“Vieira da Natividade acrescentou às referências da procissão das Candeias na Ataíja: “Por uma tradição cujas origens não atingimos, em todas as casas se fazem filhozes. É como uma prece, um voto à patrona dos olivais que se faz em toda a região serrana. Diz-se que “quem não tem (farinha) que fritar, frita folhinhas de oliveira”. Este costume das mulheres fazerem filhozes a 2 de Fevereiro, era comum às regiões envolventes. Foi uma homenagem à Deusa-Mãe da Natureza. A Senhora do Fetal (Batalha), é festejada com candeias e também com “cavacas” (bolos de açúcar). Já a Astarté fenícia, que tinha o título de Rainha dos Céus, era cultuada com bolos pelos cananitas (fenícios) e pelos judeus da Grécia e do Egipto em favor da agricultura, no século VII a. C. O livro bíblico de Jeremias, dessa época, até conta a azáfama da feitura dos bolos: “Os filhos apanham a lenha, os pais acendem o fogo e as mulheres amassam a farinha para fazer os bolos à Rainha dos Céus, tudo isto para ofender Yaveh”.
Perante isto, o profeta escreveu uma carta aos maridos para que eles impusessem a disciplina religiosa às mulheres. Mas eles, reunidos em assembleia, responderam ao profeta: “Quanto à mensagem que nos mandaste, sobre as ordens de Yaveh (no que toca aos bolos à Rainha dos Céus), nós nem te queremos ouvir. Pelo contrário: continuaremos a fazer como os nossos pais fizeram. No tempo deles havia pão com fartura, eram felizes e sem nenhuma desgraça. Desde que deixámos de oferecer bolos à Rainha dos Céus, começámos a faltar de tudo e morremos pela espada e pela fome.”*
*citando Franz Cumont, “Las Religiones Orientales y el Paganismo Romano”, Madrid, Akal Universitária, 1987
in “Cinco Mil Anos de Cultura a Oeste”, Moisés Espírito Santo, Assírio & Alvim, 2004
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