"E aqueles que pensam em Me procurar, saibam que a vossa busca e vosso anseio devem beneficiar-vos apenas se vós souberdes o Mistério; se o que vós procurardes, vós não achardes dentro de vós mesmos, então nunca encontrarão fora. Pois eu tenho estado convosco desde o Início e Eu Sou Aquela que é alcançada ao final do desejo"


terça-feira, 31 de agosto de 2010

31 DE AGOSTO, BÊNÇÃOS DE ANANTA


ANANTA, SENHORA DA CHAMA CRIADORA

Anant Chaturdasi, festival de purificação das mulheres hindus dedicado à Deusa Ananta, Senhora do Fogo Criador e da força vital feminina. Anata, cujo nome significa “o infinito”, era descrita como uma grande serpente; seus grandes anéis serviam de apoio aos deuses hindus durante seu sono ou durante seu repouso nos períodos de atividade. Esse mito é similar ao egípcio, que descreve a Deusa Serpente Mehen, “A Toda Envolvente”, enroscando-se ao redor do Deus Ra enquanto ele “morria” a cada noite, no Mundo Subterrâneo. Segundo os historiadores, Ananta é a precursora cósmica de Kundalini, a serpente ígnea que se enrosca na base da coluna e cujo despertar leva à iluminação. Procissão de Eyos, na Nigéria, antigo ritual de purificação espiritual das famílias. As pessoas, usando máscaras de demônios e escondidas sob longas túnicas brancas, caminhavam em procissão pelas ruas de Lagos, afugentando os espíritos obsessores e as almas perdidas com tochas e tambores.
Aproveite essa antiga egrégora e faça um ritual de purificação. Defume sua casa, queime tabletes de cânfora, salpique água do mar e toque sinos ou chocalhos para afugentar as más vibrações. Depois acenda uma lamparina ou vela amarela, abrindo as portas e janelas e invocando as Deusas e os Espíritos de Luz a entrarem em sua morada.
À deusa Ananta, entregue a orientação do seu caminho espiritual.

Informações extraídas do livro “ O Anuário da Grande Mãe”, de Mirella Faur.

TEIA DE THEA

MATRIARCADO CÓSMICO...


A Mãe-Deusa está acima de todos os mundos...

Sachchidananda

“Para caminhar pela vida protegido contra todo medo, perigo e desastre, só duas coisas são necessárias, duas que andam sempre juntas — a Graça da Mãe Divina e, a par disso, um estado interior composto de fé, sinceridade e entrega.

(...)

Que a sua sinceridade e entrega sejam genuínas e inteiras. Quando se der, dê-se completamente, sem exigência, sem condições, sem reserva, de modo que tudo em si possa pertencer à Mãe Divina e nada seja deixado ao ego ou dado a algum outro poder.

Quanto mais completas forem a sua fé, sinceridade e entrega, tanto mais a graça e a protecção da Mãe Divina estarão consigo. E quando a graça e a protecção da Mãe Divina estão consigo, o que é que pode atingi-lo, ou quem é que deve temer? Mesmo que consiga só um pouco de tudo isto é suficiente para o conduzir através de todas as dificuldades, obstáculos e perigos; rodeado pela Sua presença plena, pode seguir seguramente o seu caminho porque é esse o Seu Caminho, despreocupado de qualquer ameaça, não será afectado por nenhuma hostilidade por mais poderosa que ela seja, seja deste mundo ou de mundos invisíveis. O seu tocar pode mudar dificuldades em oportunidades, fracasso em sucesso e fraqueza em força que não vacila. Porque a graça da Mãe Divina é a sanção do Supremo, e, cedo ou tarde, seu efeito é certo, uma coisa decretada, inevitável e irresistível.
(…)
A Shakti única original transcendente, a Mãe, está acima de todos os mundos e suporta em sua consciência eterna o Divino Supremo. Sozinha, ela abriga o poder absoluto e a Presença inefável; contendo ou chamando as Verdades que devem ser manifestadas. Ela as faz descer, do Mistério no qual estavam escondidas, para a luz de sua consciência infinita e dá-lhes uma forma de força em seu poder omnipotente e em sua vida ilimitada, e um corpo no universo. O Supremo está manifestado nela para sempre como o perene Sachchidananda, manifestado através dela nos mundos como a consciência una e dual de Ishwara-Shakti e o princípio dual de Purusha-Prakriti, corporificado por ela nos Mundos e nos Planos e nos Deuses e em suas Energias e, graças a ela, configurado como tudo que existe nos mundos conhecidos e em outros desconhecidos. Tudo o que existe é o seu jogo com o Supremo; tudo é sua manifestação dos mistérios do Eterno, dos milagres do Infinito.
(…)
Siga a sua alma e não a sua mente, a sua alma que responde à Verdade, e não a sua mente que se lança sobre aparências; confie no Poder Divino e Ela libertará os elementos divinos em si e os moldará todos numa expressão da Natureza Divina.
A mudança supra mental é uma coisa decretada e inevitável na evolução da consciência da terra; pois a sua ascensão não está terminada e a mente não é o seu último cimo. Mas para que a mudança possa chegar, tomar forma e perdurar, é necessário o chamado de baixo com a vontade de reconhecer e de não negar a Luz quando ela vier, e é necessária a sanção do Supremo, de cima. O poder Tudo é Ela, porque todos são parcela e porção da Força Consciente divina. Nada pode haver aqui ou em outro lugar a não ser o que Ela decide e o Supremo sanciona; nada pode tomar forma excepto o que Ela, movida pelo Supremo, vê e forma após lançar em estado semente em sua Ananda criadora. mediador entre a sanção e o chamamento é a presença e o poder da Mãe Divina. Somente o poder da Mãe, e não um esforço e tapasya humanos, pode romper a tampa e arrancar a cobertura e moldar o vaso, e trazer para baixo, para este mundo de obscuridade e falsidade e morte e sofrimento, Verdade e Luz e Vida divinas e a Ananda do imortal
Shri Aurobindo - enxertos
PUBLICADO IN MULHERES & DEUSAS -Rosa Leonor


Publicado pela minha Irmã Sagrada mais velha no caminho e na vida e mais sábia pelo Dom da velhice...E que lhe chovam as dádivas Hécate.

SANTA SARA-LA-KALI

Santa Santa, minha protetora,
Cubra-me com seu manto celestial.
Afaste as negatividades que porventura estejam querendo me atingir.
Santa Sara, protetora dos ciganos, sempre que estivermos nas estradas do mundo,proteja-nos e ilumine nossas caminhadas.
Santa Sara, pela força das águas, pela força da Mãe-Natureza, esteja sempre ao nosso lado com seus mistérios.
Nós, filhos dos ventos, das estrelas, da Lua Cheia e do Pai-Sol, pedimos a Sua proteção contra os inimigos.
Santa Sara, ilumine nossas vidas com seu poder celestial, para que tenhamos um presente e um futuro tão brilhantes, como são os brilhos dos cristais.
Santa Sara, ajude os necessitados; dê luz para os que vivem na escuridão, saúde para os que estão enfermos, arrependimento para os culpados e paz para os intranquilos.
Santa Sara, que seu raio de paz, de saúde e de amor possa entrar em cada lar, neste momento.
Santa Sara, dê esperança de dias melhores para essa humanidade tão sofrida.Santa Sara milagrosa, protetora do povo cigano, abençoe a todos nós, que somos filhos do mesmo Deus.

(Por Ana da Cigana Natasha)


Antoine Locadour, 74 anos, historiador, I.C.P.,França

É fácil identificar Sarah como mais uma das muitas virgens negras que podem ser encontradas no mundo. Sara-la-Kali, diz a tradição, vinha de uma nobre linhagem, e conhecia os segredos do mundo. Seria, no meu entender, mais uma das muitas manifestações do que chamam a Grande Mãe, a Deusa da Criação. E não me surpreende que cada vez mais pessoas se interessem pelas tradições pagãs. Por quê? Porque o Deus Pai é sempre associado com o rigor e a disciplina do culto. A Deusa Mãe, pelo contrário, mostra a importância do amor acima de todas as proibições e tabus que conhecemos.
O fenômeno não é novidade: sempre que a religião endurece suas normas, um grupo significativo de pessoas tende a ir em busca de mais liberdade no contato espiritual. Isso aconteceu durante a Idade Média, quando a Igreja Católica limitava-se a criar impostos e construir conventos cheios de luxo; como reação, assistimos ao surgimento de um fenômeno chamado “feitiçaria”, que, apesar de reprimido por causa de seu caráter revolucionário, deixou raízes e tradições que conseguiram sobreviver todos estes séculos. Nas tradições pagãs, o culto da natureza é mais importante que a reverência aos livros sagrados; a Deusa está em tudo, e tudo faz parte da Deusa. O mundo é apenas uma expressão de sua bondade. Existem muitos sistemas filosóficos — como o taoísmo ou o budismo — que eliminam a idéia da distinção entre o criador e a criatura. As pessoas não tentam mais decifrar o mistério da vida, e sim fazer parte dele; também no taoísmo e no budismo, mesmo sem a figura feminina, o princípio central afirma que “tudo é uma coisa só”. No culto da Grande Mãe, o que chamamos de “pecado”, geralmente uma transgressão de códigos morais arbitrários, deixa de existir; sexo e costumes são mais livres, porque fazem parte da natureza, e não podem ser considerados como frutos do mal.
O novo paganismo mostra que o homem é capaz de viver sem uma religião instituída, e ao mesmo tempo continuar na busca espiritual para justificar sua existência. Se Deus é Mãe, então tudo que é necessário é juntar-se e adorá-la através de ritos que procuram satisfazer sua alma feminina — como a dança, o fogo, a água, o ar, a terra, os cantos, a música, as flores, a beleza. A tendência vem crescendo de maneira gigantesca nos últimos anos. Talvez estejamos diante de um momento muito importante na história do mundo, quando finalmente o Espírito se integra com a Matéria, os dois se unificam, e se transformam. Ao mesmo tempo, estimo que haverá uma reação muito violenta das instituições religiosas organizadas, que começam a perder fiéis. O fundamentalismo deve crescer, e instalar-se em todos os cantos.
Como historiador, me contento em coletar dados e analisar esta confrontação entre a liberdade de adorar e a obrigação de obedecer. Entre o Deus que controla o mundo e a Deusa que é parte do mundo. Entre as pessoas que se unem em grupos em que a celebração é feita de modo espontâneo, e aquelas que vão se fechando em círculos onde aprendem o que deve e o que não deve ser feito.
Gostaria de estar otimista, de achar que finalmente o ser humano encontrou seu caminho para o mundo espiritual.Mas os sinais não são tão positivos assim: uma nova perseguição conservadora, como já aconteceu muitas vezes no passado, pode sufocar novamente o culto da Mãe.

