"Não somos corpos que procuram
espíritos, mas somos espíritos que procuram experiências
corporais"
espíritos, mas somos espíritos que procuram experiências
corporais"
Amaterasu é o Sol Feminino do Japão e Uzume, a Deusa Xamã da Alegria.
Elas são duas Deusas irmãs, cujos caminhos se cruzaram e nunca mais se separam, pois estão intimamente ligadas.
A lenda nos conta que Amaterasu tinha um irmão chamado Susano-o,
que não tinha outro prazer a não ser atormentar a irmã. Mas passou dos limites, quando um dia, matou um cavalo da Deusa
(animal que lhe era sagrado) e jogou sua carcaça sangrenta
sobre ela e suas auxiliares no quarto de tear. Algumas versões
contam, que uma tecelã morreu de susto e, em outras, que a própria Amaterasu saiu ferida do ataque. Mas, o que realmente aconteceu é que a Deusa se assustou tanto, que se refugiou em
uma gruta do ceú, que tapou com uma enorme pedra, desejando que
o mundo permanecesse na penumbra. Durante
a sua ausência, a escuridão e os demônios dominaram a terra.
Sem seus raios de luz, todas as coisas vivas começaram a
morrer. Temendo a completa instalação do caos, oitocentos
deuses reuniram-se em frente a caverna, tentando persuadi-la à sair. Colocaram na árvore que rodeava a entrada da gruta um
grande espelho mágico, bandeirolas de cânhamo e jóias. Depois
acenderam enormes fogueiras para iluminar o local, fazendo com
que os galos cantassem achando que o dia raiava, enquanto os
membros da família divina, reunidos nesse lugar, sopravam pífaros,
tocavam tambor e faziam uma grande algazarra. Foi quando a Deusa
Uzume teve uma grande idéia. Subiu em cima de uma tina virada e começou a executar uma dança ridiculamente obscena, mas
frenética e extasiante. Os Deuses começaram a rir muito alto.
Vendo que tinha conseguido chamar a atenção de todos, resolveu
provocar mais. Levantou o kimono, deixando a mostra seus
órgãos genitais e os seios. Houve assobios, uivos, gritos ensurdecedores, que tremeram os alicerçes do Ceú.Tanto alarido, acabou por despertar a curiosidade de Amaterasu, que afastando a pedra da entrada da gruta, resolveu espiar o que acontecia. Não cabendo em si de curiosidade, viu sua radiante
beleza refletida no espelho que os Deuses haviam colocado na árvore. Ficou totalmente fascinada e embevecida diante de tanto esplendor, que saiu da caverna, esquecendo-se totalmente da sua dor e medo. Entendeu então, que daquele momento em diante, deveria ser mais determinada para continuar seus deveres no céu. Retornou imediatamente para o seu palácio e fez votos para nunca mais se assustar com qualquer tempestade. Espelhos foram posicionados nas entradas de seus templos, para que todos que passasem por eles pudessem contemplar-se. E foi assim, através dos risos dos Deuses provocados por Uzume e pela maravilha de seu próprio reflexo, que Amaterasu retorna de seu exílio, deixando nosso mundo novamente cheio de vida e esperança. Muito embora Susano-o, tivesse sido desonrado por todos os outros Deuses, Amaterasu, tornou-o mensageiro de seu amor e desejos. Uzume, por sua vez, ficou imensamente feliz com o retorno de Amaterasu e a Deusa do Sol, toda vez que aparece traz sempre consigo a Alegria. E hoje, as irmãs Sol e Alegria, chegam até nós, caminhando de mãos dadas, para ensinar-nos sobre o poder de cura do riso e da dança e lembrar-nos que nós poderemos encontrar a cura e sabedoria no humor. Todos nós já passamos por períodos de nossas vidas, que nos refugiamos em cavernas escuras de nossas depressões, desilusões ou obsessões. Nós humanos somos filhos e filhas da escuridão e da luz. Estamos sempre em viagem da escuridão para a luz. E, como sabemos, cada dia é uma viagem. Da noite, saímos para o dia. Toda a criatividade desperta nesse limiar primordial, onde a luz e a escuridão se examinam e se abençoam. Só se descobre o equílibrio da vida quando se aprende a confiar no fluxo desse ritmo antigo. A Deusa Amaterasu além de trazer o colorido para a natureza, nos ajuda a vislumbrar as sagradas profundezas de dentro de nós. Já a Deusa Uzume vem nos dizer que o riso é a melhor forma de
relaxarmos quando estamos enfrentando períodos de dificuldades.Qual foi a última vez que você deu uma gostosa gargalhada? Uzume afirma que a totalidade só será alcançada
quando decidirmos rir e encararmos os desafios da vida com mais
humor. Nos revela também, que é através da dança que
poderemos alimentar a totalidade do riso. Os gestos são uma linguagem, que parte das profundezas do inconsciente e se abandona às pulsações divinas: o entusiasmo manifesta a presença de nossa Deusa interior. A dança simboliza e reclama a ação Desta. A dança religiosa e cósmica é um rito de identificação com a Deusa e sua Criação. A dança é ainda, um símbolo de libertação dos limites, que converteu-se em uma
