"E aqueles que pensam em Me procurar, saibam que a vossa busca e vosso anseio devem beneficiar-vos apenas se vós souberdes o Mistério; se o que vós procurardes, vós não achardes dentro de vós mesmos, então nunca encontrarão fora. Pois eu tenho estado convosco desde o Início e Eu Sou Aquela que é alcançada ao final do desejo"


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quarta-feira, 2 de junho de 2010

MOIRAS, AQUELAS QUE TRAÇAM OS DESTINOS

O arquétipo do destino é profundamente enraizado na psique dos povos de origem indo-europeia. Começando na Índia, atravessando o continente europeu indo até o Mar do Norte e as Ilhas Britânicas e abrangendo a bacia do Mediterrâneo, as antigas culturas destas áreas possuíam mitos, histórias, símbolos e cerimônias para honrar e invocar as forças do destino. Alguns destes mitos se sobrepõem, outros são divergentes, mas o conceito fundamental é o mesmo: as “Senhoras do Destino” são forças universais e naturais, que não obedecem aos deuses ou deusas, pois elas representam os ritmos e as marés das energias cósmicas e telúricas, tendo aparecido no início dos tempos e permanecendo até o fim das eras. A origem e o nascimento das Moiras são cercados por mistérios, sabe-se que elas exercem suas funções desde a origem de tudo, sendo tão antigas e insondáveis quanto a noite, o céu e a Terra. Imutáveis nos seus desígnios, elas controlam o fio misterioso da vida e nada consegue aplacar ou impedir que elas modelem ou cortem sua trama. Inicialmente eram consideradas como uma dupla, a regente do nascimento e a regente da morte, mas depois apareceram como Klothes, as Fiandeiras, em número de três ou nove (três vezes três), reunindo em si o antigo significado da palavra Moira, “forte, difícil de suportar e destruidora”, sendo Moira Krateia segundo Homero. Suas equivalentes são as Parcas ou Fata (plural de Fatum, a vontade divina) romanas, as Rodjenitse eslavas ou as Nornes nórdicas. Descritas como filhas de Nyx (a Noite) e Kronos (o tempo), de Gaia e Oceano ou Júpiter e Têmis nos mitos olímpicos mais recentes, a sua origem mais arcaica as retratava como filhas de Ananke (a necessidade) e do destino, irmãs das Horas, Erinias (as Fúrias), Tanatos (morte), Hipnos (sono) e de Nêmesis, a vingança. Elas viviam em um lugar longínquo nos confins do mundo, numa caverna perto de um lago, cuja água branca era o reflexo da Lua. O nome delas simbolizava “parte, porção, aspecto” e o seu número correspondia às três fases da Lua, tendo sido descritas por Orfeu como as “Moiras de vestes brancas”. As Moiras são as fiandeiras que fiam os dias da nossa vida, um dos quais se torna, inevitavelmente, o dia da nossa morte. O comprimento do fio que elas atribuem a qualquer mortal é decidido exclusivamente por elas, pois nem mesmo Zeus - considerado seu pai ou dirigente nos mitos mais recentes e nomeado Zeus Moiragetes - podia influir a decisão delas para favorecer algum mortal por ele protegido. O poder das Moiras era anterior ao domínio de Zeus e aos arquétipos das divindades olímpicas. No nascimento de uma criança elas apareciam na sétima noite, determinavam o curso da sua vida, fiavam o seu destino e direcionavam as conseqüências das suas ações de acordo com as decisões tomadas. A sua aparição na sétima noite deu origem ao costume grego de esperar sete dias para aceitar o recém nascido na família, dando-lhe um nome e fazendo sua consagração na frente da lareira. Como deusas do nascimento (conhecidas como Fata Scribendi, que escreviam o destino) eram acompanhadas pela deusa Eileithia e previam o futuro das crianças por conhecerem os desígnios futuros, que às vezes revelavam com seus poderes proféticos, sendo padroeiras das videntes e sacerdotisas oraculares. Elas não interferiam nos afazeres humanos e condicionavam a sorte de tal maneira, que permanecia uma pequena margem para as ações e escolhas dependendo do livre arbítrio. Quando se apresentavam na hora da morte, elas se transformavam nas Moirai Thanatoio, as deusas da morte, acompanhadas pelas Keres e as Erínias. As Keres eram espíritos ancestrais femininos, com dentes afiados e vestes vermelhas, regentes da morte, onipresentes, dotadas do poder sobre a vida e a morte, porém obedecendo aos deuses, principalmente a Nêmesis e Ares. As Moiras transferiam para as Erínias as punições para os atos destrutivos e as maldades cometidas e, junto com elas, direcionavam os eventos na vida com as necessárias lições, aprendizados e correções. Às vezes as Moiras eram descritas como mulheres idosas, feias, mancas (para mostrar a lenta passagem do tempo), com semblante sério, rígido, impiedoso e severo, vestidas com túnicas pretas, com capuzes ou usando guirlandas de flocos de lã entremeadas de narcisos. Outras vezes apareciam coroadas, raramente veladas, segurando cetros e com os cabelos presos por faixas. Na sua apresentação mais comum, seus nomes, trajes e objetos são diferenciados. Cloto, “a fiandeira”, segurava o fuso com qual fiava o destino dos seres humanos. Era representada como uma mulher madura, vestida com uma roupa colorida e usando uma coroa de sete estrelas, ficando ao lado de uma roca que se estendia do céu à terra, de onde puxava o fio para o seu fuso. Sua equivalente romana era Nona, invocada antigamente no nono mês de gravidez e que aparecia segurando um pergaminho em suas mãos. Láquesis, “a que tirava a sorte (ou jogava os dados)” media o tamanho do fio destinado a cada ser humano. Suas vestes eram salpicadas de estrelas e às vezes segurava um bastão com qual apontava para o mapa natal em um imenso globo terrestre. A equivalente romana de