( in A Bruxa de Portobello - Paulo Coelho [republicado])

Haviam outras imagens ainda mais belas do google que eu poderia botar, mas nelas havia um defeito: Santa Sara Kali não era mais Kali, negra da cor da Terra, Virgem-Rainha mas sem coroa falsa usada pelas santas católicas, memoria deturpada do culto da Mãe Rainha da Terra.Prefiro Ela assim negra,cigana quase Durga de tão linda, uma santa pagã filha da Terra Mãe.As partes marcadas em cinza também estão de acordo com o que penso a respeito de como o sistema patriarcal lidará com o poder emergente da Deusa nas mulheres e homens. Podemos esperar muita intimidação, desrespeito, deboche, repressão ...Há ainda um longo caminho a ser feito pelos Filhos da Grande Mãe e as sacerdotisas-curandeiras da Grande Deusa teram de fazer.


PS: embora não trabalhe com magia cigana, sei que a minha cigana é a Sulamita...Fica também como homenagem a ela.

domingo, 29 de agosto de 2010

A PARTEIRA DIVINA



A Parteira Tradicional, Suely Carvalho conta sobre a herança das parteiras. Suely explica sobre a atuação da parteira tradicional que é baseada numa visão holística no caminho do Sagrado Feminino. Suely Carvalho é fundadora da ONG CAIS do Parto em Pernambuco que organiza iniciação para parteiras tradicionais.
IN: http://rodademulheresbh.blogspot.com/


"Servimos de parteiras às consciências umas das outras.”

"Devemos lembrar-nos como e quando cada uma de nós passou por uma experiência da Deusa, e se sentiu sarada e integral por causa desta. São momentos santos, sagrados, intemporais, embora por mais inefáveis que se possam revelar, sejam difíceis de reter em palavras. Mas, quando qualquer outra pessoa menciona uma experiência semelhante, isso pode evocar as sensações que voltam a captar a experiência; se bem que só aconteça se falarmos da nossa vivência pessoal. É por isso que necessitamos de palavras para os mistérios das mulheres, o que parece exigir que uma de cada vez explicite o que sabe - como tudo o mais que é de foro feminino. Servimos de parteiras às consciências umas das outras.”
(...)
IN TRAVESSIA PARA AVALON
De Jean Shinoda Bolen

O dom é assim, nasce com a gente. E não se pode dizer não"(Maria dos Santos Maciel, a Dorica, a mais velha parteira do Amapá), explica. "Parteira não tem escolha, é chamada nas horas mortas da noite para povoar o mundo." O espectro quase centenário é visto quando se navega pelos rios do Oiapoque iluminado apenas por uma lamparina. Viaja acompanhada da irmã Alexandrina, de 66 anos. "Mulher e floresta são uma coisa só", compara Alexandrina. "A Mãe-Terra tem tudo, como tudo se encontra no corpo da mulher. Força, coragem, vida e prazer."

(trecho do texto Parteiras da Floresta)

PEQUENAS DIFICULDADES E UM SELO...


Este selo que coloco a aqui é uma homenagem não à mim mas ao trabalho que consegui desenvolver apesar dos parcos, quase inexistentes recursos de divulgação da Deusa na Internet, trabalho que vou (espero) desenvolver em outras áreas da vida.
Tenho esperado apenas a maior idade e meu emprego...Tambem estou enrolada com outras situações, como por exemplo a questão da cirurgia, decisão já tomada, pensada e repensada varias vezes.Não vou desistir disso vou até o fim a despeito das consequências.
Só sentirei imensa pena de minha mãe...
Mas voltando ao assunto principal (olha eu já desabafando tal como Maria das dores) peço desculpa por aqueles que me mandaram selos e os quais não foram nem postos aqui. Agradeço a todos a homenagem mas deis de que não respondi os primeiros selos acabei por também não responder aos outros....E assim para que ninguém ficasse com ciúme adotei a medida de não vincular nenhum selo na minha pagina a não ser o meu, claro.
Abraços e aguardem mais atualizações. Estou vendo e pesquisando novas coisas para postar acerca da Deusa e do Feminino Sagrado (assunto inesgotavel...). Aqui em Paciência -RJ é tudo muito difícil com esse bando de evangélicos fanáticos...

Gaia Lil
(Espero que o selo tenha ficado bonitinho...Infelizmente tive que fazer as pressas e sem nem contar mais com o meu velho amigo: o fotoshop...E sem dinheiro as coisas ficam tão dificeis de fazer...Não dá pra ir a nenhum lugar nem comprar um livro...)

Abraços

UMA QUESTÃO DE HONRA


A RECONEXÃO COM FEMINILIDADE ANCESTRAL

Tal como a mulher

"A Deusa foi violentada quando devia ser honrada. Foi insultada quando devia ser adorada. Foi paciente quando podia ter sido enérgica. Mas alguma coisa mudou.

A Deusa nascerá através de nós, e seremos nós a determinar se o seu reaparecimento será violento ou se, pelo contrário, será doce e amigável.
Ela está aqui.

Não há maneira de a fazer recuar. Mas a forma como ela se vai manifestar é escolhida por cada uma das mulheres e, em certa medida, por cada um dos homens. Em meu entender, este é o sentido da libertação da mulher: a mulher que existe dentro de nós e as mulheres à nossa volta devem libertar-se da mentalidade grotesca e degradante que ainda é dominante e que considera o feminino como coisa fraca e sem valor, que não é necessário escutar e que não é importante o amor."


"O eu feminino existe tanto nos homens como nas mulheres e aguarda uma fecundação consciente."

in O VALOR DE UMA MULHER - O LIVRO

Marianne Williamson

fonte: MULHERES & DEUSAS - Rosa Leonor

Cujo trabalho deveria ser mais respeitado e valorizado,mais divulgado e conhecido, quer por sua dedicação à Deusa enquanto sacerdotisa quer por sua sabedoria de mulher madura, da face mais experiente da Deusa, a Feiticeira dos Mistérios de vida e morte, a Sábia.
O blog Mulheres & Deusas é a matriz motora que pôs em movimento da maioria dos sites brasileiros e portugueses de discussão do Feminino Sagrado e do papel da Mulher enquanto Mediadora, Voz, Oráculo e veículo do poder da Deusa Mãe na Terra.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

O TAROT E AS DEUSAS ANTIGAS


Encontramos na mitologia de diversos povos, vozes oraculares femininas, personagens e Deusas detentoras da sabedoria, dos destinos da humanidade e dos mistérios da vida, morte e vida.

As tríades fiandeiras Moiras (gregas), Parcas (romanas) e Nornes (nórdicas) eram ao mesmo tempo poderosas e terríveis, normalmente representadas nas figuras da virgem, da mãe e da anciã (Tríplices Deusas). Entre as Nornes, a virgem Skuld era a responsável pelas profecias e adivinhações, a guardiã do futuro, assim como Nona (grega) a que tece o fio da vida, cabendo as duas outras, a tarefa de manter e cortar o fio da vida. Na Índia, a trindade de Shaktis Saraswati, Lakshimi e Kali encarnam estas energias. Na África encontramos as Ìyá Mi Osorongà, as mães feiticeiras, como as senhoras do destino. Entre as Deusas tecelãs, a anciã Ixchel, Deusa Maia da lua, que tecendo no seu tear de cintura, é capaz de conceder respostas a seus discípulos em peregrinação ao seu oráculo situado numa ilha distante da costa. E a Deusa indígena hopi Kokyang Wuhti, conhecida também como mulher -aranha, que através do seu dom profético protege e auxilia todos seres.

As sacerdotisas, divinamente inspiradas, eram as guardiãs das artes mágicas e da divinação. Na Grécia, as Pitonisas ou Sibilas, em transe, intepretavam os sinais sagrados e comunicavam-se com os Deuses, utilizando instrumentos como espelhos, dados, fumaças, sonhos, sons de pássaros (...). Febe, a antiga Deusa grega da lua, da profecia, dos mistérios e dos segredos, dividia o oráculo de Delfos com Gaia (sua mãe) e Temis (sua irmã) embora mais tarde tenha transmitido este atributo ao Deus solar Apolo. Entre os nórdicos mulheres gyðjas e völvas manipulavam as runas e eram imbuídas de poder mágico, com especial habilidade para profecias.

Uma lista incontável de sacerdotisas são encontradas nas diversas culturas. Xamãs indígenas; Iyalorixás e Donés (...) do candomblé; mikogamis japonesas; wiccans contemporâneas(...) que através de suas danças sagradas, intuições, transes e sonhos proféticos, usam ou usaram seus corpos como espaço para o sagrado, templos da Deusa, santuários da vida, em honra a memória de suas ancestrais e de seu povo, como fontes de sabedoria e criatividade, como veículos do Sagrado feminino.

Entre os oráculos, os arquétipos femininos universais estão presentes de muitas maneiras. Dentre estes sistemas, o Tarot - que tem sua origem desconhecida, embora os registros históricos indiquem que sua redescoberta se deu na Europa na Idade Média - traz um conjunto de símbolos e alegorias que possuem uma forte correspondência com outros sistemas esotéricos. É um dos oráculos mais respeitados no mundo, sendo a versão do Tarot de Marselha a mais popular.

No conjunto de suas 78 cartas, alguns arcanos representam os arquétipos fundamentais do feminino. Além das cartas de corte dos arcanos menores, Rainhas e Princesas dos 4 elementos (Copas, Ouros, Paus e Espadas), temos entre os 22 arcanos maiores:

A figura da "Sacerdotisa" (arcano 2) revela a mulher sábia, a xamã, a bruxa, receptiva e intuitiva(yin), que esta em contato direto com o Sagrado e com a fonte de cura. Ela que representa o feminino espiritual, aconselha ao consulente que escute sua sabedoria interior.

A "Imperatriz" (3), é a mulher coroada que encarna o feminino material, é fecunda e criativa, representa a Grande Mãe que manifesta e dá vida a tudo que esta sendo gestado: filhos, sonhos, idéias, projetos. Expressa o amor através dos seus diversos dons, da arte, da sexualidade plena, do prazer, guardando também elementos arquetípicos de Deusas da beleza e do amor, como Afrodite e Oxum.

