A Deusa e a Serpente
Todas as mitologias do mundo tinham uma representação simbólica, divinizada ou mágica da serpente, como a Serpente do Mundo na mitologia nórdica, Leviathan, a serpente marinha hebraica ou o ouroboros, "representado pela serpente mordendo a própria cauda, o grande dragão que vivia no mundo subterrâneo, antigo símbolo de sabedoria e do "eterno retorno" (do espírito para a matéria). Desde a sociedade neolítica e durante a Idade de Bronze, a serpente era divinizada na Europa, no Egito e Oriente pela sua vitalidade e rejuvenescimento periódico, sendo honrada pelo seu poder mágico e a habilidade de regeneração, sendo ao mesmo tempo subterrânea, celeste, telúrica e aquática. Devido aos seus movimentos ondulantes e a regeneração pela troca de pele, a serpente tornou-se imagem da Deusa da renovação e do renascimento, representando o despertar da vida após a hibernação vegetal ou a morte física. Uma antiga crença afirmava que a serpente não morria de velhice, mas que, ao trocar de pele, emergia renovada ou renascida, assim como os antigos chineses viam a ressurreição dos mortos, como um homem descartando a velha pele e dela mergindo jovem.
As culturas antigas não promoviam o atual medo irracional da serpente, que foi incutido pelo cristianismo; para os povos matrifocais ela era um ser sagrado, benevolente, mágico, símbolo da vida, da morte e do renascimento, guardiã das moradas, dos lugares e dos templos, curadora dos doentes, constituindo uma ligação com o mundo dos deuses e dos mortos. Imagens de deusas de várias culturas retratam uma figura feminina parcial ou totalmente representada como serpente, envolvida por ela ou tendo filhote de serpente nos seus braços. A junção simbólica da Deusa com a serpente representa a conjugação e o partilhar dos seus atributos, ambas sendo associadas ao nascimento, morte, ressurreição; a serpente através do seu hábito de trocar de pele, a Deusa pelos atributos lunares e o alternar dos ciclos da vida e das estações. A Lua era associada com a serpente devido à alternância das suas fases, representando o ciclo vegetal de ascensão, declínio, repouso e regeneração. Através de uma teia complexa de fios simbólicos, elas partilham os reinos da terra, da água, do mundo subterrâneo, da vida, da morte e do renascimento (vegetal e espiritual). O imaginário neolítico apresentou ao mundo inúmeras deusas com formas de serpente, tendo corpos longilíneos cobertos com listras ou linhas sinuosas, conhecidas pelas qualidades de fertilidade, maternidade, renovação. Os achados pré-históricos de estatuetas femininas eram associados com figuras de animais, principalmente pássaros, peixes, serpentes e felinos. Confeccionadas em marfim, osso, chifres ou pedras, estas representações antigas de Potnia Theron, a “Senhora dos Animais”, têm traços gravados nos seus corpos em forma de meandros, ondas ou espirais, que representavam o caminho sagrado para alcançar uma dimensão sutil, conectando o mundo visível ao invisível e a morte ao renascimento. A espiral é associada à água e à serpente, o labirinto sendo considerado o caminho percorrido por correntes de água ou o deslizar da serpente, dentro ou fora da terra. O mais antigo risco de um meandro serpentiforme, datado de 135.000 anos, foi encontrado sobre a parede de uma gruta de Dordogne, França. O meandro era a estilização da serpente, representando a energia da transmutação, que transcendia a compreensão humana. Uma antiga representação da serpente como Deusa-Mãe é originária do século V a.C. pertencendo aos antigos habitantes de Tessália, Grécia, associada ao mito de Eurynome, a Deusa Criadora que surge do caos dançando.