Láquesis era Décima. Atropos, “a inflexível”, escolhia a maneira da morte quando o prazo de vida findava e era ela que cortava impiedosamente o fio da existência de cada ser. Era a mais idosa, vestida com roupas pretas e segurando uma tesoura, alfanje, balança ou relógio solar. Sua equivalente romana era Morta. As Moiras tinham santuários em vários lugares na Grécia: Corinto, Sparta, Olímpia, Teba; elas eram honradas com oferendas de flores, frutas, mel, especiarias, vinho e comidas típicas. As suas cores eram usadas nos bordados tradicionais dos trajes folclóricos gregos, o vermelho representando a cor do sangue, o branco a morte e o preto sendo a própria vida. As Moiras não agem em linha reta, em cada momento da nossa vida devemos lidar com os efeitos dos atos anteriores, enfrentando os desafios presentes e nos preparando para aquilo que está à nossa espera no desconhecido futuro. Interagimos com elas em um ciclo espiralado, em que repetimos as mesmas lições de maneiras diferentes, pois o passado é criado pelos nossos atos no aqui e agora e que se transformam nas possibilidades futuras. Elas não agem ao acaso, pois uma vez entrados no caldeirão da vida, somos sujeitos às leis naturais, enfrentando decisões e mudanças, cujas datas são em função de ciclos biológicos e planetários, principalmente os ligados a Saturno. O primeiro ciclo de Saturno - que abrange o período do nosso nascimento até 28-29 anos - pertence a Cloto; nele aprendemos sobre o nosso potencial, bem como descobrimos nossas limitações – genéticas, sociais ou ambientais - tendo que lidar com elas e aceitar a nossa herança racial, familiar e cultural. No segundo ciclo regido por Laquesis, nos tornamos nós mesmos e assim sabemos quem realmente somos e o que podemos fazer. Ao longo deste ciclo consolidamos nossa carreira, definimos os relacionamentos afetivos e familiares e descobrimos a nossa missão. O terceiro ciclo pertence a Atropos e começa com o segundo retorno de Saturno em torno de 56 anos, quando ele abre as portas para novas possibilidades,“aquilo que poderá vir a ser”. Gradativamente, podemos romper com as amarras criadas no segundo ciclo e dar à luz a um novo ser, que foi amadurecendo dentro de nós. Este é um momento de avaliar tudo o que devíamos – ou não – fazer e às vezes podemos dar reviravoltas inesperadas. Ao longo da vida a experiência nos ensinou como lidar com as mudanças, mas podemos ser melhor sucedidos se reconhecermos os pontos de mutação em que as Moiras mais nos tocam. Estas épocas dependem dos trânsitos planetários e dos seus aspectos em relação ao nosso mapa natal. A dança das Moiras é complexa, com pequenas voltas inseridas em círculos maiores. Os ciclos dos planetas pessoais - Sol, Lua, Mercúrio, Marte e Vênus- esculpem o nosso caráter e a lenta rotação de Saturno marca os três ciclos importantes das nossas vidas. Porém, são os planetas trans-pessoais que influenciam a orientação psíquica, social e espiritual das gerações, trazendo à tona aqueles assuntos necessários à evolução individual e coletiva. Quando a alma escolhe sua vida ela se apresenta perante Láquesis que lhe envia o daimon (o anjo de guarda ou protetor vitalício), depois irá para Cloto ratificar a escolha feita e Atropos selar o destino de forma irreversível. No domínio de Láquesis existem ao nosso alcance todas as possibilidades, mas uma vez retirada aquela que queremos e desejamos, Cloto confirmará o destino escolhido e Atropos tornará a opção irreversível, tecendo a vida em função dela. A alma passa em seguida pelo trono de Ananke, a Necessidade, e mergulha no “rio do esquecimento”, que apaga as memórias das vidas anteriores e das próprias opções. Em seguida os ventos nos levam ao útero da nossa mãe junto com nosso daimon, o anjo de guarda, que irá nos proteger e ajudar a alcançarmos nossos objetivos, nos alertando sobre perigos ou oportunidades e nos conectando com o fluxo da vida para haurir energia, poder e sabedoria. Depois que a alma é unida a um corpo, poderá realizar tudo que foi por ela escolhido, usando os dons e habilidades doadas pelas Moiras e que serão desenvolvidas com a ajuda do anjo protetor, que acompanhará o seu afilhado durante sua vida, levando-o de volta no final. A alma é responsável parcialmente pelas escolhas feitas, por depender também do traçado estabelecido e tecido pelas Moiras, que atuam como nossas parceiras para definir a tessitura da vida. Os atributos físicos e psíquicos são herdados dos pais que escolhemos e firmados pelas Moiras, que nos colocam em situações em que teremos a chance de manifestar nosso propósito de vida e a missão que irá favorecer o crescimento e a evolução da alma. O propósito será realizado quando escolhermos uma vida que apóie a nossa missão e beneficie objetivos compatíveis com o processo evolutivo. Ao longo da nossa vida podemos sentir o desejo de lembrar o que realmente viemos fazer, sofrendo com o esquecimento, as dúvidas e o vazio da nossa existência. Mas orações para as Moiras, práticas espirituais e rituais podem amenizar a solidão da alma, devolver e fortalecer a conexão com o plano divino.
Podemos invocar as Moiras e pedir-lhes que clareiem os nossos caminhos, nos ajudando a descartar o fardo de mágoas, ressentimentos, raiva, culpa, remorsos e erros do passado e que nos libertem daquilo que não nos seja mais útil. Depois iremos pedir-lhes que abram a nossa compreensão e discernimento para agirmos da melhor forma nas nossas opções e decisões, alinhando nossa vida com a nossa missão e abrindo as portas para realizar – de fato - os verdadeiros propósitos da alma na atual encarnação.

