"E aqueles que pensam em Me procurar, saibam que a vossa busca e vosso anseio devem beneficiar-vos apenas se vós souberdes o Mistério; se o que vós procurardes, vós não achardes dentro de vós mesmos, então nunca encontrarão fora. Pois eu tenho estado convosco desde o Início e Eu Sou Aquela que é alcançada ao final do desejo"


quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

NÓS SOMOS AS ROSAS QUE ADORNAM A COROA DA DEUSA


"A rosa tem de tornar a ser o botão, nascido da sua haste materna,
antes que o parasita lhe tenha roído o seio e bebido a seiva da sua vida.

A árvore dourada dá flores de jóia, antes que o seu tronco esteja gasto pela tormenta.

...O aluno tem de tornar ao estado de infância que perdeu
antes que o primeiro som lhe possa soar ao ouvido."


in A VOZ DO SILÊNCIO...
M. Blavatsky

Publicada por Rosa Leonor
IN MULHERES & DEUSAS

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

MÃE NA TERRA, BATE O SINO, ALEGRAR, CANTAR...




Entrada do Sol no signo de Capricórnio, marcando o solstício de inverno no hemisfério norte, celebrado pelos povos celtas como o Sabbat Yule ou Alban Althan. Comemorava-se, nesta data, o renascimento do Sol do ventre escuro da Mãe Terra, simbolizando a renovação das esperanças, novas promessas de alegria e realizações, assegurando à humanidade que a Roda do Ano, em seu movimento perpétuo, novamente chegaria ao fim das vicissitudes do inverno e da escuridão. Desde os tempos mais remotos, a transição entre o ponto mais baixo (a noite mais longa do ano) e o início do retorno na trajetória do Sol em sua Roda Anual, era celebrada com vários rituais em todas as culturas antigas.
Para festejar o renascimento do Sol eram acesas fogueiras e tochas, ofertavam-se presentes para as divindades, reverenciavam-se as árvores sagradas (como o carvalho e o pinheiro), as plantas que representavam os poderes do Deus (como o visco) e da Deusa (como o azevinho), realizando-se também, vários rituais de fertilidade.
O mais importante símbolo do Yule era o fogo, que deveria queimar durante os doze dias das celebrações, representação da luz solar brilhando durante os doze meses. Preparava-se o tronco de Yule ou o “Yule Log”, decorado com folhagens, pinhas, nozes, maçãs, doces, galhos de visco e de azevinho. Esse tronco era guardado até o mesmo ritual do próximo ano, quando era queimado ritualisticamente e substituído.
Prepare você também um tronco de Natal, escolhendo uma tora ou um galho grosso, fazendo três furos para prender três velas, nas cores verde, vermelha e dourada.
Enfeite-o a seu gosto, mas mantenha sempre as velas acesas durante os doze dias das antigas celebrações, convidando assim os Espíritos da Luz a iluminarem a abençoarem sua casa e seus familiares.
Celebração da deusa eslava Koleda, também chamada de Kuntuja, na Rússia, comemorando a deusa Koliada, senhora do tempo, do Sol e da luz, personificando o próprio solstício de inverno. Ela simbolizava o Sol, cercada pelas forças da escuridão, precisando de ajuda da humanidade para vencê-las. Essa tarefa era executada pelas mulheres, que estimulavam, por meio de rituais, o poder procriador da Deusa. Com o passar do tempo, Koliada foi transformada em deus e, nesta data, celebrava-se seu nascimento. Koliada ou Kulada, permaneceu mas disfarçada na figura de São Nicolau, o velhinho bondoso que ajudava as mulheres no trabalhos de parto. Na Rússia, celebrava-se também Maslenitza, a deusa da fertilidade e da agricultura.
Comemoração de Tonan ou Tlakatellis, uma das manifestações da Grande Mãe asteca. Ainda hoje o povo Nahua reverencia-a, colocando guirlandas de calêndulas e folhas em suas estátuas ou nas de sua “substituta” a Virgem de Guadalupe.

O MÊS DE DEZEMBRO

Decem era o décimo mês do antigo calendário romano. Seu nome também surgiu como uma homenagem à deusa Décima, uma das Parcas – as Senhoras do Destino-, a regente do presente e tecelã do fio da vida, equivalente à deusa grega Clotho.
O nome anglo-saxão do mês era Aerra Geola, o irlandês, Mi Na Nollag e o nórdico, Wintermonath ou Heilagmonath. No calendário druídico, a letra Ogham é Luís e a árvore, a sorveira. O lema do mês é “assuma o controle de sua vida e não se deixe guiar pelos outros.”
Os povos nativos denominaram este mês de Lua Fria, Lua do Lobo, Lua das Longas Noites, Lua do Uivo dos Lobos, Lua do Carvalho, Lua do Inverno, Lua das Árvores que Estalam e Mês Sagrado.
A mais importante celebração deste mês é o solstício de inverno no hemisfério norte, festejado pelos povos celtas como o Sabbat Yule ou Alban Arthuan. Em várias tradições e lugares do mundo antigo, o solstício era lembrado juntamente com os mitos das deusas virgens dando à luz seus divinos filhos solares, como Osíris, Boal, Attis, Adonis, Hélio, Apolo, Dionísio, Mithras, Baldur, Frey e Jesus. Na tradição romana, esta data chamava-se Dies Natalies Soles Invictus ou o Dia do Nascimento do Sol Invicto e todos os deuses solares receberam títulos semelhantes, como a Luz do Mundo, o Sol da Justiça, o Salvador. As celebrações atuais do Natal são uma amálgama de várias tradições religiosas, antigas e modernas, pagãs, judaicas, zoroastrianas, mitraicas e cristãs.
Na antiga Babilônia, existiam doze dias entre o solstício e o Ano Novo. Era um tempo de dualidade, oscilando entre o caos e a ordem. Os romanos concretizaram essa ambigüidade no famoso festival Saturnália, as festas dedicadas ao deus do tempo Saturno e à sua consorte, a deusa da fertilidade Ops.
Durante oito dias, as regras sociais eram revertidas e patrões e empregados trocavam de funções e roupagens, ninguém trabalhava, todos festejavam. O último dia do festival chamava-se Juvenália, dedicado às crianças que recebiam agrados, presentes e talismãs de boa sorte.
As pedras sagradas do mês são a turquesa e o zircônio. As divindades regentes são todos os deuses e deusas solares, além das deusas Ix Chel, Ástrea, Ops, Astarte, Freyja, Sekhmet, as Nornes, Yemanjá e Arianhod.
Dezembro representa o fechamento de um ciclo, um período para refletir sobre o ano que passou. Na avaliação daquilo que passou e na expectativa de um novo ano, repete-se o momento mítico do caos para a ordem. A Roda do Ano para, entra-se em um novo limiar, no limite entre os tempos e os mundos, quando se torna possível refazer o mundo.
Reveja, portanto, todos os aspectos de sua vida no ano que passou: realizações profissionais, relacionamentos, saúde, caminho espiritual, expressão pessoal, projetos e sonhos. Medite sobre os sucessos e fracassos, criando uma nova imagem do futuro. Consulte algum oráculo, faça uma lista de desejos e projetos, assuma compromissos, prepare encantamentos, invoque as Deusas e entre no Ano Novo com fé, força, luz e esperança.


Mirela Faur - O Anuário da Grande Mãe.

FELIZ NATAL...OPS, QUERO DIZER YULE!

UMA RESPOSTA A TODOS


Decide não dar esta resposta a uma pessoa especifica como antes havia decidido fazer mas dar a todas as pessoas das quais gosto e aquelas as quais não gostam de mim ou do conteúdo do meu blog...Digo alguns mestres que se julgam donos da luz e maiores que própria Deusa Mãe.

CHEGUEI FINALMENTE AO PENSAMENTO MARAVILHOSO E SUBLIME
MINGUÉM MELHOR QUE EU MESMA PARA DETERMINAR AQUILO QUE DE FATO SOU.

Digo isto porque apesar dos conceitos esotéricos todos, ao que parece no fundo , no fundo ninguém consegue me aceitar sendo tal como sou, mulher e transexual e sempre me forçam uma masculinidade que não quero ao dizem o que sou ou deixo de ser ou que não perco o valar por ter nascido num corpo que respeito mais não consigo apreciar.

AGORA DECIDI ASSUMIR MINHAS PRÓPRIA SOBERANIA E APESAR DE ACEITAR CONSELHOS NÃO ACEITAREM MAIS QUE MINHAS VIDA SEJA DETERMINADA PELAS MÃOS INVISÍVEIS DA SOCIEDADE: FAMÍLIA, O GOVERNO E ATÉ MESMO ALGUMAS MULHERES QUE SERVEM A DEUSA.

