COMO O HOMEM VÊ (OLHA) A DEUSA E A TERRA
E COMO A MULHER SENTE E VIVE A DEUSA E A TERRA...
"Quando o pretenso civilizado aqui chegou e impôs sua cultura, impôs a ferro e fogo, com morte e dor, encontrou aqui uma cultura complexa, de valores ecológicos sofisticados como bem mostra esta carta. A sintonia com a Vida e com a Terra, vista como Mãe, é algo que nós neopagãos bem entendemos. Este é o valor mais ausente desta cultura utilitarista e consumista que se instalou no mundo: Não conseguem sentir a Vida pulsando em tudo à nossa volta, perderam o elo com a Mãe Terra, ser vivo e dinâmico, com o qual podemos criar uma relação que nos permite um grau de completude, de plenitude existencial e energética inominável. "
"Suprimindo a noção de Mãe-Divina, ou submetendo à autoridade de um deus-pai, desarticulou-se o mecanismo instintivo que fazia o equilíbrio inicial: daí advém todas as neuroses e outros dramas que sacodem estas sociedades paternalistas."
In LA FEMME CELTE - de Jean Markale
O SENTIR DA MULHER
Quando essas invasões dos cristãos numa parte do mundo e já de outras religiões patriarcais, anteriormente, noutras partes do globo, o que elas todas fizeram e que é preciso ter em conta foi sobretudo inferiorizar a mulher sujeitando-a e tratando-a muito pior do que ao homem e à Terra...
A forma como os invasores vieram e destruíram as culturas nativas, foi escravizando as mulheres antes dos homens...que no início matavam, enquanto as mulheres eram utilizadas como meros instrumentos de prazer e carga...Mais tarde também começaram a escravizar os homens fortes.
Não podemos fugir aos factos históricos, embora nem toda a História foque este aspecto…porque na cultura patriarcal a mulher não era relevante….
Assim, o modo como começaram por tratar a Mulher acabaram tratanto a terra mãe...e enquanto não mudar o paradigma social ou o sistema patriarcal, essa atitude em relação à mulher não vai mudar e sem a dignificação da mulher não haverá ecologia...nem respeito pela Natureza ou pela Deusa.
"Á força de rejeitar o que a Feminilidade traz como solução à angústia do homem, cria-se em todo o caso uma humanidade perfeitamente neurótica.
(...)
Com efeito, o homem primitivo invejava à Mulher o seu mistério, a sua ambiguidade fundamental, o seu poder de dar a vida, o homem moderno porém esqueceu, pela sua educação completamente masculinizada, este desejo metafísico da Mulher Divina. Esse desejo encontra-se no estado inconsciente em todos os indivíduos. Os poetas e os artistas os traduzem nas suas obras, os outros nos seus comportamentos aparentemente inexplicáveis ou simplesmente aberrantes como é o caso da imitação fisiológica e do fetichismo do vestuário.
(...)
O padre que oficia nos seus trajes de cerimónia, todos de origem feminina, e o travesti, castrado ou não, obedecem a um mesmo desejo. Destapar uma ponta do véu, descobrir o famoso véu de Ìsis. (...) In LA FEMME CELTE - de Jean Markale
A mulher é o corpo vivo da deusa, é o feminino sagrado desperto que faz a revelação da Deusa através de uma iniciação que faz do homem amante e do filho devoto e que consequentemente respeita e ama a mãe acima de tudo. Isso significa amar e respeitar a natureza. Nunca é demais dizê-lo porque de outro modo não haverá equilíbrio nem justiça no mundo...
A deusa não é uma compreensão ou uma iniciação abstracta, nem uma prática…
A Deusa é uma experiência real da manifestação do amor pleno dentro de cada mulher, não um culto ou ritual...
Sem a Consciência do Feminino Sagrado revelado na integralidade da mulher não pode haver Ecologia...porque é a Mulher que faz a ligação com a deusa dentro de si e inicia o Homem nessa consciência de amor sagrado por ela (deusa) e pela terra.
Foi a misoginia dos homens ou a sua indiferença que mais contribuiu para destruir toda a ligação directa da mulher com a terra e com ela própria e assim afastou-a da vida plena de onde eles próprios provêm...
O que se perdeu foi a consciência de que da mesma forma que o homem é dado à Luz pela mulher, esta, quando reencontrada na sua verdadeira essência, unidas as duas mulheres cindidas pelas religiões, pode através da iniciação amorosa revelar ao homem o Segredo da Existência e restabelecer a sua conexão com o divino.
