"E aqueles que pensam em Me procurar, saibam que a vossa busca e vosso anseio devem beneficiar-vos apenas se vós souberdes o Mistério; se o que vós procurardes, vós não achardes dentro de vós mesmos, então nunca encontrarão fora. Pois eu tenho estado convosco desde o Início e Eu Sou Aquela que é alcançada ao final do desejo"


sábado, 14 de março de 2009

A TRADIÇÃO DAS RAINHAS E SACERDOTISAS CELTAS

Atrás de Guinevere estão as tradições das rainhas celtas. Atrás de Morgana e da Dama do Lago, se ocultam tradições de sacerdotisas e Deusas. A rainha celta reinava por direito próprio, comandava exércitos como Boadicea e tinha amantes. Para os autores medievais esta liberdade e igualdade da mulher era inaceitável e incompreensível. Ela foi considerada libertina e atrevida ao se tornar infiel.



Da mesma forma, dado que o mito pagão e a magia são considerados os piores dos pecados, Morgana se converte em uma bruxa que conspira contra Artur, e Nimue, a dama do Lago, passa a ser a ruína do embrutecido Merlim. Mas a história poderia ter sido bem diferente, não é mesmo? Pois sabe-se hoje, que o amor não é um sentimento que precise testemunhas, muito menos ser negociado, como foi imposto à Guinevere.

Na nossa Era, as mulheres já conquistaram seu espaço e o respeito dos homens e hoje nos unimos à eles através do amor da alma. Na tradição celta existe um belo entendimento do amor que resume-se a uma palavra: "anan cara". Anam é a palavra gaélica para alma e cara é a palavra para amigo.

Na vida de todos, existe uma grande necessidade de um anam cara, um amigo da alma. Neste amor, somos compreendidos tal como somos, sem máscara ou afetação. As mentiras e meias-verdades superficiais e funcionais das relações sociais se dissolvem e pode-se ser como realmente se é.



O amor permite que a compreensão se manifeste, pois quando se é compreendido, fica-se à vontade. A compreensão alimenta a relação. Quando nos sentimos realmente compreendidos, sentimo-nos desembaraçados para nos libertar à confiança e abrigo da alma da outra pessoa.

Este reconhecimento é descrito neste belo verso:

"TU NÃO TE PARECES COM NINGUÉM PORQUE TE AMO" Paulo Neruda



FADA MORGANA


Quando danço com a Vida
danço meu próprio ritmo
mantendo o meu compasso
Minhas marés anímicas
estão alinhadas e fluem
com a minha pulsação
minha expressão única
Reverenciando a mim mesma
eu reverencio tudo
Quando você dança
com a sinfonia da Vida
qual é seu ritmo?
É rápido ou lento
lépido ou litúrgico
repetitivo ou volúvel?
Você deixa o ritmo levá-la(o)
ou abatê-la(o)
acalmá-la(o)
encorajá-la(o)
ou perturbá--la(o)?
Como é seu ritmo?



Morgana representa na lenda arturiana, a figura de uma Deusa Tríplice da morte, da ressurreição e do nascimento, incorporando uma jovem e bela donzela, uma vigorosa mãe criadora ou uma bruxa portadora da morte. Sua comunidade consta de um total de nove sacerdotisas (Gliten, Tyrone, Mazoe, Glitonea, Cliten, Thitis, Thetis, Moronoe e Morgana) que, nos tempos romanos, habitavam uma ilha diante das costas da Bretanha. Falam também das nove donzelas que, no submundo galês, vigiam o caldeirão que Artur procura, como pressagiando a procura do Santo Graal. Morgana faz seu debut literário no poema de Godofredo de Monntouth intitulado "Vita Merlini", como feiticeira benigna.

Mas sob a pressão religiosa, os autores a convertem em uma irmã bastarda do rei, ambígua, freqüentemente maliciosa, tutelada por Merlim, perturbadora e fonte de problemas.


Nenhum personagem feminino foi tão confusamente descrito e distorcido como Morgana ou Morgan Le Fay. A tradição cristã a apresenta como uma bruxa perversa que seduz seu irmão mais novo, Artur, e dele concebe o filho. Entretanto, nesta época, em outras tribos celtas, como em muitas outras culturas, o sangue real não se misturava e era muito comum casarem irmãos, sem que isso acarretasse o estigma do incesto.