Digo isto porque não quero ofender ninguém e tampouco brigar com aquelas que me deram tanto mas eu penso que o que sou não se deve ao fato de ser confusa e sim ao fato de eu ser muito decida. Eu poderia fazer como tantas outras transexuais fugir de casa me entregar a promiscuidade ou a encontros com homens desconhecidos para conseguir algum dinheiro para mudar o que quero, mas não deis do inicio eu soube que teria de usar meus próprios meios para conseguir o que quero e tive dignidade suficiente para não me menosprezar nem me sentir castigada pela vida e pela Deusa.
Quem lê o meu blog pensa que eu tenho apenas os anseios espirituais do Feminino e que outras coisas mais práticas como poder me comportar dentro do mundo da maneira que realmente sou ao invés de ter de fingir o tempo todo...Minguém tem o direito de me julgar, pois ninguém que não tenha passado por esta experiência sabe ou entende minha dor, ou sente na pele o que senti...
Mas eu tenho fé que o meu caminho vai mudar, porque sirvo uma Força que me guia a muito tempo, um chamado que ouvi deis da minha mais tenra infância embora na época eu não soubesse como nomeá La...
E até agora tem sido a Deusa a guia de meus caminhos e não nenhum deus pai da guerra...e nem os mestres que temem a mim e a Face da Mãe neles escondida trancafiada no mais fundo de sues corações que temem o poder das Mulheres e Deusas...

Neste ano que vamos adentrar ainda teremos de enfrentar muitas coisas e se engana quem pensa que será tudo fácil e encontraremos a Deusa nas margens do lago de Avalon...
Desta vez teremos que busca La no fundo da Terra, do vulcão da ventania, e ainda mais importante nas raízes de nós mesmos e no fundo de nossos corações.
Sei que para muitos eu tenho muito pouco a oferecer de exemplo, mas a minha oferenda mais profunda a Deusa e minha alma e meu coração e meus votos de continuar esta trabalho nos anos que estão por vir e além, e além da vida carnal e desta existência e da outra...

"Enquanto a vida criar vida, amamos e vivamos em Ti, ó Mãe Eterna...
Guarda a vida de tuas Filhas entre as mãos e sobre o Coração..."


Que Ela nos guarde até o fim desta era, até o fim do tempo, que Ela nos guarde para sempre em Seu Coração.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

PEQUENA EXPLICAÇÃO

Eu gostaria de agradecer o carinho de todos os meus leitores e pedir desculpas pela falta de publicações ao longo de Dezembro e talvez ao longo deste ano também. É que tive e tenho muitos problemas com meu computador e para completar a conta de conexão da internet não foi paga por muito tempo e finalmente foi cortada. Assim tenho publicado tudo o que preciso apenas via lan house e só hoje pude ver minha caixa de imails.
Tem havido também uma pequena falta de inspiração da minha parte assim como faltade material e tempo com os quais trabalhar.
Fora isso estou tendo uns problemas básicos para conseguir matricula numa nova escola e ao que parece vou ter de estudar de noite...
Enfim estou com muita coisa prática para resolver sem falar nas situações menos práticas.
Gostaria de dizer que desejo do fundo do meu coração que seja um bom ano este que esta por vir e que desejo a todos muitas felicidades ( e a superação de todos os seus problemas)
Queria também pedir desculpas a quem me enviou selos e ficou sem resposta, é como eu disse eu tenho estado sem tempo para organizar o blog e adiantar meu trabalhos online.

Abraços

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

AS ANTIGAS SOCIEDADES MATRÍSTICAS


NA ERA DO CÁLICE...

Os princípios do cultivo de alimentos, bem como da tecnologia de construção, recipientes e vestuário, já eram todos conhecidos pelos povos do neolítico cultuadores da Deusa, assim como os usos cada vez mais sofisticados de recursos naturais tais como madeira, fibras, couro e, mais tarde, metais na manufatura. Da mesma forma, nossas mais importantes tecnologias não materiais, tais como a lei, o governo e a religião, remontam ao que, lançando mão do termo de Gimbutas, Europa antiga, podemos denominar a sociedade antiga. O mesmo ocorre com os conceitos correlatos de oração, magistratura e sacerdócio. A dança, o teatro ritual e a literatura oral e folclórica, bem como a arte, a arquitetura e o planejamento de cidades, também são oriundos da sociedade pré-dominadora. O comércio, realizado por terra e mar, é outro legado dessa era antiga, assim como a administração, a educação e até mesmo a previsão do futuro, pois a primeira identificação do poder oracular ou profético se faz com as sacerdotisas da Deusa.

A religião sustenta e perpetua a organização social que reflete. Em diversos textos religiosos antigos que permaneceram até hoje, é a Deusa — e não uma das deidades masculinas então dominantes — que se identifica como aquela que proporcionou ao povo as "dádivas da civilização". Os mitos que atribuem nossas principais invenções físicas e espirituais a uma deidade feminina podem assim refletir o fato de realmente terem sido inventadas por mulheres. Tal hipótese é praticamente inconcebível sob o paradigma predominante, pois retrata a mulher como dependente e secundária em relação ao homem, não só no sentido intelectual mas, de acordo com a Bíblia, tão menos desenvolvida espiritualmente que a culpa de nossa queda em desgraça é toda dela.

Contudo, nas sociedades que conceptualizavam o poder supremo do universo como uma Deusa, reverenciada como sábia e justa fonte de todas as nossas dádivas materiais e espirituais, as mulheres se inclinariam a internalizar uma auto-imagem bem diferente. Com modelo tão poderoso, elas tenderiam a considerar seu direito a ter participação ativa e assumir a liderança no desenvolvimento e uso das tecnologias materiais e espirituais. Elas se inclinariam a considerar-se competentes, independentes e quase certamente criativas e inventivas. De fato, há crescentes evidências da participação e liderança das mulheres no desenvolvimento e administração das tecnologias materiais e não-materiais sobre as quais foi mais tarde sobreposta uma ordem dominadora.


IN O CÁLICE E A ESPADA- Riane Eisler

OS DOIS LADOS DA MOEDA


Hamanndah disse...

Querida amiga blogueira.
Como sempre seus posts sensacionais.
Quando leio num blog masculino que as mulheres só fazem sucesso porque algum homem,antes dela, ajudou,por exemplo,por mais que uma Engenheira seja competente, ela é incapaz de erguer um prédio, sem ajuda dos homens. Disse tambem que uma digitadora que seja otima digitadora não tem nenhum mérito,pois foi sempre um homem que inventou e constrói computadores

Enfim,quando um homem ou mulher machista escreve estas coisas nos seus blogs, o que devemos responder?

Hamanndah



Decidi dar uma resposta mais detalhada e completa.

Primeiro qualquer um que tenha dito isso, homem ou mulher mostra ser um grande idiota já que seria igualmente idiota dizer que os homens não tem diginidade alguma caso fosse uma mulher a ter criado todas essas coisas e ter sido um homem a desenvolve las. Uma vez que um hoem cria alguma coisa ele tem todo o merito (segundo o patriarcado) dos projetos desenvolvidos apartir dessa descoberta. Tal afirmação é tão absurda sob a otica do fato das novas descobertas e desenolvimentos irem além do projeto em si. Além disso como foi dito no caso a parte mais intelectual das invenções sitadas foi atribuida a mulher, o que é excelente pois evidencia que o lado mais mental aonde desenvolvemos as ideias é do foro feminino e a parte pratica e brutal e dada nos dois casos ao masculino...Eu não concordo em tal desigualdade mas daí já da pra ver qual a importãncia da mulher no desenvolvimento da ciência e dos conhecimentos tecnicos.
Acho que nesse caso a pessoa que escreveu isso que você disse deve ser algum idiota que não merece ser levado em consideração.

Abraços

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

EM UM MUNDO SEM A MÃE

Éramos todos órfãos

Reflexões de uma sacerdotisa sobre a Deusa, as mulheres e os homens

Existem dores que só as Mulheres sentem. Os homens podem crer que levam o peso do mundo em suas cabeças (e isso pode até ser real), porém as mulheres carregam as dores e lágrimas da humanidade nos seus corpos. Existem dores intensas que só uma mulher pode ter, são dores relacionais. Toda a pessoa humana que já existiu um dia esteve no corpo de uma mulher, e foi em algum momento alimentada por uma mulher. Esse é o tipo de memória atávica que não se apaga. Não importa o seu gênero, na sua primeira lembrança e no mais íntimo de você, está uma mulher. Escute-a e a deixe chorar.
Novembro, 2004.

Donzela, guardiã da pureza dos inícios.

