"E aqueles que pensam em Me procurar, saibam que a vossa busca e vosso anseio devem beneficiar-vos apenas se vós souberdes o Mistério; se o que vós procurardes, vós não achardes dentro de vós mesmos, então nunca encontrarão fora. Pois eu tenho estado convosco desde o Início e Eu Sou Aquela que é alcançada ao final do desejo"


terça-feira, 24 de agosto de 2010

O TAROT E AS DEUSAS ANTIGAS


Encontramos na mitologia de diversos povos, vozes oraculares femininas, personagens e Deusas detentoras da sabedoria, dos destinos da humanidade e dos mistérios da vida, morte e vida.

As tríades fiandeiras Moiras (gregas), Parcas (romanas) e Nornes (nórdicas) eram ao mesmo tempo poderosas e terríveis, normalmente representadas nas figuras da virgem, da mãe e da anciã (Tríplices Deusas). Entre as Nornes, a virgem Skuld era a responsável pelas profecias e adivinhações, a guardiã do futuro, assim como Nona (grega) a que tece o fio da vida, cabendo as duas outras, a tarefa de manter e cortar o fio da vida. Na Índia, a trindade de Shaktis Saraswati, Lakshimi e Kali encarnam estas energias. Na África encontramos as Ìyá Mi Osorongà, as mães feiticeiras, como as senhoras do destino. Entre as Deusas tecelãs, a anciã Ixchel, Deusa Maia da lua, que tecendo no seu tear de cintura, é capaz de conceder respostas a seus discípulos em peregrinação ao seu oráculo situado numa ilha distante da costa. E a Deusa indígena hopi Kokyang Wuhti, conhecida também como mulher -aranha, que através do seu dom profético protege e auxilia todos seres.

As sacerdotisas, divinamente inspiradas, eram as guardiãs das artes mágicas e da divinação. Na Grécia, as Pitonisas ou Sibilas, em transe, intepretavam os sinais sagrados e comunicavam-se com os Deuses, utilizando instrumentos como espelhos, dados, fumaças, sonhos, sons de pássaros (...). Febe, a antiga Deusa grega da lua, da profecia, dos mistérios e dos segredos, dividia o oráculo de Delfos com Gaia (sua mãe) e Temis (sua irmã) embora mais tarde tenha transmitido este atributo ao Deus solar Apolo. Entre os nórdicos mulheres gyðjas e völvas manipulavam as runas e eram imbuídas de poder mágico, com especial habilidade para profecias.

Uma lista incontável de sacerdotisas são encontradas nas diversas culturas. Xamãs indígenas; Iyalorixás e Donés (...) do candomblé; mikogamis japonesas; wiccans contemporâneas(...) que através de suas danças sagradas, intuições, transes e sonhos proféticos, usam ou usaram seus corpos como espaço para o sagrado, templos da Deusa, santuários da vida, em honra a memória de suas ancestrais e de seu povo, como fontes de sabedoria e criatividade, como veículos do Sagrado feminino.

Entre os oráculos, os arquétipos femininos universais estão presentes de muitas maneiras. Dentre estes sistemas, o Tarot - que tem sua origem desconhecida, embora os registros históricos indiquem que sua redescoberta se deu na Europa na Idade Média - traz um conjunto de símbolos e alegorias que possuem uma forte correspondência com outros sistemas esotéricos. É um dos oráculos mais respeitados no mundo, sendo a versão do Tarot de Marselha a mais popular.

No conjunto de suas 78 cartas, alguns arcanos representam os arquétipos fundamentais do feminino. Além das cartas de corte dos arcanos menores, Rainhas e Princesas dos 4 elementos (Copas, Ouros, Paus e Espadas), temos entre os 22 arcanos maiores:

A figura da "Sacerdotisa" (arcano 2) revela a mulher sábia, a xamã, a bruxa, receptiva e intuitiva(yin), que esta em contato direto com o Sagrado e com a fonte de cura. Ela que representa o feminino espiritual, aconselha ao consulente que escute sua sabedoria interior.

A "Imperatriz" (3), é a mulher coroada que encarna o feminino material, é fecunda e criativa, representa a Grande Mãe que manifesta e dá vida a tudo que esta sendo gestado: filhos, sonhos, idéias, projetos. Expressa o amor através dos seus diversos dons, da arte, da sexualidade plena, do prazer, guardando também elementos arquetípicos de Deusas da beleza e do amor, como Afrodite e Oxum.

Com a "Justiça" (8 ou 11), o equilíbrio, a harmonia, o discernimento se apresentam no aspecto daquela que segura a balança e a espada da justiça, é a Palas Atena e a Maat egípcia que trazem discernimento e razão para a circunstância ou para o consulente.

A "Força" (11 ou 8) representa a energia da atratividade, da paixão, e da integração dos aspectos "instintivos" ao Self. A mulher que domina um leão com habilidade e criatividade, através da sua força interior.

Na "Temperança" (14) a integração alquímica das polaridades energéticas e psíquicas, femininas e masculinas, yin e yang, promove uma transformação profunda capaz de gerar uma mudança interior sútil para um novo nível de experiência ou estágio de desenvolvimento. Expressa harmonia e equilíbrio, presente na alegoria de uma anja, ou de uma mulher, que carrega duas jarras e permite que a água flua de um recipiente ao outro, misturando-os. É a Senhora das marés que guarda o fluxo e o refluxo das energias.

A "Estrela" (17) uma jovem inocente e nua carregando uma estrela acima da sua cabeça. Assim como a Temperança traz jarros em suas mãos, mas agora, verte suas águas na terra e na água, ambos elementos femininos. Como a chuva que lava e fertiliza a terra, representa as forças da renovação e da purificação. A confiança na Fonte e em si mesmo, a esperança, a inspiração, a conexão com o transcendente e a espiritualidade de maneira sincera.

Muitas adaptações foram realizadas em torno dos arcanos do Tarot de Marselha. A partir da década de 60, um grupo crescente de mulheres, artistas e pesquisadoras, movidas pelo interesse em fortalecer o movimento da Espiritualidade Feminina, passaram a desenvolver novas versões para o baralho, enfocando a temática do Sagrado feminino. Alguns destes trabalhos mais conhecidos são os de Kris Waldherr (Goddess Tarot), Isha Lerner (Tarot da Deusa Triplice) e Amy Sophia Marashinsky & Hrana Janto (Oráculo da Deusa).

Existem também muitos outros tarots sobre o Feminino Divino publicados e haverão aqueles que certamente aparecerão ao longo deste novo século onde os valores ligados a cultura Matrística e o Sagrado feminino estarão cada vez mais em evidência.

Artigo escrito por Shakti Lalla para o "Conselho das Deusas"(2008)

IN: Êxtase da Deusa

3 comentários:

Alessandra Godinho disse...

Gaia Lil, tem um selo do blog A Alta Sacerdotisa para colocar no meu blog Roda de Mulheres BH?

Grata,
Alessandra
http://rodademulheresbh.blogspot.com

Estrela disse...

Saudações, querida Gaia Lil!
Estava com saudades de vir aqui. Achei esse texto luminoso em todos os aspectos, principalmente por ser informativo. Voltarei para saber mais.
Bjus, muita paz e luz em seu caminho.

Helena Felix (Gaia Lil) disse...

Também fiquei com saudades Estrela e me desculpe quaqluer coisa. Beijos e que a Mãe ilumine seu caminho.