Não podemos considerar a mulher dos nossos dias como a referência do que eu digo porque ela não é uma verdadeira mulher, pois ela perdeu a sua dimensão ontológica e não tem acesso ao seu verdadeiro ser, a deusa. Essa mulher ancestral que se ligava à natureza e aos seus ciclos, que mergulhava na essência da vida de corpo e alma e assim conhecia o espírito foi há muito muito tempo banida do mundo.
A mulher que era desde os primórdios a representante na terra das energias cósmicas e telúricas, a xamã e a sacerdotisa, a profetisa e a curadora que tinha a função sagrada de unir o Céu e a Terra, foi rechaçada dos templos e das iniciações secretas...Ela era a Matriz e a Iniciadora do homem à sua dimensão do sagrado feminino na Terra, isto de acordo com as tradições mais fidedignas e antigas e se tivermos em conta os mais de 3 mil anos de "culto" dos Mistérios Eleusianos.
Sem dúvida que se a mulher não voltar a integrar a deusa nela própria e não estiver apta para a revelar ao homem, os riscos de um culto esvaziado de vivência são grandes...mas não podemos inverter os termos da vida e da manifestação. Não é a consciência ecológica – que por si não pode existir - que faz a ligação com a Deusa, mas a mulher autêntica que liga o homem à sua natureza profunda, iniciática, na plenitude do amor e na beleza e dá origem àquilo a que podemos chamar hoje de ecologia. Sim, na revelação da Deusa dentro de cada ser...a revelação do feminino sagrado na mulher e no homem, nasce a verdadeira Ecologia, não como filosofia ou teoria mas como experiência viva e sentida.
Não é com certeza neste estado de coisas, na alienação dos dias de hoje, neste plano intelectual, mental ou religioso tão disperso e mesmo quando pretensamente iniciático - em que os conceitos fervilham por todos os lados - que podemos discernir o que seja a verdadeira consciência do Feminino essencial. Sem a Mulher e Mãe no seu lugar de origem não há Deusa...não há filho...logo não há o Homem. Logo não há Deus na terra, mas apenas e remotamente no céu…
O OLHAR DO HOMEM
"Um dos riscos que vejo na Wicca hoje é uma adoção de um culto formal à Deusa, fazendo aquilo que tantos chamam de criar um "jeová" de saias. Sem a consciência ecológica não há ligação com a Deusa. Sem a mudança dos paradigmas fundamentais nos quais fomos criados, que não são ecológicos, não levam a uma relação direta com a divindade sem intermediários e sentindo faces da divindade em cada aspecto da existência. Sem esses pontos-base não há paganismo. Sem perceber a Deusa na natureza e na vida como um todo não há paganismo efetivo. É minha opinião que os cultos a uma "personalização" da Deusa pouca relação tem com "sentir" e "celebrar" a Deusa, que sempre foi sentir e celebrar a própria vida em seus ciclos. Uma pessoa que se diz pagã e não possuí aguda, clara e intensa consciência ecológica é alguém diletante, alguém que apenas repete formas prontas, sem entender a essência. Pois como estar em um movimento que busca ser uno com a vida sem ter essa consciência ecológica plenamente desenvolvida? Este me parece o primeiro ponto.
Segundo ponto a debater é a questão de sentir a Deusa. A percepção da Deusa sem faces, da Deusa enquanto origem e fonte sempre foi um conhecimento iniciático. Pelo que pesquisei nenhum culto "popular" tinha essa concepção. Sempre neste nível mais "exotérico" o culto era a uma das faces da divindade, da Deusa. O conceito da Fonte sem Fonte, da Deusa sem face sempre esteve associado aos trabalhos já dentro dos chamados mistérios. Estes dois níveis da religiosidade antiga nunca podem ser esquecidas quando falamos sobre os cultos ancestrais, os cultos abertos ao público e portanto os únicos que deixaram registros possíveis de serem estudados pelos historiadores tinham um outro aspecto, secreto, oculto, transmitido apenas de boca para ouvido e que sobrevive até os dias de hoje dentro destas mesmas premissas, pois me parece uma das grandes ilusões contemporâneas crer que o secreto e o sagrado estão revelados. Aliás podem até estar, já que etimologicamente revelar é velar de novo. RE-velar. Mas nunca o sagrado, o segredo, os mistérios serão revelados neste sentido que dão ao termo, pois não é o mistério que pode ser aberto à compreensão limitada de quem apenas foi condicionado pela sociedade, mas somos nós que temos que nos desenvolver, sutilizar e ampliar nossa percepção para mergulhar na vastidão onde reside o secreto e o sagrado. Como a cor só se revela a alguém quando este alguém abre os olhos, não há como falar sobre cores a quem insiste em manter os olhos fechados.(…)*
*LER EM: http://pistasdocaminho.blogspot.com/
Publicada por Rosa Leonor em MULHERES & DEUSAS
E COMO A MULHER SENTE E VIVE A DEUSA E A TERRA...