Q
uando encontrei o caminho da Grande Mãe nessa existência, foi puro êxtase! Foi como descobrir que minha alma podia dançar e meu coração podia desabrochar flores. Fui uma pessoa espiritualizada desde a infância, mas nunca nada havia tocado tão profundamente meu coração, feito tanto sentido e me tornado tão feliz! O mundo pulsava em uma avalanche de sincronicidades, sonhos, amor, irmandade, visões, cura e resgate. Quero dizer que não há nada como esse encantamento, é um pouco como a paixão. Porém, eu sabia que era amor, antigo e profundo, e chegava para ficar.
Comecei a participar do círculo de mulheres da Mirella Faur (1) aos 21 anos. Nessa época, estudava Psicologia e estava perto de terminar o curso. Já conhecia o caminho da Grande Mãe, já havia sentido seu suporte e amor. Porém, o círculo foi meu primeiro contato com a irmandade e o verdadeiro deslanchar nessa dança espiral das tradições antigas. Meu coração estava preenchido e minha intuição totalmente receptiva. Faltava saciar meu conhecimento intelectual para poder pisar com segurança nesse novo terreno. Por isso decidi, na época, fazer minha monografia de conclusão de curso com o tema de religião e gênero. Era minha chance de investigar a fundo isso que minhas novas irmãs chamavam de Deusa. No fundo, eu estava cheia de medos e preconceitos, tantos que é melhor nem enveredar nessa estrada.

Anciã, guardiã dos mistérios do passado.

Estudei e estudei, li, cavei. À medida que escrevia com paixão, me tornava rouca, cada vez mais rouca, como se gritasse para multidões. Resgatava a voz daquelas mulheres que foram minhas mães e avós, aquelas mulheres que fui para além da minha identidade. Resgatava a voz daquelas mulheres que não puderam se expressar por séculos, que morreram em meio à dor, violência e solidão. Eu cavava e sentia que as informações floresciam no meu coração tendo brotado do próprio fundo escuro da Terra... O ventre-terra, que guarda os ossos das minhas velhas mães, das minhas outras irmãs, os ossos que são meus, são meus também. Ai, minhas antigas mães, ai, meus eus antigos, quanto há para ser reparado! Desejava pedir desculpas e colocá-las no colo, colocar a nós todas por tanta injustiça e traição patriarcal. O que havia acontecido com todos nós?
Resolvi cavar mais fundo, penetrando na densidade desse cemitério de ossos da Mãe Terra. Até que algo diferente aconteceu. Ouvi em minhas memórias, meu corpo, minhas palavras a canção mais antiga que havia experimentado até então. A Terra Mãe me encantava com canções de beleza e paz infinitas. Descobri que nessa mesma Terra - hoje devastada pelos valores de guerra, competição, apropriação e negação do outro -, houve povos de cultura simples que viviam em sociedades solidárias e em harmonia com todas as suas relações. Utopia? Acho que não.
Rianne Eisler, em seu livro “O Cálice e a Espada”, descreve essas sociedades em cujas casas e túmulos eram construídos com o mesmo tamanho como conhecedoras do poder do Cálice, o poder da doação. Em seu livro, ela também desconstrói o mito do homem-das-cavernas caçador e demonstra que as primeiras armas eram provenientes dos povos da estepe e foram forjadas bem mais tarde do que o alegado pelos antigos arqueólogos. Maturana (2) chama essas sociedades de matrísticas, por serem povos de mística feminina.
Muitos de nós já conhecemos a história das imagens de mulheres grávidas, de seios fartos e ligadas a imagens lunares que foram pintadas no período paleolítico e encontradas, principalmente, em cavernas da Anatólia (Turquia). A arqueologia antiga e patriarcal acreditava que essas imagens representavam as fantasias eróticas de homens dos povos antigos. Ou, como um conhecido pontuou de maneira mal educada: “elas eram a prova de que os xamãs eram punheteiros”. Porém, hoje nós sabemos melhor, reinterpretamos a história com mais fatos e observação cautelosa. Abrimos mão da visão de túnel limitada do preconceito. Uma das possibilidades, aquela que fala mais alto no meu coração – afinal toda a interpretação da história é também uma escolha – é de que essas imagens simbolizavam a mística de culto à vida, à Terra, à Lua e, associada a todas essas, à mulher. O que mais me intrigou na época, não foi descobrir o quão antigas eram as representações desse Divino Feminino. O que mais me intrigou foi perceber todas as implicações do emocionar cultural desses povos. Não havia matriarcado, pois as mulheres não estavam no comando. Havia algo além.
Eu já ouvira toda aquela história de que o “homem é o lobo do homem”, o ser humano é naturalmente cruel e perverso, a guerra e a competição são inevitáveis condições da natureza humana. Porém, com o novo conhecimento, todas essas idéias morreram junto com minhas últimas crenças patriarcais. Nós vivemos cronologicamente mais tempo de solidariedade praticamente global do que de guerra. Pensem. Isso é bombástico! Talvez você já tenha essa informação e não se surpreenda tanto. Porém, renove sua fé, reveja essa descoberta pela primeira vez. Encante-se novamente. Esse conhecimento é fantástico! Fico feliz até hoje pensando nisso.
O que aconteceu para mudar esse quadro é que é a peça obscura do quebra-cabeça. Existem algumas teorias, e é claro que tenho as minhas preferidas. Porém, não quero me prender a isso agora, a informação que já temos é suficiente para o que tenho a dizer nesse artigo.

Mãe, guardiã dos frutos do presente.

Com todas essas reflexões, o foco da minha angústia saiu das mulheres e voltou-se para toda a humanidade. Quem são os algozes, afinal? Somos todos filhos da mesma Mãe e todos fomos privados do seu conforto. Sua presença foi riscada da história, sua memória foi punida severamente quando carregadas por suas filhas secretas.
Mulheres espancadas, vendidas, exploradas, estupradas, violadas das formas mais monstruosas. Na China, no Brasil, no Islã, na Índia, na Europa, nos Estados Unidos, em todo o planeta. É tanto terror, mágoa e desamor que não posso evitar mudar o foco da pergunta. Ao invés de me perguntar como isso foi acontecer, começo a pensar: por que isso continua acontecendo?
O maior estrago do patriarcado foi a Separação. Homens contra mulheres e contra homens. Nosso Povo contra o Outro Povo. Eu que não sou você, e sou melhor que você, e portanto destinado a te destruir. Jamie Sams, em um de seus livros, já dizia que todas as mulheres são reflexos da Mãe Terra, e que maltratar uma mulher tem o poder de criar a escassez para todos os filhos da Terra. É isso, meus queridos. Aconteceu. Vivemos e sofremos a escassez. As mulheres sofrem vitimizadas pelos homens, e os homens vitimizados uns pelos outros. Pensem nisso, sintam isso. Saímos todos de Eras idílicas de conforto e solidariedade, do poder do cálice, da beleza e da irmandade. Todos nos dirigimos juntos para a Era em que a força bruta é mais poderosa que a emoção. Os homens endurecem, os homens vão para guerra, os homens matam outros homens, e matam mulheres e crianças. Os homens não podem amar. Eles não podem amar sua mãe ou sua mulher, pois eles não têm Mãe.
Ao longo dos últimos séculos, ficamos todos alheios aos mistérios e a beleza da feminilidade, da Lua e da Terra. Hoje, as mulheres resgatam esses mistérios e reconquistam com isso sua soberania e integridade. Porém, saibam, queridas, que a soberania é só o princípio do caminho que leva à Deusa. Nossa Mãe nos ensina o amor sem limites. Temos seios que produzem leite para mostrar que as mulheres são as guardiãs do amor infinito, pois nutrem toda a vida nova com o alimento do coração. À medida que resgatamos nossa integridade do nosso espaço sagrado, podemos penetrar nessas lições de amor. Somos a bandeira do novo mundo, somos as mães, somos a paz. Não vamos perpetuar a tradição do Nosso Povo e do Outro Povo. Vamos dançar juntos e oferecer aos filhos da Terra aquilo que todos nós perdemos: o direito à nossa maternidade espiritual. Quando os homens desconhecem os mistérios, eles o temem e o violentam. No entanto, se os deixamos participar da parte da qual eles também têm direito, nós substituímos o medo pela empatia, e a violência pelo saudoso abraço de reconhecimento. Somos todos órfãos da mesma Mãe, somos todos órfãos da Mãe que nós mesmos esquecemos. Ela ainda está aqui, Ela ainda nos espera. Despertemos em seu abraço de amor para criar uma nova Era.
Entrego essas palavras em Serviço e Gratidão para Ela.
Eu, Natália, falei. Ahá!

