SALVAR GAIA, A NOSSA MÃE TERRA
AINDA QUE...
"No nível mais profundo da psiquê, continuamos vinculados com a Mãe-Terra, que nos trouxe à vida e nos alimenta. A conexão entre o eu profundo e o mundo natural foi denominado de inconsciente ecológico, que estaria um passo além do inconsciente colectivo junguiano. Um espaço/tempo onde Psiquê encontra Gaia.
Quando o movimento feminino e o movimento ecológico se encontram, surge o Ecofeminismo, que busca uma nova visão de mundo, com ênfase nas transformações dinâmicas, nos processos cíclicos e na interrelação de todos os seres. Intimamente ligado a uma espiritualidade feminina, recupera o mundo natural como sagrado - matéria imbuída de espírito - revalorizando o corpo e suas funções, incluindo a sexualidade, o nascimento, o envelhecimento, a morte.
A espiritualidade feminina recupera a concepção da Deusa, entendida como esta totalidade que nos engloba a todos: mulheres, homens, plantas, animais, minerais. Ela é o próprio mundo e o princípio de vida que pulsa em cada ser criado. Ela é o ecosistema.
O que se busca é uma nova identidade humana, uma inteireza que inclua além da racionalidade, da auto-confiança e do poder do intelecto, os aspectos intuitivos, compassivos e o poder de cura de cada pessoa. Uma identidade humana que nos inclua, de modo consciente, na natureza sagrada de todos os seres na Terra.
Precisamos nos conscientizar que somos feitos dos mesmos elementos que constituem toda manifestação: terra, água, ar e fogo.
Nós somos parte - e apenas uma - do ecosistema!"
(in “Caldeirão da Bruxa)
SÓ UMA ESPIRITUALIDADE FEMININA que passa obrigatoriamente pela integração das "duas" mulheres cindidas pelo patriarcado ou seja, entre dois aspectos de si mesma, embora com conotações e funções diferentes, de acordo com os conceitos da Igreja de Roma (que inverteu o sentido do Amor-roma) e que dividiu basicamente a mulher entre a "santa e a p..." no mundo ocidental, pode dar a Dimensão do verdadeiro feminino.
Este aspecto pouco perceptível ao nível da nossa cultura em geral é um aspecto dissimulado e escamoteado pelas próprias mulheres e poucas se dão conta do drama que encerra essa divisão do Ser mulher, essa cisão vivida no seu âmago.
Este é o drama essencial das mulheres no mundo. Mas ele é vivido não só na nossa sociedade liberal como o é hoje a sociedade ocidental católica e protestante, mas também nas sociedades orientais, nomeadamente a muçulmana, embora com conotações e preconceitos diferentes, (outros profetas mas todos contra a mulher), com repercussões e repressão mais drásticas sem dúvida, mas mesmo assim, no fundo, em todas as religiões as mulheres são limitadas a padrões de comportamento de acordo com os "estatutos" atribuídos pela norma social e religiosa. Numa sociedade, a ocidental, mais permissiva, a mulher é despida e serve de objecto sexual podendo sofrer agravos de ordem moral e psicológica enquanto a mulher oriental é espancada ou morta por infringir a lei dos homens, vive fechada e anda toda tapada na rua...
Não é difícil compreender que existem esses dois padrões de mulheres na base de todos os estereótipos associados às mulheres no mundo inteiro. Só não os vemos porque estamos cegas pelo hábito da repressão e pela alienação em que vivemos. Mas eles são velhos como o tempo... vivemos sempre de mulheres livres a escravas, de esposas a concubinas, de mulheres a amantes, de senhoras a prostitutas, elas são sempre de duas espécies...até aos nossos dias.
Essas duas espécies de mulheres são na realidade o resultado da divisão que a sociedade representa como natural para os dois tipos de mulheres que nos habituamos a encarar com "normalidade" e que são, digamos assim, a "mulher séria" e a "mulher fácil", a esposa e a prostituta...sempre designadas por um valor sexual, sofrendo sempre a mesma humilhação entre muitas designações pejorativas e outros epítetos que servem para distinguir essas qualidades ou defeitos que a sociedade machista e misógina atribui à mulher à partida e que nada tem a ver com os valores que se atribuem aos homens como qualidades e defeitos, tais como a honestidade ou a valentia ou a nobreza de carácter...
As mulheres pertencem sempre a esses dois padrões e só depois lhes são atribuídas as qualidades "morais"...
Independentemente disso temos sempre uma mulher desabitada de um fundo próprio, privada da sua totalidade, obrigada a viver ora como objecto sexual ora reprodutor, educada e preparada sempre para servir o homem e a sociedade sem ter em conta a sua pessoa, a sua intimidade - pois os seus interesses são sempre em função do homem ou dos filhos - e a sua verdadeira natureza de Mulher Essencial. Mesmo a sua sexualidade raramente é sua mas a resposta ao prazer do homem e não seu...
A mulher, apesar de forma diferente talvez, é ainda hoje totalmente sacrificada à ditadura da "beleza" ou aos ideais de uma beleza masculina para consumo do homem e dos seus interesses e tem de corresponder sempre aos seus estereótipos. Ela veste-se, pinta-se, faz dietas, opera-se e mutila-se para agradar ao homem.
