"E aqueles que pensam em Me procurar, saibam que a vossa busca e vosso anseio devem beneficiar-vos apenas se vós souberdes o Mistério; se o que vós procurardes, vós não achardes dentro de vós mesmos, então nunca encontrarão fora. Pois eu tenho estado convosco desde o Início e Eu Sou Aquela que é alcançada ao final do desejo"


terça-feira, 15 de dezembro de 2009

A RENEGAÇÃO DA SABEDORIA FEMININA E DO PATRIMONIO CULTURAL DAS MULHERES




HIPACIA DE ALEXANDRIA

"Todas as religiões dogmáticas formais são falaciosas e nunca devem ser aceitas como palavra final por pessoas que se respeitem a si mesmas."
"Ensinar superstições como uma verdade absoluta é uma das coisas mais terríveis."



HIPÁCIA DE ALEXANDRIA (c. 370 d.C - 415 d.C)


- Hipátia (ou Hipácia) de Alexandria (em grego: Υπατία), nascida aproximadamente em 370 d.C. é assassinada em 415 d.C. por monges cristãos.

QUEM ERA HIPÁCIA?

- Hipácia era uma filósofa influente nos círculos intelectuais e políticos de Alexandria. Seu talento para ensinar geometria, matémática, religião, filosofia, poesia e artes atraía estudantes admiradores pagãos e cristãos de todo o Império Romano.Também escrevia comentários sobre equações do segundo grau e improvisava hidrômetros, entre outros aparelhos, para facilitar suas pesquisas.

O QUE O FILME SE CALHAR NÃO NARRA:
A MISOGINIA DA IGREJA


- Cirilo, chefe religioso de Alexandria cerca do ano 390 d.C., que na sua missão cristã se dispôs a destruir os seguidores da Deusa e os seus templos, que eles cristãos consideravam pagãos, manda perseguir a célebre filósofa Hipácia, talvez sacerdotisa da Deusa, e que foi assassinada em 415 d.C. pelos seus seguidores cheios de ódio racial e religiosos pela mulher que além de sábia era muito bela. Esses fanáticos cristãos egípcios esquartejaram-na viva e arrancaram-lhe a carne com conchas de ostras, para depois a queimar já fora da santa Igreja ...

Hipácia era uma filósofa e presumivelmente iniciada egípcia, consagrada pela sua sabedoria e amor à liberdade do pensamento... Ela, enquanto pensadora era o obstáculo ao ambicioso Cirilo que só com o assassínio da rival Mulher poderia triunfar... Só assim Cirilo ascendeu realmente ao poder sendo mais tarde santificado pela igreja de Roma...
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(...)

"E tão completa foi a destruição de todo o conhecimento existente, incluíndo a queima maciça de livros, que ela extravasou mesmo a Europa, chegando até onde quer que alcançasse a autoridade cristã.

Assim em 391 d.C., sob Teodósio I, os cristãos, agora completamente androcratizados, queimaram a grande biblioteca de Alexandria, um dos últimos repositórios da sabedoria e conhecimentos antigos. E, ajudados e abençoados por um homem que mais tarde seria canonizado como São Cirilo (o bispo cristão de Alexandria), os monges cristãos cortaram barbaramente em pedaços, usando conchas de ostra, essa notável matemática, astrónoma e filósofa da escola de filosofia platónica de Alexandria que era Hipácia. Pois esta mulher, então conhecida como uma das maiores eruditas de todos os tempos era, segundo Cirilo, uma mulher iníqua que chegara ao cúmulo de se atrever, contra os mandamentos divinos a ensinar homens”.

“Os escritos oficialmente sancionados, os dogmas paulistas reafirmavam autoritariamente serem as mulheres, e tudo quanto se rotula de feminino, inferiores e tão perigosas que deviam ser estritamente controladas.
(...)
No essencial, porém, o modelo para as relações humanas proposto por Jesus, no qual homens e mulheres, ricos e pobres, gentios e judeus, formam um todo, foi expurgado da ideologia assim como das práticas da Igreja Ortodoxa.”

in "O CÁLICE E A ESPADA" - de Riane Eisler

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Iniciação feminina e iniciações de ofício
René Guénon
(Tradução de Luiz Pontual)

"Fazem-nos frequentemente observar que parece não existir para as mulheres, nas formas tradicionais ocidentais que subsistem actualmente, nenhuma possibilidade de ordem iniciática, e muitos se perguntam quais poderiam ser as razões desse estado de coisas, que é certamente muito lastimável, mas que será sem dúvida muito difícil de remediar. Isso deveria aliás dar o que reflectir aos que pensam que o Ocidente concedeu à mulher um lugar privilegiado que ela nunca teve em nenhuma outra civilização; é talvez verdade sob certo ponto de vista, mas sobretudo nesse sentido que, nos tempos modernos, ele a fez sair de seu papel normal lhe permitindo atingir funções que deveriam pertencer exclusivamente ao homem, de modo que não é senão um caso particular da desordem de nossa época. Sob outros pontos de vista mais legítimos, ao contrário, a mulher está em realidade em maior desvantagem que nas civilizações orientais, onde sempre lhe foi possível notadamente encontrar uma iniciação que lhe convenha desde que ela possua as qualificações necessárias; é assim, por exemplo, que a iniciação islâmica tem sempre sido acessível às mulheres, o que, notemos de passagem, é suficiente para reduzir a nada alguns dos absurdos que se tem o hábito de debitar na Europa a respeito do Islã.