Com a "Justiça" (8 ou 11), o equilíbrio, a harmonia, o discernimento se apresentam no aspecto daquela que segura a balança e a espada da justiça, é a Palas Atena e a Maat egípcia que trazem discernimento e razão para a circunstância ou para o consulente.

A "Força" (11 ou 8) representa a energia da atratividade, da paixão, e da integração dos aspectos "instintivos" ao Self. A mulher que domina um leão com habilidade e criatividade, através da sua força interior.

Na "Temperança" (14) a integração alquímica das polaridades energéticas e psíquicas, femininas e masculinas, yin e yang, promove uma transformação profunda capaz de gerar uma mudança interior sútil para um novo nível de experiência ou estágio de desenvolvimento. Expressa harmonia e equilíbrio, presente na alegoria de uma anja, ou de uma mulher, que carrega duas jarras e permite que a água flua de um recipiente ao outro, misturando-os. É a Senhora das marés que guarda o fluxo e o refluxo das energias.

A "Estrela" (17) uma jovem inocente e nua carregando uma estrela acima da sua cabeça. Assim como a Temperança traz jarros em suas mãos, mas agora, verte suas águas na terra e na água, ambos elementos femininos. Como a chuva que lava e fertiliza a terra, representa as forças da renovação e da purificação. A confiança na Fonte e em si mesmo, a esperança, a inspiração, a conexão com o transcendente e a espiritualidade de maneira sincera.

Muitas adaptações foram realizadas em torno dos arcanos do Tarot de Marselha. A partir da década de 60, um grupo crescente de mulheres, artistas e pesquisadoras, movidas pelo interesse em fortalecer o movimento da Espiritualidade Feminina, passaram a desenvolver novas versões para o baralho, enfocando a temática do Sagrado feminino. Alguns destes trabalhos mais conhecidos são os de Kris Waldherr (Goddess Tarot), Isha Lerner (Tarot da Deusa Triplice) e Amy Sophia Marashinsky & Hrana Janto (Oráculo da Deusa).

Existem também muitos outros tarots sobre o Feminino Divino publicados e haverão aqueles que certamente aparecerão ao longo deste novo século onde os valores ligados a cultura Matrística e o Sagrado feminino estarão cada vez mais em evidência.

Artigo escrito por Shakti Lalla para o "Conselho das Deusas"(2008)

IN: Êxtase da Deusa

terça-feira, 17 de agosto de 2010

TRADIÇÃO DIÂNICA NEMORENSIS


Cada religião possui uma filosofia e pensamentos sobre como o Universo foi criado. A este sistema de fundamento e teoria dá-se o nome de Cosmogonia, o entendimento de mitos para melhor compreensão da causa primeira da Criação.

A filosofia cosmogônica se relaciona a forma como uma Tradição vê o Sagrado e explica a formação do universo e fundação do mundo, como entende as diferentes manifestações do Divino e como acredita que estas manifestações se expressam em nossas vidas.

Para as Tradições Diânicas de um modo geral a Deusa é a Grande Criadora e é isso que difere nosso caminho Pagão de outros, que vêem a Criação como resultado da união de polaridades opostas e supostamente complementares.

Nós cultuamos a Grande Deusa da Natureza, em toda a sua diversidade resplandecente. Ela é a Doadora da vida, a origem de toda existência neste planeta. Três são suas faces: Donzela, Mãe e Anciã, pois Ela é todas as Deusas e todas as mulheres. Ela se apresenta triplamente também na natureza como a Lua, o Sol e a Terra. Como a Lua, a Deusa é a Senhora dos Mistérios e Iniciação. Como o Sol, Ela é a Rainha dos Céus que fertiliza e dá calor e sustento. Como a Mãe Terra, Ela se torna aquela que nos alimenta se alimentando da vida, a Guardiã do Portal da Morte, que nos confortará quando a Ela retornarmos. Nós a honramos em todos os lugares, pois Ela é tudo: vive como nós, em cada um de nós e através de nós

Consideramos que o papel central e preponderante da Deusa é o diferencial de nossa religião. Cremos que celebrar o Sagrado masculino em igualdade com a Deusa é meramente um escape psicológico, para que uma mente completamente devastada por milênios de patriarcado se sinta menos culpada ao tentar incluir em sua prática religiosa o reconhecimento da energia feminina como Criadora.

A preponderância do culto à Deusa em uma Tradição não é decorrente de um desequilíbrio religioso, nem muito menos faz parte de um grupo separatista ou radical. Como uma Tradição matrifocal, acreditamos que existem muitas outras formas de polaridade que não sejam baseadas em gênero. Bruxos com cosmovisão orientada para a Deusa preferem identificar as polaridades não somente como feminina e masculina, mas como muitas outras: dia-noite, bem-mal, criação-destruição, escuro-claro, ordem-caos. Desta forma, masculino-feminino seria apenas uma das ilimitadas possibilidades de polaridades. E é desta forma inclusiva que entendemos a divisão de polaridades.

A escolha do culto centrado exclusivamente na Deusa provém do conforto que o Sagrado Feminino nos proporciona, pois a Deusa celebra a diversidade e não impõe limites. Acreditamos que isto é um fator primordial para o restabelecimento do equilíbrio do Universo e a cura do Planeta, devastado por séculos de opressão patriarcal e cultura patrilinear.

Em nossa Tradição a Deusa recebe muitas vezes o título de "A Dançarina" enquanto o Deus é chamado por nós de "O Condutor da Dança Espiral do Êxtase". Eles são simbolizados pela Lua e pelo Sol respectivamente, representando a eterna dança da Criação iniciada no início dos tempos pela Grande Mãe. Juntos Eles dançam através dos céus nos mostrando suas muitas faces e formas.

A Tradição Diânica Nemorensis é um ramo da Wicca centrado na Deusa e sua supremacia, relegando ao Deus um papel secundário com participação e atuação limitadas nos mitos e ritos. Para nós a Deusa é a grande Criadora de tudo e todos. Ela contém tudo o que tem vida e carrega em si inclusive seu complemento masculino, o Deus.

Reconhecemos o Deus e o honramos com prazer quando necessário. Porém, isso não significa que o celebramos em todos os rituais para aparentar um pseudo equilíbrio quando não sentimos que isso é necessário.

Além do mais, se reconhecemos que existem muitas outras formas de polaridades e a masculina/feminina é apenas uma delas, não se faz necessário invocar o masculino num ritual quando existem faces da Deusa que tragam em seus atributos a energia da força, guerra, independência que teoricamente seriam associados ao masculino se adotássemos a classificação de polaridades Yin-Yang tão tradicionais e convencionais.

Percebe-se assim que o Dianismo é não só fundamentado e equilibrado quanto igualitário, além de ser uma questão de opção e preferência pessoal a escolha de uma prática mais orientada à Deusa.

A escolha do caminho Wiccaniano centrado exclusivamente na Deusa, é tão válido quanto qualquer outro e tem sua beleza e expressão. Talvez hoje seja a modalidade de Wicca mais difundida no mundo. Isto possibilita às mulheres o resgate de sua dignidade religiosa como Sacerdotisas e aos homens a conscientização dos conceitos corrompidos, trazidos pelos valores e pensamentos patriarcais dominantes.

A Tradição Diânica dá às mulheres possibilidade de compreender as manifestações naturais que ocorrem nos seus próprios corpos como sagradas, ensinando-as que são cheias de poderes como a própria Deusa. Todos os praticantes de uma Tradição Diânica são orientados a ver a mulher como representante da Deusa na Terra, a quem devemos respeito e reverência. Afinal todos viemos ao mundo através do ventre de uma mulher e só isso já é o suficiente para nos mostrar o quanto elas são importantes.

O Dianismo também ensina os homens a ver a mulher como a própria Deusa encarnada, respeitá-la, perceber que ela não é um objeto, vê-la como alguém importante para que haja vida e para a continuidade da vida. Isso não desmerece um homem em nada, muito pelo contrário, pois se ele conseguir se libertar dos grilhões patriarcais e dar a mulher o seu devido valor será muito mais valorizado por ela.

O Dianismo, com sua cosmovisão matrifocal, pode ser enriquecedor para aqueles que poderão encontrar na Deusa a cura para muitos dos seus males trazidos pelos séculos de patriarcado, trazendo conforto e respostas para várias indagações alma humana.

Apesar da palavra "Diânica" se referir à uma divindade romana(Diana), este é apenas um dos muitos nomes da Deusa reconhecidos em nossa Tradição e não a única face Dela reverenciada por nós. Na realidade, a Deusa principal da Tradição Diânica Nemorensis é Danu, também chamada de Dana, cujo nome pode ser associado a Dione na Grécia e também Diana em Roma.

COSMOVISÃO - TRADIÇÃO DIÂNICA NEMORENSIS

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

NAS RAÍZES DA MÃE TERRA

ESTÁ OCULTADO O PODER DA MULHER...
GAIA, PACHAMAMA, DEMÉTER, ÍSIS, NANÃ


“Pela repressão a alegria do feminino foi rebaixada como mera frivolidade; a sua sensualidade expressa foi diminuída como coisa de prostituta, ou então ridicularizada pela seu sentimentalismo ou reduzida exclusivamente a instinto maternal; a vitalidade da mulher foi submetida ao peso das obrigações e da obediência. Foi essa desvalorização que gerou filhas desenraizadas e subterrâneas do patriarcalismo, separando a força feminina da paixão, tornando-a imagem dos seus sonhos e ideais de um céu inatingível mantidos pomposamente por um espírito que soa a falso quando comparado com os padrões instintivos simbolizados pela Rainha do céu e da terra”.

“A mulher que eu precisava chamar de mãe foi silenciada antes de eu Ter nascido”

Infelizmente, muitíssimas mulheres modernas (na verdade quase todas) não receberam desde o início os cuidados de mãe. Pelo contrário foram criadas em lares difíceis, de autoridade absoluta e colectiva (“cortadas do contacto com a terra pelos tornozelos”, como observou uma mulher), cheios dos “é preciso” e dos “deve-se” do super-ego. Ou, então, acabaram por se identificar com o pai e a cultura patriarcal, alienando-se da sua própria base feminina e da mãe pessoal, que frequentemente é por elas considerada fraca e irrelevante. Essas mulheres têm necessidade premente de se defrontarem com a Deusa em sua realidade fundamental.

