"E aqueles que pensam em Me procurar, saibam que a vossa busca e vosso anseio devem beneficiar-vos apenas se vós souberdes o Mistério; se o que vós procurardes, vós não achardes dentro de vós mesmos, então nunca encontrarão fora. Pois eu tenho estado convosco desde o Início e Eu Sou Aquela que é alcançada ao final do desejo"


segunda-feira, 28 de setembro de 2015


OS HOMENS, MALTRATARAM A NATUREZA MÃE 
DA MESMA MANEIRA QUE MALTRATARAM A MULHER...

“Os ciclos da natureza são os ciclos da mulher. A feminidade biológica é uma sequência de retornos circulares, que começa e acaba no mesmo ponto. A centralidade da mulher confere-lhe uma identidade estável. Ela não tem que tornar-se, basta-lhe ser. A sua centralidade é um grande obstáculo para o homem, cuja busca de identidade é bloqueada pela mulher. Ele tem que se transformar num ser independente, isto é, libertar-se da mulher. Se o não fizer acabará simplesmente por cair em direcção a ela. A união com a mãe é o canto da sereia que assombra constantemente a nossa imaginação. Onde existiu inicialmente felicidade agora existe uma luta. As recordações da vida anterior à traumática separação do nascimento podem estar na origem das fantasias arcádicas acerca de uma idade de ouro perdida. A ideia ocidental da história como movimento propulsor em direcção ao futuro, um desígnio progressivo ou providencial que atinge o seu apogeu na revelação de um Segundo Advento, é uma formulação masculina. Não creio que alguma mulher pudesse ter concebido tal ideia, já que a mesma é uma estratégia de evasão em relação à própria natureza cíclica da mulher, na qual o homem teme ser aprisionado. A história evolutiva ou apocalíptica é uma espécie de lista de desejos masculinos que desemboca num final feliz, num fálico cume”*
*Camille Paglia

Rosa Leonor Pedro IN: FACEBOOK

DOCEMENTE...

No meu fogo e no meu anseio eu não danço no seu tempo...
E sim no meu próprio
Na minha força e no rabisco de minhas palavras
Apenas minha voz dissonante poderá ser ouvida
Não como uma honrada exceção
Mas como uma coração-mulher-selvagem vibrando de vida
Como rosa ocre que arde no peito, aberta como ferida
Mas não ferida ainda, apenas um broto
Se espalhando pela relva de minha carne viva
Eu sou vida, inescrutável profunda imanente
Eu sou silêncio queda e abismo
Eu sou o encontro de quando se cai pra baixo

Não para baixo, mas para o centro
O eu de mim...

sábado, 26 de setembro de 2015

CORRIMÃO E ESCADA E ENTÃO ASCENSÃO...PRA BAIXO... NOTA DISSONANTE E ABISMO...

Eu sou uma só
Divida em quatro
Mais por três refletida numa imagem
No altar ante mim
Ela que Tudo Sabe
Nunca me abandona

Embora eu siga solitária nesse mundo...
Sou a copa da árvore
Fanática pela vida
Sou a crença dos pássaros
Sou o mergulhão na mata
Sou a cotovia na cidade
Sou...
Eu sou a essência da solidão
Uma mulher, uma flor branca no cabelo

Noite azul, sem sonhos
Not Dreams,
Uma mulher de vestido negro movimentando-se
Por casas vazias...Que esperam ser habitadas
Eu sou a casa vazia
A hora vazia fiando a roca da vida
Eu sou Vida vibrante na solidão que me enCendeia
Vibro e sei que o amor que me preenche
É maior que eu
Sou Filha da Senhora e sou grata pelo meu destino
Ainda que sofra vivo a vida.
Sempre falo do fogo

Porque grande parte de mim vive mergulhada
Em um intenso frio...
Ser e não ser são apenas codinomes

Para quilo que em mim vive
Ela vive, vive e pulsa em mim
E mais um vez eu sou a noite

Interminavel e sem sonhos
E esse, é maior sonho...

Gaia Lil

sexta-feira, 25 de setembro de 2015

TEXTO DE UM HOMEM SÁBIO...

Gaia:

Vou partilhar com vocês um texto de um grande amigo...como mulher fico especialmente tocada quando percebo como um homem pode ter uma percepção profunda de si e do mundo a sua volta...



O Resgate do Masculino no Feminino.
- Por Sávio Costa.

Quando se fala em Sagrado Masculino, geralmente, a imagem que vem a cabeça é o resgate do homem perdido. O caçador selvagem, forte, arisco e sagaz, que mata para alimentar sua tribo ou o homem que luta em grandes batalhas para proteger seu povo. Quando se fala em RESGATAR o Sagrado Masculino, se fala não só do resgate do homem protetor, amigo, fiel, espiritual e respeitoso, se fala em ascender e aceitar o que existe de Sagrado em si.