Morgana e Artur tiveram um filho fruto de um Matrimônio Sagrado entre a Deusa (Morgana encarna como Sacerdotisa) e o futuro rei.
O "Matrimônio Sagrado" era um ritual, no qual a vida sexual da mulher era dedicada à própria Deusa através de um ato de prostituição executado no templo
. Essas práticas parecem, sob o ponto de vista da nossa experiência puritana, meramente licenciosas. Mas não podemos ignorar que elas faziam parte de uma religião, ou seja, eram um meio de adaptação ao reino interior ou espiritual.



Práticas religiosas são baseadas em uma necessidade psicológica. A necessidade interior ou espiritual era aqui projetada no mundo concreto e encontrada através de um ato simbólico Se os rituais de prostituição sagrada fossem examinados sob essa luz, torna-se evidente que todas as mulheres devessem, uma vez na vida, dar-se não a um homem em particular, mas à Deusa, a seu próprio instinto, ao princípio Eros que nela existia.

Para a mulher, o significado da experiência devia residir na sua submissão ao instinto, não importando que forma a experiência lhe acontecesse. Depois de passar por essa iniciação, os elementos de desejo e de posse ficam para trás, transmutados através da apreciação de que sua sexualidade e instinto são expressões de força de vida divina cuja experiência no plano humano.

A nível transpessoal, o "matrimônio sagrado" envolve o mistério da transformação do físico para o espiritual, e vice-versa. Cada pessoa conecta-se com o universo como se fosse célula única no organismo do campo planetário da consciência. A partir da união do humano com o divino, a "Criança Divina" nasce. A "Criança Divina" é a vida nova, vida com nova compreensão, vida portadora de visão iluminante para o mundo.



QUEM ERA MORGANA?



Como muitos indivíduos legendários e românticos, há versões conflitantes sobre quem o que foi Morgana. O historiador e cronista do século XII, Geoffroi de Monmouth, escreveu que "sua beleza era muito maior do que a de suas nove irmãs. Seu nome é Morgana e ela aprendeu a usar todas as plantas para curar as doenças do corpo. Ela também conhece a arte de mudar de forma, de voar pelo ar...ela ensinou astrologia às irmãs."

Relatos antigos contam-nos que ela era uma Velha Deusa da Sabedoria, a Senhora e Rainha de Avalon, a Alta Sacerdotisa da Antiga Religião Celta. Aprendeu magia e astronomia com Merlim. Alguns achavam que ela era uma "fada arrogante", pois era símbolo de rebeldia feminina contra a autoridade masculina. Quando zangada, era difícil agradar ou aplacar Morgana; outras vezes, podia ser doce, gentil a afável. Também era descrita como "a mulher mais quente e sensual de toda a Grã-Bretanha."

Morgana era um enigma aos seus adversários políticos e religiosos. Os escrivões cristãos transformaram-na em demônio, talvez devido ao seu papel como sacerdotisa de uma Antiga Religião, que eles estavam tentando desacreditar nas suas investidas para cristianizar a estrutura de poder da Grã-Bretanha. Ela, entretanto, defendeu valentemente a fé das Fadas e as práticas dos druidas, achando entre os camponeses simples seus mais fiéis seguidores. Ela negou as acusações de prostituição dos monges e missionários cristãos.


É Morgana, que depois da batalha final, ampara o irmão ferido de morte e o cuida com o zelo de uma mãe e consoladora espiritual.

O cristianismo menospreza o poder e o conhecimento de Morgana, do mesmo modo com que impediu a mulher à ascender ao sacerdócio, anulando completamente o seu poder pessoal.


Layamon, autor de um poema narrativo inglês é o primeiro a descrever como a mulher levou Artur pelas águas e não simplesmente recebendo-o na sua chegada.



Morgana é a fada mais bela das que habitam Avalon. Não existem fundamentos suficientes para se acreditar que Avalon seja o lugar que a cultura celta atribuí como residência dos mortos. O que se sabe é que quando Artur é transportado sobre as águas em companhia das mulheres com destino a Avalon, se perde no horizonte do mito imemorial.

Um comentário:

Anônimo disse...
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