"E aqueles que pensam em Me procurar, saibam que a vossa busca e vosso anseio devem beneficiar-vos apenas se vós souberdes o Mistério; se o que vós procurardes, vós não achardes dentro de vós mesmos, então nunca encontrarão fora. Pois eu tenho estado convosco desde o Início e Eu Sou Aquela que é alcançada ao final do desejo"


domingo, 5 de junho de 2011

A FEITICEIRA PRECISA SER OUVIDA

DAS BRUXAS À PSICOLOGIA

Sonhos de unidade, visão transcendente de inteireza, potência e amor, outrora representados pela Grande Mãe. No Egipto, os Mistérios de Ísis, eram celebrados a partir de um ritual matutino e a cada hora uma celebração que só terminava na vigésima Quarta hora com a revelação dos mistérios quando as estrelas brilhavam no céu. A Grande Deusa era invocada e os segredos da vida revigorados, cultuados.. (...) O conflito entre os deuses patriarcais e a Deusa Mãe foi se intensificando e os cultos à Ela foram se dispersando ou sendo assimilados distorcidamente. Dionísio, deus do êxtase e do entusiasmo, do abandono aos poderes da natureza; Pã, expressão do espírito da natureza selvagem; Afrodite, Deusa do amor, da união sexual, Mãe de Eros; tornaram-se objectos da repressão cristã e reapareceram mesclados na imagem do diabo. Suas funções psicológicas submergiram nas profundezas do inconsciente. E a sensação intrínseca de confiança em pertencer à Grande Mãe Natureza deixou de existir reaparecendo séculos após nos sintomas das histéricas de Freud . Corpo, sexualidade e inconsciente/natureza emergem da escuridão para serem reintegrados. E neste fim de milénio as depressões que afligem a alma humana clamam pela busca de sentido, valor principal do arquétipo maior. Mergulhada na morte, a alma contesta os valores esquecidos, exige reflexão em redescobrir os mistérios femininos ligados ao ciclo vida – morte – vida e encaminha para a elaboração da morte simbólica. Faz repensar a questão espiritual, o ser criativo recriando-se, regenerando-se, curando-se dos excessos de violência e agressividade a que a humanidade se submeteu em prol do desenvolvimento da razão. (...) Na medida em que o Pátrio Poder se desenvolve e a lei do mais forte se instala, o uso da agressão se impõe nas relações humanas gerando competitividade, poder, conquista, luta pela posse de um território, guerras. Surge a questão da herança, institui-se o casamento. E a posse sobre a mulher, sua sexualidade, prazer e direito à própria vida se concretiza. Ao dominar a função biológica reprodutora o homem passa a controlar a sexualidade feminina. O poder cultural passa a desenvolver-se em oposição ao poder biológico nato na mulher. A vulnerabilidade permeia a função de parir, a mulher se inferioriza, torna-se dependente e o homem trabalha e domina a natureza.

(...) Usado no culto à Grande Senhora da Lua, O Graal continha a água do poço sagrado e num coro ritualístico as sacerdotisas faziam reflectir a luz da lua na limpidez da água e celebravam a natureza, a vida e os ciclos eternos, o ir e o vir. (...) O mal precisa ser elevado à consciência, pessoal e colectiva, para tornar-se fonte de criatividade.

A feiticeira, que é a antítese da mulher idealizada, símbolo das energias criadoras instituais, não domesticadas e não disciplinadas precisa ser ouvida
. A integração desta sombra traz de volta a mulher selvagem, que segue seu instinto de preservação, que possui sua energia vital, sexual, que fareja o perigo, que intui a cura e sabe o que a alma está pedindo, que sabe aplacar o sofrimento e pode transmitir o dom da vida. Esta integridade faz a ponte para a transcendência. É a mulher novamente apresentando-se como agente de mudança para uma nova etapa no desenvolvimento da consciência humana.

" Das Bruxas à Psicologia
Clara Rossana Ferraro de Sá
(Excertos de artigo)

IN:
SACERDOTISA D'ÍSIS - (REPUBLICADO)

2 comentários:

Hella Lokabrenna Locke disse...

Interessante post! você lê ou já leu Dion Fortune?

Helena Felix (Gaia Lil) disse...

Eu tenho interesse na obra de Dion Fortune mas não li nenhum de seus livros