Para voltar ao mundo ocidental, nem se precisa dizer que não pretendemos falar aqui da antiguidade, onde teria certamente havido iniciações femininas, e onde algumas o eram mesmo exclusivamente, da mesma maneira que outras eram exclusivamente masculinas; mas, como teria sido na Idade Média? Não é seguramente impossível que as mulheres tenham sido admitidas então em algumas organizações, possuindo uma iniciação que dizia respeito ao esoterismo cristão, e isto é mesmo muito verosímil (1); mas como estas organizações são daquelas que, depois de longo tempo, não resta mais nenhum traço, é muito difícil falar disso com certeza e de maneira precisa, e, em todo caso, é provável que não tenha havido aí jamais senão possibilidades muito restritas. Quanto à iniciação cavaleiresca, é muito evidente que, por sua natureza mesma, ela não poderia de modo nenhum convir às mulheres; e é o mesmo para as iniciações de ofício, pelo menos das mais importantes dentre elas e daquelas que, de uma maneira ou de outra, continuaram até nossos dias. Aí está precisamente a verdadeira razão da ausência de toda iniciação feminina no Ocidente actual: é que todas as iniciações que subsistiram são essencialmente baseadas em ofícios cujo exercício pertence exclusivamente aos homens; e é por isso que, como nós dizíamos acima, não vemos como esta deplorável lacuna poderia ser preenchida, a menos que encontremos algum dia o meio de realizar uma hipótese que iremos considerar em seguida.

Sabemos bem que alguns de nossos contemporâneos pensaram que, no caso onde o exercício efectivo do ofício desapareceu, a exclusão das mulheres da iniciação correspondente tinha por isso mesmo perdido sua razão de ser; mas é um verdadeiro absurdo, pois a base de uma tal iniciação não é de nenhum modo mudada por isso, assim como já explicamos (2), este erro implica um completo desconhecimento da significação e do alcance real das qualificações iniciáticas. Como dizíamos então, a conexão com o ofício, completamente independente de seu exercício anterior, permanece necessariamente inscrita na forma mesma desta iniciação e no que a caracteriza e a constitui essencialmente como tal, de maneira que ela não poderia em nenhum caso ser válida para quem quer que seja inapto a exercer o ofício do qual se trata. Naturalmente, é a Maçonaria que temos particularmente em vista aqui, visto que, para o que diz respeito ao Companheirismo, o exercício do ofício não cessou de lhe ser considerado como uma condição indispensável; de resto, não conhecemos nenhum outro exemplo de um tal desvio senão a “Maçonaria mista” que, por esta razão, não poderia nunca ser admitida como “regular” por nenhum daqueles que compreendam um pouco mais que seja os princípios da Maçonaria. No fundo, a existência desta “Maçonaria mista”(ou Co-Masonry, como ela é chamada nos países de língua inglesa) representa simplesmente uma tentativa de transportar, do domínio iniciático propriamente dito, o que lhe deveria mais do que qualquer outra coisa estar ausente: a concepção “igualitária” que, se recusando a ver as diferenças de natureza existentes entre os seres, chega a atribuir às mulheres um papel propriamente masculino, o que está aliás manifestamente na raiz de todo o “feminismo” contemporâneo (3).
(...)
ler em: http://www.reneguenon.net/IniciacaoFeminina.html


IN MULHERES & DEUSAS








Rainhas, magas da Pérsia, deslumbrante Circe! Sublime sibila, ai! Que foi feito de vós? Que bárbara transformação!... Aquela que, do trono do Oriente, ensinava a virtude das plantas e a viagem das estrelas, aquela que, do tripé dos Delfos, resplandescente de luz, transmitia de joelhos seus oráculos ao mundo - é ela, mil anos depois, que é caçada como um animal selvagem, perseguida nas encruzilhadas, aviltada, empurrada, apedrejada, forçada a sentar-se sobre carvões em brasa!... (...) A sibila previa sorte. A feiticeira a faz. É a grande, a verdadeira diferença. Ela evoca, conjura, opera o destino. Não é Cassandra antiga, que via tão bem o futuro, deplorava-o, mas o aguardava. Esta cria esse futuro. Mais que Circe, mais que Medéia, ela tem nas mãos a varinha do milagre natural, e por ajudante e irmã a natureza."

- Jules Michelet, A Feiticeira

O Culto a Mãe Terra

“a Deusa era a Mãe mais-do-que-humana. Se for usado o termo Grande Mãe, deve ser entendido como a Grande Mãe Universal cujos poderes se difundem por toda a natureza, por toda a vida humana, por todo o mundo animal, por toda a vegetação”. (1998: 54)

GAIA LIL:

NÃO SE TRATA VERDADEIRAMENTE DE UMA LUTA DA MULHER CONTRA O HOMEM, ou vice-versa, se trata de uma tentativa de eliminar os valores com os quais o homem actual se identifica, os valores do patriarcado, de opressão e vitimização, de luta e guerra constante. A mim a Teologia da Deusa não parece de modo algum ter algo contra os homens, mas estes temem o "empoderamento" e a capacidade feminina inata de reger e decidir aquilo que é melhor para todos seguindo os valores da Mãe Natureza e não os livros sagrados e as divindades da guerra adaptadas para as religiões monoteístas. Por isso eu acredito que o culto a Deusa,

"Tem muito a oferecer às mulheres que lutam para liquidar aqueles estados de ânimo e aquelas motivações potentes, persuasivas e persistentes de desvalorização do poder feminino, de desconfiança na vontade feminina e de negação dos vínculos e do património cultural das mulheres que foram gerados pela cultura patriarcal. E visto que as mulheres estão lutando para criar uma cultura nova na qual são celebrados o poder, os corpos, a vontade e os vínculos das mulheres parece natural que volte à tona a Deusa como símbolo de renovada beleza, força e poder das mulheres."*

*Carol Christi

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