"Quando o pretenso civilizado aqui chegou e impôs sua cultura, impôs a ferro e fogo, com morte e dor, encontrou aqui uma cultura complexa, de valores ecológicos sofisticados como bem mostra esta carta. A sintonia com a Vida e com a Terra, vista como Mãe, é algo que nós neopagãos bem entendemos. Este é o valor mais ausente desta cultura utilitarista e consumista que se instalou no mundo: Não conseguem sentir a Vida pulsando em tudo à nossa volta, perderam o elo com a Mãe Terra, ser vivo e dinâmico, com o qual podemos criar uma relação que nos permite um grau de completude, de plenitude existencial e energética inominável. "
"Suprimindo a noção de Mãe-Divina, ou submetendo à autoridade de um deus-pai, desarticulou-se o mecanismo instintivo que fazia o equilíbrio inicial: daí advém todas as neuroses e outros dramas que sacodem estas sociedades paternalistas."
In LA FEMME CELTE - de Jean Markale
O SENTIR DA MULHER
Quando essas invasões dos cristãos numa parte do mundo e já de outras religiões patriarcais, anteriormente, noutras partes do globo, o que elas todas fizeram e que é preciso ter em conta foi sobretudo inferiorizar a mulher sujeitando-a e tratando-a muito pior do que ao homem e à Terra...
A forma como os invasores vieram e destruíram as culturas nativas, foi escravizando as mulheres antes dos homens...que no início matavam, enquanto as mulheres eram utilizadas como meros instrumentos de prazer e carga...Mais tarde também começaram a escravizar os homens fortes.
Não podemos fugir aos factos históricos, embora nem toda a História foque este aspecto…porque na cultura patriarcal a mulher não era relevante….
Assim, o modo como começaram por tratar a Mulher acabaram tratanto a terra mãe...e enquanto não mudar o paradigma social ou o sistema patriarcal, essa atitude em relação à mulher não vai mudar e sem a dignificação da mulher não haverá ecologia...nem respeito pela Natureza ou pela Deusa.
"Á força de rejeitar o que a Feminilidade traz como solução à angústia do homem, cria-se em todo o caso uma humanidade perfeitamente neurótica.
(...)
Com efeito, o homem primitivo invejava à Mulher o seu mistério, a sua ambiguidade fundamental, o seu poder de dar a vida, o homem moderno porém esqueceu, pela sua educação completamente masculinizada, este desejo metafísico da Mulher Divina. Esse desejo encontra-se no estado inconsciente em todos os indivíduos. Os poetas e os artistas os traduzem nas suas obras, os outros nos seus comportamentos aparentemente inexplicáveis ou simplesmente aberrantes como é o caso da imitação fisiológica e do fetichismo do vestuário.
(...)
O padre que oficia nos seus trajes de cerimónia, todos de origem feminina, e o travesti, castrado ou não, obedecem a um mesmo desejo. Destapar uma ponta do véu, descobrir o famoso véu de Ìsis. (...) In LA FEMME CELTE - de Jean Markale
A mulher é o corpo vivo da deusa, é o feminino sagrado desperto que faz a revelação da Deusa através de uma iniciação que faz do homem amante e do filho devoto e que consequentemente respeita e ama a mãe acima de tudo. Isso significa amar e respeitar a natureza. Nunca é demais dizê-lo porque de outro modo não haverá equilíbrio nem justiça no mundo...
A deusa não é uma compreensão ou uma iniciação abstracta, nem uma prática…
A Deusa é uma experiência real da manifestação do amor pleno dentro de cada mulher, não um culto ou ritual...
Sem a Consciência do Feminino Sagrado revelado na integralidade da mulher não pode haver Ecologia...porque é a Mulher que faz a ligação com a deusa dentro de si e inicia o Homem nessa consciência de amor sagrado por ela (deusa) e pela terra.
Foi a misoginia dos homens ou a sua indiferença que mais contribuiu para destruir toda a ligação directa da mulher com a terra e com ela própria e assim afastou-a da vida plena de onde eles próprios provêm...
O que se perdeu foi a consciência de que da mesma forma que o homem é dado à Luz pela mulher, esta, quando reencontrada na sua verdadeira essência, unidas as duas mulheres cindidas pelas religiões, pode através da iniciação amorosa revelar ao homem o Segredo da Existência e restabelecer a sua conexão com o divino.
