segunda-feira, 9 de agosto de 2010

UM DRAMA DE TODAS AS MULHERES

RELATIVO AO CASO SAKINEH
Blogger Spooky disse...

Não sou a favor da traição.
mas não posso deixar de comentar sobre isso, muitas pessoas acham que é por que no Irã...
Mas no Brasil acontecem coisas cada vez piores com crianças e mulheres.
Sim, é muito bonito e utopico o Sr. Presidente Lula, bancar o bonzinho, mas deveria se preocupar com nossas mulheres em primeiro lugar, após solucionar boa parte de nossos problemas e servir de exemplo aos outros paises, ai sim intervir.
Também fico chateado como em alguns paises ainda seguem a linha de pensamento arcaico que mulher é um objeto do mundo masculino, isso tem que acabar.

Creio que quando se referiu a traição estava a falar tanto por parte masculina quanto por feminina, mas mesmo assim neste termo eu descordo: Uma mulher deve ser livre para se deitar com quem bem lhe apetecer tal como um homem tem de ser livre. Num relacionamento a dois para mim o que importa não é a fidelidade mas sim a lealdade entre dois seres, entre dois iguais, entre dois seres humanos.

Quando ao fato de ser no Irã ou no Brasil, isso não importa porque a violência dada a uma mulher numa parte do Globo seja nos EUA ou no México é inadmissivel pois a nivel alquímico todas as mulheres do planeta estão interligadas pela matriz da Grande Mãe. Temos que entender que a dor do outro, também é nossa dor.

É claro que a nivel temporal e civil entendo o que você quer dizer, e de fato no nosso país este é um grande problema, mas a violência as mulheres é bem mais grave do que parece.

