Das figuras femininas da Irlanda, Maeve é a mais espetacular. Ela era a Deusa soberana da Terra com seu centro místico em Tara. Com o passar do tempo a cultura irlandesa mudou sob a influência cristã e então, Maeve foi reduzida a uma mera rainha mortal. Mas nenhum mortal poderia ter sido como ela, "intoxicante", uma mulher "embriagante", sedutora, que corria com os cavalos, conversava com os pássaros e levava os homens ao ardor de desejo com um mero olhar.
Maeve, segundo a lenda, era uma das cinco filhas de Eochardh Feidhleach, rei de Connacht, uma mulher muito bela e forte, dotada de uma mente brilhante, estrategista hábil, talhada para enfrentar todo o tipo de batalhas. Era muito segura de sua feminilidade e sexualidade. Diziam que possuía um apetite sexual voraz, mas é um erro vê-la como inconveniente e lasciva que utilizava a satisfação sexual com a finalidade de ganho egoístico. Ela ofertava aos seus consortes uma taça de vinho vermelho como seu sangue. O vinho de Meave representava o sangue menstrual que era considerado como "o vinho da sabedoria das mulheres".
O Festival Pagão de Mabon era comemorado em sua honra. Durante estas festividades, aqueles que almejassem ser rei, aguardavam que Meave os convidasse à beber de seu vinho. Isto assegurava de que o homem para ser rei, necessitava ser versado no Feminino e nos Mistérios das Mulheres.
Maeve foi considerada a Deusa da guerra similar a Morrigan, fez que seus guerreiros experimentassem as dores do parto de uma mulher.
Ela é a Rainha de Connacht, simboliza o poder feminino e é a personificação da própria Terra e sua prosperidade.
Shakespeare a trouxe à vida como Mab, a Rainha das Fadas. Em uma versão mais moderna, os ecologistas a converteram em Gaia, o espírito da Terra.
Na Antiguidade Celta, as mulheres se equiparavam aos homens. Possuíam propriedades e ocupavam posições de prestígio dentro da sociedade. Também não existia a monogamia nas uniões. A rainha Maeve do reino irlandês de Connacht era famosa por sua beleza e possessão sexual. Teve muitos amantes, a maioria eram oficiais de seu exército, o que assegurou de algum modo a lealdade de suas tropas. Muitos homens lutavam duramente nos campos de batalha por uma possibilidade de receber seus favores sexuais.
Maeve é figura central de um épico irlandês "Tain Bo Cualngé".
O primeiro marido de Maeve, foi justamente o seu rival mais constante, o rei Conchobor Mac Nessa. Maeve foi-lhe dada em casamento como compensação pela morte de seu pai, mas para provar sua independência, ela o abandona. Conchobor, insatisfeito, encontra Maeve banhando-se no rio Boyne e a estupra. Em decorrência do fato, os reis da Irlanda se unem para vingar o ultraje. Nesta batalha, perde a vida Tinne, o então marido de Maeve.
A rainha de Connacht está sem rei, e por isso os nobres se reúnem e indicam Eochaid Dala para ser seu novo marido. Ela consente, desde que o marido não seja nem ciumento, nem covarde, nem avarento.
Certo dia, Maeve adota um garoto, o qual passa a integrar sua corte. Com o tempo o tal garoto cresce, tornar-se um hábil guerreiro e obviamente, torna-se seu amante. Eochaid não aceita bem a situação, assim como os nobres de Connacht, que tentam expulsar o rapaz da corte. Maeve consegue impedir e o jovem desafia o rei para um combate. Por ser um grande guerreiro, acabou matando o rei e assumindo o trono ao lado de Maeve. Esse é Ailill, seu marido mais importante, protagonista da nossa história...
Certo dia, Maeve adota uni garoto, o qual passa a integrar sua corte. Com o tempo o tal garota cresce, tornar-se um hábil guerreiro e obviamente, torna-se seu amante. Eochaid não aceita bem a situação, assim como os nobres de Connacht, que tentam expulsar o rapaz da corte. Maeve consegue impedir e o jovem desafia o rei para um combate. Por ser um grande guerreiro, acabou matando o rei e assumindo o trono ao lado de Maeve. Esse é Ailill, seu marido mais importante, protagonista da nossa história...
A BATALHA DAS RESES DE COOLEY - ("Tain Bo Cualngé")
Maeve estava casada com seu terceiro marido o rei Ailill Quando discute com esse para saber quem tem maior fortuna, ela faz alarde de possuir mais que Ailill: em virtude da legislação celta, quem possuir mais bens, então pode mandar nos assuntos de casa. Quando lhe contam que lhe falta um touro para vencer Ailill, se dispõe a fazer qualquer coisa para obter um animal extraordinário, cujo posse, faria inclinar a balança a seu favor Ailill tinha um touro a mais chamado de "Finnbelmach" (touro branco). Maeve pede então, para Daré, filho de Fiachna, que lhe ceda seu touro, o famoso Dona de Cuahlgé, que vivia em Ulster, nas terras de seu rival Conchobar. Em troca ela lhe daria terras, um carro de guerra e, sobretudo, o receberia em sua cama.
Filha do rei supremo da Irlanda. a rainha Maeve possui soberania. ou seja, ela é a soberania, o poder. Do mesmo modo, segundo a mitologia grega, que os mortais adquiriam poderes divinos ao converterem-se amantes de uma Deusa, também uni homem que se tornasse amante de Maeve. também poderiam obter os poderes que ela representa. E ainda, segundo a lenda, Ailill sempre "fechava os olhos", cada vez que sua esposa prodiga a "amizade das coxas" a uni homem. segundo o delicado eufemismo utilizado pelos autores épicos. F, nos damos conta dele em Tain Bo Cualgé, quando as negociações com Daré não foram muito satisfatórias e Maeve decide apoderar-se do touro à força, empreendendo uma guerra contra Ulster. Necessita portanto, de guerreiros. em especial do terrível Pergus, exilado de Ulster. Sendo assim, dedica a Fergus cuidados muito particulares, e um dia quando ambos são surpreendidos por um criado de Ailill que explica ao rei o que tinha visto, esse se limita a dizer:
-"Ela o necessitava, era necessário que atuasse assim para assegurar o êxito da expedição".