(1) Mirella não está mais em Brasília, mas em Águas da Prata com seu esposo igualmente estudioso das tradições espirituais, Cláudio Capparelli. O círculo de mulheres criado por ela hoje se chama Teia de Thea, continua os trabalhos na Unipaz, sob sua guiança e olhar amoroso.
(2) MATURANA, Humberto R. - Amar e Brincar: fundamentos esquecidos do humano. Ed. Palas Athena. 2004.

Natália Carvalho
Psicóloga, facilitadora de grupos para o resgate do Feminino, contadora de histórias do Feminino Ancestral.
Teia de Thea/UNIPAZ-DF:
http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=7825720
nataliacarvalho@gmail.com
BRASÍLIA/DF

IN: http://www.absoluta-online.com.br/conteudo_yinsights_reflexoes_natalia.html

sábado, 20 de novembro de 2010

A MULHER É O ORÁCULO

“A INTUIÇÃO SAGRADA,
essa “ignorância” à qual nós não sabemos fazer suficientemente confiança,” é a Chave da sabedoria inata e de que a mulher é em essência a fiel mediadora - entre o visível e o invisível, o manifesto e o oculto - sendo ela própria o Oráculo. Assim era em Delfos, lugar sagrado, considerado o ônfalo (seio) da Terra, o lugar ou gruta onde a Serpente Piton revelava os SEUS mistérios através das suas Pitonisas. A profecia, é a palavra sagrada que nasce no útero da vida e da Terra, a Voz do Útero na mulher e que lhe dá essa “intuição sagrada”, de que ela foi CRIMINOSAMENTE desapossada pelos sacerdotes guerreiros do deus Apolo…e continuadamente até aos nossos dias pelas pelos padres das religiões patriarcais.

É por essa razão que devemos voltar-nos para a fonte dessa sabedoria, despertar em nós essa Intuição Sagrada e confiar em absoluto nela. A Mulher deve recuperar essa confiança no seu Útero onde reside a sua força e na Terra Mãe e na Deusa E OS SEUS MISTÉRIOS...
…"E são estes mistérios que convem abordar. Com
respeito, com audácia e inocência, tentando recorrer à intuição sagrada, essa
“ignorância” à qual nós não sabemos fazer suficientemente confiança.”
Porque:
“A Deusa é generosa e regeneradora; ela é bela, com o seu cinto de ouro e de serpentes, estendendo os braços para a vida, pressionando os seus seios com as mãos para os fazer deitar leite como Reia – cujo nome significa “jacto de leite” e que se projecta na Via Láctea.
(…)

De facto a Deusa Terra, a Magna Mater, recusa-se a fazer parte desses “homens castrados” que são suposto serem mulheres. Para Freud, não havia libido feminino correspondente à libido masculina – o que Lacan retomará dizendo que não há felicidade senão no phallus, o que, acrescenta ele, não significa que “o portador do dito seja feliz” (e que, diga-se de passagem, nos faz pensar que com efeito o homem é, muito mais do que a mulher, capaz de viver como que “separado”, clivado entre o seu phallus e o seu ser).
Outros psicanalistas, como Erich From, recusam-se a seguir Freud nesse terreno. Ele crê na igualdade real entre homem e mulher: “A hipótese segundo a qual uma metade da raça humana seria uma versão mutilada da outra metade não é senão um absurdo”; interpretação alias contestada hoje pelos psicanalistas de escolas diversas que consideram a pseudo-misoginia de Freud como um contra-senso fundamental…Se E. From crê nesse “instinto de morte”, é exclusivamente enquanto parte “destrutiva da libido sádica anal” o seu aspecto necrófilo. Ora a Deusa enquanto Deusa da fertilidade não é profundamente necrófila? Não é essa a sua dimensão primeira?
Mas ela é a Mãe e é aí que começa o drama. Ela está dentro deste fervilhamento da vida fundamental cercada pelas tempestades da morte”, como o diz de forma soberba Otto Walter. Mas o homem seria, ele por si só, excluído destas “tempestades da morte”?
(…)
Uma coisa é certa: o culto da Deusa Mãe está centrado nos Mistérios, no ciclo Vida/Morte/Renascimento e que está no coração de todas as interrogações metafísicas desde o começo dos tempos.
E são estes mistérios que convem abordar. Com respeito, com audácia e inocência, tentando recorrer à intuição sagrada, essa “ignorância” à qual nós não sabemos fazer suficientemente confiança.”
(…)
(excerto traduzido do francês)
In A DEUSA SELVAGEM
Joelle de Gravelaine

IN: MULHERES & DEUSAS

terça-feira, 16 de novembro de 2010

A OBRA DA GRANDE MÃE

SACERDOTISA E BRUXA, COM MUITO AMOR!

Eu agradeço a todos os comentários mas gostaria de dizer que não foi só uma opção mas também uma obrigação minha como sacerdotisa da Deusa em responde lo mesmo não sendo ouvida e nem tampouco acreditada.

Sempre nos depararemos com indivíduos como esses que temem a face obscura da Deusa porque jamais mergulharam na sombra de sua alma, ainda mais este senhor e sua esposa que se utilizam de subterfúgios para ter acesso a magia e a Visão... Para mim o dom tem ser desenvolvido naturalmente e no caminhar de cada um e não estimulado por bebidas sagradas, que são em si mesmas parte de rituais indígenas e não os oficializados ritos new age, nova era...
E eu prosseguirei no meu trabalho e não pensem que isso me abala. Este senhor até me enviou outro texto de resposta mas não me dei ao trabalho de ler nem de responder...Se não entro no jogo do Patriarcado de guerra e luta, bate e rebate.
É muito triste e desagradável encontrar gente que se diz espiritualizada mas ainda limita se as ditames do patriarcado-espiritual, temendo o potencial fecundo da Deusa Mãe e de suas sacerdotisas, as grandes bruxas queimadas ao longo da história nas fogueiras da inquisição e não só, também do preconceito, machismo e cepticismo. O que eu não concordo e não concordarei de jeito algum é que se utilizem do nome da Grande Deusa para dividir ainda mais a mulher nos dois arquétipos da Santa Virgem e da Prostituta Bruxa, uma boa e uma má, uma espiritualizada e pura, e outra mundana e impura.
E ainda mais foi o fato dele não ter levado as informações que dei em consideração e tentar me convencer que o desejo que faz parte da Natureza Mãe, o desejo que a força cósmica da Deusa que une macho e fêmea ou ser e ser, enfim o desejo é por si só impuro.
Estas são as mesmas pessoas que nós convenceram que mulheres não tem a capacidade para liderar rituais e canalizar poderes, essas são as mesmas pessoas que temem a Mãe Terra e a chamam de Mãe Terrível, estas são as mesmas pessoas que convencem que as mulheres não são sagradas por si mesmas e sim e tão somente se fizerem tudo que seus "mestres" mandam....

E finalmente estas são as mesmas pessoas que parecem tornar o esoterismo e a espiritualidade numa salada louca aonde informações históricas não são mescladas com intuição mas com pura imaginação e filosofia abstracta advindo das espiritualidades patriarcais solares, que negam a vida na Terra Mãe, negam a Sabedoria das mulheres antigas que nutriam, livres de corpo e alma, os campos para a próxima colheita e realizavam os festivais em honra a Senhora, as mesma grandes sacerdotisas e bruxas que invocavam o Galhudo no momento em que se deitavam nos campos para ligar o poder da Deusa de Todas As Coisas, a Terra Mãe ao Senhor do Conhecimento, ao Velho Sábio...

Enfim são pessoas que sempre temeram e sempre temeram o Princípio Feminino e o poder da Grande Mãe e as mulheres e há muito pouco que possamos fazer por elas.
Por isso a questão não é o que faremos por elas, e sim por nós. Olhe com atenção para esse tipo de comportamento patriarcal-espiritual e tente se lembrar de todas as vezes que pensou ou agiu assim ou concordou com essas idéias absurdas que negam o amor e o desejo de homens e mulheres e agora diga a si mesma que nunca mais vai se permitir agir assim.
O culto a Deusa ( e não preciso tomar ayahuaska nenhuma para dizer isso) ainda vai enfrentar muitos desafios na sua busca de integração homem-mulher, no seu ideal de libertação e união das mulheres cingidas pelo patriarcado, na busca de uma vida equilibrada entre espiritualidade e a prática mas um trunfo nós já temos. Estamos nós tornando as pessoas mas conscientes que já houveram e cada vez mais temos sentido o poder dessa Grande Deusa que habita em nós, em nossa alma, e em nosso coração, essa Mãe Divina que é Origem da Origem e Força por detrás de todas as faces. Vamos deixar que a Deusa aja em nós de dentro pra fora, numa caminhada de vida positiva, nessa caminhada magica que cada ser humano, homem ou mulher traça, sabendo e sendo uma nova face dessa nossa Grande e Amada Deusa na Terra.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

DIFERENTES PONTOS DE VISTA

Para mim meu caro senhor a um evidênte conflito de interesses e eu não me baseio apenas em memorias de vidas passdas se é que são emorias e não fantasias. Sou tão sacerdotisa quanto qualquer outra mulher que sirva a /deusa porém eu celebro a vida com o meu corpo e a vida fisica , a natureza que me rodeia. Uma sacerdotisa da Deusa sabe que a virgindade da Senhora é apenas simbolica no ponto de vista de que a Deusa dá mas nunca é tomada pois é uma em si mesma. Creio que leh falta sim conhecimento sobre ois mitos e mistérios da Deusa e eu não vou voltar atrás em minha pinião ou filosofia. Faço o seu trabalho da maneira que achar correto e melhor e saiba que me recordo de minhas vidas passdas sim mas não me baseio tão somente nisso para desenvolver meu trabalho culto da Grande Mãe.