Teia de Theia - Jornal Online Deusa Viva
Todas as mitologias do mundo tinham uma representação simbólica, divinizada ou mágica da serpente, como a Serpente do Mundo na mitologia nórdica, Leviathan, a serpente marinha hebraica ou o ouroboros, "representado pela serpente mordendo a própria cauda, o grande dragão que vivia no mundo subterrâneo, antigo símbolo de sabedoria e do "eterno retorno" (do espírito para a matéria). Desde a sociedade neolítica e durante a Idade de Bronze, a serpente era divinizada na Europa, no Egito e Oriente pela sua vitalidade e rejuvenescimento periódico, sendo honrada pelo seu poder mágico e a habilidade de regeneração, sendo ao mesmo tempo subterrânea, celeste, telúrica e aquática. Devido aos seus movimentos ondulantes e a regeneração pela troca de pele, a serpente tornou-se imagem da Deusa da renovação e do renascimento, representando o despertar da vida após a hibernação vegetal ou a morte física. Uma antiga crença afirmava que a serpente não morria de velhice, mas que, ao trocar de pele, emergia renovada ou renascida, assim como os antigos chineses viam a ressurreição dos mortos, como um homem descartando a velha pele e dela mergindo jovem.
As culturas antigas não promoviam o atual medo irracional da serpente, que foi incutido pelo cristianismo; para os povos matrifocais ela era um ser sagrado, benevolente, mágico, símbolo da vida, da morte e do renascimento, guardiã das moradas, dos lugares e dos templos, curadora dos doentes, constituindo uma ligação com o mundo dos deuses e dos mortos. Imagens de deusas de várias culturas retratam uma figura feminina parcial ou totalmente representada como serpente, envolvida por ela ou tendo filhote de serpente nos seus braços. A junção simbólica da Deusa com a serpente representa a conjugação e o partilhar dos seus atributos, ambas sendo associadas ao nascimento, morte, ressurreição; a serpente através do seu hábito de trocar de pele, a Deusa pelos atributos lunares e o alternar dos ciclos da vida e das estações. A Lua era associada com a serpente devido à alternância das suas fases, representando o ciclo vegetal de ascensão, declínio, repouso e regeneração. Através de uma teia complexa de fios simbólicos, elas partilham os reinos da terra, da água, do mundo subterrâneo, da vida, da morte e do renascimento (vegetal e espiritual). O imaginário neolítico apresentou ao mundo inúmeras deusas com formas de serpente, tendo corpos longilíneos cobertos com listras ou linhas sinuosas, conhecidas pelas qualidades de fertilidade, maternidade, renovação. Os achados pré-históricos de estatuetas femininas eram associados com figuras de animais, principalmente pássaros, peixes, serpentes e felinos. Confeccionadas em marfim, osso, chifres ou pedras, estas representações antigas de Potnia Theron, a “Senhora dos Animais”, têm traços gravados nos seus corpos em forma de meandros, ondas ou espirais, que representavam o caminho sagrado para alcançar uma dimensão sutil, conectando o mundo visível ao invisível e a morte ao renascimento. A espiral é associada à água e à serpente, o labirinto sendo considerado o caminho percorrido por correntes de água ou o deslizar da serpente, dentro ou fora da terra. O mais antigo risco de um meandro serpentiforme, datado de 135.000 anos, foi encontrado sobre a parede de uma gruta de Dordogne, França. O meandro era a estilização da serpente, representando a energia da transmutação, que transcendia a compreensão humana. Uma antiga representação da serpente como Deusa-Mãe é originária do século V a.C. pertencendo aos antigos habitantes de Tessália, Grécia, associada ao mito de Eurynome, a Deusa Criadora que surge do caos dançando.
À medida que seus movimentos separam a terra do céu, Eurynome cria uma serpente gigante - Ophion – que se enrosca ao redor do seu corpo e copula com ela. Eurynome assume depois a forma de uma pomba, põe um ovo sobre as ondas e pede a Ophion que se enrosque sobre ele, para chocá-lo. Deste ovo cósmico surge a Criação universal: Sol, Lua estrelas, planetas e todos os seres vivos. Muitas imagens de Deusas da Europa Antiga são compostas, associando pássaro e serpente, ambos os animais dotados de poderes criadores e renovadores. A Deusa Pássaro e a Deusa Serpente podiam aparecer juntas, unidas em uma só imagem ou separadas, abrangendo a regência da terra, da água e do ar. Uma Deusa com características duplas de serpente e pássaro oriunda do século V a.C. e encontrada na Ucrânia, tem o corpo decorado com losangos e meandros, a púbis marcado com um losango. Dentro das suas amplas nádegas ela guarda um ovo, enquanto sobre o ventre são gravadas imagens de sementes, apontando seu papel no crescimento da vegetação. A forma curvilínea da serpente lembra a água corrente, o elemento indispensável para a sobrevivência das comunidades agrárias do período neolítico. A habilidade da troca da pele da serpente sugere a renovação constante do manto verde da terra e da vegetação, sendo uma descrição da energia que se autoregenera ao longo de um ciclo.