Não podemos considerar a mulher dos nossos dias como a referência do que eu digo porque ela não é uma verdadeira mulher, pois ela perdeu a sua dimensão ontológica e não tem acesso ao seu verdadeiro ser, a deusa. Essa mulher ancestral que se ligava à natureza e aos seus ciclos, que mergulhava na essência da vida de corpo e alma e assim conhecia o espírito foi há muito muito tempo banida do mundo.
A mulher que era desde os primórdios a representante na terra das energias cósmicas e telúricas, a xamã e a sacerdotisa, a profetisa e a curadora que tinha a função sagrada de unir o Céu e a Terra, foi rechaçada dos templos e das iniciações secretas...Ela era a Matriz e a Iniciadora do homem à sua dimensão do sagrado feminino na Terra, isto de acordo com as tradições mais fidedignas e antigas e se tivermos em conta os mais de 3 mil anos de "culto" dos Mistérios Eleusianos.
Sem dúvida que se a mulher não voltar a integrar a deusa nela própria e não estiver apta para a revelar ao homem, os riscos de um culto esvaziado de vivência são grandes...mas não podemos inverter os termos da vida e da manifestação. Não é a consciência ecológica – que por si não pode existir - que faz a ligação com a Deusa, mas a mulher autêntica que liga o homem à sua natureza profunda, iniciática, na plenitude do amor e na beleza e dá origem àquilo a que podemos chamar hoje de ecologia. Sim, na revelação da Deusa dentro de cada ser...a revelação do feminino sagrado na mulher e no homem, nasce a verdadeira Ecologia, não como filosofia ou teoria mas como experiência viva e sentida.
Não é com certeza neste estado de coisas, na alienação dos dias de hoje, neste plano intelectual, mental ou religioso tão disperso e mesmo quando pretensamente iniciático - em que os conceitos fervilham por todos os lados - que podemos discernir o que seja a verdadeira consciência do Feminino essencial. Sem a Mulher e Mãe no seu lugar de origem não há Deusa...não há filho...logo não há o Homem. Logo não há Deus na terra, mas apenas e remotamente no céu…
O OLHAR DO HOMEM
"Um dos riscos que vejo na Wicca hoje é uma adoção de um culto formal à Deusa, fazendo aquilo que tantos chamam de criar um "jeová" de saias. Sem a consciência ecológica não há ligação com a Deusa. Sem a mudança dos paradigmas fundamentais nos quais fomos criados, que não são ecológicos, não levam a uma relação direta com a divindade sem intermediários e sentindo faces da divindade em cada aspecto da existência. Sem esses pontos-base não há paganismo. Sem perceber a Deusa na natureza e na vida como um todo não há paganismo efetivo. É minha opinião que os cultos a uma "personalização" da Deusa pouca relação tem com "sentir" e "celebrar" a Deusa, que sempre foi sentir e celebrar a própria vida em seus ciclos. Uma pessoa que se diz pagã e não possuí aguda, clara e intensa consciência ecológica é alguém diletante, alguém que apenas repete formas prontas, sem entender a essência. Pois como estar em um movimento que busca ser uno com a vida sem ter essa consciência ecológica plenamente desenvolvida? Este me parece o primeiro ponto.
Segundo ponto a debater é a questão de sentir a Deusa. A percepção da Deusa sem faces, da Deusa enquanto origem e fonte sempre foi um conhecimento iniciático. Pelo que pesquisei nenhum culto "popular" tinha essa concepção. Sempre neste nível mais "exotérico" o culto era a uma das faces da divindade, da Deusa. O conceito da Fonte sem Fonte, da Deusa sem face sempre esteve associado aos trabalhos já dentro dos chamados mistérios. Estes dois níveis da religiosidade antiga nunca podem ser esquecidas quando falamos sobre os cultos ancestrais, os cultos abertos ao público e portanto os únicos que deixaram registros possíveis de serem estudados pelos historiadores tinham um outro aspecto, secreto, oculto, transmitido apenas de boca para ouvido e que sobrevive até os dias de hoje dentro destas mesmas premissas, pois me parece uma das grandes ilusões contemporâneas crer que o secreto e o sagrado estão revelados. Aliás podem até estar, já que etimologicamente revelar é velar de novo. RE-velar. Mas nunca o sagrado, o segredo, os mistérios serão revelados neste sentido que dão ao termo, pois não é o mistério que pode ser aberto à compreensão limitada de quem apenas foi condicionado pela sociedade, mas somos nós que temos que nos desenvolver, sutilizar e ampliar nossa percepção para mergulhar na vastidão onde reside o secreto e o sagrado. Como a cor só se revela a alguém quando este alguém abre os olhos, não há como falar sobre cores a quem insiste em manter os olhos fechados.(…)*
*LER EM: http://pistasdocaminho.blogspot.com/
Publicada por Rosa Leonor em MULHERES & DEUSAS
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