Abraços e bêmçãos e passar bem

From: institutoayahuasca@institutoayahuasca.com.br
To: estrela_despertina.mistic@hotmail.com
Subject: Re: MULHERES CELTAS
Date: Fri, 5 Nov 2010 12:23:01 -0200

Cara Gaia,
A senhora(ita) recorda de suas outras vidas? Os textos são baseados nas recordações minhas e de minha esposa, é fruto do despertar da consciência através da Morte do Ego através do pedido à Divina Mãe para que elimine tal ou qual elemento prejudicial, é similar a uma fita de vídeo que após ser vista e feito consciência se pode dar ao luxo de queimar.
O crescente lunar não é mito, a algumas semanas minha esposa esteve em Avallon, está vazia, só há um Guardião, é amigo meu, faz a guarda, nós adentrávamos através das Brumas, tínhamos o poder para tal, minha esposa usava o sol, vejo-o agora com minha imaginação-clarividente.
A sexualidade é o mais digno, o que se pratica hoje é resultado daquelas que queriam entrar em Avallon, porém não eram castas nem como solteiras, nem como casadas, gostavam do orgasmo fisiológico e se dedicaram a realizar suas magias e viagens astrais pelo astral lunar, 1° Círculo Dantesco Infradimensional, sendo a chave o relacionamento sexual entre esposo e esposa sem haver o orgasmo fisiológico, não é sexo com seu homem, é com seu esposo-sacerdote; conheci Merlin, Árthur, Ginevere, Parsifal, Lancelot entre outros, não falamos do que lemos, mas do que vivemos, são lembranças vivas, a senhora(ita) lembra o que tomou de café da manhã a dois dias atrás? Lembranças são lembranças, ou as temos ou não.
Use sua frase para si mesma, "falta-lhe conhecimentos sobre o Sabrado Feminino e sob os abectos mais antigos da Grande Deusa e Seus Mistérios".
Quanto as bruxas, defina-se, mulheres que se dedicam ao orgasmo fisiológico com fundos místicos, realizam a viagem astral e suas poções malignas, habitantes do abismo, adoradoras de Hécate, a Rainha dos Infernos e da Morte.
Definam-se Sacerdotisas, mulheres de todos os tempos que se dedicaram à prática da Meditação e se dedicaram à castidade científica em louvor à Divina Mãe Kundalini .
No site não há nada a ser corrigido, as informações são precisas de Minha Consciência, auxiliada pelos Professores Jagube e Chacrona e Orientado pelo VM Anúbis, Jerarca dos Jerarcas, Tribunal do Karma, aliás, já esteve no Tribunal? Orientou-se com a Jerarquia? Teve acesso ao seu Livro da Vida?
Esperando termos sido úteis e desejando sucesso espiritual,
Anelamos boa sorte,
José Fernando Cracco
Ayahuasca Institute ®
O Coração ao Infinito e a mente no aqui e agora!
----- Original Message -----
Sent: Thursday, November 04, 2010 8:07 PM
Subject: MULHERES CELTAS

Nome: Gaia Lil
Fone:
Cidade:
Estado:
E-mail: estrela_despertina.mistic@hotmail.com
Assunto: MULHERES CELTAS
Mensagem: Discordo plenamente do seu texto que carrega um forte estilo patriarcal (aquele que fala de mulheres celtas) e ainda se utiliza de informações inconfirmaveis como o fato de sacerdotisas celtas usarem o crescente lunar na testa, tal informação tirada dos livros de Marion Zimmer Brandley, a idéia da autora foi retirada do fato nas e representações estatuetas da Deusa Diana (também cultuada pelos celtas como Arduina) haver um crescente em sua testa.Ainda por cima ao falar mal das bruxas é apenas confirmado o velho temor dos homens diante da sabedoria natural da Deusa e da inteligencia das mulheres. o texto em si teria de ser refeito pois até mesmo o conceito de \"castidade\" foi incluido no tema. Naquela época e nos periodos em que a Deusa era suprema a sexualidade fazia parte do serviço sagrado a`{a sendo uma oferende e um veiculo do Seu poder aos homens e as mulheres ( as representantes da deusa tinham o direito de ter vida ativa e participação em todas as ativ! idades socias inclusive a magia e átraves do simbolo da Deusa Virgem (não porque intocada pelos homens mas pelo fato de possuir a energia feminina e masculina e ser uma-em-si-mesma) elas tinha tanta liberdade sexual quanto os homens sem que isso fosse considerado maligno ou impuro. Falta lhe conhecimentos sobre o Sagrado Feminino e sobe os aspectos mas antigos da Grande Deusa e Seus Mistérios. Falta também a opinião de uma sacerdotisa da Deusa. apesar de tudo não lhe desejo nenhum mal nem ao seu trabalho e espero que as informações sejam corrigidas. Se desejar posso lhe enviar informações sobre as mulheres celtas segundo o ponto de vista das atuais sacerdotisas da Deusa e movimentadoras da irmandade do sagrado feminino.Creio que tudo foi um grande equivoco e que suas infromações e pesquisas realmente não foram a fundo no tema quer das mulheres sábias ou bruxas se preferir ou na situação das sacerdotisas celtas.

NOTA:

Eu queria apenas salientar que não estou em guerra com ninguém e muito menos com gente que serve a Deusa mas tão pouco posso concordar com os pontos de vista de Jose e de sua dita esposa que me pareceram muito fantasiosos e não são baseadas em quaisquer informações históricas. E dizer que eu com tanto tempo de trabalho e luta não compreendo os Mistérios da Deusa não foi algo muito educado. Ademais eu não vou voltar atrás em minhas opiniões , muito menos quando julgo estar certa. Para mim o tema do Sagrado Feminino é um assunto muito importante e nã pode ser baseado apenas em fantasias exotericas...

Espero que Jose não se importe com minha pinião se acredita estar fazendo o que é certo, mas eu também acredito estar fazendo o meu melhor e estou a muito tempo nesse trabaho para ser acreditada como uma bruxa má e louca...Ou que minha ponião não seja respeitada sem qualquer consideração.

De qualquer modo que a Deusa continue a iluminar seus caminhos e atentar sobre os desvios das ilusões humanas...e do imaginario em geral.