manifestação da vida espiritual. As danças rituais são uma maneira de se restabelecer as relações entre Céu e Terra e reclamam: chuva, amor, vitória e fertilidade. Com
Amaterasu e Uzume, brilhamos com alegria, florescemos nas adversidades e sorrimos com facilidade. Amaterasu é a Deusa sintoísta do Sol no Japão. O sintoísmo incita a veneração do passado, o respeito à velhice, o amor à pátria e o carinho pelos mortos, pois eles protegem aqueles que os amaram. O sintoísmo, que conta com vinte milhões de fiéis, não tem fundador, nem dispõe de livros sagrados. No Japão, dia 3 de fevereiro é o dia das famílias honrarem Amaterasu, dizendo adeus ao Inverno e dando boas-vindas ao Sol durante o festival Setsubun.Muitas lanternas são acesas para comemorar o retorno da luz e calor. Seu nome completo é Amaterasu-o-milha-kami e significa: Deusa gloriosa que brilha nos Céus. Foi Amaterasu também, que ensinou o homem a cultivar o arroz e o
trigo, a criar o bicho-da-seda e tecer com um tear. É Ela ainda, que agita o Caldeirão do Tempo e dá forma as nuvens. Após a Segunda Guerra Mundial, a família real japonesa reivindicou a
descida de Amaterasu, e como descendente mítico Dela, o Imperador foi considerado oficialmente divino. As Deusas residem dentro de nós. Nós somos aspectos materiais das
Deusas, verdadeiras extensões Delas. Não somos corpos que
procuram espíritos, mas somos espíritos que procuram
experiências corporais.
Texto
pesquisado e desenvolvido por
Rosane Volpatto :http://www.rosanevolpatto.trd.br/uzume.html
Elas são duas Deusas irmãs, cujos caminhos se cruzaram e nunca mais se separam, pois estão intimamente ligadas.
A lenda nos conta que Amaterasu tinha um irmão chamado Susano-o,
que não tinha outro prazer a não ser atormentar a irmã. Mas passou dos limites, quando um dia, matou um cavalo da Deusa
(animal que lhe era sagrado) e jogou sua carcaça sangrenta
sobre ela e suas auxiliares no quarto de tear. Algumas versões
contam, que uma tecelã morreu de susto e, em outras, que a própria Amaterasu saiu ferida do ataque. Mas, o que realmente aconteceu é que a Deusa se assustou tanto, que se refugiou em
uma gruta do ceú, que tapou com uma enorme pedra, desejando que
o mundo permanecesse na penumbra. Durante
a sua ausência, a escuridão e os demônios dominaram a terra.
Sem seus raios de luz, todas as coisas vivas começaram a
morrer. Temendo a completa instalação do caos, oitocentos
deuses reuniram-se em frente a caverna, tentando persuadi-la à sair. Colocaram na árvore que rodeava a entrada da gruta um
grande espelho mágico, bandeirolas de cânhamo e jóias. Depois
acenderam enormes fogueiras para iluminar o local, fazendo com
que os galos cantassem achando que o dia raiava, enquanto os
membros da família divina, reunidos nesse lugar, sopravam pífaros,
tocavam tambor e faziam uma grande algazarra. Foi quando a Deusa
Uzume teve uma grande idéia. Subiu em cima de uma tina virada e começou a executar uma dança ridiculamente obscena, mas
frenética e extasiante. Os Deuses começaram a rir muito alto.
Vendo que tinha conseguido chamar a atenção de todos, resolveu
provocar mais. Levantou o kimono, deixando a mostra seus
órgãos genitais e os seios. Houve assobios, uivos, gritos ensurdecedores, que tremeram os alicerçes do Ceú.Tanto alarido, acabou por despertar a curiosidade de Amaterasu, que afastando a pedra da entrada da gruta, resolveu espiar o que acontecia. Não cabendo em si de curiosidade, viu sua radiante
beleza refletida no espelho que os Deuses haviam colocado na árvore. Ficou totalmente fascinada e embevecida diante de tanto esplendor, que saiu da caverna, esquecendo-se totalmente da sua dor e medo. Entendeu então, que daquele momento em diante, deveria ser mais determinada para continuar seus deveres no céu. Retornou imediatamente para o seu palácio e fez votos para nunca mais se assustar com qualquer tempestade. Espelhos foram posicionados nas entradas de seus templos, para que todos que passasem por eles pudessem contemplar-se. E foi assim, através dos risos dos Deuses provocados por Uzume e pela maravilha de seu próprio reflexo, que Amaterasu retorna de seu exílio, deixando nosso mundo novamente cheio de vida e esperança. Muito embora Susano-o, tivesse sido desonrado por todos os outros Deuses, Amaterasu, tornou-o mensageiro de seu amor e desejos. Uzume, por sua vez, ficou imensamente feliz com o retorno de Amaterasu e a Deusa do Sol, toda vez que aparece traz sempre consigo a Alegria. E hoje, as irmãs Sol e