 Assim como o Sagrado Masculino, a busca não é só pelo resgate do antigo homem e sim do Sagrado Feminino.
 Por longo tempo o homem se desrespeitou e se destacou da natureza e das mulheres, provando que sua masculinidade ou, melhor, o seu Sagrado Masculino se encontrava mais fora do que dentro, se encontrava na barba grossa, nos corpo másculo, na virilidade, na espada, no falo e em seu escudo. Sem contar o fato de que a maior fonte de glória masculina se encontrava nas batalhas vencidas e no poder adquirido. E não digo aqui que a somente o homem se destacou como ser ambicioso e mentalmente egoísta, mas muitas mulheres também. E isso só veio a ocorrer com o crescimento de povos patriarcais e gananciosos, onde demonstravam sua ‘’hierarquia’’ com a força e brutalidade contra os mais fracos.
 O fato é que ao meu entender, o homem começou a desprezar o poder do Feminino graças a ideias embutidas pelas sociedades, tanto atuais quanto antigas, a respeito da mulher e suas características sensíveis e, que aos olhos dos homens, demonstraria sempre a fragilidade do ser humano. A fraqueza da humanidade se encontraria, a partir de certo período, na mulher. Será?

 Enquanto o homem via e aceitava o seu Sagrado no corpo, na força, na brutalidade e nas batalhas, eram as mulheres responsáveis pela sabedoria, pela escrita, pela plantação e colheita, pela casa e por gerar a vida. Por mais que em antigas tribos indígenas e pós-indígenas as mulheres se mostravam as caçadoras e pescadoras, isso é visto e refletido nas Amazonas. O Sagrado Feminino não só se encontrava nesses ítens, mas sim também na própria capacidade de ser mulher, sensível e desprovida da brutalidade e força masculina. Sendo assim, a mulher sempre respeitou e, por incrível que pareça, encontrou a força em si mesma, a mulher sempre deixou acesa a Ideia da beleza feminina ser uma manifestação do Sagrado e da capacidade de gerar a vida através dos tempos, mesmo que o homem tivesse parte nesse quesito de criação de uma nova vida. Mas foi sempre a mulher responsável pela divisão sagrada entre essas vidas, pois sempre foi e sempre será a mulher capaz de dividir o mesmo corpo, o mesmo alimento e o afeto na hora de esperar, gerar e parir uma nova vida.

 Com a mudança de séculos, estabilidade do patriarcado e demonstração de hierarquia masculina nas sociedades, as mulheres foram suprimidas e obrigadas a abandonarem o que sempre foi a maior representação de sagrado e da vida... O Feminino.
Sendo assim, o homem começou a demonstrar que ser sensível e não ter gosto nas manifestações viris másculas era sinal de sensibilidade, que era atribuído as mulheres, fazendo do Feminino presente nos homens uma forma de incapacidade de vida social digna de desprezo.
 A maior questão é que o Sagrado Masculino, mesmo com as falhas e erros, continua a ser Sagrado e ainda está presente enquanto o Sagrado Feminino perdido está sendo resgatado por mulheres e homens, homens que observam o Feminino como forma de criação, manifestação interna e pessoal da Deusa e do envolvimento com a natureza. Mas quando se fala do Sagrado Masculino e seu resgate, se fala de resgatar o Feminino perdido em cada homem, resgatar o homem sensível, amável, compreensivo, artista, sábio e respeitoso. E enquanto o homem ver e aceitar o seu Sagrado apenas no Masculino exterior, jamais poderá encontrar o Feminino e o verdadeiro Masculino interior.
 Com a demonstração do resgate do Feminino vemos as mulheres mais atentas as mudanças corporais, ao desenvolvimento do sangue menstrual, ao ato de engravidar e parir, a beleza e o cuidado corporal, sua liberdade, a sua estabilidade financeira, profissional e física, sem tirar o fato de que com esse resgate do Feminino as mulheres se tornam mais propícias a esquecerem e cicatrizarem traumas cometidos em suas vidas pelo falso Masculino e o falho patriarcado.

 Por fim, poderia dizer que a busca e o resgate do Sagrado Masculino nada mais é, ao meu ver, que uma forma de resgatar e respeitar o Sagrado Feminino perdido dentro dos homens, o homem pai, amigo, companheiro, o homem que respeita as decisões do outros, o homem que sabe que cada manifestação na terra é uma manifestação do Divino, o homem que demonstra sua sensibilidade e seu carinho na arte, o homem que se cura de tristezas, decepções e feridas causadas por si mesmo ou pelo patriarcado como um todo.
 Poderia dizer então que o homem que não encontra e nem respeita o Feminino em si mesmo, não pode encontrar e nem respeita o mundo que respira e pulsa vida lá fora! Pois a Deusa se encontra em tudo o que existe, mesmo naquilo que foi perdido.