Mas isso não impede que Ailill fique aborrecido em numerosas circunstâncias, a tal ponto que. um dia, vendo Maeve acariciar de forma indecente Fergus, ordena a tua de seus homens que lancem um dardo sobre ele, o que causa a morte do herói.
Maeve, reúne seu exército e invade o norte da ilha (Irlanda), fazendo pouco caso das previsões adversas que anunciavam o fracasso de sua expedição por causa de Cuchulainn. Quando o avanço inimigo foi detectado, o semideus dedicou-se a emboscar os invasores. Maeve recorre então a tuna cruel estratagema: o obriga a enfrentar seu irmão adotivo, Ferdiad, antigo companheiro de armas ao qual engana para atacar Cuchulainn.
Durante três dias, os velhos amigos e companheiros se enfrentam em um rio num combate que terminou com a vitória do herói de Ulster, graças ao uso que este fez de um golpe ensinado pela Deusa Scathach (sua treinadora cm artes militares): o "gai bolga", ou "descarga de raio". Porém, após a vitória. ele ficou completamente esgotado do ponto de vista físico e psicológico, pois tirar a vida de Ferdiad foi um golpe muito difícil para ele. E nesse momento, que o Deus do Sol aparece dizendo:
-"Sou Lugh teu pai do Mundo Exterior, filho de Ethliu. Dorme um pouco Cuchulainn, que CU desafiarei a todos."
O Deus Sol então se materializa para assumir as funções do guerreiro que, após morrer durante três, dias, continua mortal. Nesse estado de bardo• pode ascender em direção a três mundos místicos celtas: ao de seu corpo terrestre, ao do espírito físico e, por fim, ao radiante da luz da alma, no qual o próprio sol se manifesta. Quando Cuchulainn dorme, fica unido a seu próprio resplendor, habitando todos os mundos ao mesmo tempo.
Essa fácil mutação entre o soldado humano e seu arquétipo do outro mundo é algo muito comum em qualquer tipo de relato celta. Essa é a chave dos mistérios celtas: a fusão do espiritual, do físico e do imaginário.
Enquanto Lugh permaneceu no lugar de Cuchulainn, os exércitos da rainha de Comlacht, não tiveram passagem. Mas, como Maeve era muito esperta, conseguiu enviar um pequeno grupo de homens que conseguiu roubar o touro. Por fim, ela é obrigada a recuar com seu exército, entretanto, ela já tinha em seu poder o que desejava.
No entanto, quando os touros se encontraram nos prados de Connacht, lançaram-se uni contra o outro. Eles lutaram durante horas, inclusive após o pôr-do-sol sem que ninguém fosse capaz de separá-los. nem sequer Maeve e Ailill. A peleja foi tão colossal que se diz que na mesma noite eles deram a volta em toda Irlanda, perseguindo um ao outro. Ao amanhecer, Donn era o único que continuava em pé. Ele matou Findbennach e espalhou seus restos por toda a ilha.
Mas a alegria da rainha pelo valor de sua recente aquisição não durou muito. O touro sobrevivente subiu em uma colina para mugir para todos os reinos irlandeses e morreu devido ao esforço despendido no ato. Desde então, a colina passou a chamar-se Druim Tairb, a Colina dos Touros.
Como podemos observar, o objetivo principal de Maeve era o touro, que desde a mais remota Antiguidade é um símbolo feminino, encontrado nas culturas ancestrais de Creta do Egito e da Anatólia.
O touro antes de tudo. evoca a ideia de poder e de ímpeto irresistíveis. Para os celtas ele pode ser também, símbolo da morte violenta dos guerreiros. Na Dália são conhecidas representações de um touro com três chifres. o qual, sem dúvida, é antigo símbolo guerreiro (o terceiro chifre. seria o equivalente do que, na Irlanda, é chamado "lon laith" ou "lua do herói", que é uma espécie de aura sangrenta, jorrando do alto da cabeça do herói em estado de excitação guerreira). O touro é ainda, representação da força temporal, sexual, a fecundidade da natureza.
Portanto, não é por acaso, que o segundo signo do zodíaco, o Touro, é governado por Vênus, simbolizando a força de trabalho e encarnando os instintos, especialmente os da conservação, da sexualidade e de um gosto pronunciado pelos prazeres em geral, particularmente pelos da carne.
MAS O QUE TAL LENDA SIGNIFICA. AFINAL?
Todas as Deusas do amor sempre foram associadas à guerra, pois o amor e o ódio, como diz um velho ditado popular, "caminham juntos".
Maeve, como deusa, possui o poder intoxicaste da paixão que nós sentimos no amor, nos desejos, no sexo, assim como na raiva c tia guerra. Sempre existiu uma linha tênue entre o amor e o ódio, o sexo e a violência. Se nós perdermos o controle da paixão, motivados pela ganância. o poder, ou outro tipo de sentimento mesquinho, fatalmente acabaremos cruzando esta linha. Portanto, mantenha seu coração aberto para o amor, mas freie sua paixão com sabedoria.
Maeve tinha muitos nomes: Mab, Madh, Medh e Medhdb. Há poucas referências dela nos filmes. O mais recente é em Merlim da NBC, onde como a Rainha Mab é uma feiticeira maligna. Não existe uma única referência que comprove que Mab ou Meave esteve associada as Lendas Arturianas ou envolvida com Artur. Meave foi um mito pagão e também nunca foi uma entidade do mal.
Maeve aparece em nossas vidas para nos desafiar a assumir a responsabilidade pela nossa vida. É hora de sermos a "Rainha de nossos domínios", tornando-nos conscientes dos nossos erros e acertos, sendo responsável por tudo que se faz e por tudo que se acredita.
Existem pontos no seu interior que lhe são desconhecidos? Você é daquelas pessoas que vive uma rotina programada realizando sempre as mesmas coisas'? Ou você á daquelas pessoas que para não se incomodar deixa as coisas ficar do jeito que estão? Ou talvez não tenha coragem, ou não esta disposta a reconhecer que você e sua vida é resultado das escolhas que faz com responsabilidade.
