O LIVRINHO QUE VEIO DO "CÉU" (?)
"Assim, através do processo de replicação de sistemas agora descoberto por cientistas como Vilmos Csanyi, milhões de pessoas ainda hoje mostram-se incapazes de perceber o que nossa literatura sagrada de fato afirma, e como essa literatura funciona de maneira a manter os limites que nos mantêm
aprisionados em um sistema dominador. Talvez o exemplo mais notável dessa cegueira induzida pelos sistemas esteja no tratamento bíblico dado ao estupro. No Livro dos Juizes, capítulo 19, os sacerdotes que escreveram a Bíblia nos falam de um pai que oferece sua filha virgem a uma turba de bêbados. Ele tem um convidado em sua casa, um homem da tribo dos levitas, de alta casta. Um bando de desordeiros da tribo de Benjamin exige que ele saia, aparentemente com a intenção de surrá-lo. "Olhai", fala o pai para a turba, "eis aqui minha filha, uma donzela, e sua concubina (do hóspede); trago-as agora até vós, e degradai-as, e fazei com elas o que vos parecer adequado, mas a este homem não façais tal vileza."
Isso nos chega de passagem, como questão de pequena importância. Em seguida, com o desdobrar da história, sabemos como "o homem tomou sua concubina e levou-a diante deles, e eles a conheceram e violaram-na a noite inteira, até o amanhecer"; como a concubina voltou rastejando até a soleira da porta da casa onde "seu senhor" dormia; como, ao despertar e "abrir a porta da casa, e sair para seguir seu caminho", ele tropeçou na mulher e ordenou: "Levanta, sigamos o caminho"; e como por fim, descobrindo estar ela morta, ele carregou seu corpo às costas e foi para casa.
Em momento algum da narrativa dessa história brutal a respeito da traição da confiança de uma filha e uma amante e do estupro e assassínio de uma mulher desamparada, percebemos qualquer vestígio de compaixão, muito menos de indignação moral ou ultraje. Contudo, ainda mais importante — e intrigante — é que a oferta do pai no sentido de sacrificar o que naquela época constituía atributo mais valioso de sua própria filha, sua virgindade, e possivelmente também sua vida, não violava qualquer lei. Ainda mais intrigante é que as ações que previsivelmente levaram ao estupro, à tortura e ao assassinato, praticados pela turba, de uma mulher essencialmente esposa de um levita tampouco fossem consideradas fora da lei — e este é um livro repleto de prescrições e proscrições aparentemente intermináveis sobre o que é moral e legalmente certo e errado.
Em suma, é tão estreita a moralidade desse texto sagrado que apresenta de forma ostensiva a lei divina, que nele vemos que metade da humanidade podia ser entregue legalmente pelos próprios pais e maridos para ser estuprada, torturada ou morta, sem qualquer temor à punição — ou mesmo desaprovação moral.
Ainda mais brutal é a mensagem de uma história até hoje lida regularmente como parábola moral em congregações e classes de catecismo em todo o mundo ocidental: a famosa história de Lot, que, sozinho, foi poupado por Deus quando as cidades pecadoras e imorais de Sodoma e Gomorra foram destruídas. Aqui, mais uma vez segundo o Génese 19:8, com a mesma insensibilidade prosaica, no que aparentemente era costume difundido e socialmente aceito, Lot oferece as duas filhas virgens (provavelmente ainda crianças, pois naquela época as meninas casavam muito cedo) a uma turba que ameaçava dois convidados masculinos na casa. Outra vez, não há traços de qualquer violação à lei ou qualquer expressão de indignação justiceira diante de tratamento tão anormal dispensado pelo pai às suas próprias filhas. Muito ao contrário, como os dois hóspedes de Lot eram anjos enviados por Deus, enquanto o Senhor "fez chover sobre Sodoma e Gomorra enxofre e fogo" por suas "perversões", Lot foi recompensado pelas suas!. Só ele e a família foram poupados.
