quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

O HINO DAS BACANTES



Da terra da Ásia
passando o Tmolo sagrado, eu me apresso

por Brómio – doce fadiga,

pena tão sem pena – a Baco

celebrando com gritos de Evoé!

Quem vai aí, quem vai aí? Quem?

Para dentro de casa se afaste, uma fala piedosa

cada um tribute!

Sempre, o que pelo uso está consagrado

a Dioniso cantarei!




Oh!

Bem-aventurado, feliz quem

nos divinos mistérios instruído,

seus dias piedosamente dirige

e a alma nobilita

nas montanhas, pelas purificações

sagradas das Bacantes!

De Cibele, a Grande Mãe,

celebrando as orgias,

o tirso agitando freneticamente

e coroando-se de hera,

a Dioniso atende.

Ide, Bacantes! Ide, Bacantes!

A Brómio, deus filho de deus,

a Dioniso fazei descer

das frígias montanhas

para as amplas ruas

da Hélade, a Brómio!


Foi a ele
que noutro tempo, acometida

das violentas dores do parto

sob o trovão alado de Zeus,

fora do ventre a mãe

lançou, deixando a vida

por ação do raio fulminante.

Logo, para que ele pudesse nascer,

em um abrigo Zeus Crónida o acolheu,

e a sua coxa dissimulou

com fíbulas de ouro a prender,

a ocultas de Hera.

Deu à luz, quando os Destinos

se cumpriram, o deus ornado de chifres

e com uma coroa de serpentes o coroou.

Desde então, com tal despojo

selvagem, as Ménades

seus anelados cabelos cingem.


Ó Tebas, de Sémele ama,

engrinalda-te com hera,

faz brotar em abundância o verde

alegra-campo, produtor de belos frutos,

ao delírio báquico consagra-te,

com ramos de carvalho ou de abeto.

E de mosqueadas nébrides revestida,

rodeia-as com brancos cordões de lã

entrançada. Do nártex soberbo um uso pio

faz. O povo todo, sem demora, irá dançar em sua honra,

- quem quer que dirija os tíasos, outro Brómio é -

para a montanha, para a montanha, lá onde está

das mulheres a multidão,

dos teares e lançadeiras apartada

e por Dioniso enlouquecida!



Ó antro dos Curetas,

e de Creta grutas veneráveis,

que a Zeus viram nascer!

Ali, nas cavernas, os de triplo elmo

esta pele em círculo distendida

para mim inventaram, os Coribantes!

Ao ardor báquico uniram

o harmonioso sopro das frígias

flautas e nas mãos de Réia Mãe

o depuseram, eco aos gritos das Bacantes.

Os Sátiros, desvairados,

da Deusa Mãe o receberam,

e às danças

das festas trienais o associaram,

em que Dioniso se compraz.



Epodo

Está-se bem nas montanhas, depois das corridas dos tíasos,

quando se cai por terra,

envergando a sacra nébride, buscando

o sangue de um bode imolado, a graça da omofagia,

para as frígias e lídias montanhas avançando, ao sinal de Brómio,

Evoé!

Do solo escorre leite, escorre vinho, escorre das abelhas

o néctar!

Tal um vapor de incenso da Síria,

o sacerdote de Baco empunhando

a ardente chama no topo da vara

de pinheiro, incita

à corrida, e às danças

quem anda errante impele,

com seus brados estimula,

os delicados cabelos flutuando ao vento...

Entre gritos de Evoé, ele clama:

Ide, Bacantes!

No esplendor do Tmolo que rola torrentes de ouro,

celebrai a Dioniso

pelo rufar dos tamboris,

glorificando o deus Evoé com Evoés,

em gritos estridentes ao modo frígio,

quando o sacro loto de melodioso tom

fizer ecoar os sacros acordes dos folguedos, em uníssono

c'os espíritos alucinados, para a montanha, para a montanha!

Então, plena de deleite, como a poldra que com a mãe

vai pascer, a Bacante seus pés velozes em saltos agita...


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Que o Poder Infinito da Deusa e da Mãe Natureza purifique seus caminhos.