AS PARCAS
"E como vê em nós almas pouco comum
Fora da ordem comum traçamos os destinos"
Naquelas horas perdidas
E sem alma
Ela lança o fuso
Por cima da roca
E vai se desfazendo em orações
E feitiços
Suas maldições preferidas
As mais belas vão sendo murmuradas
Gaia joga o fuso pra cima e pra baixo
brinca com a morte e a vida
No jogo da verdade
E o que ela escreve
Não é para ser lido
E pra ser sentido...
Ela joga pra cima e pra baixo
Distraída e frenética ao mesmo tempo
Se perde em suas bênçãos e maldições
Ela se desfaz
Já não existe Gaia,
Mulher ou Homem
Ela esta desfeita por cima da lançadeira
E foi ela própria quem se desfez
Desamarrando os fios
Com as agulhas hábeis em cima da lançadeira
Agora ela desfeita em trapo
Olha pra roca e murmura:
E agora Senhora, qual minha resposta?
Como resposta começa a chover
E Gaia Lentamente
Com os dedos desfeitos
todos em fio vivo
Vai se refazendo
Em cada ponto murmura uma bênção-maldição
Costura a própria boca:
" Que eu fale a verdade e seja sincera"
Costura as mãos e os braços desfeitos:
"Que eu trabalhe muito em minha vida"
Costura então suas costas:
"Que eu goste de descanso"
Costura então seus olhos
"Que eu veja o invisível e o inacreditável"
Costura agora a parte mais importante:
O coração
E ela se perde neste pois este necessita de mais palavras, mais bênçãos e maldições que os outros membros do corpo-alma.
Ela se perde na madrugada inteira
E não acaba
A cada dia parece que se lembra de um novo feitiço
Para que seja lançado em seu coração
E ela se refaz
E se sente insatisfeita
Faz desfaz nos dedos o que deseja
E esperneia e grita:
"Não esta certo, não esta pronto!"
Continua então a fiar
E de fio em fio
Ela vai se fiando
e continua fiando até hoje
E você pensa que ela escreveu isso em letras
Esta enganado, ela ainda esta na lançadeira.
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