Alegria, chegam até nós, caminhando de mãos dadas, para ensinar-nos sobre o poder de cura do riso e da dança e lembrar-nos que nós poderemos encontrar a cura e sabedoria no humor. Todos nós já passamos por períodos de nossas vidas, que nos refugiamos em cavernas escuras de nossas depressões, desilusões ou obsessões. Nós humanos somos filhos e filhas da escuridão e da luz. Estamos sempre em viagem da escuridão para a luz. E, como sabemos, cada dia é uma viagem. Da noite, saímos para o dia. Toda a criatividade desperta nesse limiar primordial, onde a luz e a escuridão se examinam e se abençoam. Só se descobre o equílibrio da vida quando se aprende a confiar no fluxo desse ritmo antigo. A Deusa Amaterasu além de trazer o colorido para a natureza, nos ajuda a vislumbrar as sagradas profundezas de dentro de nós. Já a Deusa Uzume vem nos dizer que o riso é a melhor forma de
relaxarmos quando estamos enfrentando períodos de dificuldades.Qual foi a última vez que você deu uma gostosa gargalhada? Uzume afirma que a totalidade só será alcançada
quando decidirmos rir e encararmos os desafios da vida com mais
humor. Nos revela também, que é através da dança que
poderemos alimentar a totalidade do riso. Os gestos são uma linguagem, que parte das profundezas do inconsciente e se abandona às pulsações divinas: o entusiasmo manifesta a presença de nossa Deusa interior. A dança simboliza e reclama a ação Desta. A dança religiosa e cósmica é um rito de identificação com a Deusa e sua Criação. A dança é ainda, um símbolo de libertação dos limites, que converteu-se em uma
manifestação da vida espiritual. As danças rituais são uma maneira de se restabelecer as relações entre Céu e Terra e reclamam: chuva, amor, vitória e fertilidade. Com
Amaterasu e Uzume, brilhamos com alegria, florescemos nas adversidades e sorrimos com facilidade. Amaterasu é a Deusa sintoísta do Sol no Japão. O sintoísmo incita a veneração do passado, o respeito à velhice, o amor à pátria e o carinho pelos mortos, pois eles protegem aqueles que os amaram. O sintoísmo, que conta com vinte milhões de fiéis, não tem fundador, nem dispõe de livros sagrados. No Japão, dia 3 de fevereiro é o dia das famílias honrarem Amaterasu, dizendo adeus ao Inverno e dando boas-vindas ao Sol durante o festival Setsubun.Muitas lanternas são acesas para comemorar o retorno da luz e calor. Seu nome completo é Amaterasu-o-milha-kami e significa: Deusa gloriosa que brilha nos Céus. Foi Amaterasu também, que ensinou o homem a cultivar o arroz e o
trigo, a criar o bicho-da-seda e tecer com um tear. É Ela ainda, que agita o Caldeirão do Tempo e dá forma as nuvens. Após a Segunda Guerra Mundial, a família real japonesa reivindicou a
descida de Amaterasu, e como descendente mítico Dela, o Imperador foi considerado oficialmente divino. As Deusas residem dentro de nós. Nós somos aspectos materiais das
Deusas, verdadeiras extensões Delas. Não somos corpos que
procuram espíritos, mas somos espíritos que procuram
experiências corporais.
Texto
pesquisado e desenvolvido por
Rosane Volpatto :http://www.rosanevolpatto.trd.br/uzume.html
*imagem do site
Um comentário:
A idéia de uma Mãe Divina é um dos símbolos mais antigos e universais, através dos quais a Humanidade se tem relacionado com o sagrado. A sua forma varia segundo culturas e tradições. Por vezes bem concreta, como Kali, Ishtar e Ísis; outras, a divina criadora de toda a existência, como Nut. Outras ainda como Yoruba ou Oya, africana, tomando a forma de coisas naturais como o rio Niger, tornados, búfalo, fogo, vento; ou Iemanjá, deusa de mar, da cultura afro-brasileira; deusa da fertilidade como Ix Chel, principal deusa dos Maias; Criadora do universo e da vontade, como Prakriti na Índia; outras mais abstrata como Yin, da filosofia Taoista; outras, como a mulher em mutação, como nas culturas dos índios Pueblo. Outras, semideusa como Brunilda, representando a luz que ilumina o caminho; outras ainda como rainha, a Rainha do Sabat dos judeus. Ela é Gaia, nas suas mutações, na sua beleza, na sua fertilidade. Ela é Sophia, Sabedoria; ela é a criadora, poesia, medicina, vibração, música e musa da alegria ou deusa da Liberdade e da Verdade. Ela é mulher e homem. Ela é inspiração; ela é o sonho que nasce da escuridão; ela é a que integra, a que dá, a que salva e também a que denuncia, porque ela é também a candeia da Humanidade. Por isso a Mãe Divina é a ponte entre a violência e o amor, a Humanidade e o Sagrado. Ela está em cada ser humano e cada ser humano está Nela.
Do livro A Outra História da Humanidade, de Rosa DeSouza
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