Maeve, aparece para lembrá-la que o caminha da totalidade está em assumir a responsabilidade de sua vida. seja ela do jeito que for. Somente quando você se assumir, reconhecer quem é, onde está, porque está é que poderá criar algo diferente.
fonte da foto: braid.com
FONTE REFERÊNCIA: http://cantinhodosdeuses.blogspot.com.br/2012/02/deusa-maeve.html
PROVÁVEL FONTE ORIGINAL:
O Trabalho de vários livros diferentes pesquisados por Rosane Volpatto
"E aqueles que pensam em Me procurar, saibam que a vossa busca e vosso anseio devem beneficiar-vos apenas se vós souberdes o Mistério; se o que vós procurardes, vós não achardes dentro de vós mesmos, então nunca encontrarão fora. Pois eu tenho estado convosco desde o Início e Eu Sou Aquela que é alcançada ao final do desejo"
quarta-feira, 21 de maio de 2014
PASSARINHEIRA DE NOVO...
Nunca poderia amar, nunca saberia amar...
Olhou para o mar aberto a sua frente, uma fraca sensação de pertencer este impressa em sua alma ali.O som das gaivotas a rodeavam.
Para aonde se perderiam os dias, e enquanto o crepúsculo a a alcançava?
Onde, onde está o encontro, o grande encontro que mudaria sua vida.
(Duas misteriosas amantes dialogavam na placenta de seu coração...)
A brisa passou por ela, fria e poderosa e sentiu seu coração levitar...
Ainda está para entender o mistério, agora o sabia...
Concentir coma vida não significava aceitar os limites que haviam lhe imposto.
Ainda poderia estender as asas e dar um último vôo...
PS TOLICE: o novo acordo ortográfico é uma imbecilidade...escrever vôo sem acento parece tão estranho.
Olhou para o mar aberto a sua frente, uma fraca sensação de pertencer este impressa em sua alma ali.O som das gaivotas a rodeavam.
Para aonde se perderiam os dias, e enquanto o crepúsculo a a alcançava?
Onde, onde está o encontro, o grande encontro que mudaria sua vida.
(Duas misteriosas amantes dialogavam na placenta de seu coração...)
A brisa passou por ela, fria e poderosa e sentiu seu coração levitar...
Ainda está para entender o mistério, agora o sabia...
Concentir coma vida não significava aceitar os limites que haviam lhe imposto.
Ainda poderia estender as asas e dar um último vôo...
PS TOLICE: o novo acordo ortográfico é uma imbecilidade...escrever vôo sem acento parece tão estranho.
domingo, 18 de maio de 2014
"A ORIGEM DO MAL?"
O PECADO ORIGINAL
“É necessário reconstruir a contradição homem-mulher a partir da negação do corpo da mulher, e portanto aquilo que na Psicanálise tradicional aparece como enfermidade, neurose, desadaptação, etc. converte-se numa contradição material. A mulher encontra-se desde o princípio sem uma forma própria de existir, como se o existir da mulher já se encontrasse numa forma de existência (mulher, mãe, filha, etc.) que a negam enquanto mulher. Ser mãe significa existir e usar o corpo em função do homem, e por isso uma vez mais carecer de sentido e de valor do próprio corpo e da própria existência a todos os níveis.
Esta negação de si mesma esta interiorizada em níveis tão profundos que é como se as mulheres, ao longo de toda a sua história, não tivessem feito mais do que repetir esta história de autodestruição. Por consequência, o discurso sobre a violência masculina, sobre o vexame, a dominação, sobre os privilégios, etc. continuará sendo um discurso abstracto se não tivermos em conta o aspecto interiorizado desta mesma violência, a violência como autonegação, negação duma existência própria. A negação de si mesma é posta em marcha a partir do nascimento, a partir da primeira relação com a mãe, onde esta já não se encontra presente como mulher com o seu corpo de mulher, estando ali como mulher do homem e para o homem. (…)
O facto da menina viver a relação com a pessoa do seu sexo apenas através do homem, com essa espécie de filtro que existe entre ela e a mãe, é a razão mais profunda da divisão que encontramos entre uma mulher e outra mulher; nós as mulheres estamos divididas na nossa história desde sempre, não apenas porque cada uma de nós está unida socialmente ao marido, às e aos filh@s – este é apenas o aspecto visível da separação – a divisão dá-se a um nível mais profundo, ao não conseguirmos olhar-nos uma à outra, ao não sermos capazes de contemplar o nosso corpo sem termos sempre presente o olhar do homem. (…)
Num artigo em “L’Erba Voglio”… insistia na relação interrompida com a mãe, ou no mínimo deformada desde o começo precisamente porque a mãe não é a mulher, apenas “a mãe”, ou seja, a mulher do homem. Do facto de que a mulher não encontra na relação com a mãe o reconhecimento da sua própria sexualidade, do seu próprio corpo, procede depois toda a história sucessiva da relação com o homem como relação onde a negação de tudo aquilo que tu és, da tua sexualidade, da tua forma de vida, já se produziu.”
Lea Melandri, La Infamia Originaria (excertos),
citada por Cacilda Rodrigañez Bustos em El Assalto al Hades
Imagem: Arthur Hughes
IN: A DEUSA NO CORAÇÃO DA MULHER
“É necessário reconstruir a contradição homem-mulher a partir da negação do corpo da mulher, e portanto aquilo que na Psicanálise tradicional aparece como enfermidade, neurose, desadaptação, etc. converte-se numa contradição material. A mulher encontra-se desde o princípio sem uma forma própria de existir, como se o existir da mulher já se encontrasse numa forma de existência (mulher, mãe, filha, etc.) que a negam enquanto mulher. Ser mãe significa existir e usar o corpo em função do homem, e por isso uma vez mais carecer de sentido e de valor do próprio corpo e da própria existência a todos os níveis.
