A aurora já nasce e a estrela em meu peito germina.
Doce amor, doce dor percorre meu corpo.
Eu sou outra que não eu mesma, sou uma outra Mulher que caminha no seu vestido negro e longo a arrastar-se sob as planícies de sal. Sobre sua cabeça uma coroa de penas negras e em baixo de sua mão o punhal...Em sua cintura como um belo e verde cinto uma serpente a adorna, em seu olhar a foice e a força das aves de rapina...Que Dama Terrível é esta que reina sobre meu coração e que é antes de mim eu mesma?
Ela caminha sábia poderosa profunda e luxuriante sentindo prazer no calor do sol que queima sua suave pele negra e tenra. Ela tem a força de mil mulheres e é a imagem arquetípica profunda.
Preciso de mais, preciso extrair mais de mim mesma, exijo o nome profundo e palavra da criação, exijo de mim mesma o primal a força primitiva, a máteria prima do caos. E a dor, a bendita dor, dor que é benção e revelaão dor que é fluidez de vida, a dor, sábia inimiga continua fluir pelo meu corpo ininterrupta sem que sua continuação me faça criar...Criar o que? a busca? a noite? o sonho?
Sou sonhadora por natureza e mais terrivel das mulheres. Sinto esse sentimento oco em mim como se ao mesmo tempo em que estivesse vazia, sangrasse toda por dentro?
E eu preciso disso: preciso beber dos rios de sangue que me percorrem, as minímas revelacões de uma revelação maior, uma revelação que está em mim mesma e em meu futuro... E a Mulher Outra aquela que é mais eu mesma do que eu continua.
Sem nome, sem face pelo deserto Ela caminha, pelos caminhos que nem os antigos conhecem ela caminha saudavel e terrivel, calma e audaciosamente caminha pelas praias do deserto Ela é que a Virgem Indomina, bebedora de sangue, mulher de ancestral sabedoria. Posso senti la queimando em meu peito. O céu de sua alma clareia e voltada para o sol Ela canta, os cantos de Ret.
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