Um dos poemas da sacerdotisa Enheduana, que serviu a Deusa Inanna e Nanna, a única sacerdotisa poetisa que se tem noticia e a única mulher que deixou algo escrito para as futuras seguidoras da Grande Deusa.
Majestosa rainha do eu assombrado, envolta em medo,
Que cavalga o grande eu, Inanna, Vós que aperfeiçoastes a arma a-ankara,
Que estais coberta com o seu sangue,
Que rondais tempestuosamente as grandes batalhas,
Que pisais os escudos,
Que provocais a chuva-enchente,
Grande rainha Inanna experiente em planear o ataque, Destruidora de kur,
Que disparastes do Vosso braço a flecha para longe,
Que firmastes o Vosso braço sobre as montanhas,
Como um leão Vós rugistes no céu e na terra, despedaçastes a carne das pessoas,
Como um grande touro selvagem anseias a batalha contra as terras inimigas,
Como um leão assombroso aniquilastes com o Vosso veneno os hostis e desobedientes.
Minha rainha, quando Vos tornais imensa como o céu, Donzela Inanna,
Quando Vos tornais tão vasta quanto a terra,
Quando Vos ergueis como o Rei Utu, abrindo bem os braços,
Quando estais no céu, envolta em assombroso medo,
Quando na terra estais envolta em luz brilhante e fixa,
Quando viajando sobre as montanhas avançais como uma rede azul de lápis lazuli,
Quando banhais as terras frutuosas, as terras puras,
Quando gerais as terras brilhantes, as terras puras,
Quando Vos sentais como um verdadeiro amo, como um bom amo,
Quando nas suas batalhas Vós ergueis bem alto as suas cabeças como uma arma devastadora,
Então as pessoas de cabelo negro rompem em cânticos,
Todas as terras murmuram docemente o seu cântico ilulamma,
Rainha das batalhas, Grande Filha da Lua, Donzela Inanna, quero-Vos louvar como Vos é devido.
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