmadora das formas e doadora da vida. Sendo que ao discípulo é indispensável conhecer a força, afim de libertar-se integralmente de sua rede, sem tal conhecimento da natureza de Maya-Shakti, a libertação que se alcança, não passa da ilusão da libertação.

Shakti é a força que transborda criando e destruindo as cegas, Maya é a ilusão da existência dos "eus" distintos do Todo, meros fantasmas criados por esta força, que precisa ser reconduzida a sua origem e reunida a consciência espiritual, ao Purusha.

Desde que o Adepto realize nele este princípio, desde que a força extraviadora e extraviada, deixe de diluir-se nos fenômenos, nos fantasmas, na mera procriação de formas cada vez mais inconscientes, então como diz o Kulanarva Tantra, ai então, "o mundo de sansara (o mundo do sofrimento) se torna o próprio lugar de libertação".

Maya-Shakti, é compreendida pelos Adeptos, como uma força desgarrada, inconsciente de si mesma, em movimento e em transformação constante, que deve ser conduzida a união com um polo de natureza impassível e serena, para o qual inevitavelmente a força se voltará enfim.

Esse polo é Purusha, ou o espirito, impassível ante as manifestações da força reprodutora, reverenciado na figura masculina de Shiva, o impassível, aí então surge a manifestação da divindade andrógina, o deus e sua força, Shiva-Shakti, não mais Maya-Shakti, a força inconsciente geradora de miragens, mas a suprema personificação do divino, Pai-Mãe, Brahma, "a união em nós de Shiva, o impassível, e Shakti a devoradora, provoca a libertação dos fenômenos perturbadores e o gozo da realidade última".
(...)Mas como o fogo no altar da Deusa, Maya-Shakti, sempre foi mantido aceso pelas sacerdotisas, estas mais do que ninguém, precisam ser portadoras de determinadas características, tais como a capacidade de experimentar um completo abandono à Energia Cósmica, sem restrição mental ou física, fazendo dádiva de sua pessoa com fervor e amor. Esse amor não deve ser confundido com desejo e sentimento de posse, com ciúme, pieguismos, etc. Esses sentimentos inferiores podem levar-nos as maiores loucuras, porém são incapazes de conduzir-nos a iluminação interior, ao despertar da vida interna e a libertação da morte. A receptividade aos desígnios da Deusa, da Anima Mundi e a expressão do amor fraternal são condições imprescindíveis para a sacerdotisa tântrica. Sua generosidade encerra um poder incalculável, uma reserva energética inexaurível, que convenientemente dirigidos, promovem a libertação da ignorância e a iluminação.

O amor é a chave da iluminação, o verdadeiro amor, que é caracterizado pelo despertar do chacra cardíaco. Somente podemos dar aquilo que possuímos, portanto somente uma sacerdotisa, que possua este centro de força vibrando, mesmo que parcialmente, pode fazer vibrar em uníssono, o centro cardíaco daquele que busca a iluminação, somente ela pode ser investida dos poderes ilimitados da Shakti.


In Trantrismo e o Culto a Grande Mãe.