No princípio dos Mundos, o parto extático e orgiástico acontece e nele e dele a Mãe nasce para criar a si mesma no escuro. Isso é como um principio de silêncio aonde uma força gigantesca ergue se sobre si mesma, e na escuridão profunda e na intensa luz nasce o caos, a harmonia, o Principio Materno. O Principio Materno assexuado e sexuado (andrógina) fala profundamente para si mesma em oração:
Estou aqui. Que se inicie a vida.
E a vida nasce de si mesma.
O motivo pelo qual temo publicar algo de minha própria autoria se deve a minha falta de talento e minha falta de lógica. Não consigo escrever com lógica completa. Minha lógica é sempre parcial e não sei como escrever sobre o destino alheio, consigo tão somente expressar algo sobre mim mesma, e este não é o objectivo deste blogue. Por isso me atenho tão somente aos meus poemas e só me expresso quando sou provocada ou elogiada por alguém. Só consigo falar sobre mim mesma e quando fala da Deusa é mais como sacerdotisa e adoradora, do que em termos técnicos, afinal para isso já existem outros que falem com ótimo discurso sobre o tema. Também tenho dificuldade em falar da mulher em si pois acabo sempre a falar mais de mim mesma e meu relacionamento com meu lado selvagem, minha sombra, minhas crises, minhas curas, meus milagres, etc...
Sou uma mulher sem lógica, uma mulher destrutiva e geniosa.
Tanto que minha palavra preferida, a palavra que me define como mulher é profundidade e muitas vezes no ensaio de uma maior profundidade torno me totalmente superficial porque existe o instante em que se vive, se sente a força da vida e existe o instante em que se fala dela. Não gosto de falar da força da vida. Gosto de senti la e não gosto de falar da Deusa e sim de encarna-La, adora-La e ama-La.
Espero resolver me logo, quer como mulher, quer como sacerdotisa. Minha maior esperança em vida é me resolver na minha desorientação, pois no momento em que sinto a Deusa sinto me completa. Quero prolongar está sensação de não estar desorientada ao longo dos dias e das horas, ao longo das vidas. Sinto medo de mim mesma e essa força de vida que me ronda, sinto medo porque sei que em fúria sou uma mulher terrível e sei que se eu não começar a criar para mim mesma, criar do barro virgem da terra, eu mesma, se eu não começar a me respeitar e fazer me respeitar como mulher, fazer e ser quem realmente sou, posso destruir todos a minha volta, inclusive (e principalmente) eu mesma. Habitis, cala me porque não sei quem sou. Habitis, força de quem habita, habita em meu corpo grandiosa profundidade. Sei que sou matéria prima do caos e sei que se eu não criar uma vida para essa mulher que eu sou por dentro posso destruir a mim mesma. Vamos, Vamos, Gaia Lil o que você vai fazer?
Sua idade adulta se avizinha e seu caminho se estreita!
Está na hora de parar de fingir para de ser boazinha.
Ambas de nós sabemos que você não é assim. Você sabe, sabe que é profunda e precisa viver a vida sem medo, precisa criar e destruir.
Precisa aprender a amar a si mesma e parar de querer tirar seu sustento do suspiro de vida alheio. Está na hora de viver toda a vida interior. Viver toda a sua feminilidade ainda que seja sua morte, sua sina, sua destruição.
Deusa, Deusa Mãe, quando vou fazer o parto de mim mesma?
Preciso me parir e está na ora de parar de pedir ajuda da Deusa.
Preciso encontrar a minha Grande Mãe interna e mergulhar mais fundo no meu Útero, no meu Ventre. Ventre e Útero fantasmágoricos, mas que existem assim mesmo. No fundo da alma.
Viram?
Crio mais quando acredito mais em mim mesma do que nas idéias dos outros. minha falta de lógica é uma doença patológica?
Hereditária não é, minha família toda segue um mesmo esquema. Toda a vida emaranhada dentro de um fácil patriarcado. Tenho medo de mim, sei que sou diabólica o suficiente para destruir qualquer patriarcado, qualquer dominação e até mesmo qualquer homem que me domine. Temo pelo homem que se apaixonar por mim pois poderá vir a sofrer na minha mão (se ele tentar me controlar...). Do jeito que sou demoníaca acho que vou destrui-lo.
Essa então sou eu?
Eu sou Lilith?
Tenho ainda que aprender a confiar na minha Mulher Selvagem interior. Lilith, se oculta em meu nome grafado em Lil. O príncipio se confunde confunde com o final. Gaia, a Terra Mãe e Lilith, a Fonte do Caos fazem parte de mim. Está na hora de respeitar as Deusas do meu nome e ser eu mesma, fazer las (fazer me) respeitar em vida. Ninguém é como Gaia Lil e Gaia Lil não é como ninguém. Cada um se é. E esta na hora de eu parar de me esconder atrás de um nome falso, dado por um sistema falso, e aceito em uma vida falsa. Eu sou Gaia Lil e está na hora de eu me respeitar e me fazer sentir como gente no mundo. Sem medo. Não mata.
2 comentários:
Confesso que congelo-me em um só tempo quando leio as suas palavras derramadas como um néctar sagrado, uma ambrósia que oferece a todas as divindades da Deusa.
Belas palavras, bela sabedoria saiba que por si só isso já é o caminho da Sacerdotisa.
Bençãos!
Obrigada e confesso que por vezes fraquejo mas algo sempre me faz continuar e assim é com as sacerdotisas da Deusa...
Abraços
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