Esta negação de si mesma esta interiorizada em níveis tão profundos que é como se as mulheres, ao longo de toda a sua história, não tivessem feito mais do que repetir esta história de autodestruição. Por consequência, o discurso sobre a violência masculina, sobre o vexame, a dominação, sobre os privilégios, etc. continuará sendo um discurso abstracto se não tivermos em conta o aspecto interiorizado desta mesma violência, a violência como autonegação, negação duma existência própria. A negação de si mesma é posta em marcha a partir do nascimento, a partir da primeira relação com a mãe, onde esta já não se encontra presente como mulher com o seu corpo de mulher, estando ali como mulher do homem e para o homem. (…)
O facto da menina viver a relação com a pessoa do seu sexo apenas através do homem, com essa espécie de filtro que existe entre ela e a mãe, é a razão mais profunda da divisão que encontramos entre uma mulher e outra mulher; nós as mulheres estamos divididas na nossa história desde sempre, não apenas porque cada uma de nós está unida socialmente ao marido, às e aos filh@s – este é apenas o aspecto visível da separação – a divisão dá-se a um nível mais profundo, ao não conseguirmos olhar-nos uma à outra, ao não sermos capazes de contemplar o nosso corpo sem termos sempre presente o olhar do homem. (…)
Num artigo em “L’Erba Voglio”… insistia na relação interrompida com a mãe, ou no mínimo deformada desde o começo precisamente porque a mãe não é a mulher, apenas “a mãe”, ou seja, a mulher do homem. Do facto de que a mulher não encontra na relação com a mãe o reconhecimento da sua própria sexualidade, do seu próprio corpo, procede depois toda a história sucessiva da relação com o homem como relação onde a negação de tudo aquilo que tu és, da tua sexualidade, da tua forma de vida, já se produziu.”
Lea Melandri, La Infamia Originaria (excertos),
citada por Cacilda Rodrigañez Bustos em El Assalto al Hades
Imagem: Arthur Hughes
IN: A DEUSA NO CORAÇÃO DA MULHER
TOLA FRASE MINHA
Cada dia uma pequena descoberta...o próprio cheiro do ar já me enche de expectativas...e quando a morte chegar, darei uma grande gargalhada em sua face e direi: até outro dia!
''IR EMBORA''
Esse é um sentimento pungente que cerca a gente...Quando tudo mais está perdido, quando estamos insatisfeitos com a vida ou com a família e as vezes até o menor dos problemas, a gente sente essa aflição no peito é pensa nesse "ir embora", "Tenho que ir embora daqui, eu tenho que ir e ser feliz..."
E a gente sempre pensa que lá fora vai ser melhor do que aqui, que o problema vem dos locais, das pessoas, e que se não formos embora iremos nos acomodar, aos poucos vamos ficando com o olhar mais frio, mas anestesiados, morrendo um pouquinho a cada dia....
Mas o lugar que estamos afinal pode não ser tão ruim, as vezes o problema é dentro da gente. Tenho um irmão mais velho e (infelizmente) mais impulsivo que quer ir embora, mesmo sem dinheiro nenhum pra São Paulo....
Uma pessoa sem nem estrutura pra isso....Mas não posso censura-lo, eu também tenho essa necessidade de "ir embora"...mas como já sou mais cabeça e mais estruturada, quero ir embora com alguma formação e com algum dinheiro....Enfim quero ir pra não voltar nunca mais.
Mas será que a gente não volta, se que no fundo a gente não vai embora só pra poder voltar de novo?
As vezes esse voltar pra casa nem é a casa da gente mas sim uma nova casa e uma nova vida que a gente construiu e nos parece tão familiar que pensamos "voltei pra casa".
Isso eu não sei com certeza, só estou certa que existe um ir embora irrevogável e um voltar para casa irrevogável também...É a Lei da vida e da morte,o renascimento, a assinatura da Grande Mãe, mas esses são outros mistérios...
Bom um dia vou e sei que voltarei nem que seja pros braços da Mãe Negra, pulsante e quente no seu ventre...Talvez a tão almejada plenitude seja alcançada e todos os desafios vencidos.
Também tem o querer ir embora do próprio corpo, coisa que eu sei bem, mas comento isso outro dia.
Saudações da Deusa.
E a gente sempre pensa que lá fora vai ser melhor do que aqui, que o problema vem dos locais, das pessoas, e que se não formos embora iremos nos acomodar, aos poucos vamos ficando com o olhar mais frio, mas anestesiados, morrendo um pouquinho a cada dia....
Mas o lugar que estamos afinal pode não ser tão ruim, as vezes o problema é dentro da gente. Tenho um irmão mais velho e (infelizmente) mais impulsivo que quer ir embora, mesmo sem dinheiro nenhum pra São Paulo....
Uma pessoa sem nem estrutura pra isso....Mas não posso censura-lo, eu também tenho essa necessidade de "ir embora"...mas como já sou mais cabeça e mais estruturada, quero ir embora com alguma formação e com algum dinheiro....Enfim quero ir pra não voltar nunca mais.
Mas será que a gente não volta, se que no fundo a gente não vai embora só pra poder voltar de novo?
As vezes esse voltar pra casa nem é a casa da gente mas sim uma nova casa e uma nova vida que a gente construiu e nos parece tão familiar que pensamos "voltei pra casa".
Isso eu não sei com certeza, só estou certa que existe um ir embora irrevogável e um voltar para casa irrevogável também...É a Lei da vida e da morte,o renascimento, a assinatura da Grande Mãe, mas esses são outros mistérios...
Bom um dia vou e sei que voltarei nem que seja pros braços da Mãe Negra, pulsante e quente no seu ventre...Talvez a tão almejada plenitude seja alcançada e todos os desafios vencidos.
Também tem o querer ir embora do próprio corpo, coisa que eu sei bem, mas comento isso outro dia.
Saudações da Deusa.
sexta-feira, 16 de maio de 2014
UMA MULHER QUE ADMIRO
Lya Luft
"Não existe isso de homem escrever com vigor e mulher escrever com fragilidade. Puta que pariu, não é assim. Isso não existe. É um erro pensar assim. Eu sou uma mulher. Faço tudo de mulher, como mulher. Mas não sou uma mulher que necessita de ajuda de um homem. Não necessito de proteção de homem nenhum. Essas mulheres frageizinhas, que fazem esse gênero, querem mesmo é explorar seus maridos. Isso entra também na questão literária. Não existe isso de homens com escrita vigorosa, enquanto as mulheres se perdem na doçura. Eu fico puta da vida com isso. Eu quero escrever com o vigor de uma mulher. Não me interessa escrever como homem."