Uma conexão interior dessa natureza é uma iniciação essencial para a maior parte das mulheres modernas do Ocidente; sem ela não podemos ser completas. Esse processo requer, a um só tempo, um sacrifício de nossa identidade enquanto filhas espirituais do patriarcado, e uma descida para dentro do espírito da Deusa, porque uma extensão enorme da força e da paixão do feminino está adormecido no Mundo Subterrâneo, no exílio há mais de 5.000 anos.

In CAMINHO PARA A INICIAÇÃO FEMININA
De Sylvia B. Perera



VEJA (SINTA) NOSSA MÃE TERRA

Veja! Nossa Mãe Terra está deitada aqui. Veja! Ela nos dá seus frutos. Em verdade, ela nos concede seu poder.

Agradeça à Mãe Terra que está aqui. Veja a Mãe Terra nos campos florescentes! Veja a promessa de seus frutos! Em verdade, ela nos concede seu poder.

Agradeça à Mãe Terra que está aqui. Veja a Mãe Terra com suas árvores abundantes! Veja a promessa de seus frutos! Em verdade, ela nos concede seu poder.

Agradeça à Mãe Terra que está aqui. Veja a Mãe Terra nos rios que correm! Vemos a promessa de seus frutos. Em verdade, ela nos concede seu poder.

Nossos agradecimentos à Mãe Terra que está aqui.

("PAWNEE" Philip Novak - A Sabedoria do Mundo)

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

UM DRAMA DE TODAS AS MULHERES

RELATIVO AO CASO SAKINEH
Blogger Spooky disse...

Não sou a favor da traição.
mas não posso deixar de comentar sobre isso, muitas pessoas acham que é por que no Irã...
Mas no Brasil acontecem coisas cada vez piores com crianças e mulheres.
Sim, é muito bonito e utopico o Sr. Presidente Lula, bancar o bonzinho, mas deveria se preocupar com nossas mulheres em primeiro lugar, após solucionar boa parte de nossos problemas e servir de exemplo aos outros paises, ai sim intervir.
Também fico chateado como em alguns paises ainda seguem a linha de pensamento arcaico que mulher é um objeto do mundo masculino, isso tem que acabar.

Creio que quando se referiu a traição estava a falar tanto por parte masculina quanto por feminina, mas mesmo assim neste termo eu descordo: Uma mulher deve ser livre para se deitar com quem bem lhe apetecer tal como um homem tem de ser livre. Num relacionamento a dois para mim o que importa não é a fidelidade mas sim a lealdade entre dois seres, entre dois iguais, entre dois seres humanos.

Quando ao fato de ser no Irã ou no Brasil, isso não importa porque a violência dada a uma mulher numa parte do Globo seja nos EUA ou no México é inadmissivel pois a nivel alquímico todas as mulheres do planeta estão interligadas pela matriz da Grande Mãe. Temos que entender que a dor do outro, também é nossa dor.

É claro que a nivel temporal e civil entendo o que você quer dizer, e de fato no nosso país este é um grande problema, mas a violência as mulheres é bem mais grave do que parece.

"(...)Líderes como o aiatolá Khomeini e Zia-ul-Haq parecem não associar a terrível pobreza de seu povo ao fato de nessas culturas as mulheres serem consideradas instrumentos de reprodução controlados pelo homem
A dedução feita pela imprensa mundial, e até pela maior parte dos estudos especializados, é a de que exemplos como esses demonstram sobretudo uma falta de inteligência ou consciência por parte dos governos envolvidos. Mas tal impressão pode ser perigosamente equivocada.(...) Na verdade, eles refletem aguda consciência do que é necessário para a manutenção do sistema androcrático em nível mundial"
Os EUA — que exercem influência exagerada sobre as políticas de nações superpopulosas e consomem uma percentagem desproporcional dos recursos mundiais — regrediram recentemente a políticas que aumentam, em vez de reduzir, as taxas de natalidade(...), numa manobra calculada para negar às mulheres acesso igual e justo a opções de vida não reprodutoras, a administração Reagan opôs-se também firmemente à Emenda de Igualdade de Direitos proposta para a Constituição Americana, ignorando ou efetivamente revogando antigas leis destinadas a equiparar as oportunidades educacionais e trabalhistas das mulheres. Em outras regiões do mundo, com a notável exceção de nações como a China, Indonésia, Tailândia e, mais recentemente, Quênia e Zimbabwe, o planejamento familiar raramente constitui prioridade básica. Ao contrário, na Romênia comunista, um dos países mais pobres do bloco oriental, o presidente Nicolae Ceausescu declarou "dever patriótico" das mulheres ter quatro filhos, exigindo que elas se submetessem a testes de gravidez mensais em seus locais de trabalho e fornecessem explicações médicas para a "ausência persistente de gravidez". E, em muitas das nações superpopulosas e mais pobres do mundo em desenvolvimento, as mulheres têm negado seu acesso ao controle da natalidade (...)Embora em uma primeira e histórica Conferência Internacional sobre População, em 1984, a "melhoria da condição das mulheres em todo o mundo" tenha sido declarada objetivo fundamental em si mesmo e devido a sua importância na redução da fertilidade, as políticas capazes de criar as oportunidades e motivações para as mulheres limitarem os nascimentos são prioridades bem secundárias praticamente em toda parte. Além disso, a situação continua a mesma — apesar de a clara mensagem dos especialistas em demografia de todo o mundo ressaltar que, se o planejamento populacional tiver êxito, criando papéis satisfatórios e socialmente gratificantes para as mulheres, em vez de seus papéis de esposas e mães, isto ainda é mais importante do que a existência de instrução para o controle da natalidade. Claro que as alternativas são simples. Os meios tradicionais de refrear o crescimento populacional têm sido a doença, a fome e a guerra. Dar prioridade à liberdade de reprodução e à igualdade feminina é a única forma alternativa de deter a explosão demográfica. Mas proporcionar a essas "questões femininas" prioridade máxima significaria o fim do atual sistema (...)Em essência, eles concluem que, a curto prazo, a fome disseminada ajudará a reduzir o excesso populacional, e a longo prazo, os homens que dirigem os impérios econômicos mundiais produzirão, através de competição agressiva e desenfreada, tanta riqueza que uma quantidade suficiente "pingará" e alimentará os muitos bilhões que estão por vir(...)Eles continuam a falar de fome e pobreza em termos gerais — quando as evidências mostram com nitidez que, de acordo com a ordem estabelecida pelo sistema de supremacia androcrática/dominadora, a pobreza e a fome de fato são basicamente "questões femininas". De acordo com estatísticas do governo americano, as famílias dirigidas por mulheres são as mais pobres dos EUA, com um índice de pobreza que é o triplo do de outras famílias, e dois em cada três americanos pobres e idosos são mulheres. No mundo em desenvolvimento as realidades são ainda mais sombrias. Na África, campos de refugiados internos e externos, onde milhares estão famintos, os mais pobres dos pobres e os mais famintos dos famintos são as mulheres e seus filhos. E, como documentam o relatório das Nações Unidas, Situação das Mulheres no Mundo— 1985 e muitos outros relatórios oficiais e não-oficiais, a situação na Ásia e América Latina é a mesma(...)A questão está em que nas sociedades de supremacia masculina a pobreza e a fome das mulheres têm raízes bem mais profundas. Ela não se limita somente a famílias encabeçadas por mulheres. Esse é um problema de organização familiar, na qual o "cabeça" masculino do casal detém o poder sancionado socialmente de determinar de que forma os recursos ou o dinheiro serão distribuídos e utilizados. Por exemplo, em nossa história ocidental, seja entre os servos russos, os mineiros irlandeses ou os operários americanos, muitos homens consideram uma afronta à sua masculinidade "entregar" seus salários para que as esposas possam comprar alimentos para a família. Ao contrário, como muitos homens ocidentais o fazem ainda hoje, eles bebem ou gastam o salário com o jogo, espancam as esposas por "encherem o saco" se, ao fazerem uma objeção, estas desafiam a autoridade masculina. Este padrão de comportamento é também freqüente em muitos países latino-americanos e em vastas regiões da África. Além disso, em grande parte do mundo em desenvolvimento, as mulheres que preparam — e freqüentemente também cultivam — o alimento para a família não comem enquanto os homens não terminarem. Mais uma vez, há um fundamento lógico para tais padrões de alimentação sexualmente discriminatórios. Com freqüência, em locais onde as mulheres trabalham duro do amanhecer ao anoitecer, argumenta-se que os homens necessitam de mais comida, ou que estas são "tradições étnicas" nas quais imigrantes ocidentais não devem se meter. Há também a lógica para tabus alimentares que proíbem as mulheres, particularmente as grávidas, de comer os mesmos alimentos de que precisam para manter a saúde. Em conseqüência, estudos da Organização Mundial de Saúde mostram que a anemia nutricional aflige quase metade de todas as mulheres do Terceiro Mundo em idade de procriar mais da metade das mulheres grávidas! Contudo, tais padrões sexualmente discriminatórios na distribuição dos recursos não afetam seriamente "apenas" as mulheres. Eles também apresentam terríveis implicações para os homens — e para a evolução humana. É de conhecimento geral que as mães com desnutrição costumam conceber filhos com maiores probabilidades de debilidade e doença. Isso obviamente afeta tanto as crianças do sexo feminino quanto as do sexo masculino, as quais nascem com menos peso e freqüência também mentalmente deficientes, ou, na melhor das hipóteses, dotadas de inteligência inferior, o que não aconteceria se mães recebessem alimentação adequada.
Assim, como nosso mundo ignora sistematicamente essas questões humanas ainda consideradas "femininas", milhões de seres humanos de ambos os sexos são privados de seu direito de nascimento: a oportunidade de levar vidas saudáveis, produtivas e gratificantes. E, como direitos das mulheres não são considerados direitos humanos, não só nossa evolução cultural mas também nossa evolução biológica são às necessariamente sustadas. Também pareceria lógico tomar providências imediatas para mudar os padrões de distribuição alimentar sexualmente discriminatórios. Mas, como na questão das políticas populacionais e de desenvolvimento, há nas androcracias sistemas esmagadores de restrição. O problema básico consiste em que, nas sociedades de supremacia masculina, há dois obstáculos fundamentais na formulação e implementação das políticas capazes de lidar de forma eficaz com nossos crescentes problemas globais. O primeiro obstáculo está no fato de que os modelos de realidade necessários à dominação masculina exigem que todas as questões importantes no que se refere a nada menos de metade da humanidade sejam ignoradas ou vulgarizadas. Essa monumental exclusão de dados constitui omissão de tal magnitude que, em qualquer outro contexto, os cientistas a condenariam como falha metodológica fatal(...)Logo, as políticas que enfraqueceriam a dominação masculina — e a maioria das políticas que oferecem qualquer esperança no futuro da humanidade — não podem ser implementadas. Mesmo se forem formuladas, tais políticas precisam ser arquivadas, devem receber fundos insuficientes ou então devem ser desvirtuadas a ponto de perder sua eficácia."

enxertos de O Cálice e a Espada - Riane Eisler

Ou seja, a nível prático se o Patriarcado continuar no poder mundial teremos algo parecido com o Apocalipse bíblico.