Em inúmeras culturas da Europa antiga até Índia, Mesopotâmia, Egito e Oriente próximo, foram encontradas estatuetas de madonas arcaicas, com filhos nos braços, muitas delas com reprodução de escamas no corpo ou com serpentes e espirais ao redor dos seus ventres, nádegas e braços. A antiga Deusa Serpente europeia reapareceu em Creta com uma nova definição e apresentação. As serpentes no seu corpo ou nos vasos com formas femininas representam o poder de dar e tirar a vida, contendo em si os pólos da dualidade, que se reconciliam, sem oposição, no equilíbrio da vida e da morte, da unidade e multiplicidade. Em Creta a Deusa é vista como uma energia fluida, divinamente manifesta no vôo dos pássaros e das abelhas, na dança dos golfinhos ou no entrelaçamento ondulante das serpentes, a multiplicidade de formas sendo um hino à natureza, celebrando a alegria e a vida. Inúmeros afrescos com deusas as mostram cercadas por serpentes, labrys, pombas, papoulas, sentadas ou ao lado da Árvore da Vida e oferecendo seus frutos. Serpentes ondulam entre Sol, Lua, estrelas, chuva, plantas, árvores como símbolos do principio dinâmico da energia vital, a água e a sua representação como serpente sendo as energias da vida. Uma estatueta em terracota de uma Deusa Serpente de Creta de 6000 a.C. sentada em posição de lótus, tem o corpo gravado com linhas paralelas e outras que ondulam, com a base larga afinando para cima, dando uma nítida sensação do seu poder telúrico. Uma madona micénica de 1400 a.C. com cabeça de pássaro, roupa solta e colar no pescoço afilado, segura um filho serpente nos braços; linhas horizontais serpenteiam e cobrem o corpo da mãe e do filho. Uma fascinante divindade serpentiforme de Creta de 1100 a.C. aparece dentro de um altar pequeno e pintado com padrões ondulantes; seu corpo é listrado, no pescoço tem um colar de três voltas, seus braços elevados - como se fossem invocar a força da vida - seguram uma corda, um gesto comum nos giros usados para os ritos de fertilidade.
Espirais duplas - que sugerem o movimento de entrar e sair de um labirinto - são encontradas em todo o mundo, como nos monumentos megalíticos de Irlanda, Grã-Bretanha, Malta e Creta, dentro dos túmulos ou gravados sobre pedras e altares, representando a renovação e o renascimento. No antigo Egito a serpente foi amplamente divinizada e ela presidia sobre assuntos ligados à fertilidade, nascimento, vida, morte e mundo subterrâneo. Estátuas de Deusas celestes, solares, telúricas e ctônicas usam formas de serpentes sobre as suas cabeças. Várias divindades são representadas com cabeças ou corpos de serpente, suas qualidades curativas, renovadoras e transformadoras sendo associadas ao mundo subterrâneo. A proteção conferida pela serpente como guardiã era tão importante que nenhum templo a dispensava. O bem estar da nação egípcia dependia da força da serpente, como símbolo de fertilidade, e do poder de Ísis como regente do rio Nilo. A venerada Deusa Neith, Senhora da Vida e do Destino aparece em uma das suas manifestações como uma grande cobra dourada; quando assumia feições humanas sua face e mãos eram verdes, simbolizando a vegetação. Neith é conhecida como a mais Antiga Deusa, pré-dinástica, regente da tecelagem e da magia, personificando as águas primordiais, o eterno principio da vida auto-sustentável, misteriosa e toda abrangente. Ela gerou o deus Ra, teceu com seu tear o céu e o mundo e com a rede recolheu das águas primordiais as criaturas que iriam viver na terra. Por ser a Mãe Criadora, nenhum mortal podia olhar sua face oculta, sob um véu, por isso na sua estátua estava escrito:
"Eu sou Aquela que é, foi e será e nenhum mortal levantou ainda o meu véu".