A escritora é conhecida por sua luta contra os estereótipos sociais. "Essas coisas que obrigam as pessoas a ser atletas. Hoje é quase uma imposição: a ordem é fazer sexo sem parar, o tempo todo. A ordem é não fumar, não beber. É essa loucura o dia inteiro na cabeça. Quem não for resistente acaba enlouquecendo. E a vida fica para trás. Hoje as pessoas estão sofrendo muito. Um sofrimento absolutamente desnecessário. Especialmente as mulheres que fazem plástica logo que vêem uma ruga no rosto. Plásticas de inteira inutilidade".
Lya Luft deixa claro que nada tem contra as cirurgias plásticas, mas contra o rumo disso tudo. "Na ambição de serem sempre jovens, as mulheres acabam perdendo o próprio rosto. São os falsos mitos da juventude para sempre. E isso também inclui a febre atual da mídia, particularmente nas revistas femininas. Só se fala como se pode ter vários orgasmos numa única noite. Só se fala em como a mulher deve agir para segurar seu homem pelo sexo, especialmente o oral. São fórmulas de um mundo conturbado, que foge ao afeto, distante de qualquer felicidade. Essa é outra coisa para o enlouquecimento. Em todo lugar, o que existe é a supervalorização do sexo. Quem não estiver fazendo sexo sem parar o tempo todo passa a ser anormal. Muita gente fica complexada porque não consegue vários orgasmos numa noite. É tudo uma imposição".
A autora diz ser uma constatação precária dizer que ela escreve sobre mulheres. Mulheres não são seus personagens exclusivos. “Escrevo sobre o que me assombra”, observa. E nisso está a infância. O importante é o compromisso com a dignidade. Toda a sua obra poderia ser resumida — como afirma — num livro de indagações.
Em 1982 publica "Reunião de Família", e em 1984 outros dois livros: "O Quarto Fechado" e "Mulher no Palco". "O Quarto Fechado" foi lançado nos E.U.A. sob o título "The Island of the Dead".
Quem é Lya Luft? Uma mulher gaúcha, brasileira, que faz cada vez mais, aos sessenta e um anos, o que desde os três ou quatro desejava fazer: jogar com as palavras e com personagens, criar, inventar, cismar, tramar, sondar o insondável. "Tento entender a vida, o mundo e o mistério e para isso escrevo. Não conseguirei jamais entender, mas tentar me dá uma enorme alegria. Além disso, sou uma mulher simples, em busca cada vez mais de mais simplicidade. Amo a vida, os amigos, os filhos, a arte, minha casa, o amanhecer. Sou uma amadora da vida. O que você nunca vai esquecer? Escutar o vento e a chuva nas árvores do imenso jardim que cercava a casa de meu pai, na minha infância". Puro maravilhamento. O que lhe causa repugnância? Preconceito, hipocrisia. Vale a pena escrever? "Não escrevo porque “valha a pena”, mas porque me faz feliz, simplesmente". O que falta à literatura brasileira? "Nada, não falta nada. Ela é o que é, simplesmente, cheia de graça, desgraça, florescente, múltipla, lutando com a crise econômica que atinge também as editoras, mas, como não se escreve para ficar rico, tudo bem". E Deus? "Deus eu imagino como força de vida: luminosa, positiva, imperscrutável". E o Brasil? Brasil cujo jeito é parecer não ter jeito. "Não quero jamais ter de morar longe dele. Aqui tudo é possível. E tanto está ainda por fazer". O que fazer para reverter esse quadro de miséria? "Que os responsáveis por isso criem vergonha na cara". Quem não merece respeito algum de ninguém? "Todos merecem algum respeito, no mínimo compaixão". Você costuma rezar? "Não tenho nenhuma religião instituída, mas tenho uma profunda visão “religiosa”, sagrada, da natureza, das pessoas, do outro". Qual é seu momento ideal para escrever? "O momento em que meu livro quer ser escrito. Mas normalmente produzo mais de manhã bem cedo. Gosto de ver o dia nascer, aqui na minha mesa de trabalho e do meu computador". Se confessa uma mulher tímida, embora não pareça.
“A vida é maravilhosa, mesmo quando dolorida. Eu gostaria que na correria da época atual a gente pudesse se permitir, criar, uma pequena ilha de contemplação, de autocontemplação, de onde se pudesse ver melhor todas as coisas: com mais generosidade, mais otimismo, mais respeito, mais silêncio, mais prazer. Mais senso da própria dignidade, não importando idade, dinheiro, cor, posição, crença. Não importando nada”.
TRECHOS
ENTREVISTA COMPLETA IN; LYA LUFT - BIOGRAFIA
Canção na plenitude
Não tenho mais os olhos de menina
nem corpo adolescente, e a pele
translúcida há muito se manchou.
Há rugas onde havia sedas, sou uma estrutura
agrandada pelos anos e o peso dos fardos
bons ou ruins.
(Carreguei muitos com gosto e alguns com rebeldia.)
O que te posso dar é mais que tudo
o que perdi: dou-te os meus ganhos.
A maturidade que consegue rir
quando em outros tempos choraria,
busca te agradar
quando antigamente quereria
apenas ser amada.
Posso dar-te muito mais do que beleza
e juventude agora: esses dourados anos
me ensinaram a amar melhor, com mais paciência
e não menos ardor, a entender-te
se precisas, a aguardar-te quando vais,
a dar-te regaço de amante e colo de amiga,
e sobretudo força — que vem do aprendizado.
Isso posso te dar: um mar antigo e confiável
cujas marés — mesmo se fogem — retornam,
cujas correntes ocultas não levam destroços
mas o sonho interminável das sereias.
O texto acima foi extraído do livro "Secreta Mirada", Editora Mandarim - São Paulo, 1997, pág. 151.