E nós que nos podemos fazer em relação a tudo isso?
Simplesmente não aceitar os modelos de comportamento patriarcal e muito menos ensina los a nossos filhos, a próxima geração. O grande esforço das mulheres é não apenas estar em pé de igualdade com os homens mas também compreender seu poder pessoal a nível espiritual. Enquanto não houver uma revolução de comportamento nas mulheres do ocidente muito pouco poderá ser feito no oriente. Uma mulher ao mudar sua forma de pensar e agir afetará outras mulheres e o mesmo é algo que os homens devem fazer.


domingo, 8 de agosto de 2010

O CULTO DA MÃE SERPENTE

A Deusa e a Serpente

Todas as mitologias do mundo tinham uma representação simbólica, divinizada ou mágica da serpente, como a Serpente do Mundo na mitologia nórdica, Leviathan, a serpente marinha hebraica ou o ouroboros, "representado pela serpente mordendo a própria cauda, o grande dragão que vivia no mundo subterrâneo, antigo símbolo de sabedoria e do "eterno retorno" (do espírito para a matéria). Desde a sociedade neolítica e durante a Idade de Bronze, a serpente era divinizada na Europa, no Egito e Oriente pela sua vitalidade e rejuvenescimento periódico, sendo honrada pelo seu poder mágico e a habilidade de regeneração, sendo ao mesmo tempo subterrânea, celeste, telúrica e aquática. Devido aos seus movimentos ondulantes e a regeneração pela troca de pele, a serpente tornou-se imagem da Deusa da renovação e do renascimento, representando o despertar da vida após a hibernação vegetal ou a morte física. Uma antiga crença afirmava que a serpente não morria de velhice, mas que, ao trocar de pele, emergia renovada ou renascida, assim como os antigos chineses viam a ressurreição dos mortos, como um homem descartando a velha pele e dela mergindo jovem.
As culturas antigas não promoviam o atual medo irracional da serpente, que foi incutido pelo cristianismo; para os povos matrifocais ela era um ser sagrado, benevolente, mágico, símbolo da vida, da morte e do renascimento, guardiã das moradas, dos lugares e dos templos, curadora dos doentes, constituindo uma ligação com o mundo dos deuses e dos mortos. Imagens de deusas de várias culturas retratam uma figura feminina parcial ou totalmente representada como serpente, envolvida por ela ou tendo filhote de serpente nos seus braços. A junção simbólica da Deusa com a serpente representa a conjugação e o partilhar dos seus atributos, ambas sendo associadas ao nascimento, morte, ressurreição; a serpente através do seu hábito de trocar de pele, a Deusa pelos atributos lunares e o alternar dos ciclos da vida e das estações. A Lua era associada com a serpente devido à alternância das suas fases, representando o ciclo vegetal de ascensão, declínio, repouso e regeneração. Através de uma teia complexa de fios simbólicos, elas partilham os reinos da terra, da água, do mundo subterrâneo, da vida, da morte e do renascimento (vegetal e espiritual). O imaginário neolítico apresentou ao mundo inúmeras deusas com formas de serpente, tendo corpos longilíneos cobertos com listras ou linhas sinuosas, conhecidas pelas qualidades de fertilidade, maternidade, renovação. Os achados pré-históricos de estatuetas femininas eram associados com figuras de animais, principalmente pássaros, peixes, serpentes e felinos. Confeccionadas em marfim, osso, chifres ou pedras, estas representações antigas de Potnia Theron, a “Senhora dos Animais”, têm traços gravados nos seus corpos em forma de meandros, ondas ou espirais, que representavam o caminho sagrado para alcançar uma dimensão sutil, conectando o mundo visível ao invisível e a morte ao renascimento. A espiral é associada à água e à serpente, o labirinto sendo considerado o caminho percorrido por correntes de água ou o deslizar da serpente, dentro ou fora da terra. O mais antigo risco de um meandro serpentiforme, datado de 135.000 anos, foi encontrado sobre a parede de uma gruta de Dordogne, França. O meandro era a estilização da serpente, representando a energia da transmutação, que transcendia a compreensão humana. Uma antiga representação da serpente como Deusa-Mãe é originária do século V a.C. pertencendo aos antigos habitantes de Tessália, Grécia, associada ao mito de Eurynome, a Deusa Criadora que surge do caos dançando.
À medida que seus movimentos separam a terra do céu, Eurynome cria uma serpente gigante - Ophion – que se enrosca ao redor do seu corpo e copula com ela. Eurynome assume depois a forma de uma pomba, põe um ovo sobre as ondas e pede a Ophion que se enrosque sobre ele, para chocá-lo. Deste ovo cósmico surge a Criação universal: Sol, Lua estrelas, planetas e todos os seres vivos. Muitas imagens de Deusas da Europa Antiga são compostas, associando pássaro e serpente, ambos os animais dotados de poderes criadores e renovadores. A Deusa Pássaro e a Deusa Serpente podiam aparecer juntas, unidas em uma só imagem ou separadas, abrangendo a regência da terra, da água e do ar. Uma Deusa com características duplas de serpente e pássaro oriunda do século V a.C. e encontrada na Ucrânia, tem o corpo decorado com losangos e meandros, a púbis marcado com um losango. Dentro das suas amplas nádegas ela guarda um ovo, enquanto sobre o ventre são gravadas imagens de sementes, apontando seu papel no crescimento da vegetação. A forma curvilínea da serpente lembra a água corrente, o elemento indispensável para a sobrevivência das comunidades agrárias do período neolítico. A habilidade da troca da pele da serpente sugere a renovação constante do manto verde da terra e da vegetação, sendo uma descrição da energia que se autoregenera ao longo de um ciclo.
Em inúmeras culturas da Europa antiga até Índia, Mesopotâmia, Egito e Oriente próximo, foram encontradas estatuetas de madonas arcaicas, com filhos nos braços, muitas delas com reprodução de escamas no corpo ou com serpentes e espirais ao redor dos seus ventres, nádegas e braços. A antiga Deusa Serpente europeia reapareceu em Creta com uma nova definição e apresentação. As serpentes no seu corpo ou nos vasos com formas femininas representam o poder de dar e tirar a vida, contendo em si os pólos da dualidade, que se reconciliam, sem oposição, no equilíbrio da vida e da morte, da unidade e multiplicidade. Em Creta a Deusa é vista como uma energia fluida, divinamente manifesta no vôo dos pássaros e das abelhas, na dança dos golfinhos ou no entrelaçamento ondulante das serpentes, a multiplicidade de formas sendo um hino à natureza, celebrando a alegria e a vida. Inúmeros afrescos com deusas as mostram cercadas por serpentes, labrys, pombas, papoulas, sentadas ou ao lado da Árvore da Vida e oferecendo seus frutos. Serpentes ondulam entre Sol, Lua, estrelas, chuva, plantas, árvores como símbolos do principio dinâmico da energia vital, a água e a sua representação como serpente sendo as energias da vida. Uma estatueta em terracota de uma Deusa Serpente de Creta de 6000 a.C. sentada em posição de lótus, tem o corpo gravado com linhas paralelas e outras que ondulam, com a base larga afinando para cima, dando uma nítida sensação do seu poder telúrico. Uma madona micénica de 1400 a.C. com cabeça de pássaro, roupa solta e colar no pescoço afilado, segura um filho serpente nos braços; linhas horizontais serpenteiam e cobrem o corpo da mãe e do filho. Uma fascinante divindade serpentiforme de Creta de 1100 a.C. aparece dentro de um altar pequeno e pintado com padrões ondulantes; seu corpo é listrado, no pescoço tem um colar de três voltas, seus braços elevados - como se fossem invocar a força da vida - seguram uma corda, um gesto comum nos giros usados para os ritos de fertilidade.
Espirais duplas - que sugerem o movimento de entrar e sair de um labirinto - são encontradas em todo o mundo, como nos monumentos megalíticos de Irlanda, Grã-Bretanha, Malta e Creta, dentro dos túmulos ou gravados sobre pedras e altares, representando a renovação e o renascimento. No antigo Egito a serpente foi amplamente divinizada e ela presidia sobre assuntos ligados à fertilidade, nascimento, vida, morte e mundo subterrâneo. Estátuas de Deusas celestes, solares, telúricas e ctônicas usam formas de serpentes sobre as suas cabeças. Várias divindades são representadas com cabeças ou corpos de serpente, suas qualidades curativas, renovadoras e transformadoras sendo associadas ao mundo subterrâneo. A proteção conferida pela serpente como guardiã era tão importante que nenhum templo a dispensava. O bem estar da nação egípcia dependia da força da serpente, como símbolo de fertilidade, e do poder de Ísis como regente do rio Nilo. A venerada Deusa Neith, Senhora da Vida e do Destino aparece em uma das suas manifestações como uma grande cobra dourada; quando assumia feições humanas sua face e mãos eram verdes, simbolizando a vegetação. Neith é conhecida como a mais Antiga Deusa, pré-dinástica, regente da tecelagem e da magia, personificando as águas primordiais, o eterno principio da vida auto-sustentável, misteriosa e toda abrangente. Ela gerou o deus Ra, teceu com seu tear o céu e o mundo e com a rede recolheu das águas primordiais as criaturas que iriam viver na terra. Por ser a Mãe Criadora, nenhum mortal podia olhar sua face oculta, sob um véu, por isso na sua estátua estava escrito:

"Eu sou Aquela que é, foi e será e nenhum mortal levantou ainda o meu véu".
Ísis e Nephtis, a polaridade divina da luz e da sombra, foram equiparadas com a serpente dupla da vida e da morte, elas eram as únicas capazes de orientar as almas no mundo subterrâneo habitado por divindadesserpentes. Outra deusa egípcia com forma de serpente era Ua- Zit, a "Serpente Celestial" Doadora da Vida Eterna; seu símbolo, o ureus, significava "serpente" e "Deusa". No Oriente próximo, a serpente era reverenciada como personificação da sabedoria, por compreender os mistérios da vida e honrada pela sua habilidade de viver tanto nos vales férteis dos rios Tigre e Eufrates, quanto nos desertos áridos. Em ambos os ambientes, se deslocava velozmente sem pernas, trocava de pele para se renovar e atacava de forma fulminante, qualidades que a definiram como uma criatura mágica, mestra da cura e da sabedoria. Uma estatueta encontrada no templo da Deusa Ishtar, datada de 4000 a.C. representa uma mulher nua com cabeça de serpente e amamentando um filhote de serpente, aliando assim o calor e amor humanos com o sangue frio e os poderes ctônicos da serpente. A Deusa Anat era representa montada sobre um leão, segurando um lótus e cercada por serpentes, que representavam o ciclo da vegetação, seus atributos sendo de criação e destruição. A antiga Deusa síria da fertilidade Atargatis, Deusa celeste, telúrica e ctônica, tinha uma estátua de bronze em que sua cabeça emergia da boca da serpente, seu corpo cercado por sete voltas de uma grande serpente, em cujas escamas havia sete ovos escondidos, personificando o poder fertilizador da água, que gera e nutre a vida. A Deusa acadiana Ninhursag "A que dava vida aos mortos" era chamada de "Senhora das Serpentes". Na Índia a Deusa Kadru era a "Mãe Serpente" que gerou os Nagas, seres meio-serpentes, meio-humanos, muito sábios. Ananta,"O infinito", a Senhora do Fogo criador e da força feminina, também era uma Mãe-Serpente, protetora do ovo universal, enquanto Kundalini, a serpente ígnea feminina representava o poder vital encolhido na base da coluna e ativado por práticas tântricas para a iluminação. Os Serafins eram originariamente espíritos serpentiformes representando as chamas do fogo divino e que foram transformados depois em anjos. A serpente atua como um elo simbólico entre a Europa neolítica e Creta, os ancestrais dos minoanos chegaram a Creta trazendo totens como a serpente, pomba, chifres de touro e a machadinha de duas lâminas (labrys), imagens que foram também encontradas na Turquia e nos Balcãs, assim como nos vasos cretenses decorados com serpentes. Os mais belos exemplares de Creta são as estatuetas de deusas com serpentes originárias do palácio de Knossos, de 7000 a.C. A onipotência da Deusa é expressa pela tiara tríplice coroada por serpentes, seu corpete expõe os seios fartos mostrando sua qualidade nutridora, o avental tem desenhos ondulantes, os olhos grandes e fixos sugerem um estado hipnótico. Três serpentes cercam uma das figuras, duas entrelaçam sua cintura, sobem até as orelhas e se enroscam na tiara, a terceira sobe por um braço, atravessa os ombros e desce no outro braço. Outra estátua grande do porto de Knossos representa a "Mãe Serpente" com tiara tríplice, segurando uma serpente nas mãos, que sobe até a testa e olha para ela com um ar de devoção. No altar da Deusa Eileithia, regente dos partos, foi encontrada uma Deusa Serpente junto com vasos com formas femininas, cujas alças são formadas por serpentes. A famosa pedra Omphalos, de Delfos, considerada o "umbigo do mundo", tinha uma forma cônica - esculpida de um meteorito - representando o ventre da Mãe Terra e ao seu redor estava enrolada uma serpente, simbolizando o poder profético. Comprova-se assim o antigo culto de Gaia em uma gruta, a entrada para o Mundo Subterrâneo e dos mortos, cujo guardião era a serpente Python, que conhecia todos os segredos e transmitia-os apenas às sacerdotisas oraculares.

Pythia, a sacerdotisa oracular, entrava em transe inalando vapores emitidos por uma fonte sulfurosa e, com uma serpente enrolada no seu pescoço, transmitia as profecias “ouvidas” no som da água corrente. O culto de Gaia foi usurpado depois pelo deus Apolo, que matou a serpente Python, gesto que representou a destruição das forças matrifocais e do culto geocêntrico pelo novo poder solar e patriarcal. Mas a serpente, assim como a Pythia, sobreviveram durante séculos às tentativas dos sacerdotes de Apolo para erradicar o antigo culto oracular e a sacralidade feminina do templo de Delfos. Resquícios das Deusas Serpentes se encontram em vários mitos e imagens das deusas gregas como Athena (cujo templo tinha uma serpente viva e no seu manto apareciam várias serpentes), as Gorgonas e a Medusa (cujos cabelos formados por serpentes representavam seus poderes de vida e morte), Deméter e Hécate, cercadas por serpentes como símbolos do Mundo Subterrâneo. Em muitas outras culturas como a celta, escandinava, hindu, japonesa, chinesa, mexicana, hebraica e nas tradições nativas americanas e australianas, a serpente faz parte da mitologia, aparecendo também na arte e na literatura como um símbolo sagrado, transformador e renovador.
A serpente reaparece no Antigo Testamento, sendo um dos mais temidos e combatidos símbolos pelos cristãos, empenhados em suprimir os vestígios da Tradição da Deusa e a diminuição da importância da mulher e do seu poder sagrado. A serpente do Gênesis enrolada ao redor da Árvore da Vida relembra antigos mitos da Mesopotâmia, Egito, Grécia, em que a serpente era a manifestação da Deusa porém a serpente não mais era vista como guardiã da Árvore da Vida e do conhecimento - como nas antigas religiões -, mas um poder negativo e destrutivo, que provocou a expulsão do paraíso. Ela sobreviveu no caduceu, cujo eixo representa o Pilar Cósmico e, as serpentes, os poderes de vida, cura e morte. No Gênesis não existe a Deusa, apenas uma mulher mortal com o mesmo nome divino de Eva, "A Mãe de todos os seres vivos"; a serpente aparece como a instigadora da desgraça e não mais promotora da sabedoria e do renascimento. A associação entre a Eva e serpente foi feita de forma pejorativa, acrescentando também a figura do diabo; em pinturas medievais Satã aparece como uma serpente, com o rosto de Eva, "tentando" Adão. A serpente passou a ser considerada um poderoso elo entre mal, pecado e sexualidade, Eva sendo uma criação de Satã ou sua emissária no mundo, usando a astúcia e maldade da serpente. É possível que o mito do Jardim de Éden tenha sido inspirado na antiga imagem da Deusa de Canãa, representada como a Árvore da Vida, entregando a maçã da sabedoria para o primeiro ser humano, enquanto a serpente está enroscada nos galhos da árvore. Em uma antiga imagem sumeriana da Idade de Bronze a Deusa e Seu Consorte estão sentados na frente de uma árvore frutífera, com a serpente enrolada nela. Ambos estendem suas mãos para obter os dons da imortalidade e iluminação, representando assim a união dos opostos –vida e morte - e a regeneração. A Árvore da Vida tinha sido associada com a serpente mil anos antes do Gênesis, a árvore unindo o céu e a terra e conciliando os opostos, a serpente sendo o espírito que a animava, guardiã e símbolo dos processos alternantes de vida e morte. A tualmente a serpente serve como metáfora para a maneira imprevisível e enigmática em que as nossas vidas mudam, se entrelaçam, serpenteiam e se renovam. Também é conhecida sua utilização simbólica e mágica em rituais de transmutação dos "venenos" psíquicos, emocionais e energéticos, liberando as energias prejudiciais para a evolução espiritual e transmutando-as em ferramentas de poder, sabedoria e evolução.

Teia de Theia - Jornal Online Deusa Viva

RENOVAÇÃO


8 DE AGOSTO

Tij, o Dia da Mulher no Nepal. Neste dia, as mulheres não trabalhavam e eram consideradas deusas por todos. Uma ótima ideia para você começar a colocar em prática!
Na Lituânia, celebração de Perkuna Tete, antiga deusa do raio e do trovão. Com a cristianização, seu nome foi mudado para Maria, escondendo, assim, o antigo culto da Deusa sob um nome aceito pela Igreja.
Segundo a única lenda conhecida, Perkuna Tete era a ama de Saule, a Deusa Solar e recebia-a, a cada noite, com um banho quente feito de folhas de pinheiro e casca de bétula. Após seu descanso noturno, Saule voltava renovada e resplandecente para iluminar a Terra.
Na Rússia antiga, homenageava-se Kildisinmumy, a Mãe Criadora, deusa do céu e da Terra, padroeira do nascimento. Para invocar seu poder fertilizador para as mulheres e ao animais, oferendas de ovelhas brancas, leite e ovos eram feitas. A palavra “mumi”, com o significado de “mãe”, era usada como atributo de deusas da natureza, assim como “ava”.
Inspire-se no nos influxos deste dia e dedique algum tempo para renovar suas energias. Prepare um banho com essência de pinheiro, faça uma massagem com óleo de bétula e medite sobre a maneira pela qual você nutre seu corpo, sua mente e seu espírito. Invoque a Grande Mãe e ofereça-lhe flores brancas, leite e mel, pedindo harmonia, saúde e proteção.

Informações extraídas do livro “ O Anuário da Grande Mãe”, de Mirella Faur.