"(...)Líderes como o aiatolá Khomeini e Zia-ul-Haq parecem não associar a terrível pobreza de seu povo ao fato de nessas culturas as mulheres serem consideradas instrumentos de reprodução controlados pelo homem
A dedução feita pela imprensa mundial, e até pela maior parte dos estudos especializados, é a de que exemplos como esses demonstram sobretudo uma falta de inteligência ou consciência por parte dos governos envolvidos. Mas tal impressão pode ser perigosamente equivocada.(...) Na verdade, eles refletem aguda consciência do que é necessário para a manutenção do sistema androcrático em nível mundial"
Os EUA — que exercem influência exagerada sobre as políticas de nações superpopulosas e consomem uma percentagem desproporcional dos recursos mundiais — regrediram recentemente a políticas que aumentam, em vez de reduzir, as taxas de natalidade(...), numa manobra calculada para negar às mulheres acesso igual e justo a opções de vida não reprodutoras, a administração Reagan opôs-se também firmemente à Emenda de Igualdade de Direitos proposta para a Constituição Americana, ignorando ou efetivamente revogando antigas leis destinadas a equiparar as oportunidades educacionais e trabalhistas das mulheres. Em outras regiões do mundo, com a notável exceção de nações como a China, Indonésia, Tailândia e, mais recentemente, Quênia e Zimbabwe, o planejamento familiar raramente constitui prioridade básica. Ao contrário, na Romênia comunista, um dos países mais pobres do bloco oriental, o presidente Nicolae Ceausescu declarou "dever patriótico" das mulheres ter quatro filhos, exigindo que elas se submetessem a testes de gravidez mensais em seus locais de trabalho e fornecessem explicações médicas para a "ausência persistente de gravidez". E, em muitas das nações superpopulosas e mais pobres do mundo em desenvolvimento, as mulheres têm negado seu acesso ao controle da natalidade (...)Embora em uma primeira e histórica Conferência Internacional sobre População, em 1984, a "melhoria da condição das mulheres em todo o mundo" tenha sido declarada objetivo fundamental em si mesmo e devido a sua importância na redução da fertilidade, as políticas capazes de criar as oportunidades e motivações para as mulheres limitarem os nascimentos são prioridades bem secundárias praticamente em toda parte. Além disso, a situação continua a mesma — apesar de a clara mensagem dos especialistas em demografia de todo o mundo ressaltar que, se o planejamento populacional tiver êxito, criando papéis satisfatórios e socialmente gratificantes para as mulheres, em vez de seus papéis de esposas e mães, isto ainda é mais importante do que a existência de instrução para o controle da natalidade. Claro que as alternativas são simples. Os meios tradicionais de refrear o crescimento populacional têm sido a doença, a fome e a guerra. Dar prioridade à liberdade de reprodução e à igualdade feminina é a única forma alternativa de deter a explosão demográfica. Mas proporcionar a essas "questões femininas" prioridade máxima significaria o fim do atual sistema (...)Em essência, eles concluem que, a curto prazo, a fome disseminada ajudará a reduzir o excesso populacional, e a longo prazo, os homens que dirigem os impérios econômicos mundiais produzirão, através de competição agressiva e desenfreada, tanta riqueza que uma quantidade suficiente "pingará" e alimentará os muitos bilhões que estão por vir(...)Eles continuam a falar de fome e pobreza em termos gerais — quando as evidências mostram com nitidez que, de acordo com a ordem estabelecida pelo sistema de supremacia androcrática/dominadora, a pobreza e a fome de fato são basicamente "questões femininas". De acordo com estatísticas do governo americano, as famílias dirigidas por mulheres são as mais pobres dos EUA, com um índice de pobreza que é o triplo do de outras famílias, e dois em cada três americanos pobres e idosos são mulheres. No mundo em desenvolvimento as realidades são ainda mais sombrias. Na África, campos de refugiados internos e externos, onde milhares estão famintos, os mais pobres dos pobres e os mais famintos dos famintos são as mulheres e seus filhos. E, como documentam o relatório das Nações Unidas, Situação das Mulheres no Mundo— 1985 e muitos outros relatórios oficiais e não-oficiais, a situação na Ásia e América Latina é a mesma(...)A questão está em que nas sociedades de supremacia masculina a pobreza e a fome das mulheres têm raízes bem mais profundas. Ela não se limita somente a famílias encabeçadas por mulheres. Esse é um problema de organização familiar, na qual o "cabeça" masculino do casal detém o poder sancionado socialmente de determinar de que forma os recursos ou o dinheiro serão distribuídos e utilizados. Por exemplo, em nossa história ocidental, seja entre os servos russos, os mineiros irlandeses ou os operários americanos, muitos homens consideram uma afronta à sua masculinidade "entregar" seus salários para que as esposas possam comprar alimentos para a família. Ao contrário, como muitos homens ocidentais o fazem ainda hoje, eles bebem ou gastam o salário com o jogo, espancam as esposas por "encherem o saco" se, ao fazerem uma objeção, estas desafiam a autoridade masculina. Este padrão de comportamento é também freqüente em muitos países latino-americanos e em vastas regiões da África. Além disso, em grande parte do mundo em desenvolvimento, as mulheres que preparam — e freqüentemente também cultivam — o alimento para a família não comem enquanto os homens não terminarem. Mais uma vez, há um fundamento lógico para tais padrões de alimentação sexualmente discriminatórios. Com freqüência, em locais onde as mulheres trabalham duro do amanhecer ao anoitecer, argumenta-se que os homens necessitam de mais comida, ou que estas são "tradições étnicas" nas quais imigrantes ocidentais não devem se meter. Há também a lógica para tabus alimentares que proíbem as mulheres, particularmente as grávidas, de comer os mesmos alimentos de que precisam para manter a saúde. Em conseqüência, estudos da Organização Mundial de Saúde mostram que a anemia nutricional aflige quase metade de todas as mulheres do Terceiro Mundo em idade de procriar mais da metade das mulheres grávidas! Contudo, tais padrões sexualmente discriminatórios na distribuição dos recursos não afetam seriamente "apenas" as mulheres. Eles também apresentam terríveis implicações para os homens — e para a evolução humana. É de conhecimento geral que as mães com desnutrição costumam conceber filhos com maiores probabilidades de debilidade e doença. Isso obviamente afeta tanto as crianças do sexo feminino quanto as do sexo masculino, as quais nascem com menos peso e freqüência também mentalmente deficientes, ou, na melhor das hipóteses, dotadas de inteligência inferior, o que não aconteceria se mães recebessem alimentação adequada.
Assim, como nosso mundo ignora sistematicamente essas questões humanas ainda consideradas "femininas", milhões de seres humanos de ambos os sexos são privados de seu direito de nascimento: a oportunidade de levar vidas saudáveis, produtivas e gratificantes. E, como direitos das mulheres não são considerados direitos humanos, não só nossa evolução cultural mas também nossa evolução biológica são às necessariamente sustadas. Também pareceria lógico tomar providências imediatas para mudar os padrões de distribuição alimentar sexualmente discriminatórios. Mas, como na questão das políticas populacionais e de desenvolvimento, há nas androcracias sistemas esmagadores de restrição. O problema básico consiste em que, nas sociedades de supremacia masculina, há dois obstáculos fundamentais na formulação e implementação das políticas capazes de lidar de forma eficaz com nossos crescentes problemas globais. O primeiro obstáculo está no fato de que os modelos de realidade necessários à dominação masculina exigem que todas as questões importantes no que se refere a nada menos de metade da humanidade sejam ignoradas ou vulgarizadas. Essa monumental exclusão de dados constitui omissão de tal magnitude que, em qualquer outro contexto, os cientistas a condenariam como falha metodológica fatal(...)Logo, as políticas que enfraqueceriam a dominação masculina — e a maioria das políticas que oferecem qualquer esperança no futuro da humanidade — não podem ser implementadas. Mesmo se forem formuladas, tais políticas precisam ser arquivadas, devem receber fundos insuficientes ou então devem ser desvirtuadas a ponto de perder sua eficácia."

enxertos de O Cálice e a Espada - Riane Eisler

Ou seja, a nível prático se o Patriarcado continuar no poder mundial teremos algo parecido com o Apocalipse bíblico.

E nós que nos podemos fazer em relação a tudo isso?
Simplesmente não aceitar os modelos de comportamento patriarcal e muito menos ensina los a nossos filhos, a próxima geração. O grande esforço das mulheres é não apenas estar em pé de igualdade com os homens mas também compreender seu poder pessoal a nível espiritual. Enquanto não houver uma revolução de comportamento nas mulheres do ocidente muito pouco poderá ser feito no oriente. Uma mulher ao mudar sua forma de pensar e agir afetará outras mulheres e o mesmo é algo que os homens devem fazer.


Um comentário:

  1. nesse mesmo sentido e mais aprofundado, Riane Eisler mostrou a raiz destes problemas e uma proposta para uma cura no livro "O Prazer Sagrado", que você já deve ter.

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Que o Poder Infinito da Deusa e da Mãe Natureza purifique seus caminhos.