O MISTÉRIO É A REVELAÇÃO DO FEMININO SAGRADO
"Uma pessoa que se diz pagã e não possuí aguda, clara e intensa consciência ecológica é alguém diletante, alguém que apenas repete formas prontas, sem entender a essência. Pois como estar em um movimento que busca ser uno com a vida sem ter essa consciência ecológica plenamente desenvolvida?"
- Um pessoa que se diz pagã, conforme este parágrafo do Nuvem que Passa, sem ter essa clara e intensa consciência ecológica fica sem entender a ESSÊNCIA do ser e, diz ele, é como que impossível ser uno com a vida e por isso não pode estar em sintonia com a Terra nem vendo a terra como mãe...
É aqui que começa a grande saga de uma história antiga e esquecido dos homens e que é a grande lacuna existente nas nossas tradições, a omissão do processo de integração do feminino ferido, do resgate do feminino condenado ao descrédito, do feminino ausente na mulher e no homem, e que lesa sobretudo as mulheres na sua essência porque elas estão cindidas no seu interior e sendo assim, são as mulheres que não podendo representar o seu papel de amantes e de mães na plenitude das suas energias e na posse da consciência do feminino sagrado, este, por assim dizer desactivado das sociedades patriarcais e mesmo dos caminhos esotéricos - estes seguem sempre a via do Pai, do Homem - E RARAMENTE DÃO A PALAVRA Á MULHER.
Raramente se tem em consideração esta realidade escamoteada da mulher amputada de si mesma e por isso, mesmo os melhores dos xamãs e buscadores do caminho, grandes guias ou mestres, esquecem e omitem esta grande ausência da verdadeira mulher e não enxergam como todo ou grande parte do problema da falta de consciência ecológica advém da falta DO FEMININO e por isso não há consumação dos processos iniciáticos porque falta a mulher autêntica, a mulher inteira que representa um dos Pólos da humanidade.
Foi a Mulher quem primeiro perdeu o elo consigo própria e a sua natureza primeva. Desta maneira, as mulheres (nem os homens) "Não conseguem sentir a Vida pulsando em tudo à nossa volta, perderam o elo com a Mãe Terra, ser vivo e dinâmico, com o qual podemos criar uma relação que nos permite um grau de completude, de plenitude existencial e energética inominável. Porque em vez da Mulher do início dos tempos, Iniciada por natureza, temos uma mulher cuja Natureza foi anulada no seu poder intrínseco pela intensa e terrível devastação secular do sacerdotes guerreiros, vindo das estepes, que arrasaram lugares de paz e harmonia, templos e costumes pacíficos, em que o feminino sagrado foi completamente abolido da terra pelos invasores bárbaros nas suas incursões ao mundo civilizado de então, muito antes da invasão ocidental aos povos nativos das Américas, segundo Riane Aisler no seu livro o Cálice e A Espada.
Deste modo, continuando a mulher a viver nos nossos dias sem a dimensão do sagrado, completamente perdida de si mesma e sem ser sequer respeitada como CORPO, ALMA E ESPÍRITO, porque não sendo consciente do SEU SER COMO UM TODO, nem consciente de si mesma e do seu poder interior - que lhe foi roubado pelos padres do deserto - não pode ser uma sacerdotisa digna representante da Deusa Mãe, como uma Mulher realizada na sua essência de origem, e assim consequentemente não pode haver uma consciência ecológica da Terra nem da Natureza como Mãe e Deusa porque a Mulher não cumpre o seu papel e é isto que dentro da espiritualidade em geral os mais "espirituais" esquecem...ou não equacionam sequer!
Como vários autores tem salientado os homens tratam a Natureza como tratam a Mulher...com negligência, desfrute ou desprezo, de forma arrogante e prepotente. Tratam com arrogância não só a mulher como a terra e a Mãe e todos os animais...
Portanto, nós não queremos um Jeová de saias... queremos uma Deusa Mulher e uma Mulher Deusa, porque sem a Mulher integrada, unida nas duas partes de si que foram separadas pela religião judaico-cristã, consciente das várias faces da Deusa, não há Ser Uno. Sem a Mulher como par integral, iniciadora do homem e a mediadora das forças cósmica ou telúricas, não há Homem superior pois sem o Sagrado Feminino não há casamento alquímico, não há caminho nem chegada...se o papel da Mulher não for cumprido e enquanto a mulher se mantiver sujeita e fragmentada em si não há ligação entre o céu e a terra, nem mulheres nem homens serão unos, nem haverá Paz na Terra.
A partir daqui acho do maior interesse ler o texto que se segue embora omitindo este importantíssimo aspecto que cabe à mulher reivindicar, é claro e transparente na sua posição e veracidade:
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" (...) A sintonia com a Vida e com a Terra, vista como Mãe, é algo que nós neo-pagãos bem entendemos. Este é o valor mais ausente desta cultura utilitarista e consumista que se instalou no mundo: Não conseguem sentir a Vida pulsando em tudo à nossa volta, perderam o elo com a Mãe Terra, ser vivo e dinâmico, com o qual podemos criar uma relação que nos permite um grau de completude, de plenitude existencial e energética inominável.