Contos de Loba

Rompe-Mato

Colibri estava ferida, e por isso queria ouvir palavras de Pai-do-Céu. Irmã-Ursa sentia seu coração grande, mas há tempo queria expandi-lo mais e mais. Loba se juntou a elas porque sempre foi assim... E assim adentraram a floresta. Vento levou Colibri e sussurrou palavras de consolo. Irmã Ursa mergulhou no mar e o mar a banhou. Loba sentiu o chamado da floresta, das árvores. Loba se questionou e riu de si mesma. Achou-se tola, a floresta é só a floresta, pensou. Loba duvidou e disse para si mesma que não era mais um filhote. E então Loba virou um filhote. Caminhava lentamente, observando o mosaico das árvores, o entrelaçar das folhas. Rompe-Mato surgiu e perguntou o que Loba queria na floresta. Loba não tinha respostas. Rompe-Mato falou de Pai-do-Céu, aquele que tudo ama e falou de Mãe- Terra, aquela que tudo provê. Loba ficou grande novamente e seus olhos se aguçaram. Rompe-Mato ouviu os pensamentos de Loba, ouviu as frases que Loba não conseguia pronunciar. Rompe-Mato viu as florestas onde Loba caminhou. Florestas distantes, florestas úmidas, matas secas. Loba pensou “Eu tenho percorrido muitas florestas e muitas vezes eu me perdi”. Rompe- Mato olhou nos olhos de Loba e ela chorou. “Eu tenho percorrido muitas estradas e muitas vezes eu perdi a fé”. Rompe-Mato segurou Loba e ela virou filhote novamente. Então Rompe-Mato falou: Criança veja a imagem de Pai-do-Céu, veja a imagem da Deusa-Mãe. Eles tudo sabem, eles tudo vêem, eles tudo amam. Abra seu coração, converse com eles, diga suas necessidades, eles te escutarão. Loba pensou: “Eu tenho percorrido muitos caminhos e muitas vezes eu me sinto só”. Você nunca esteve só, disse Rompe- Mato e abraçou Loba. E Loba sentiu que isso era verdade. Então Rompe-Mato contou a história da criança ajoelhada. A criança estava na estrada não tinha dinheiro, sua mãe era doente e dependia dela, não tinha trabalho. Silenciosamente ela apenas orava. Loba podia se identificar com aquela criança. Loba pensava em sua família. “Eu tenho percorrido muitas matas e tenho medo de não achar alimento.” Rompe-Mato continuou: Então um homem a cavalo passou pela estrada e ficou comovido com a cena. Pegou sua pequena sacola de moedas e deu para a criança. Passados alguns dias, o homem voltou pela mesma estrada e encontrou a criança ajoelhada. Perguntou a ela o que fez com o dinheiro e porque ainda estava ali. Ela disse que tinha comprado alimento e remédios para sua mãe e que estava ali pra agradecer a Pai-do-Céu e a Mãe-Terra. Rompe-Mato perguntou: Entendeu criança? E Loba ficou filhote novamente. E pensou, mas aquela era uma boa criança e eu simplesmente não sou boa. Rompe-Mato sorriu e disse: Repita comigo: “Eu tudo posso”. E então Loba pensou “Eu tudo posso.” Mais uma vez e mais uma vez e mais uma vez “Eu tudo posso”. Loba se lembrou da oração de sua mãe “Eu tudo posso naquele que me fortalece” E achou que podia acrescentar a frase de sua mãe. Rompe-Mato sorriu e orou em voz alta: Que o manto de Paido-Céu se estenda sobre você dando-lhe proteção, que as lágrimas da Deusa-Mãe lavem e nutram suas emoções. Ore, Criança, que eu, Rompe-Mato sempre estarei com você. Assim, Loba se despediu de Rompe-Mato e foi correndo se encontrar com suas irmãs, Colibri e Ursa-Maior. Havia muito a compartilhar. Sempre foi assim...
Com Amor
Irmã-Loba Ana Cris

sábado, 7 de agosto de 2010

QUANDO RECORDAR SE É DIFICIL...

RECORDA-TE...

“Houve um tempo em que não eras escrava, lembra-te disso. Caminhavas sozinha, alegre, e banhavas-te com o ventre nu. Dizes que perdeste toda e qualquer lembrança disso, recorda-te...Dizes que não palavras para descrevê-lo, dizes que isso não existe. Mas lembra-te. Faze um esforço e recorda-te. Ou. Se não o conseguires, inventa.“

“O Livro de Lilith” – Bárbara Black Koltuv
(Cultrix)

Isto é algo que eu mesma me esqueço e por mais que insista não consigo lembrar, com tanta dor e raiva de um destino que não quero, de um sofrimento sem gloria se é que algum sofrimento na terra tem alguma gloria...Chorar é hipocrisia, pois minhas lagrimas jamais aliviaram o sofrimento, teu, meu e o de outras mulheres que são eu e eu sou elas...E não a alternativa senão aguardar e tentar ser o mais sincera possivel pois eu temo, e como temo, ser falsa pois a minha falsidade, tal como um veneno, quando destilada é a mais intensa, tão intensa que até eu acredito que minhas mentiras sejam verdades. Tudo que posso fazer é esperar e rezar a Grande Mãe tempos melhores.

SAKINEHS E TODAS AS MULHERES DO MUNDO


AS MULHERES QUE OLHAM ATRÁS...

Fiz um jogo de Tarot – cruz celta - para essa questão toda da cruz astral do dia 07 de Agosto, tão falada, comentada e coisa e tal. A seguir coloco algumas impressões esparsas, que não vou aprofundar de todo.

Há nessa questão toda um anseio muito grande de que algo novo surja, nasça. Há uma necessidade muito grande de mudança e de busca pelo sentimento, pelo sentir, pelo amor, pelo afeto, pelo perdão.
(...)
Hoje, em todas as manchetes, o (a) mártir é uma mulher: Sakineh, sujeita a ser apedrejada no Irã por ter cometido adultério. Lembremos que a cruz no céu tem de um lado Saturno e Vênus, de outro Júpiter e Urano. Saturno a querer castrar Vênus, as leis de um país como o Irã querendo apedrejar Sakineh. De outro lado nasce, surge um clamor mundial em favor de Sakineh representado por Júpiter, o grande benéfico, e Urano, o transgressor. No outro braço temos Lua de um lado e Plutão de outro. Plutão ou Hades foi quem raptou Perséfone causando a falência da Terra, Deméter, infeliz por ter a filha roubada. O apedrejamento de Sakineh corresponde, de certa forma, ao rapto de Perséfone, pois não se pode imaginar o inferno vivido por tal mulher. Sakineh encarna toda a violência cometida contra as mulheres ao longo do tempo – Vênus e Saturno.

Vênus e Saturno estão em Libra, casa da Justiça. De novo temos aí o julgamento de Sakineh. Me pergunto por que os céus apontam tão claramente para o caso de Sakineh. Talvez os deuses tenham se reunido em concílio escolhendo o caso Sakineh como referência para o que acontecerá com a humanidade daqui por diante. Se Sakineh for salva haverá ainda esperança para a humanidade, mas se não for então estaremos ferrados. Talvez. Certamente que isso politicamente pega mal para o Irã e dá mais gás aos desejos belicistas da aliança EUA-Israel. Diante de tal situação a mídia ofuscou os crimes recentes de Israel na faixa de Gaza e transformou o Irã na bola da vez.

É um momento para, de fato, pedirmos, orarmos pela alma dessa mulher como representante de todas as mulheres, de toda a Terra, de todos os seres humanos que estão cansados de viver submetidos a regimes opressores, sejam eles o Irã, Israel, EUA ou outro qualquer, que transformaram o nosso mundo em algo que ele não deveria ser. Rezemos por Sakineh.

Me pergunto quantas Sakinehs não existem pelo mundo, sujeitas ao apedrejamento, em suas diversas formas, ao enforcamento, ao espancamento e as mais diferentes violências. Sakineh como mulher é uma expressão da própria Terra violentada pelo homem. Temos aí um estado teocrático, a religião perseguindo o feminino, a mulher. Mais uma vez o dragão apocalíptico persegue a virgem coroada por 12 estrelas.

O julgamento de Sakineh não será o julgamento de um estado de coisas que é inconcebível e que deve chegar ao fim?

Se é verdade que o que está em baixo e como o que está em cima, ao olhar para o alto e para nós mesmos podemos ter esperança? Tudo, talvez, dependerá do destino de Sakineh. Rezemos por ela, rezar por ela é como rezar por nós todos. Afinal, quem salva uma vida salva o mundo inteiro, palavras do Talmud.

Entre o fim do mundo, o fim de Sakineh, o fim do apedrejamento de Sakineh ou o fim de situações como essas, fico com as duas últimas, e sem a necessidade de mártires.

Fernando Augusto
in PISTAS DO CAMINHO: http://pistasdocaminho.blogspot.com/

Encontrado em Mulheres & Deusas: http://rosaleonor.blogspot.com/

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

ESPIRITUALIDADE FEMININA NA PRÁTICA

MULHERES EM BUSCA
DA GRANDE MÃE

Aumenta cada vez mais no atual caminho da espiritualidade feminina a necessidade do fortalecimento do poder pessoal, para remover as marcas sofridas dos séculos de opressão, anulação e subjugação pelas estruturas e valores patriarcais, que impuseram regras de comportamento e crenças através de força, intimidação e agressão.

