"E aqueles que pensam em Me procurar, saibam que a vossa busca e vosso anseio devem beneficiar-vos apenas se vós souberdes o Mistério; se o que vós procurardes, vós não achardes dentro de vós mesmos, então nunca encontrarão fora. Pois eu tenho estado convosco desde o Início e Eu Sou Aquela que é alcançada ao final do desejo"


quarta-feira, 30 de dezembro de 2009


DEUSA ANGITIA

Angitia (nome latino da Deusa Anagtia) é uma divindade Osci das cobras e da cura da magia e tambem Deusa da profecia, especialmente reverenciada pelos Marsi, uma tribo guerreira que viveu do leste de Roma até os Montes Apeninos (algumas vezes chamados de Colinas dos Marsi) e que falava o dialeto Sabellico*. Ela era famosa por sua habilidade de curar aqueles que foram envenenados, especialmente as pessoas mordidas por cobras. Existia, ainda, a lenda de que esta Deusa possuía o poder de matar serpentes através de encantamentos. Os Marsi também possuíam a reputação de curandeiros, magos e encantadores de cobras. De fato, neste tempo, os Serpari, caçadores de serpentes que viviam naquela reigão, eram tidos em alta conta. Em Roma, durante o primeiro século da Era Cristã, as atividades dos Marsi como curandeiros e adivinhos, assim como seu conhecimento da terra, foram consideradas como bruxaria.

Angitia tinha o conhecimento das ervas que curavam, e era honrada em um bosque, chamado de Silva Angitia ou Lucus Angitiae, e em um templo (com um tesouro), ambos localizados na margem sudoeste do Lago Fucinus. Esse lago era largo (mais de 30 milhas de circunferência – cerca de 48 km**), que não possuía nenhuma passagem e que costumava inundar as cidades próximas depois das chuvas da primavera, o que pode ser a razão de ter sido drenado no século XIX. Nesta região também existe a história de Umbro, que foi um sacerdote e vidente lendário dos Marsi. Assim como Angitia, era um curandeiro e um encantador de serpentes; de acordo com a Eneida, o lago Fucinus encheu quando ele foi morto em uma batalha.

Acredita-se que o nome Angitia deriva da palavra angere, que significa “doença” ou “desgraça”, se referindo a sua habilidade de matar cobras, os anguis, “cobra” ou “serpente”. Algumas inscrições mencionam Angitia no plural, como um grupo, as Angitiae (similar a Sulis e as Sulivae) e, em uma inscrição, ela é mencionada como Angerona, deusa do silêncio e do Solstício de Inverno. De acordo com Servius, quem nomeou Angitia foi a bruxa Medea, que voou até a Itália depois que sua a conspiração para envenenar Teseu foi descoberta. Medea é associada com feitiçaria e serpentes ou dragões, por isso ela é associada com a deusa da magia e das cobras dos Marsi.

A atual região de Abruzzo, na Itália, terra natal dos Marsi, ainda é associada com cobras. Lá é celebrada a Festa dos Serpari***. Esta celebração, primeiramente mencionada na Idade Média (mas muito mais antiga), é comemorada na vila de Cocullo (cuja população é de 316 habitantes) na primeira quinta-feira de maio. Os Serpari são uma fraternidade hereditária de encantadores de serpente, responsáveis por conduzir o festival.

Em algum momento próximo do primeiro dia da primavera, os Serpari capturam as cobras (a maioria delas de uma espécie calma e não venenosa), e a trazem para a vila, onde suas presas são removidas. Eles a prendem em caixas de madeira ou terracota e as tratam bem até o festival. No dia da festa, os peregrinos se encontram na igreja de San Domenico. Acredita-se que, assim como Angitia, o santo tem poderes de cura, especialmente em se tratando de mordidas de cobras e de cães raivosos e de dores de dentes. Depois da missa, a estátua do santo é carregada em procissão, e coberta com cobras vivas. A procissão é seguida pelos Serpari e por outros fiéis, que também seguem cobertos de serpentes. Em uma tradição mais antiga, as serpentes são mortas e comidas em um banquete, mas hoje elas foram substituídas pelo pão em formato de cobra – alguns representando cobras de duas cabeças. Nos dias de hoje, elas não são mortas, mas soltas de volta no bosque quando o festival termina. A propósito, os dentes das cobras continuam crescendo e, em média uma semana depois, dependendo da espécie, suas presas voltam ao normal.

Angitia é representada nesta figura com várias cobras rastejantes, na frente do Arum dracunculus, descrito pos Plínio como sendo uma cura para mordidas de cobra, com as Colinas dos Marsi ao fundo. O desenho foi feito com lápis aquarela.

Nomes alternativos: Angizia, Anagtua, Anagtia Diiva, Anguitia, Anguitina, Angitia; Ancet, uma deusa da cura dos Paeligini (outra tribo da mesma região**) que é provavelmente a mesma divindade com um nome traduzido para o dialeto deste povo. É quase certo que a Bona Dea romana é a mesma deusa, e seu festival também era celebrado nos primeiros dias de maio, assim como o de São Domenico.

Angitia também é associada com a feiticeira grega Circe.

http://itbarreto.multiply.com/journal/item/297/Angitia_-_Deusa_das_serpentes

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