Lya Luft
"Não existe isso de homem escrever com vigor e mulher escrever com fragilidade. Puta que pariu, não é assim. Isso não existe. É um erro pensar assim. Eu sou uma mulher. Faço tudo de mulher, como mulher. Mas não sou uma mulher que necessita de ajuda de um homem. Não necessito de proteção de homem nenhum. Essas mulheres frageizinhas, que fazem esse gênero, querem mesmo é explorar seus maridos. Isso entra também na questão literária. Não existe isso de homens com escrita vigorosa, enquanto as mulheres se perdem na doçura. Eu fico puta da vida com isso. Eu quero escrever com o vigor de uma mulher. Não me interessa escrever como homem."
A escritora é conhecida por sua luta contra os estereótipos sociais. "Essas coisas que obrigam as pessoas a ser atletas. Hoje é quase uma imposição: a ordem é fazer sexo sem parar, o tempo todo. A ordem é não fumar, não beber. É essa loucura o dia inteiro na cabeça. Quem não for resistente acaba enlouquecendo. E a vida fica para trás. Hoje as pessoas estão sofrendo muito. Um sofrimento absolutamente desnecessário. Especialmente as mulheres que fazem plástica logo que vêem uma ruga no rosto. Plásticas de inteira inutilidade".
Lya Luft deixa claro que nada tem contra as cirurgias plásticas, mas contra o rumo disso tudo. "Na ambição de serem sempre jovens, as mulheres acabam perdendo o próprio rosto. São os falsos mitos da juventude para sempre. E isso também inclui a febre atual da mídia, particularmente nas revistas femininas. Só se fala como se pode ter vários orgasmos numa única noite. Só se fala em como a mulher deve agir para segurar seu homem pelo sexo, especialmente o oral. São fórmulas de um mundo conturbado, que foge ao afeto, distante de qualquer felicidade. Essa é outra coisa para o enlouquecimento. Em todo lugar, o que existe é a supervalorização do sexo. Quem não estiver fazendo sexo sem parar o tempo todo passa a ser anormal. Muita gente fica complexada porque não consegue vários orgasmos numa noite. É tudo uma imposição".
A autora diz ser uma constatação precária dizer que ela escreve sobre mulheres. Mulheres não são seus personagens exclusivos. “Escrevo sobre o que me assombra”, observa. E nisso está a infância. O importante é o compromisso com a dignidade. Toda a sua obra poderia ser resumida — como afirma — num livro de indagações.
Em 1982 publica "Reunião de Família", e em 1984 outros dois livros: "O Quarto Fechado" e "Mulher no Palco". "O Quarto Fechado" foi lançado nos E.U.A. sob o título "The Island of the Dead".
Quem é Lya Luft? Uma mulher gaúcha, brasileira, que faz cada vez mais, aos sessenta e um anos, o que desde os três ou quatro desejava fazer: jogar com as palavras e com personagens, criar, inventar, cismar, tramar, sondar o insondável. "Tento entender a vida, o mundo e o mistério e para isso escrevo. Não conseguirei jamais entender, mas tentar me dá uma enorme alegria. Além disso, sou uma mulher simples, em busca cada vez mais de mais simplicidade. Amo a vida, os amigos, os filhos, a arte, minha casa, o amanhecer. Sou uma amadora da vida. O que você nunca vai esquecer? Escutar o vento e a chuva nas árvores do imenso jardim que cercava a casa de meu pai, na minha infância". Puro maravilhamento. O que lhe causa repugnância? Preconceito, hipocrisia. Vale a pena escrever? "Não escrevo porque “valha a pena”, mas porque me faz feliz, simplesmente". O que falta à literatura brasileira? "Nada, não falta nada. Ela é o que é, simplesmente, cheia de graça, desgraça, florescente, múltipla, lutando com a crise econômica que atinge também as editoras, mas, como não se escreve para ficar rico, tudo bem". E Deus? "Deus eu imagino como força de vida: luminosa, positiva, imperscrutável". E o Brasil? Brasil cujo jeito é parecer não ter jeito. "Não quero jamais ter de morar longe dele. Aqui tudo é possível. E tanto está ainda por fazer". O que fazer para reverter esse quadro de miséria? "Que os responsáveis por isso criem vergonha na cara". Quem não merece respeito algum de ninguém? "Todos merecem algum respeito, no mínimo compaixão". Você costuma rezar? "Não tenho nenhuma religião instituída, mas tenho uma profunda visão “religiosa”, sagrada, da natureza, das pessoas, do outro". Qual é seu momento ideal para escrever? "O momento em que meu livro quer ser escrito. Mas normalmente produzo mais de manhã bem cedo. Gosto de ver o dia nascer, aqui na minha mesa de trabalho e do meu computador". Se confessa uma mulher tímida, embora não pareça.
“A vida é maravilhosa, mesmo quando dolorida. Eu gostaria que na correria da época atual a gente pudesse se permitir, criar, uma pequena ilha de contemplação, de autocontemplação, de onde se pudesse ver melhor todas as coisas: com mais generosidade, mais otimismo, mais respeito, mais silêncio, mais prazer. Mais senso da própria dignidade, não importando idade, dinheiro, cor, posição, crença. Não importando nada”.
TRECHOS
ENTREVISTA COMPLETA IN; LYA LUFT - BIOGRAFIA
Canção na plenitude
Não tenho mais os olhos de menina
nem corpo adolescente, e a pele
translúcida há muito se manchou.
Há rugas onde havia sedas, sou uma estrutura
agrandada pelos anos e o peso dos fardos
bons ou ruins.
(Carreguei muitos com gosto e alguns com rebeldia.)
O que te posso dar é mais que tudo
o que perdi: dou-te os meus ganhos.
A maturidade que consegue rir
quando em outros tempos choraria,
busca te agradar
quando antigamente quereria
apenas ser amada.
Posso dar-te muito mais do que beleza
e juventude agora: esses dourados anos
me ensinaram a amar melhor, com mais paciência
e não menos ardor, a entender-te
se precisas, a aguardar-te quando vais,
a dar-te regaço de amante e colo de amiga,
e sobretudo força — que vem do aprendizado.
Isso posso te dar: um mar antigo e confiável
cujas marés — mesmo se fogem — retornam,
cujas correntes ocultas não levam destroços
mas o sonho interminável das sereias.
