"E aqueles que pensam em Me procurar, saibam que a vossa busca e vosso anseio devem beneficiar-vos apenas se vós souberdes o Mistério; se o que vós procurardes, vós não achardes dentro de vós mesmos, então nunca encontrarão fora. Pois eu tenho estado convosco desde o Início e Eu Sou Aquela que é alcançada ao final do desejo"


domingo, 22 de julho de 2012

AS VOZES DAS ÁGUAS



Em muitas das primeiras histórias da criação conhecidas nos mais diferentes pontos do mundo, encontramos a Deusa-Mãe como fonte de toda a existência. Nas Américas, ela é a Senhora da Saia de Serpentes – de interesse também porque, assim como na Europa, no Oriente Médio e na Ásia, a serpente é uma das suas manifestações mais básicas. Na antiga Mesopotâmia este mesmo conceito do universo é encontrado na idéia da "montanha do mundo" como o corpo da Deusa-Mãe do universo, idéia esta que sobreviveu através de períodos históricos. E como Nammu, a Deusa suméria que concebeu o céu e a terra, seu nome é expresso em um texto cuneiforme de cerca de 2000 a.C. (hoje no Louvre) por um ideograma simbolizando o mar.
A associação do princípio feminino às águas também primordiais é um tema onipresente. Por exemplo, na cerâmica decorada da antiga Europa, o simbolismo da água – muitas vezes em associação ao ovo primordial — é um motivo freqüente. Aqui a Grande Deusa, de quando em vez na forma de Deusa-pássaro ou serpente, governa a força proporcionadora de vida da água. Tanto na Europa quanto em Anatólia, motivos de chuva e fornecimento de leite se misturam, e recipientes e vasos de rituais são equipamento comum em seus santuários. Sua imagem associa-se também aos recipientes para água, os quais às vezes se apresentam em sua forma antropomórfica.
Como a deusa egípcia Nut, ela é a unidade harmoniosa das águas celestes primordiais. Posteriormente, como a deusa Ariadne (a Mui Sagrada Deusa), de Creta, e a deusa grega Afrodite, ela surge do mar.14 De fato, esta imagem ainda é tão poderosa na Europa cristã que chegou a inspirar a famosa Vênus de Botticelli erguendo-se do mar.

IN: O CÁLICE E A ESPADA - A Nossa História, o Nosso Futuro
RIANE EISLER

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