Segundo a perspectiva da teoria de transformação cultural, o que podemos depreender desses exemplos de moralidade bíblica e do sistema que buscava manter? Fica claro que a moralidade que impõe a escravidão sexual feminina era imposta pelos homens de forma a satisfazer as exigências econômicas de um sistema rigidamente masculino em que a propriedade era transmitida de pai para filho e os benefícios do trabalho de mulheres e crianças destinavam-se ao homem. Ela era também imposta a fim de satisfazer à exigência política e ideológica de que as realidades sociais da antiga ordem na qual as mulheres eram sexual, econômica e politicamente livres, e na qual a Deusa era a deidade suprema, fossem inteiramente anuladas. Pois só através de tal anulação poderia ser mantida uma estrutura de poder baseada em rígidas categorias. Segundo vimos, não foi coincidência, em todo o mundo antigo, a imposição do domínio
masculino como parte da mudança de uma forma de organização pacífica e igualitária da sociedade humana para uma ordem hierárquica e violenta governada por homens gananciosos e brutais. Tampouco é coincidência, considerando-se de uma perspectiva sistêmica, as mulheres serem excluídas, no Antigo Testamento, de seus antigos papéis de sacerdotisas, a fim de que as leis religiosas que passaram a governar a sociedade fossem elaboradas unicamente pêlos homens. Não há coincidência tampouco nas árvores da sabedoria e da vida, outrora associadas ao culto da Deusa, serem apresentadas aqui como propriedade privada de uma deidade masculina suprema — simbolizando e legitimando o poder absoluto de vida e morte, das castas masculinas dominantes sobre a sociedade, bem como de todos os homens sobre as mulheres.
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IN O CÁLICE E A ESPADA - Riane Eisler
NOTA:
Pois de fato a Bíblia já foi falsificada durante seu próprio nascimento pois é compilação e adaptação hebraica de textos Mesopotãnicos e de Canaã, aonde a Deusa era cultuada, e tais textos foram readaptados e acoplados uns aos outros pela sacerdotes patriarcais hebreus ( note na primeira narrativa Genesi a mulher e o homem nascem iguais já na segunda a mulher nasce da costela do homem portanto sendo lhe inferior, numa contradição da própria vida e da natureza), e eu jamais afirmei que não acreditava no Deus, mas acredito nele enquanto que Filho e Amante Senhor e Rei da Natureza, como Cornífero, a expressão masculina do Poder da Deusa e não como o grande pai castigar bíblico...Salvante O Cântico dos Cânticos que é resquício de um antigo hino de fertilidade da Deusa Mãe e do Deus, não a em nenhuma parte na bíblia, antiga ou atual aonde a Mulher seja exaltada ou ao menos respeitada.
"Assim, através do processo de replicação de sistemas agora descoberto por cientistas como Vilmos Csanyi, milhões de pessoas ainda hoje mostram-se incapazes de perceber o que nossa literatura sagrada de fato afirma, e como essa literatura funciona de maneira a manter os limites que nos mantêm
aprisionados em um sistema dominador. Talvez o exemplo mais notável dessa cegueira induzida pelos sistemas esteja no tratamento bíblico dado ao estupro. No Livro dos Juizes, capítulo 19, os sacerdotes que escreveram a Bíblia nos falam de um pai que oferece sua filha virgem a uma turba de bêbados. Ele tem um convidado em sua casa, um homem da tribo dos levitas, de alta casta. Um bando de desordeiros da tribo de Benjamin exige que ele saia, aparentemente com a intenção de surrá-lo. "Olhai", fala o pai para a turba, "eis aqui minha filha, uma donzela, e sua concubina (do hóspede); trago-as agora até vós, e degradai-as, e fazei com elas o que vos parecer adequado, mas a este homem não façais tal vileza."
Isso nos chega de passagem, como questão de pequena importância. Em seguida, com o desdobrar da história, sabemos como "o homem tomou sua concubina e levou-a diante deles, e eles a conheceram e violaram-na a noite inteira, até o amanhecer"; como a concubina voltou rastejando até a soleira da porta da casa onde "seu senhor" dormia; como, ao despertar e "abrir a porta da casa, e sair para seguir seu caminho", ele tropeçou na mulher e ordenou: "Levanta, sigamos o caminho"; e como por fim, descobrindo estar ela morta, ele carregou seu corpo às costas e foi para casa.
Em momento algum da narrativa dessa história brutal a respeito da traição da confiança de uma filha e uma amante e do estupro e assassínio de uma mulher desamparada, percebemos qualquer vestígio de compaixão, muito menos de indignação moral ou ultraje. Contudo, ainda mais importante — e intrigante — é que a oferta do pai no sentido de sacrificar o que naquela época constituía atributo mais valioso de sua própria filha, sua virgindade, e possivelmente também sua vida, não violava qualquer lei. Ainda mais intrigante é que as ações que previsivelmente levaram ao estupro, à tortura e ao assassinato, praticados pela turba, de uma mulher essencialmente esposa de um levita tampouco fossem consideradas fora da lei — e este é um livro repleto de prescrições e proscrições aparentemente intermináveis sobre o que é moral e legalmente certo e errado.