Mirella Faur
IN: http://www.teiadethea.org/files/jornais/jornalmaio10.pdf

quinta-feira, 30 de abril de 2009

SACERDOTISAS E GUARDIÃS DO DESTINO

MOIRAS, AS FIANDEIRAS DO DESTINO

Nós tecemos a teia
Da vida e da morte
Trançamos a meada do destino
Para todo e qualquer mortal
Estendemos um fio dourado
Partindo do Salão do Luar
Firmamos suas pontas
No Oriente e no Ocidente
No Norte e no Sul
Um arremate é dado ao Meio-dia
Uma prega é costurada
Na casa do Alvorecer
O trabalho finda-se
No Salão do Sol-Poente.


A arte de tecer e fiar é obra e projeção da Grande Mãe, que tece a teia da vida e fia a meada do destino. Como Grande Fiandeira, trama a vida humana, assim como a Escuridão e a Luz.
As Moiras, Deusas gregas que estão acima dos deuses do Olimpio, recebem o nome de "Fiandeiras do Destino". Elas são filhas da Deusa Tríplice da Noite (Nyx) e segundo Ésquilo irmãs, por parte de mãe das Eríneas. Seu nomes são: Lachesis, Clotho e Atropos.

Clotho é a tecelã, responsável por tecer o destino dos homens com seu fuso mágico.
Lachesis é a medidora, distribuidora e avaliadora.
Atropos é a que corta com sua tesoura mágica.

A Grande Trindade das Moiras também está associada a três fases da vida:

1. Começo e fim;
2. Nascimento e morte;
3. Núpcias.


Há fatos e momentos que estão ligados exclusivamente à vida feminina, como: o parto e a morte; o casamento e a morte.