Ísis e Nephtis, a polaridade divina da luz e da sombra, foram equiparadas com a serpente dupla da vida e da morte, elas eram as únicas capazes de orientar as almas no mundo subterrâneo habitado por divindadesserpentes. Outra deusa egípcia com forma de serpente era Ua- Zit, a "Serpente Celestial" Doadora da Vida Eterna; seu símbolo, o ureus, significava "serpente" e "Deusa". No Oriente próximo, a serpente era reverenciada como personificação da sabedoria, por compreender os mistérios da vida e honrada pela sua habilidade de viver tanto nos vales férteis dos rios Tigre e Eufrates, quanto nos desertos áridos. Em ambos os ambientes, se deslocava velozmente sem pernas, trocava de pele para se renovar e atacava de forma fulminante, qualidades que a definiram como uma criatura mágica, mestra da cura e da sabedoria. Uma estatueta encontrada no templo da Deusa Ishtar, datada de 4000 a.C. representa uma mulher nua com cabeça de serpente e amamentando um filhote de serpente, aliando assim o calor e amor humanos com o sangue frio e os poderes ctônicos da serpente. A Deusa Anat era representa montada sobre um leão, segurando um lótus e cercada por serpentes, que representavam o ciclo da vegetação, seus atributos sendo de criação e destruição. A antiga Deusa síria da fertilidade Atargatis, Deusa celeste, telúrica e ctônica, tinha uma estátua de bronze em que sua cabeça emergia da boca da serpente, seu corpo cercado por sete voltas de uma grande serpente, em cujas escamas havia sete ovos escondidos, personificando o poder fertilizador da água, que gera e nutre a vida. A Deusa acadiana Ninhursag "A que dava vida aos mortos" era chamada de "Senhora das Serpentes". Na Índia a Deusa Kadru era a "Mãe Serpente" que gerou os Nagas, seres meio-serpentes, meio-humanos, muito sábios. Ananta,"O infinito", a Senhora do Fogo criador e da força feminina, também era uma Mãe-Serpente, protetora do ovo universal, enquanto Kundalini, a serpente ígnea feminina representava o poder vital encolhido na base da coluna e ativado por práticas tântricas para a iluminação. Os Serafins eram originariamente espíritos serpentiformes representando as chamas do fogo divino e que foram transformados depois em anjos. A serpente atua como um elo simbólico entre a Europa neolítica e Creta, os ancestrais dos minoanos chegaram a Creta trazendo totens como a serpente, pomba, chifres de touro e a machadinha de duas lâminas (labrys), imagens que foram também encontradas na Turquia e nos Balcãs, assim como nos vasos cretenses decorados com serpentes. Os mais belos exemplares de Creta são as estatuetas de deusas com serpentes originárias do palácio de Knossos, de 7000 a.C. A onipotência da Deusa é expressa pela tiara tríplice coroada por serpentes, seu corpete expõe os seios fartos mostrando sua qualidade nutridora, o avental tem desenhos ondulantes, os olhos grandes e fixos sugerem um estado hipnótico. Três serpentes cercam uma das figuras, duas entrelaçam sua cintura, sobem até as orelhas e se enroscam na tiara, a terceira sobe por um braço, atravessa os ombros e desce no outro braço. Outra estátua grande do porto de Knossos representa a "Mãe Serpente" com tiara tríplice, segurando uma serpente nas mãos, que sobe até a testa e olha para ela com um ar de devoção. No altar da Deusa Eileithia, regente dos partos, foi encontrada uma Deusa Serpente junto com vasos com formas femininas, cujas alças são formadas por serpentes. A famosa pedra Omphalos, de Delfos, considerada o "umbigo do mundo", tinha uma forma cônica - esculpida de um meteorito - representando o ventre da Mãe Terra e ao seu redor estava enrolada uma serpente, simbolizando o poder profético. Comprova-se assim o antigo culto de Gaia em uma gruta, a entrada para o Mundo Subterrâneo e dos mortos, cujo guardião era a serpente Python, que conhecia todos os segredos e transmitia-os apenas às sacerdotisas oraculares.