O texto acima foi extraído do livro "Secreta Mirada", Editora Mandarim - São Paulo, 1997, pág. 151.
Lya Luft
quinta-feira, 15 de maio de 2014
RENASCIMENTO DO FEMININO
E o desafio do feminino hoje é o resgate.
O feminino sagrado está ligado à devoção
(...)
Muitas catástrofes, atrocidades humanas, atos destrutivos e desumanos têm a ver com a ausência do feminino sagrado. A mulher perde o contato com a dimensão instintiva, com o aspecto emocional da vida. E, com os desafios e exigências dos novos tempos, se masculiniza gradativamente.
O feminino sagrado está ligado à devoção. Devoção à Grande Mãe, à Deusa Mãe, hoje excluída do seio da Família Divina, pois existe apenas um Deus, que é o pai.
Resgatar o feminino sagrado tem a ver com a reinserção desta Deusa Mãe no Sagrado Coração. A Grande Deusa é a própria criatividade, a fertilidade, a sensualidade.
E o desafio do feminino hoje é o resgate. É ouvir a voz interior, a amorosidade, o cuidado, o autocuidado, a misericórdia, a sensibilidade.
Para entrar em contato com o feminino sagrado, vale a pena um exercício de imaginação: Antes, o silêncio interno deve chegar devagar, tomando todo o corpo de quem se propõe a realizar o exercício. Neste momento, imaginar que começam a chegar ao seu lado, atrás de você, sua mãe, suas avós; as bisavós, as trisavós e muitas outras avós, além das tias que se sente, são importantes na sua vida, vivas ou mortas, conhecidas ou desconhecidas. Estas são as suas antepassadas. É possível acessá-las, pedindo com amor que elas possam trazer as qualidades positivas para que se dê conta da vida, para que se possa ser feliz, ser uma mulher inteira, plenamente viva.
E se houver muitas dores relacionadas ao feminino, lembrar que “embora a película externa da alma seja magoada, arranhada ou chamuscada, ela se regenera de qualquer modo. Repetidas vezes, a pele da alma retorna a seu estado primitivo e intacto”, como afirma Clarissa Pinkola Estés.
Por Ana Lucia Braga
(Terapeuta Corporal Neo-Reichiana)
Foto Luiza frazão
IN: MULHERES E DEUSAS - ROSA LEONOR
A VOZ QUE TEM QUE SER OUVIDA
Aonde me procurares Eu lá estarei, e Eu lá me conservarei, preenchendo por dentro tanto aquilo que não pode ser sentido, como aquilo que pode ser visto...Eu lá estarei, no frio na fome e na guerra. Nas horas de alegria em que uma mãe ergue a filha nos braços...Eu estarei em qualquer lugar e a todo momento, e durante algo que não pode ser classificado como tempo.
As nações erguem, florescem e caem, e Eu lá estarei.
Estarei no marulho do mar contra a rocha, na montanha pungente e na caverna mais escura, na noite mais escura...Estarei no pio dos pássaros rompendo o ovo que os separa do ninho, do novo, da Luz...
E quando a humanidade se levantar ou tombar de vez Eu lá estarei.
E continuarei estando e existindo independente da vontade humana.
Mas para aquele que lançar os olhos até mim, vou soprar nos ouvidos, as vozes do mundo de dentro, a canção, a velha canção da terra e da natureza, a canção do deserto ensolarado e árido, a canção da floresta frondosa, a canção das orcas no fundo do mar...A canção das cantigas e das lendas, a canção duramente combatida mas linda de ser ouvida...As vozes de minhas filhas-reflexões no meio do tempo, Bartira, a índia guerreira, Arádia, escolhida das bruxas, Medéia, última rainha de Cálcis, Boudicca, a mulher que liderou milhares...e outras cujos nomes se perdem nas brumas do tempo...
Essa é a minha voz, minha canção de amor e alento, mil anos atrás e se estendendo mil anos a frente e além do tempo...
Tão antiga que vem de um futuro cada vez mais distante devido a mão do ser humano, sobre a Terra e a Vida...
Minha voz ainda está aqui para ser ouvida
Eu sou a Voz da Vida.
E de Novo, e de Novo, e de Novo...
E de Novo, e de Novo, e de Novo...
AQUI, LÁ E ALÉM, MAS PARA DENTRO, LÁ PARA CIMA, LÁ EM BAIXO.
Sobre as Portas da Eternidade
Sobre e entre os véus dos mundos
Dançando nas águas negras da Criação
Eu lanço meu canto de louvor a Ti
Ó Mãe da Eternidade
Eternamente parindo sobre o céu avermelhado
trazendo uma nova aurora sobre o mundo
O Senhora que domina a roda planetária e o giro das estações
Dos milagres que seus filhos compreendem
Aos mistérios mais antigos do Espírito
A Senhora tem domínio sobre tudo e todos
Vem Ó Mãe, Mulher gloriosa
Refulgindo de Luz
Enraizada nas trevas e reinando acima delas
Mãe dos Mistérios, Mistério dos Mistérios
Espírito, a Senhora governa todos nós
Espírito, esteja comigo a guiando os rumos da minha vida
Governando os rumos do meu coração
Tornando minhas experiências tolas e humanas
Sabedoria, vinda de Ti
Eu te peço
"Guarda a Vida de Suas Filhas, entre as mãos
E sobre o Coração."
Sobre e entre os véus dos mundos
Dançando nas águas negras da Criação
Eu lanço meu canto de louvor a Ti
Ó Mãe da Eternidade
Eternamente parindo sobre o céu avermelhado
trazendo uma nova aurora sobre o mundo
O Senhora que domina a roda planetária e o giro das estações
Dos milagres que seus filhos compreendem
Aos mistérios mais antigos do Espírito
A Senhora tem domínio sobre tudo e todos
Vem Ó Mãe, Mulher gloriosa
Refulgindo de Luz
Enraizada nas trevas e reinando acima delas
Mãe dos Mistérios, Mistério dos Mistérios
Espírito, a Senhora governa todos nós
Espírito, esteja comigo a guiando os rumos da minha vida
Governando os rumos do meu coração
Tornando minhas experiências tolas e humanas
Sabedoria, vinda de Ti
Eu te peço
"Guarda a Vida de Suas Filhas, entre as mãos
E sobre o Coração."