quinta-feira, 11 de novembro de 2010

80 ANOS DA MÃE DO FEMINISMO NO BRASIL


Do matricentrismo à androginia
Em busca do homem-mãe

Ano Zero – maio de 1992

Por Pedro Camargo, colaborou: Alexandre Mansur

Para Rose Marie Muraro, cabe à mulher o papel principal no
projeto de impedir a destruição do planeta e estancar a pilhagem da
riqueza pública pelas elites do mundo. Ela sustenta que a alma
feminina possui o sentido de partilha, enquanto o poder,
masculinizado, deixou de ser serviço e tornou-se privilégio
. Mas a
ascensão da androginia na Nova Era inaugurará o relacionamento
real entre homem e mulher, condição básica para a geração de um
novo equilíbrio. Em entrevista especial a ANO ZERO, Rose Marie
comenta estas e outras idéias expostas em seu novo livro, A
mulher no Terceiro Milênio.
ANO ZERO — Em seu novo livro, você observa que a sociedade
patriarcal é recente. Seria possível resumir isso?
Rose Marie Muraro — Procurei mostrar cientificamente que
durante quase dois milhões de anos o poder era considerado um
serviço e não um privilégio. A solidariedade e a partilha dos
pequenos grupos - que dependiam uns dos outros para sobreviver
- geravam uma psique isenta de possessividade, de não
propriedade. Nessa época o homem ainda não saía para a caça e
por isso a mulher era socialmente mais importante, considerada
sagrada porque reproduzia a vida. A propriedade fundamental era a
reprodução. Os homens pensavam que elas ficavam grávidas dos
deuses. Já no século XX foi descoberta nas ilhas Trobriand uma
civilização que ainda vivia esse sistema. Malinowsky conta que
201
deixou um habitante de Trobriand danado da vida ao tentar
convencê-lo de que a gravidez durava nove meses. O sujeito disse
que viajara por dois anos e, ao voltar, sua mulher o presenteara
com uma linda criança...
AZ — Ou seja, naqueles tempos a força física ainda não era
instrumento de poder.
RMM — Sim. Depois, a propriedade mais importante passou a ser
a força física. Era necessário caçar animais pesados. Nesse novo
período era como se o homem procurasse se vingar da sua relativa
inferioridade diante da mulher. No patriarcado, quem se sente
inferior é ela. As vezes eu falo que o culpado disso é o Gênesis. Na
Bíblia está escrito que Eva foi criada a partir de uma costela de
Adão. O Gênesis, portanto fez o homem parir uma mulher, para
santificá-lo e desqualificar o parto. Uma metonímia no sentido
lacaniano do termo, um mecanismo de defesa muito comum.
AZ — E possível localizar cronologicamente essa mudança de
comportamento, do sistema de partilha para a sociedade
patriarcal?
RMM — Foi há cerca de 10 mil anos, quando os homens tiveram
de brigar por comida e desenvolveram a possessividade, assim
como a divisão entre cabeça e corpo, mente e emoção. Dessas
sociedades de caça surgiu o patriarcado. Então, enquanto a
agressividade tem apenas 10 mil anos, a solidariedade tem quase
dois milhões. Nós, mulheres conservamos estes princípios
arcaicos e todo mundo dizia, inclusive Freud, que isso era nossa
inferioridade. Tanto que no mundo competitivo do trabalho essas
qualidades não são valorizadas. Ser solidário, hoje, tornou-se um
diploma de fracasso.
202
AZ — Quer dizer que o matriarcado aconteceu antes do período
da caça?
RMM — O matricentrismo, porque esse termo matriarcado é coisa
dos homens, que são fantasiosos. Só teria existido se a mulher
houvesse usado o poder em proveito próprio. No tempo da Grande
Deusa, ninguém queria tê-lo. Havia um rodízio de lideranças. Não
será possível revertera processo atual de destruição do planeta
enquanto o poder não voltar a ser considerado um serviço e o
Estado não voltar a ser composto por cidadãos. As elites de todos
os países estão rapinando o Estado para botar o dinheiro no
próprio bolso ou na Suíça, que lava mais branco. Você sabe que há
três trilhões de dólares girando no mundo dentro do sistema
financeiro sem qualquer aplicação prática? E tanta gente morrendo
de fome...
AZ — Qual a fonte dessa estatística?
RMM — Maria da Conceição Tavares, que entende muito bem do
riscado.
AZ— E essa coisa da Suíça lavar mais branco?
RMM — Isso é outra história. A Suíça era um país que só
fabricava relógios. Então, quando surgiu o dinheiro sujo do século
XX, criaram bancos com contas sigilosas. Todo o dinheiro foi para
lá. Eles ficaram riquíssimos!
AZ — E os três trilhões de dólares?
RMM — Estão girando em países como Japão, Alemanha, Estados
Unidos e Suíça, sendo aplicados e gerando filhotes dissociados da
realidade. No Brasil, a década economicamente perdida de 80 a 90
ocorreu porque o pessoal colocava o dinheiro no over.
AZ — Muitos indicadores econômicos não têm relação direta com
o bem-estar social. É a isso que você está se referindo?
203
RMM—Exatamente. É a maneira feminina de reverter esse quadro
é botar conteúdo humano nos agregados matemáticos que são
frios e formais. Nos números você não vê miséria, doença ou
morte. De um modo geral, a ciência é aética. Mas se fizermos com
que ela se baseie na partilha e não na divisão, poderemos fugir ao
modelo usado hoje, de Erich Von Newmann.
AZ — O que propõe o Newmann?
RMM — Ele diz que, se um ganha, outro perde, não admitindo
empate. Assim, o poder jamais será um serviço que vem da
partilha. O que estamos falando pode ser chamado de eco
feminismo. O feminismo estaria hoje obsoleto se tudo que
dissemos nos anos 70 não estivesse sendo agora uma trágica
realidade.
AZ — Voltando ao assunto das ilhas Trobiand, foi constatado que
naquela sociedade as crianças não eram consideradas filhos deste
ou daquele casal, mas pertenciam a toda a comunidade. A idéia de
menor abandonado seria inconcebível numa sociedade solidária?
RMM — Sim, nas tribos mais primitivas a criança era cuidada por
toda a aldeia. Na favela de hoje ocorre algo parecido. Por exemplo,
há um ditado que diz: “mãe é quem está perto”. Porque a mãe
natural, geralmente uma empregada doméstica, vai trabalhar, deixa
a criança lá e todos cuidam dela. Menino de rua é um
desvirtuamento disso. Hoje, se a mãe se afasta, a criança na rua
será marginalizada, acabará aderindo ao “cada um por si e Deus
por ninguém”. É matar ou morrer.
AZ — A sociedade de partilha é necessariamente socialista?
RMM — O verdadeira socialismo é a sociedade de partilha. Foi o
que Rosa de Luxemburgo queria quando foi assassinada pelos
comunistas, que fizeram um Estado mais competitivo de que o
204
capitalismo. Ela queria um socialismo pluripartidário, de baixo para
cima. E o que você quer de um Estado com partido único? A
corrupção era tão grande que as contas mais gordas na Suíça são
as provenientes da antiga União Soviética e do México, cuja dívida
externa foi toda para o PRI.
AZ — Estamos hoje presenciando o que Thomas Khun chamou de
revolução de paradigma. Como você encara este momento?
RMM — O Michel Foucault a chama de epísteme. Acontece como
na Renascença, quando se transformaram todas as idéias e
instituições. Saímos da sociedade de estamentos para a de classes
e para o mundo de nações. A ciência, que era magia, ganhou
Descartes e Galileu. Houve então uma mudança de paradigma, que
não chegou a todo mundo porque ainda hoje há muita gente
primitiva. Mas agora, com a televisão e o computador, estamos
chegando a uma nova mudança de paradigma. Tudo que foi feito há
dez anos atrás está sendo jogado no lixo. E o processo atual é mil
vezes mais importante do que o que ocorreu na Renascença.
AZ — Segundo Peter Russell, este é o fato mais importante
ocorrido na Terra desde o surgimento da vida, há 3,5 bilhões de
anos. Que aspectos você destacaria nessa transformação que
estamos vivendo?
RMM — Primeiro, saímos da Terra e fomos para o espaço, o que era
impensável. Segundo, temos armas com fabulosa capacidade
destrutiva. É a ciência chegando ao coração da matéria como um
aprendiz de feiticeiro. O homem macho só vai conseguir dominar
isso quando tiver uma epistemologia baseada na partilha e na
solidariedade, isto é, estruturalmente ética. Outra coisa, já
conhecemos a profundidade do ser humano, podemos fazer
engenharia genética, construir cIones do ser humano, pegar um
205
embrião e fazer quatro Rose Marie igualzinhas. Além disso, a
comunicação eletrônica já atingiu todos os confins da Terra. E
mesmo com tudo isso o homem está destruindo o planeta.
Precisamos reprogramar o homem desde antes do nascimento.
AZ — As pessoas costumam julgar as mulheres a partir do
exemplar mas próximo, que em geral não corresponde ao conceito
de mulher que você defende. Por exemplo, a Margareth Thatcher
corresponde a esse conceito?
RMM — Claro que não. Ela representa a supermãe, a mãe do
patriarcado, juntando o pior da mulher com o pior do homem. A
mãe verdadeira não é controladora. Pelo contrário, ama o filho de
dentro para fora e, de certa forma, é libertadora.
AZ— E a Betty Friedam, uma das fundadoras do feminismo?
RMM — Também não. Eu conheço bem a Betty Friedam, que é o
arquétipo da bruxa. Tem uma posição de baixa sensibilidade e forte
agressividade, como o homem em geral.
AZ — Como você se conceitua?
RMM — Sou uma sindicalista. Não tenho trauma ou frustração
com homem, não quero ter pênis. Estou muito feliz em trazer uma
coisa nova para a humanidade: entender o feminino e o masculino
como o conjunction opositorum de Jung, como dois pólos do imã,
opostos e complementares.
AZ — Mas parece que não era assim no início do movimento.
Tanto que as pessoas costumam dizer que existem as feministas e
as femineiras. Em sua opinião, por que feminismo e não
humanismo?
RMM — Há vinte anos atrás, a primeira pergunta que me fizeram
foi: mulher quer ser igual ao homem? Vamos lá, o feminismo nada
mais é do que um sindicato. Quando a mulher entrou para a força
206
de trabalho, veio com dez mil anos de opressão. Saía de casa, sem
a prática do poder que o homem tinha. Às vezes era mais
qualificada do que o homem, trabalhando o dobro do tempo dele
mas ganhando metade do salário. É uma estatística das Nações
Unidas, não fui eu quem inventou. Além disso, de toda a riqueza do
mundo, 1% está em mãos de mulheres e 99%, de homens. A mesma
percentagem ocorre na distribuição do poder. Claro que, nestas
condições, quando a mulher entrou no mercado de trabalho, foi
rigorosamente explorada. Nesta época, ela se organizou para exigir
salário, poder e condições iguais.
AZ— Foi a essas alturas que entrou a questão do orgasmo?
RMM — Exatamente. Surgiu o problema da sexualidade, pois a
mulher passa a exigir também o orgasmo. Durante dez mil anos, as
mulheres orgásticas foram assassinadas como bruxas. Ora, o
pessoal veio dizendo que o feminismo queria a mulher igual ao
homem. De fato, na primeira fase, o tratamento para os dois era tão
diferente que foi preciso batalhar por um mínimo de equiparação
financeira.
AZ — Quando o discurso do feminismo começou a mudar?
RMM — Já em 1977, escrevia-se que a mulher era radicalmente
diferente do homem. Enquanto ele agia mais na área do destrutivo,
do Tânatos, ela era construtiva, próxima ao Eros. Essa idéia foi
lançada por Herbert Marcuse que, numa conferência, nos inspirou a
todas. A gente não podia perder o caráter erótico, de construção da
vida. Surgiu então uma série de estudos analisando como os dois
sexos pensavam. Tivemos que rever todas as ciências para que
não fossem machistas pois, sendo neutras, seguiam o sexo
dominante. ldem para o Estado, a empresa, a Igreja, o sindicato, os
partidos políticos, etc. De outra forma, não seriam democráticos.
207
Foi um grande espanto para todos, pois pensava-se que nada disso
seria preciso. Portanto, respondendo á sua pergunta anterior, é
necessário um feminismo de raça para haver um humanismo.
Senão, corremos o risco de voltarmos para o neutro.
AZ — Então, o feminismo seria fundamental para uma mudança
de mentalidades?
RMM — A grande descoberta do século vinte, e que servirá de
modelo para o próximo, é que devemos ter uma luta de classes
complementada por uma revolução na subjetividade, naquilo que é
mais íntimo da gente. A União Soviética, por exemplo, tentou mudar
o objetivo sem considerar o subjetivo e danou-se. O pessoal
passou a consumir e minou as bases do regime. Nos Estados