Pythia, a sacerdotisa oracular, entrava em transe inalando vapores emitidos por uma fonte sulfurosa e, com uma serpente enrolada no seu pescoço, transmitia as profecias “ouvidas” no som da água corrente. O culto de Gaia foi usurpado depois pelo deus Apolo, que matou a serpente Python, gesto que representou a destruição das forças matrifocais e do culto geocêntrico pelo novo poder solar e patriarcal. Mas a serpente, assim como a Pythia, sobreviveram durante séculos às tentativas dos sacerdotes de Apolo para erradicar o antigo culto oracular e a sacralidade feminina do templo de Delfos. Resquícios das Deusas Serpentes se encontram em vários mitos e imagens das deusas gregas como Athena (cujo templo tinha uma serpente viva e no seu manto apareciam várias serpentes), as Gorgonas e a Medusa (cujos cabelos formados por serpentes representavam seus poderes de vida e morte), Deméter e Hécate, cercadas por serpentes como símbolos do Mundo Subterrâneo. Em muitas outras culturas como a celta, escandinava, hindu, japonesa, chinesa, mexicana, hebraica e nas tradições nativas americanas e australianas, a serpente faz parte da mitologia, aparecendo também na arte e na literatura como um símbolo sagrado, transformador e renovador.
A serpente reaparece no Antigo Testamento, sendo um dos mais temidos e combatidos símbolos pelos cristãos, empenhados em suprimir os vestígios da Tradição da Deusa e a diminuição da importância da mulher e do seu poder sagrado. A serpente do Gênesis enrolada ao redor da Árvore da Vida relembra antigos mitos da Mesopotâmia, Egito, Grécia, em que a serpente era a manifestação da Deusa porém a serpente não mais era vista como guardiã da Árvore da Vida e do conhecimento - como nas antigas religiões -, mas um poder negativo e destrutivo, que provocou a expulsão do paraíso. Ela sobreviveu no caduceu, cujo eixo representa o Pilar Cósmico e, as serpentes, os poderes de vida, cura e morte. No Gênesis não existe a Deusa, apenas uma mulher mortal com o mesmo nome divino de Eva, "A Mãe de todos os seres vivos"; a serpente aparece como a instigadora da desgraça e não mais promotora da sabedoria e do renascimento. A associação entre a Eva e serpente foi feita de forma pejorativa, acrescentando também a figura do diabo; em pinturas medievais Satã aparece como uma serpente, com o rosto de Eva, "tentando" Adão. A serpente passou a ser considerada um poderoso elo entre mal, pecado e sexualidade, Eva sendo uma criação de Satã ou sua emissária no mundo, usando a astúcia e maldade da serpente. É possível que o mito do Jardim de Éden tenha sido inspirado na antiga imagem da Deusa de Canãa, representada como a Árvore da Vida, entregando a maçã da sabedoria para o primeiro ser humano, enquanto a serpente está enroscada nos galhos da árvore. Em uma antiga imagem sumeriana da Idade de Bronze a Deusa e Seu Consorte estão sentados na frente de uma árvore frutífera, com a serpente enrolada nela. Ambos estendem suas mãos para obter os dons da imortalidade e iluminação, representando assim a união dos opostos –vida e morte - e a regeneração. A Árvore da Vida tinha sido associada com a serpente mil anos antes do Gênesis, a árvore unindo o céu e a terra e conciliando os opostos, a serpente sendo o espírito que a animava, guardiã e símbolo dos processos alternantes de vida e morte. A tualmente a serpente serve como metáfora para a maneira imprevisível e enigmática em que as nossas vidas mudam, se entrelaçam, serpenteiam e se renovam. Também é conhecida sua utilização simbólica e mágica em rituais de transmutação dos "venenos" psíquicos, emocionais e energéticos, liberando as energias prejudiciais para a evolução espiritual e transmutando-as em ferramentas de poder, sabedoria e evolução.