Noutros o poder das Moiras referem-se aos homens, que na qualidade de guerreiros são arrebatados pelas teias sangrentas da morte, por elas tecidas. Para os dois casos, é aplicado o simbolismo mexicano que equipara o destino dos guerreiros com a morte parturiente, que são vistos como heróis sob um aspecto de harmonia fatal. Aqui há um entrelace das Deusas que tecem o destino com as que devoram (Deusas sanguinárias). As Deusas do destino, governam o mundo acima de tudo e todos, tanto no México como na Índia, em seu Útero onipotente.

A vida de qualquer homem possui: Princípio, Meio e Fim. O comparecimento destas Deusas em número de 3 no nascimento, deve-se a estas articulações.

Os jogos tarantinos, cerimônias noturnas, celebradas em Roma, eram dedicadas as Moiras, com o propósito de cura de doenças e infortúnios. Há uma lenda que conta que elas vivem no Céu em uma caverna vizinha de uma fonte que jorra água branca, talvez em virtude de seu caráter lunar.

Entre os germanos, as Moiras são conhecidas como as Nornas. Esse trio de Deusas viviam na Fonte de Urd, próxima a uma das raízes da árvore do Mundo Yggdrasil, eram elas: Urd (o Passado), Verthandi ou Verdandi (o Presente) e Skuld (o Futuro).
No Edda germânico existe o mito de que o freixo do mundo Yggdrasil une a terra. Quando ela for destruída pelos numerosos animais, que devoram suas folhas, e pela serpente Nidhöggr, que corrói suas raízes, será o fim do mundo. As Nornas porém cuidam para que Yggdrasil esteja sempre provida de água fresca para protelar a sua destruição, mesmo que não consigam evitá-lo.

Os ingleses conheciam as Nornas com o nome de "As Irmãs Estranhas". Os anglo-saxões as chamavam de Wyrd; em alemão antigo, Wurd. Essas Irmãs Estranhas são descendentes diretas das Moiras ou Parcas gregas. Estas Deusas sempre foram levadas muito a sério e recebiam sacrifícios de mel e flores. Ainda no período medieval, três anéis eram utilizados em rituais especiais para invocar as Moiras. As três gunas, ou fios coloridos (branco, preto e vermelho) da Índia, eram entrelaçados a todas as vidas segundo as ordens das Moiras. Ovídio, Teócrito e outros escreveram sobre linhas da vida com as mesmas cores na literatura grega.

O destino determina a nossa vida e ele é com certeza, FEMININO. Os homens sempre souberam que o destino está nas mãos da Grande Mãe e nós precisamos usar as roupas que ela destina para nós.


Seguindo esta linha de raciocínio, o feminino é tecelã e redentora. Isso toda a mulher sente quando engravida e logo apressa-se a tricotar ou costurar roupinhas para o seu bebê que vai nascer. Inclusive outras mulheres da família, ou amigas, sentem a força arquetípica do momento e iniciam trabalhos manuais para o novo membro que está para chegar.
O interessante da vida é a surpresa, por isso, não é bom que saibamos tudo sobre nosso destino. Devemos sempre dar o melhor de nós em cada situação e vivenciarmos plenamente o aqui e o agora. Se soubessemos o que acontecerá, quando acontecerá e como acontecerá, que novidade teria o dia de amanhã? É claro que todo ser humano é curioso e ávido de saber, desde que comeu o fruto da Árvore do Conhecimento e muitos consultam o oráculo e as estrelas, o que aliás as divindades antigas já gostavam de fazer. Os povos antigos também, fabricavam esteiras de junco trançadas e apanhavam pedras claras e escuras que lançavam em cima dessas esteiras para adivinhar o curso das estrelas e seu destino. Mas cuidado, muita curiosidade não faz bem à saúde.. à sua e à dos outros!

A imagem das Moiras, com o passar dos tempos, foi se tornando cada vez mais abstrata até se converter em uma concepção singular, representando a força misteriosa do destino. Neste sentido, a Moira Primordial, a Grande Mãe era representada algumas vezes como Ananke" (A Necessidade) ou como "Tique" (A Fortuna) . Mas apesar deste aspecto de abstração, a Moira conservou algo primitivo de seu caráter, o de Deusa protetora dos partos. Para outros entretanto, ainda conserva a imagem tradicional das Moiras, como três anciãs irlandesas, imagem que também é aplicada as Parcas latinas.

RITUAL DE CONEXÃO COM AS DEUSAS DO DESTINO



Consiga três fios: vermelho, preto, branco e entrelace-os. Ate as duas extremidades em separado. Faça-o do tamanho que desejar. Você poderá usá-lo como cordão para amarrar seus trajes de rituais.