Unidos, houve o contrário: fizeram a revolução das cabeças sem
mexer no regime. Parece-me que está dando mais certo. No final do
século, um dos modelos que vão sair do Terceiro Mundo será o da
luta do oprimido sobredeterminando todas as outras opressões: de
sexo, raça, etc. Esta descoberta ocorrida nos anos 70 é muito séria.
Foi na nossa mão, minha e do Leonardo Boff, que nasceu o
movimento de mulheres e a Teologia da Libertação. Agora estou
fazendo teologia feminista libertadora.
AZ — Você falou que, nos EUA, foi alterado o subjetivo e não o
objetivo. Em um livro escrito pela secretária da primeira dama
Eleonor Roosevelt, consta que esta lhe teria dito: “Os homens são
uma coisa que temos que admitir.” Isto em pleno século vinte. Será
que hoje o movimento feminista norte-americano atingiu realmente
todas as camadas da população?
RMM — Sim. Morei lá e sei que, durante o período da Guerra do
Vietnã, a grande idéia da década de 60 foi que quem tendesse para
uma cabeça progressista na sexualidade, faria o mesmo em relação
208
à política. Foi contra isso que a Heritage Foundation, a American
Enterprise Association e outras fundações reacionárias fizeram um
trabalho louco para que a maioria silenciosa voltasse ao poder em
1979. Conto tudo isso no meu livro Os seis meses em que fui
homem.
AZ — Como a conscientização das mulheres começou a ganhar
corpo?
RMM — Isso está no livro A mulher no Terceiro Milénio. No
começo da industrialização, em 1848, ocorreu a primeira grande
reunião de mulheres. No ano em que Marx escrevia o Manifesto
Comunista, as mulheres se reuniam numa cidade norte-americana
chamada Soneca Falls, reclamando estarem entrando no mercado
de trabalho de maneira desvantajosa por terem ficado em casa
tanto tempo. À partir daí, iniciou-se uma campanha que durou
quase cem anos. Norte-americanas, inglesas, francesas e
holandesas andaram pelo mundo inteiro e só conseguiram alguma
coisa no início do século vinte, quando conquistaram o direito ao
voto em seus países. É um acontecimento muito recente, quase
instantâneo, em termos de história da Humanidade. E assim
mesmo a mulher votava de maneira conservadora. Pensava-se que
votar bastaria para que ela automaticamente se libertasse.
Libertou-se coisa nenhuma! Começou a votar com o marido, voto
de cabresto. A mulher só foi se libertando na medida em que
chegou ao segundo feminismo, que mexeu com sua cabeça.
AZ — Talvez os homens - e algumas mulheres - não tenham
entendido naquela época que o movimento estava apenas se
iniciando e começaram a ridicularizá-lo.
209
RMM — Claro. Na década de 70, chamavam a gente, aqui no Brasil,
exatamente como chamavam as sufragistas: feia, mal amada,
prostituta, etc.
AZ — Por que se diz que feminismo é coisa de mulher mal amada,
com complexo de inferioridade? Tem algo a ver com a cultura
ocidental, que tem tendência a confundir sexo com libertinagem?
RMM —Acontece que somos um sindicato. E no século XIX, os
sindicatos foram o grande bicho-papão dos empresários. Se você
ler O Capital, de Marx, verá como era desgraçada a vida dos
operários e que lucro monumental davam ao patrão. Eram 16 horas
de trabalho por dia e o salário se reduzia a uns tostões. Pior do que
o salário mínimo daqui. Morriam de miséria. Essa foi a origem da
acumulação primitiva do Império Britânico. A partir daí surgiram os
sindicatos, que puseram um cobro à ambição desmedida dos
patrões. No fim do século XIX, já se tinha uma jornada de trabalho
de 8 horas, um salário razoável e um forte movimento sindical. Se
ele se atrelou aos patrões em meados do século XX, em
compensação, desenvolveu os países. Porém, antes de 1054
sindicalista era sinônimo de comunista, ateu, gente que comia
criancinhas, coisas assim. Então, nós estávamos nesta área de
organização do feminino, fomos vítima de muito preconceito.
AZ — Como você, possoalmente, reage a isso?
RMM — Acho um atraso de cabeça tão descomunal que não me
preocupo muito. Quer que eu diga por quê? Em janeiro deste ano, li
uma enquete de opinião pública feita pelo Gallup norte-americano,
encomendada pelo governo e publicada pela revista Diálogo em
uma matéria escrita por Barbara Ehrenreich. Segundo a pesquisa,
56% de todas as norte-americanas se declaravam feministas. Isto
são mais de 50 milhões de mulheres válidas, e que não são mais
210
crianças. Quando se diz aqui que feminista come criancinha, é uma
babaquice tão grande que as norte-americanas ficam uma arara. O
fato é que ser feminista hoje sinaliza modernização de cabeça.
AZ — Na sua opinião, o feminismo é somente professável pelas
mulheres, ou os homens também podem ser feministas?
RMM — Podem, claro. Hoje somos metade da força de trabalho, e
donas da própria sexualidade. Quando as mulheres começaram a
se libertar, os homens passaram a ficar perdidos.
AZ — Todos os homens?
RMM — Os companheiros dessas mulheres. No Primeiro Mundo,
todos. Aqui ainda não chegamos a esse estágio. Esses homens
começaram a repensar sua sexualidade. Na Editora Rosa dos
Tempos, da qual sou sócia, tenho uma linha inteira sobre
sexualidade masculina. A grande moda hoje é repensar a posição
do homem. E a tal mudança de cabeças sem a qual não se
consegue reverter o processo de destruição do planeta. Nos anos
80 como um todo, houve uma coincidência de dois assuntos.
Primeiro, o homem macho estava destruindo a Terra. A
industrialização e os países desenvolvidos poluíam o planeta
culpando os países subdesenvolvidos. Segundo, todas as
mulheres válidas já haviam entrado no mundo masculino. Acabou a
diferença entre o masculino e o feminino. As mulheres entraram no
mercado de trabalho não porque foram distorcidas, mas porque o
capitalismo produziu mais máquinas do que machos, diminuiu o
salário dos homens e obrigou as mulheres a trabalharem para
complementar a renda doméstica. Sem saberem, elas chegaram às
fábricas com uma cabeça completamente diferente da dos homens.
AZ — Mas isso de apenas gerar um complemento de salário não
era inferiorizante?
211
RMM — Primeiro, pensava-se que isso fosse uma inferioridade.
Hoje sabemos que a cabeça dos homens é que estava
esquizofrenizada, fazendo uma persona no trabalho e outra em
casa, dividindo o mundo em classes, o conhecimento em ciências
especializadas, a arte em compartimentos, as classes em clãs, etc.
Você tem que ler o Os seis meses em que fui homem para saber
por que o homem é dividido e a mulher não. Foi o próprio sistema
que diabolicamente carimbou o homem para ser dividido e a
mulher para ser construtiva. E a mulher ficou alocada para Ter os
bebês, criá-los. O homem é egoísta e a mulher altruísta. Ele é capaz
de matar sem culpa, ela não faz mal à uma mosca. Ambos estão
errados.
AZ — Que tal se você transgredisse pela primeira vez seus
hábitos e dissesse o que Rose Marie Muraro acha de Rose Marie
Muraro?
RMM — Bom. Já estou com 60 anos e, nessa altura da vida, a
pessoa pode fazer um balanço do que passou. Posso dizer até que
acabei realizando muitas fantasias que nunca tive, porque era
estreita demais para isso. Principalmente quando fui a países
desenvolvidos, como os EUA, onde era considerada uma pessoa
de ponta, das mais modernizadas. Isto, morando num país
subdesenvolvido, considerado atrasado. Lembro que, quando eu
trouxe o feminismo para o Brasil, ele era recente nos EUA e
Europa. Tanto que o movimento em nosso país data de 1970, no
resto da América Latina, chegou na década de 80? Por isso a
cabeça da mulher brasileira é muito mais modernizada do que no
resto da América Latina, onde tenho a impressão de estar ainda no
século XIX.
AZ — Como foi sua formação acadêmica?
212
RMM — Fiz o curso de Física. Acho que por isso cheguei ao
misticismo. Os físicos desmistificam a matéria, e serão os grandes
místicos do Terceiro Milênio. Estudei na antiga Universidade do
Brasil, de 1949 a 1952. Saí no último ano, quando faria física
teórica.
AZ — No último ano?!
RMM — Mas já dava para ter uma idéia geral. Nesta época, meus
amigos matemáticos estavam todos sendo psiquiatrizados. Eu
achava que eles eram gênios e eu não. Foi quando li uma frase de
Chesterton que dizia: “Louco não é o que põe a cabeça na Lua, mas
o físico que quer pôr a Lua na cabeça.” Então, fugi da faculdade
quando faltavam três meses para me formar.
AZ — Uma de suas idéias de ponta, atualmente, é o conceito de
androginia como modelo futuro de relações humanas. Você
poderia explicar isso melhor?
RMM — Sou uma mulher basicamente voltada para os homens,
pois minha orientação é heterossexual. Mas tenho dentro de mim a
mulher e o homem, que é a definição do andrógino. O homem
andrógino é basicamente voltado para a mulher, mas também tem
uma dentro do si. Assim, a relação entre andróginos é mais fácil.
São quatro se relacionando, há ao mesmo tempo a semelhança e a
diferença. Já o homossexual, tanto masculino quanto feminino, só
transa a semelhança, tem medo da diferença. O homossexual
homem é o mais masculino dos homens porque imita a mulher para
se ver livre dela. E a homossexual feminina é a mais feminina das
mulheres porque imita o homem para ver-se livre dele. Presenciei
as relações entre os gays em Nova lorque, eram tipicamente
masculinas: impessoais, violentas, dissociadas. E as relações entre
mulheres eram assim: ou casais com carícias que não acabavam
213
nunca, um cuidado extremo... Naquela época o psicólogo Neil
Simon publicou um artigo na Psichology Today exibindo uma
enquete sobre o número de parceiros. Segundo ele, 2% dos
homossexuais haviam tido mil ou mais parceiros sem valor, 80%
tiveram mais de cem parceiros e apenas 2% eram casais. Entre as
lésbicas acontece justamente o contrário. Nenhuma havia tido mil
parceiras, 2% tiveram mais de cem parceiras o 80% viviam em
casais estáveis. Você vê como há diferença entre as cabeças do
homem e da mulher em seus extremos?
AZ — E o que você tem a dizer sobre a androginia em relação à
Nova Era?
RMM — Androginia é a maior riqueza que existe no ser humano.
Mas esse sistema competitivo nos afasta cada vez mais dela. Na
medida que dissocia classes sociais, mente de corpo. etc., também
tende a dissociar o homem da mulher. Então o homem tem medo
de seu lado feminino e a mulher de seu lado masculino. Ao mesmo
tempo, ser o outro sexo é o ideal mais profundo do inconsciente
humano, mais do que a relação com o todo, porque ela deriva de se
ter, dentre do si, a totalidade. Freud dizia que, após muitos anos,
via o desejo da androginia nos sonhos do seus pacientes. Ser
bissexual e hermafrodita, a pessoa que se fecunda a si mesma.
AZ — Você está propondo uma revolução absoluta na
sexualidade humana. Qual seria o caminho para isso?
SE/li — A gente só chega lá se modificar totalmente o sistema,
levando-o a tender para a integração. Conforme havíamos falado
sobre o novo paradigma, o ser humano da Nova Era é andrógino e
só pode ser filho da mulher que trabalha e do homem que volta
para casa. Assim, no momento em que o pai passa a se comportar
como a mãe, o menino pode se identificar sexualmente com elecomo amigo e não como a figura de opressor. Somente assim o
garoto perde e medo de afeto. A sexualidade masculina já não
estará ligada à morte e sim à vida. Ele vai ser altruísta. Olha só que
reviravolta fantástica. Acaba aquele carimbo que o sistema havia
colocado sobre a gente.
AZ -— E quais são os efeitos desta postura sobre a mulher?
RMM — Com a mulher, a mesma coisa. Ela não precisará mais ser
simplesmente altruísta apenas no sistema. No sistema patriarcal
ela é ligada à mãe da mesma maneira que o menino. Quando se
apaixona pelo pai, não tem nada a perder, porque já vem
castrada! Não há ameaça de morte imaginária. Ela pode se dar ao
luxo de amar sem sentir medo. Passa então a se identificar
sexualmente no amor do outro. No momento, o amor que salva a
mulher é o amor do outro. O que salva o homem é o de si. Não é
possível uma relação com estes dois tipos. Tanto que nunca
houve relação entre homem e mulher. Só haverá quando ambos
forem andróginos. Esta dialética é uma cumplicidade profunda e
ao mesmo tempo um desafio para os dois sexos. O homem só
entenderá a mulher, e vice-versa, quando ele também souber ser
mãe.