Pythia, a sacerdotisa oracular, entrava em transe inalando vapores emitidos por uma fonte sulfurosa e, com uma serpente enrolada no seu pescoço, transmitia as profecias “ouvidas” no som da água corrente. O culto de Gaia foi usurpado depois pelo deus Apolo, que matou a serpente Python, gesto que representou a destruição das forças matrifocais e do culto geocêntrico pelo novo poder solar e patriarcal. Mas a serpente, assim como a Pythia, sobreviveram durante séculos às tentativas dos sacerdotes de Apolo para erradicar o antigo culto oracular e a sacralidade feminina do templo de Delfos. Resquícios das Deusas Serpentes se encontram em vários mitos e imagens das deusas gregas como Athena (cujo templo tinha uma serpente viva e no seu manto apareciam várias serpentes), as Gorgonas e a Medusa (cujos cabelos formados por serpentes representavam seus poderes de vida e morte), Deméter e Hécate, cercadas por serpentes como símbolos do Mundo Subterrâneo. Em muitas outras culturas como a celta, escandinava, hindu, japonesa, chinesa, mexicana, hebraica e nas tradições nativas americanas e australianas, a serpente faz parte da mitologia, aparecendo também na arte e na literatura como um símbolo sagrado, transformador e renovador.
A serpente reaparece no Antigo Testamento, sendo um dos mais temidos e combatidos símbolos pelos cristãos, empenhados em suprimir os vestígios da Tradição da Deusa e a diminuição da importância da mulher e do seu poder sagrado. A serpente do Gênesis enrolada ao redor da Árvore da Vida relembra antigos mitos da Mesopotâmia, Egito, Grécia, em que a serpente era a manifestação da Deusa porém a serpente não mais era vista como guardiã da Árvore da Vida e do conhecimento - como nas antigas religiões -, mas um poder negativo e destrutivo, que provocou a expulsão do paraíso. Ela sobreviveu no caduceu, cujo eixo representa o Pilar Cósmico e, as serpentes, os poderes de vida, cura e morte. No Gênesis não existe a Deusa, apenas uma mulher mortal com o mesmo nome divino de Eva, "A Mãe de todos os seres vivos"; a serpente aparece como a instigadora da desgraça e não mais promotora da sabedoria e do renascimento. A associação entre a Eva e serpente foi feita de forma pejorativa, acrescentando também a figura do diabo; em pinturas medievais Satã aparece como uma serpente, com o rosto de Eva, "tentando" Adão. A serpente passou a ser considerada um poderoso elo entre mal, pecado e sexualidade, Eva sendo uma criação de Satã ou sua emissária no mundo, usando a astúcia e maldade da serpente. É possível que o mito do Jardim de Éden tenha sido inspirado na antiga imagem da Deusa de Canãa, representada como a Árvore da Vida, entregando a maçã da sabedoria para o primeiro ser humano, enquanto a serpente está enroscada nos galhos da árvore. Em uma antiga imagem sumeriana da Idade de Bronze a Deusa e Seu Consorte estão sentados na frente de uma árvore frutífera, com a serpente enrolada nela. Ambos estendem suas mãos para obter os dons da imortalidade e iluminação, representando assim a união dos opostos –vida e morte - e a regeneração. A Árvore da Vida tinha sido associada com a serpente mil anos antes do Gênesis, a árvore unindo o céu e a terra e conciliando os opostos, a serpente sendo o espírito que a animava, guardiã e símbolo dos processos alternantes de vida e morte. A tualmente a serpente serve como metáfora para a maneira imprevisível e enigmática em que as nossas vidas mudam, se entrelaçam, serpenteiam e se renovam. Também é conhecida sua utilização simbólica e mágica em rituais de transmutação dos "venenos" psíquicos, emocionais e energéticos, liberando as energias prejudiciais para a evolução espiritual e transmutando-as em ferramentas de poder, sabedoria e evolução.
Teia de Theia - Jornal Online Deusa Viva
FANTÁSTICO!!!PARABÉNS!
ResponderExcluirUNIÃO-HARMONIA E AMOR!!!
Obrigada, desejo o mesmo para ti.
ResponderExcluirUau, que pena que só fui conhecer esses assuntos agora, parabéns pela publicação, muito boa!
ResponderExcluirsou grata por todo conhecimento compartilhado neste site.
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