AS CULTURAS DA TERRA MÃE
O QUE FAZ SENTIDO E O QUE NÃO FAZ SENTIDO
Naturalmente faz sentido que a antiga representação do poder divino em forma humana tenha sido de fêmea, e não de macho. Quando nossos ancestrais começaram a se fazer as eternas perguntas (De onde viemos antes de nascer? Para onde vamos depois que morrermos?), devem ter percebido que a vida emerge do corpo de uma mulher. Teria sido natural para eles imaginar o universo como uma Mãe Generosa de cujo Útero surge toda vida e para onde, assim como nos ciclos da vegetação, ela retoma após a morte, para renascer. Também faz sentido que sociedades com esta imagem dos poderes que governam o universo tivessem uma estrutura social muito diferente das sociedades que adoram um Pai divino, o qual empunha um raio e/ou uma espada.
Parece lógico não fossem elas consideradas subservientes em sociedades que conceptualizavam os poderes que governam o universo em forma de fêmea — e que qualidades "femininas" tais como cuidado, compaixão e não-violência fossem altamente valorizadas nestas sociedades. O que não faz sentido é concluir que as sociedades em que os homens não dominavam as mulheres eram sociedades em que as mulheres dominavam os homens.
Parece lógico não fossem elas consideradas subservientes em sociedades que conceptualizavam os poderes que governam o universo em forma de fêmea — e que qualidades "femininas" tais como cuidado, compaixão e não-violência fossem altamente valorizadas nestas sociedades. O que não faz sentido é concluir que as sociedades em que os homens não dominavam as mulheres eram sociedades em que as mulheres dominavam os homens.
AS VÊNUS PALEOLÍTICAS
Em suma, em vez de materiais fortuitos e desconexos, os vestígios paleolíticos de estatuetas femininas, o ocre vermelho em câmaras mortuárias e as conchas cauris em formato de vagina parecem constituir antigas manifestações do que mais tarde se desenvolveria em uma complexa religião centrada no culto a uma Deusa-Mãe como fonte e regeneradora de todas as formas de vida. Este culto à Deusa, como observaram James e outros estudiosos, sobreviveu a períodos históricos, "na figura múltipla da Magna Mater dos Bálcãs e do mundo greco-romano". Percebemos com nitidez esta continuidade religiosa em deidades tão conhecidas quanto Ísis, Nut e Maat, no Egito; Ishtar, Astarte e Lilith, no Crescente Fértil; Deméter, Core e Hera, na Grécia; e Atárgatis, Ceres e Cibele, em Roma. Mesmo depois, em nossa própria herança judaico-cristã,ainda podemos identificá-la na Rainha dos Céus, cujos arvoredos são queimados na Bíblia, na Shekhina da tradição cabalística hebraica e na Virgem Maria Católica, a Sagrada Mãe de Deus.
(REPUBLICADO) enxertos de O Cálice e a Espada - Riane Eisler
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