Encontrado em MATER MUNDI

domingo, 7 de novembro de 2010

HOMENAGEM AS AYABÁS E TODAS DEUSAS AFRICANAS



As Ayabás
Maria Bethânia
Composição: Caetano Veloso e Gilberto Gil

Nenhum outro som no ar
Pra que todo mundo ouça
Eu agora vou cantar
Para todas as moças
Eu agora vou bater
Para todas as moças
Eu agora vou dançar
Para todas as moças
Para todas ayabás
Para todas elas

Iansã comanda os ventos
E a força dos elementos
Na ponta do seu florim
É uma menina bonita
Quando o céu se precipita
Sempre o princípio e o fim

Obá
Não tem homem que enfrente
Obá
A Guerreira mais valente
Obá
Não sei se me deixo mudo
Obá
Numa mão, rédeas, escudo
Obá
Não sei se canto ou se não
Obá
A espada na outra mão
Obá
Não sei se canto ou se calo
Obá
De pé sobre o seu cavalo

Euá, Euá
É uma moça cismada que se esconde na mata
E não tem medo de nada
Euá, Euá
Não tem medo de nada
O chão, os bichos, as folhas, o céu
Euá, Euá
Virgem da mata virgem
Da mata virgem, dos lábios de mel

Oxum
Oxum
Doce Mãe dessa gente morena
Oxum
Oxum
Água dourada, lagoa serena
Oxum
Oxum
Beleza da força da beleza da força da beleza
Oxum
Oxum