NOSSO ÚNICO TEMPLO VERDADEIRO
Não adianta apenas enviar reiki para o planeta terra, é preciso agir.
Como?
Com conscientização de o quão importante é o mundo em que vivemos, que ele é importante para todos nós, muito além de questões místicas ou religiosas...É a única casa que conhecemos, nosso templo último e primeiro.
Eu não acredito que o mundo deixe de existir pela força da mão humana, apenas acredito que toda a humanidade e muitas especies deixaram de existir, embora sem nós, bem que leve bilhões de anos, a terra sem duvida se recuperaria, mas não seria a terra que amamos e conhecemos, seria quase um outro mundo e tudo isso por nossa própria mão...s sábios no fundo sempre conheceram o segredo, os verdadeiros princípios por de traz dos deuses não dependem de nós para existir, a Deusa continuará sem nós. Resta saber se continuaremos sem Ela e sem a Terra, sua casa e seu trono primeiro.
O Como se daria a evolução de uma raça capaz de destruir todos os recursos de seu próprio planeta?
BEY, BEY BABA,BEY, BABA YAGA...
Longe do convívio humano, Baba-Yaga tem o domínio pleno e solitário da floresta, suas árvores e as sombras, revelando-se como uma das manifestações do arquétipo feminino da Grande-Mãe, com quem, em última instância, todos buscam um consolo ou ajuda.
Na história de Vassalissa é ilustrativo seu diálogo com Yaga, a respeito dos três cavaleiros que a menina vira passar (o branco, o vermelho e o preto), quando se dirigia à cabana sobre pés-de-galinha. A velha responde que eles respectivamente são “meu dia, meu sol, minha noite”. Não poderia se expressar de outra maneira, não fosse a verdadeira senhora da passagem do tempo. “Podemos chamá-la de Grande Deusa da Natureza”, afirma Marie-Louise von Franz, mas “obviamente, com todos os esqueletos em volta de sua casa, ela é também a Deusa da Morte, que é um aspecto da natureza”. Baba-Yaga compreende igualmente os dois mistérios extremos da Vida, o nascimento (criação) e a morte (destruição)
Além de suas qualidades dóceis e férteis, o arquétipo da Grande-Mãe simboliza a destruição necessária para uma nova ordem.
Não cair em sua ira devoradora significa ter acesso aos conhecimentos dessa potestade arquetípica.
Quando, empenhado na busca, o primeiro jovem chegou tremendo à porta de sua cabana, Baba Yaga perguntou: “Você está aqui por conta própria ou foi mandado por alguém?” Como a família do jovem apoiava sua busca, ele respondeu: “Fui mandado pelo meu pai.” No mesmo instante, Baba Yaga o jogou no caldeirão e o cozinhou. A segunda pessoa a procurá-la, uma moça, viu o fogo crepitando e ouviu a risada de Baba Yaga. Novamente, Baba Yaga perguntou: “Você veio por conta própria ou foi mandada por alguém?” Essa jovem tinha ido para o bosque sozinha em busca do que encontrasse. “Vim por conta própria”, respondeu ela. Baba Yaga a atirou no caldeirão e a cozinhou também.
Mais tarde, um terceiro visitante, uma moça profundamente confusa diante do mundo, chegou à casa de Baba Yaga no meio da floresta. Ela viu a fumaça e percebeu o perigo. Baba Yaga a encarou: “Você veio aqui por conta própria ou foi mandada por outra pessoa?” A jovem respondeu com sinceridade: “Em parte vim por conta própria, mas em parte vim por causa de outras pessoas. Em parte vim porque você está aqui, por causa da floresta e por causa de alguma outra coisa que esqueci. E em parte nem sei por que vim.” Baba Yaga ficou olhando para ela por um momento e disse: “Você serve.” E a convidou para entrar na cabana.
quarta-feira, 14 de maio de 2014
PARAR PARA PENSAR É DIVINO
Porque dede vez em quando me faltam formas de calar...É isso, apenas mais uma volta para dentro, mais um mergulho e um longo suspiro. As vezes é apenas isso que eu como bruxa sempre esqueço; as coisas acontecem por si mesmas, seguindo um fluxo natural e não adianta força-las, porque isso é improdutivo e vai contra as pulsões do rio.
É como lutar contra a correnteza, lutar contra o fluxo quando eu poderia deixar a mar me levar suavemente a costa. Porque mesmo quando não chego a costa, porque estou cansada e não consigo quebrar o paradigma, mesmo assim eu estou irreverentemente reproduzindo, não tanto mais para os outras, mas sim mais para mim. O meu maior erro sempre foi esse a insistência desnecessária (fruto da minha essencial teimosia) que me faz mais empacar e dar pinotes as solavancos do que me empurra pra frente.
A vida cotidiana, não a vida profunda, mas a cotidiana, pode acabar nos absorvendo e sorvendo sem que nos paremos e analisemos por um instante.
Esse tão importante instante, chamado parar pra pensar...pra isso não são necessários carros luzentes, nem uma bela casa decorada, ou mesmo uma estante cheia de livros, mas apenas isso: um tempo e um pouco de discernimento (até mesmo a grande vontade é dispensada aqui)...
Pensar sem hipocrisia sem grandes pressões filosóficas...
Pensar apenas com o coração leve ou pesado, não importa... Apenas pensar porque com um único pensamento se acende o átomo da centelha da vida. Um único pensamento a acende em mim e em qualquer pessoa aquilo que é essencialmente da Deusa e que não pode estar longe dela. Discernimento é um exercício diário e mesmo aqueles que vivem dele falham por vezes... Prefiro os artistas porque todo pensamento racional é vácuo e sem graça, se não tiver as pinceladas do sentimentos. Todo pensamento tem que evocar um sentimento para que possa evocar a vida, e toda vida e todo o risco tem que ser sentido até seu momento atimo, para dar sentido a nossa historia, por vezes tão comum.
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