Enquanto os entrelaça, diga:

"Acima, abaixo, linhas do destino.
Tanto na minha vida, como em todas as coisas.
Trançando o padrão, cedo ou tarde,
Verei o resultado que as ações trazem."


Beije a trança quando estiver pronta e amarre-a ao redor de sua cintura, ou coloque-a no pescoço. Visualize as Moiras ou as Normas nórdicas diante de você. Erga suas mãos para ela e diga:

"Um novo ano surge.
As linhas se entrelaçam,
Para finalmente revelar meu destino.
Ó Moiras da Vida, peço sua ajuda,
Para clarear meu caminho e me libertar.
Que as velhas coisas feneçam e desapareçam.
Que o novo chegue me trazendo prosperidade.
Ó Moiras da Vida, peço sua ajuda,
Para clarear meu caminho e me libertar."


Durma com o cordão trançado sob seu travesseiro e preste atenção a seus sonhos. E esteja para fazer o que for necessário e apropriado para retificar sua vida e tornar seu caminho mais suave.

O SIMBOLISMO DA ARANHA

A aranha, como uma epifania lunar, é dedicada à tecelagem e fiação. Seu fio evoca as Moiras ou Parcas, mas seu simbolismo é um pouco diferente. Sua teia é uma imagem do mundo criado e como tecelã se faz senhora do destino. Mas quem é ela? Seria a aranha a artesã do tecido do mundo, ou do véu da ilusão que dissimula a suprema Realidade?

Seu simbolismo encontra-se em muitas culturas do mundo, dependendo do lugar ela pode vir a ser uma criadora cósmica, uma divindade superior ou um demiurgo.

Considerado o criador do mundo, mistificador da mitologia do oeste africano, respeitado pela sua rara inteligência, possui muitos nomes entre eles: Anansi ou Anansê. Esse deus-aranha é conhecido pelo nome popular de "Mister Spider" (Senhor das Aranhas). As façanhas deste personagem criaram contos populares na África Ocidental, que alcançaram às Antilhas, o Haiti e à América do Sul. Anansi engana outros animais e os homens (pode tomar qualquer forma), mas seu maior trunfo é o seu profundo conhecimento psicológico de suas vítimas. Confirmando assim, um antigo provérbio: "A sabedoria da aranha supera a o mundo". Originalmente, foi Anansi que criou os primeiros humanos, assim como o Sol, a Luz e as Estrelas.


A aranha, aparece como mito para os ameríndios Navajos, no qual Nayenezgani (matador de monstros) e Tobadzistsini (Nascido das águas), os gêmeos heróicos, em sua viagem com o deus Sol encontram a Mulher-Aranha que a á Deusa Mãe Criadora dos Navajo, que os advertem sobre os perigos futuros e lhes presenteia com penas mágicas para ajudá-los em sua procura.

Na mitologia do povo que habita a Ilha Banks (Melásia), Marawa, o espírito-aranha, é amigo e adversário de outro grande espírito, Qat, o benevolente. Em versões conhecidas, Marawa representa a morte ou é ele que traz a morte para o mundo.

Algumas vezes a aranha é um animal que representa a alma. Na Sibéria ela é a alma liberta. Para os muícas da Colômbia, a aranha, em um barco feito de teia, transporta através dos rios das almas os defuntos que devem ir para o Inferno. Entre os astecas ela é o símbolo do deus dos Infernos. Para os montanheses do Vietnã do Sul, a aranha também é uma forma da alma, que escapa do corpo durante o sono. Matar uma aranha é portanto, arriscar-se a matar também um corpo que encontra-se adormecido.

Em muitos mitos indígenas as aranhas são associadas a Deusas Criadoras que nutrem, protegem e cedem certas dádivas como fertilidade feminina, força espiritual e habilidades mágicas.

Na cultura popular de algumas regiões da França, a aranha algumas vezes traz bom agouro e pode ser presságio de dinheiro extra. As superstições são variáveis, há quem diga que ao se ver uma aranha logo pela manhã, é sinal de chegada de uma tristeza. Mas, se ela for vista à noite, é esperança.

Os feiticeiros do Congo e de Gana recolhem cuidadosamente suas teias, pois por ser elásticas e muito resistentes, protegem contra os ferimentos e os venenos.

Na baixa Bretanha, afirmava-se que existiam aranhas-duendes, as quais, de dia, eram aranhas comuns, mas à noite, tornavam-se grandes e podiam até estrangular um homem, ou se tornarem forma de duende.

Créditos de pesquisa

à Rosane Volpatto

(levemente modificado)