Em suma, é tão estreita a moralidade desse texto sagrado que apresenta de forma ostensiva a lei divina, que nele vemos que metade da humanidade podia ser entregue legalmente pelos próprios pais e maridos para ser estuprada, torturada ou morta, sem qualquer temor à punição — ou mesmo desaprovação moral.
Ainda mais brutal é a mensagem de uma história até hoje lida regularmente como parábola moral em congregações e classes de catecismo em todo o mundo ocidental: a famosa história de Lot, que, sozinho, foi poupado por Deus quando as cidades pecadoras e imorais de Sodoma e Gomorra foram destruídas. Aqui, mais uma vez segundo o Génese 19:8, com a mesma insensibilidade prosaica, no que aparentemente era costume difundido e socialmente aceito, Lot oferece as duas filhas virgens (provavelmente ainda crianças, pois naquela época as meninas casavam muito cedo) a uma turba que ameaçava dois convidados masculinos na casa. Outra vez, não há traços de qualquer violação à lei ou qualquer expressão de indignação justiceira diante de tratamento tão anormal dispensado pelo pai às suas próprias filhas. Muito ao contrário, como os dois hóspedes de Lot eram anjos enviados por Deus, enquanto o Senhor "fez chover sobre Sodoma e Gomorra enxofre e fogo" por suas "perversões", Lot foi recompensado pelas suas!. Só ele e a família foram poupados.
Segundo a perspectiva da teoria de transformação cultural, o que podemos depreender desses exemplos de moralidade bíblica e do sistema que buscava manter? Fica claro que a moralidade que impõe a escravidão sexual feminina era imposta pelos homens de forma a satisfazer as exigências econômicas de um sistema rigidamente masculino em que a propriedade era transmitida de pai para filho e os benefícios do trabalho de mulheres e crianças destinavam-se ao homem. Ela era também imposta a fim de satisfazer à exigência política e ideológica de que as realidades sociais da antiga ordem na qual as mulheres eram sexual, econômica e politicamente livres, e na qual a Deusa era a deidade suprema, fossem inteiramente anuladas. Pois só através de tal anulação poderia ser mantida uma estrutura de poder baseada em rígidas categorias. Segundo vimos, não foi coincidência, em todo o mundo antigo, a imposição do domínio
masculino como parte da mudança de uma forma de organização pacífica e igualitária da sociedade humana para uma ordem hierárquica e violenta governada por homens gananciosos e brutais. Tampouco é coincidência, considerando-se de uma perspectiva sistêmica, as mulheres serem excluídas, no Antigo Testamento, de seus antigos papéis de sacerdotisas, a fim de que as leis religiosas que passaram a governar a sociedade fossem elaboradas unicamente pêlos homens. Não há coincidência tampouco nas árvores da sabedoria e da vida, outrora associadas ao culto da Deusa, serem apresentadas aqui como propriedade privada de uma deidade masculina suprema — simbolizando e legitimando o poder absoluto de vida e morte, das castas masculinas dominantes sobre a sociedade, bem como de todos os homens sobre as mulheres.
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IN O CÁLICE E A ESPADA - Riane Eisler
NOTA:
Pois de fato a Bíblia já foi falsificada durante seu próprio nascimento pois é compilação e adaptação hebraica de textos Mesopotãnicos e de Canaã, aonde a Deusa era cultuada, e tais textos foram readaptados e acoplados uns aos outros pela sacerdotes patriarcais hebreus ( note na primeira narrativa Genesi a mulher e o homem nascem iguais já na segunda a mulher nasce da costela do homem portanto sendo lhe inferior, numa contradição da própria vida e da natureza), e eu jamais afirmei que não acreditava no Deus, mas acredito nele enquanto que Filho e Amante Senhor e Rei da Natureza, como Cornífero, a expressão masculina do Poder da Deusa e não como o grande pai castigar bíblico...Salvante O Cântico dos Cânticos que é resquício de um antigo hino de fertilidade da Deusa Mãe e do Deus, não a em nenhuma parte na bíblia, antiga ou atual aonde a Mulher seja exaltada ou ao menos respeitada.
Gaia Lil
Um comentário:
FAÇO DE MINHAS AS SUAS PALAVRAS...
DE FATO,NA BÍBLIA A MULHER É TRATADA COMO LIXO, O QUE É INJUSTO IMORAL.]SE NÃO FOSSEM POR NÓS,NÃO HAVERIA VIDA NA TERRA....
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