Destituída do seu valor próprio e da sua integridade a mulher habituou-se a corresponder a esses padrões sem conseguir articular um pensamento próprio ou ter capacidade para se insurgir e colocar-se acima deles...mesmo as mulheres mais inteligentes e capacitadas intelectualmente não conseguem enxergar que partem de uma condição de sujeição a esses padrões e que lutam dentro do quadro social e psicológico em que foram aprisionadas há séculos e por isso não saem deles senão a muito custo. Por essa mesma razão acham legítimo serem cartazes de pornografia e anúncios que as aviltam e sentem-se livres por posarem nuas para a playboy e agradar aos rapazes...elas já nem percebem o grau de degradação que vivem em nome de uma pseudoliberdade que a sociedade de consumo hoje lhes aponta como alternativa.
Por tudo isso não vêm que a Natureza da Mulher se encontra cindida em duas e que foi fracturada tanto na sua psique como na sua alma e mesmo no seu corpo, e assim limitam-se a viver e sofrer as consequências de uma divisão profunda que se deu num dado momento histórico e que progressivamente esqueceram o seu dom de iniciadoras da vida: assim esqueceram a sua ligação com a Natureza, aliadas naturais que eram das forças vivas da Natureza e dos animais enquanto sacerdotisas ou representante da Grande Deusa Mãe. Foram contaminadas e feitas prisioneiras das sociedades patriarcais que inicialmente destruíram os elos e ritos que mantinham a coesão da vida das mulheres ao reprimirem o seu lado instintivo e intuitivo. Os homens separaram a natureza instintiva e sensual da mulher para eleger uma mulher social reprimida, escrava, castrada e frígida que os serviu durante milénios para gerar filhos escravos.
Enquanto a Mulher não integrar essa parte essencial de si mesma, reflectida na sua Sombra ou na "outra" que foi ensinada a temer, ela não poderá chegar a esse nível profundo da sua psique...nem voltar a ligar-se à Natureza e salvar Gaia de uma destruição iminente.
Enquanto a mulher não fizer a ligação dessas partes de si cindidas não poderá afirmar-se no seu real valor e ter o seu verdadeiro lugar na sociedade e no mundo. Apesar das mulheres terem cada vez mais lugares de destaque e de liderança, admitamos isso, a sua força não lhes vem de um Verdadeiro Feminino Integrado, mas de um simulacro que ela vive dentro da Ordem Masculina, em que impera a força da violência, a diferença social entre os seres e a guerra como monopólio da terra.
Rosa Leonor Pedro IN: MULHERES & DEUSAS
Salvar a mãe Terra é essencial.
ResponderExcluirMas isso não é só um trabalho da mulher e do fluído feminino! Isso é um trabalho para todos os seres viventes, inclusive os homens.
Saudações estelares...
Bjs!
Nunca afirmei que só as mulheres são encubidas a missão de salvar a Terra pois tanto homens como mulheres são filhos da Deusa.
ResponderExcluirMas este texto dá ao aspecto feminino da questão, ao Princípio Feminino e as sacerdotisas a importância devida e negada às mulheres e a Terra Mãe ao longo dos séculos.
Abraços e que a Mãe Serpente abençoe a Ti e nós todas.
COmo vê minha amiga, as mulheres são as primeiras a vir eleger o papel os homens e sem eles não conseguem ser elas mesmas...apaixonadas pelos homens não se podem apaixonar por si mesmas nem ver que lhes falta algo de essencial. A sua amiga não percebeu que sem a mulher realizar primeiro a sua essência não pode ela ajudar Gaia nem os homens porque são crianças diante deles, diante do pai. A mulher continua a ser a menina do pai e a menina do namorada, sua posse e sua apaixonada...ficam cegas, mesmo quando defendem o feminino...
ResponderExcluirSe você continuar a citar-me e a copiar os meus textos vai perder leitoras...as mulher apaixonadas não gostam do que eu escrevo...
eu sou muito radical...já a Juliana se queixava...
abraço,
rosa leonor
Acredito que tudo na vida tenha uma razão de ser. Deus, O Pai, essa energia sem comparação,criou o homem para nós e vice versa. O que tem de mais ser apaixonada por homens? Para me apaixonar por eles tenho, primeiro, que ser apaixonada por mim mesma. Uma pessoa que não se ama não pode amar o outro,não é? As mulheres apaixonadas são sensíveis e fazem a diferença exatamente por isso!Amo a natueza como um todo e reconheço a importância de cada ser, inclusive da Terra da qual tiramos nosso alimento. No mais,sou mulher e exalo femiilidade, mas sou contra o radicalismo feminista.
ResponderExcluireu me sinto elevado em tão formosa companhia, mas Estrela, Gaia e Rosa, eu lhes peço que não confundam o "Deus Pai" com o Deus Gamo, o Consorte da Deusa.
ResponderExcluirOra meu caro, eu sei que o Galhudo e o pai patriarcal são bem diferentes entre si...
ResponderExcluirAbraços