Nas antigas sociedades matrifocais prevaleciam valores de solidariedade e parceria entre homens e mulheres, visando a sustentação, defesa e florescimento das comunidades. A mudança para as culturas e estruturas patriarcais levou à substituição da Deusa Mãe - criadora e nutridora da vida - pelo Deus Pai, longínquo e punitivo; a ordem religiosa e social tornouse androcrática e hierárquica e a mulher foi relegada ao papel de vilã, vitima ou escrava, sendo considerada como desprovida de alma e de direitos, por não ter sido criada à imagem do Deus masculino. Para legitimizar o poder patriarcal adotou-se o axioma de que Deus era unicamente masculino, portanto apenas os homens eram Seus reflexos e somente eles poderiam se comunicar com o divino. Este dogma oprimiu a alma feminina nos últimos três milênios e destruiu a autoconfiança nos seus direitos e valores, permitindo assim a violência e opressão nos níveis físico, emocional, mental e espiritual. Como conseqüência resultou um mundo com predominância de valores e ações masculinas, a egrégora deste poder aparecendo disfarçada nos valores culturais, sociais, familiares, espirituais e científicos. Até hoje em certas tradições místicas e práticas mágicas persiste o conceito patriarcal da liderança espiritual masculina, negando o direito e a capacidade da mulher em dirigir rituais, fazer iniciações, ter visões e revelações ou receber mensagens espirituais fide dignas. A razão oculta da permanência desta supremacia patriarcal continua sendo o medo milenar e atávico dos homens em relação ao poder inato das mulheres no nível mágico e oracular. Estes dons sempre pertenceram a elas, mas lhes foram negados e ao exercê-los, elas sofreram punições ou mortes, por isso o desafio atual das mulheres no caminho da Deusa é superar seus medos, sair do ostracismo e assumir seu poder. As mulheres contemporâneas precisam de uma tradição isenta de valores e conceitos masculinos, em que não se sintam controladas, podadas ou oprimidas, mas que também não ative nelas a rivalidade e arrogância, conscientes ou não. A auto-estima feminina será reconquistada quando a mulher se sentir livre do controle patriarcal, tendo direito para usar suas habilidades psíquicas e criativas, sem se preocupar com a aprovação, aceitação ou rejeição masculina. Todavia, ela deverá evitar os padrões comportamentais nela incutidos pelo patriarcado com a milenar tática de “dividir para conquistar”, competindo com suas irmãs ou perpetuando os jogosde poder. As mulheres atuais devem se unir em uma mesma busca espiritual, conscientes de que o “empoderamento” de uma irmã não ameaça as outras, pelo contrário, contribui para fortalecer a todas. Quando uma mulher contemporânea decide não mais se deixar dominar, enquadrar ou controlar por idéias, limitações ou crenças patriarcais, ela poderá sentir medo em assumir a responsabilidade pelas mudanças necessárias e as inerentes conseqüências na sua vida. A fé, a devoção e a entrega das suas decisões, opções e ações para uma imagem divina feminina lhe irão permitir a necessária ajuda e proteção, por perceber-se como sagrada e merecedora da liberdade alcançada ao assumir as rédeas da sua vida. Amparada pela conexão com os arquétipos divinos femininos, ela se tornará uma guerreira a serviço da Deusa, de si mesma e de suas irmãs. O caminho da sacralidade feminina conduz a uma reavaliação de valores, conceitos, atitudes e objetivos, levando ao resgate do poder pessoal, intrínseco e ancestral, que permitirá definir com segurança os objetivos e escolhas. No entanto, o “empoderamento” feminino não significa imitar ou assumir modos, atitudes e comportamentos masculinos, pois a mulher não almeja tornar-se um homem, nem tomar o lugar dele. O seu propósito é resgatar o poder feminino inato, que lhe permitirá expressar a vasta gama dos seus dons e possibilidades, escolhendo o papel que quer cumprir na sociedade, em familia ou no caminho espiritual como “Filha da Deusa”. Como tal ela é forte, mas compassiva, determinada porém flexível, guerreira mas companheira das suas irmãs de caminhada; ela saberá quando investir ou ceder, usar a espada ou o manto de penas, a armadura ou as asas de cisne. Ao descobrir sua verdadeira identidade, a mulher consciente da sua sacralidade agirá de forma segura, responsável e firme, defendendo seus interesses e limites, mas sem agredir, desrespeitar ou competir com suas irmãs, pois em cada uma ela reconhecerá um reflexo da Deusa. Juntas e de mãos dadas elas irão percorrer, irmanadas, o caminho espiritual que conduz as filhas terrenas ao abraço acolhedor e protetor da Grande Mãe. Para favorecer e ampliar o crescimento multifacetado da mulher atual, torna-se imperioso que ao restabelecer sua conexão com a Deusa, ela conheça e aplique os conceitos das cinco áreas tradicionais da ancestral sabedoria feminina, ou seja: o caminho da mestra, da curadora, da visionária, da sacerdotisa e da guerreira, que abrangem os aspectos físicos, emocionais, psíquicos, mentais e espirituais femininos. Ao longo da dominação milenar patriarcal foram permitidos e aprovados os aspectos de mãe e mestra, o ensino sendo a profissão designada pro excelência para a mulher e sua missão existencial, a condição de mãe. Para entrar no campo da cura a mulher está batalhando até hoje, apesar de que as mulheres sempre foram as curandeiras, parteiras e herbalistas. A história de diversas culturas atesta também que as visionárias eram sempre mulheres, que guiavam as decisões dos chefes de tribos, os conselhos das comunidades, as opções de guerra ou paz, prevendo o desfecho das batalhas e as calamidades naturais, que transmitiam as mensagens das divindades e dos espíritos ancestrais. Porém, o patriarcado reprimiu e depois proibiu a atividade visionária das mulheres e negou sua inata capacidade de conexão com o plano divino. Da mesma forma foi condenada e cerceada a atuação da mulher como guerreira, mesmo conhecendo sua inata e feroz capacidade defensora dos seus filhos, bem como sua astuta atuação mediadora nas negociações de paz. O aspecto mais combatido e perseguido foi o sacerdotal, por temer sua associação com os poderes mágicos da Lua, dos ciclos, dos espíritos e das energias naturais. As religiões patriarcais como a hebraica, muçulmana e cristã destruíram a tradição sacerdotal feminina, sendo que a Inquisição criou a odiosa “caça às bruxas”, perseguindo e aniquilando as mulheres devido ao seu reconhecido e temido poder sagrado e mágico. Almejava-se também a negação dos direitos ancestrais das mulheres, que lhes permitiam possuir bens, escolher parceiros, ter a opção de gerar ou não, nomear filhos, transmitir conhecimentos, desenvolver e praticar seus dons espirituais e criativos, reverenciar e celebrar as Deusas e a Mãe Natureza. Na ativação dos cinco caminhos da ancestral sabedoria feminina, a mulher atual assimila facilmente os conceitos de ensino, cura e percepção sutil, mas enfrenta maiores desafios e oposições (internos e externos) para assumir sua capacidade sacerdotal e mágica, devido ao contexto e ambiente religioso, familiar e social em que vive. Porém o aspecto mais difícil e desafiador para aceitar e exercer é o da guerreira, devido à associação cultural e histórica da luta com violência e agressão. No entanto, a energia de combate e defesa é um dom intrínseco e um direito natural da mulher para se defender de abusos, ameaças, dominação, opressão, injustiças e violências contra si e seus filhos. O reconhecimento do direito sagrado de assumir o poder da guerreira é o primeiro passo para que a mulher contemporânea alcance seu “empoderamento” e se reconecte com todos os aspectos e faces da Deusa. A Deusa não se apresenta apenas com a sua face de luz, bondade, e compaixão, pois Ela também é a Senhora das batalhas, a Rainha do mundo subterrâneo e a Ceifadora da vida, das fases, dos ciclos e dos relacionamentos naturais e humanos. O desafio da mulher que quer reaprender como despertar e direcionar seu poder de guerreira consta em falar e agir sem se tornar agressiva, rude, impositiva, desleal ou injusta, reproduzindo traços indesejáveis do comportamento masculino. O “patriarcado interior” é um resquício negativo e nocivo que a mulher deve detectar e eliminar do seu subconsciente e da sua conduta diária, seja em que situação ou nível se manifeste.

Trecho do artigo O Caminho da Guerreira - Mirella Faur.

CÁLICE DA DEUSA


O GRAAL SAGRADO

“Quando nos iniciamos nos Mistérios do Feminino, descobrimos que somos as portadoras de um Cálice Sagrado e que o Graal se manifesta através de nós”

(Jean Shinoda Bolen)


"O corpo feminino é um coletivo.
Multiplamente enredado em histórias, memórias, nuâncias, sombras e luzes, contornos e vãos.
O corpo de gerações de avós-mães e filhas.
Material e imaterial.
Húmido e flexível.
Misterioso para quem não o percebe.
Revelador pra quem aprofunda, mesmo que na tangência de suas superfícies.

O corpo da Terra-Mãe, o corpo da aldeia, da ciclicidade das luas e fluxos dos rios, de sangue e leite.
O Corpo que contempla o do outro.
Corpo-matriz do mundo.

Esta é a mulher, ao menos uma parte dela.
A semelhança que une, que ultrapassa eras e séculos, gerações e culturas.
Um algo que permanece sendo: vulva, vagina, útero, óvulos, seios, leite, clitóris, sangue, placenta (...).
O corpo-mulher compartilhado, reflexo de paradigmas mutáveis, porém perpetuados, o do patriarcado: da repressão, castração e contenção, controlado, cerceado, lapidado, modelado, escravizado, agredido nos mais diversos níveis de existência.
O corpo que muitas não desejam mais vestir.
E também daquelas que assim o permitem.

E sua outra parte, que mora nas diferenças, nas origens das descendências étnicas, culturais e sócio-econômicas.
Na reatividade emocional, na complexidade do ser único e infinito de possibilidades, na religiosidade e experiências vividas e aprendidas.
Nos pares que fazem e dos quais derivam.

Esta é a mulher: corpo-memorial, corpo-reflexo, corpo-resistência, corpo-político e espiritual.
Ainda nutriz, ainda mutável e flexível.
De formas que se arredondam e cedem a gravidade.
Que morre e renasce por meses e meses, em anos e anos.
Linhagem umbilical da continuidade das espécies.

Um corpo onde...
uma mulher são muitas e muitas mulheres são uma."

Fonte:
http://shaktilalla.blogspot.com/

encontrado em JANELA DA ALMA

A VERDADEIRA DEFINIÇÃO DE ALMA MATER


Alma mater é uma expressão de origem latina que pode ser traduzida como "a Mãe que alimenta ou nutre".
O termo era usado na Roma Antiga como um título para a Deusa Mãe, e, durante o Cristianismo medieval para aludir à Virgem Maria.


No começo era a Grande Deusa e a Grande Deusa era a Terra e a Terra era a Grande Deusa. Lilith – (ESCRITO NUM) relevo sumério.

Também nas tábuas sumérias aprendemos que a Deusa Nanshe, de Lagash, era venerada como "a que conhece o órfão, conhece a viúva, busca a justiça para os pobres e abrigo para os fracos". No dia de Ano-Novo era ela que julgava toda a espécie humana. E nas tábuas da vizinha Erech lemos que a Deusa Nidaba era conhecida como "a Sábia dos Aposentos Sagrados, a que ensina as Leis". Estas antigas denominações da Deusa como Provedora da Lei, da Justiça e da Misericórdia e Primeira Juíza também parecem indicar a existência de antigas codificações de leis, e talvez até mesmo de um sistema judiciário de alguma complexidade, onde as sacerdotisas sumérias que serviam à Deusa talvez atuassem como juízas nas disputas e na administração da justiça. Nas tábuas mesopotâmicas lemos ainda de que maneira a Deusa Ninlil era venerada por dar a seu povo uma compreensão dos métodos de plantio e colheita. Além disso, há indícios lingüísticos apontando para as origens da agricultura. As palavras encontradas nos textos sumérios para agricultor, arado e sulcos não são sumérias. Tampouco o são as palavras para tecelão, trabalhadores de couro, cesteiros, ferreiros, pedreiros e cerâmica. O que parece indicar terem sido todas estas tecnologias básicas da civilização tomadas pelos invasores posteriores dos antigos povos adoradores da Deusa da região, cuja linguagem de outra forma se perdeu.

IN: O CÁLICE E A ESPADA - Riane Eisler