Um dos riscos que vejo na Wicca hoje é uma adoção de um culto formal à Deusa, fazendo aquilo que tantos chamam de criar um "jeová" de saias. Sem a consciência ecológica não há ligação com a Deusa. Sem a mudança dos paradigmas fundamentais nos quais fomos criados, que não são ecológicos, não levam a uma relação direta com a divindade sem intermediários e sentindo faces da divindade em cada aspecto da existência. Sem esses pontos-base não há paganismo. Sem perceber a Deusa na natureza e na vida como um todo não há paganismo efetivo. É minha opinião que os cultos a uma "personalização" da Deusa pouca relação tem com "sentir" e "celebrar" a Deusa, que sempre foi sentir e celebrar a própria vida em seus ciclos. Uma pessoa que se diz pagã e não possuí aguda, clara e intensa consciência ecológica é alguém diletante, alguém que apenas repete formas prontas, sem entender a essência. Pois como estar em um movimento que busca ser uno com a vida sem ter essa consciência ecológica plenamente desenvolvida? Este me parece o primeiro ponto.
Segundo ponto a debater é a questão de sentir a Deusa. A percepção da Deusa sem faces, da Deusa enquanto origem e fonte sempre foi um conhecimento iniciático. Pelo que pesquisei nenhum culto "popular" tinha essa concepção. Sempre neste nível mais "exotérico" o culto era a uma das faces da divindade, da Deusa. O conceito da Fonte sem Fonte, da Deusa sem face sempre esteve associado aos trabalhos já dentro dos chamados mistérios. Estes dois níveis da religiosidade antiga nunca podem ser esquecidas quando falamos sobre os cultos ancestrais, os cultos abertos ao público e portanto os únicos que deixaram registros possíveis de serem estudados pelos historiadores tinham um outro aspecto, secreto, oculto, transmitido apenas de boca para ouvido e que sobrevive até os dias de hoje dentro destas mesmas premissas, pois me parece uma das grandes ilusões contemporâneas crer que o secreto e o sagrado estão revelados. Aliás podem até estar, já que etimologicamente revelar é velar de novo. RE-velar. Mas nunca o sagrado, o segredo, os mistérios serão revelados neste sentido que dão ao termo, pois não é o mistério que pode ser aberto à compreensão limitada de quem apenas foi condicionado pela sociedade, mas somos nós que temos que nos desenvolver, sutilizar e ampliar nossa percepção para mergulhar na vastidão onde reside o secreto e o sagrado. Como a cor só se revela a alguém quando este alguém abre os olhos, não há como falar sobre cores a quem insiste em manter os olhos fechados.
O esoterismo contemporâneo, ou, melhor dizendo, o que se convencionou chamar de esoterismo hoje, é um conjunto de idéias que remete ao transcendente, mas ir ao transcendente é algo para ser feito com plenitude, jamais apenas como conceito intelectual. Da mesma forma, o paganismo é algo que hoje precisa ser recuperado. Não está em nós, criados como civilizados, de forma "natural". Por isso gosto do termo “neopagão”, fica claro que somos pessoas com toda uma influência cultural urbana, que pouco a pouco lutam para recuperar uma abordagem mais plena e realista da vida, que inclui o perceber da Vida em sua plenitude e da natureza como ser vivo e do qual fazemos parte. Por isso, lendo esta carta do chefe Seattle a gente volta a notar como são distintos e distantes os paradigmas da cultura que fomos criados e destes povos nativos." (...)
Nuvem que Passa
in http://pistasdocaminho.blogspot.com/
Encontrado por Rosa Leonor
ATENTEM:
Rosa Leonor é uma grande sacerdotisa que mora em portugal e vive agora a fase da Velha Sábia.
Gaia Lil é um a jovem iniciante, sacerdotisa brasileira.
Olá Leomor!
ResponderExcluirObrigado por fazer eco a pensamentos que sempre tive, mas que ainda não havia definido em palavras.
Uma delas é o termo neopagão, que simboliza esta busca por algo que perdemos nas cidades mas que colocamos como objetivo reencontrar: esta conexão com os ritmos da Terra.
Mais uma vez, obrigado.
Sergio
Ah, e escrevi seu nome errado, Leonor! Rs! Desculpa!
ResponderExcluirFico infinitamente lisongeada por ter sido confundida com essa minha grande amiga, mas eu não sou Rosa Leonor...Só que nossa escrita as vezes se parece, embora sejamos mulheres bem diferentes.
ResponderExcluirA Ela a experiência que não tenho.
Abraços
Mais uma gafe para o repertório! Kakakakaka! Quem manda eu abrir um monte de janelas ao mesmo tempo?
ResponderExcluirAinda sim, texto inspirado!
Não tem importância o Nome de quem fala em Nome da Deusa...somos todas/os seus filhos e filhas. Mas é bom mesmo assim sentir que as nossas palavras têm eco no mundo para lá das nossas fronteiras, sobretudo se falamos a mesma língua Mãe...
ResponderExcluirAÍ COMO AQUI o nosso amor à terra seja ela qual for, é mais importante do que o nosso pequeno ego pessoal ou nacional...apesar de todos gostarmos de a representarmos de acordo com o que sentimos e dizemos e ver o nosso nome brilhar junto com o da deusa...
com amor
rosa leonor