A Grande Deusa (...) mas a antiga detentora da soberania sobre o universo, a causa primeira de toda a existência, e isto muito antes da manifestação do Verbo que, segundo o Evangelho gnóstico de João, era no princípio (e não no começo) do mundo das relatividades concretas. A arte da Idade Média é o reflexo de um pensamento e esse pensamento, apesar do peso do dogmatismo romano, está longe de ser unívoco. Mesmo que ela não cesse de ser consoladora, e mesmo lenitiva, a virgem mediaval transmite mais do que uma mensagem, que remonta à aurora dos tempos e que se manifesta por vezes através de especulações ditas heréticas ou mesmo por meio das aberrações fantasmáticas, a saber: o conceito de uma criação permanente que não pode ser senão de natureza feninina. Se Maria foi realmente a geradora do divino enquanto “mãe portadora”, ela apenas podia ser a incarnação de um conceito preexistente que se tornou incompreensível, incomunicável e indizível, que aparece através dos diferentes mitos referentes à criação do mundo. (...) É o que emana da própria tradição cristã, no que ela vai aurir ao Antigo Testamento. “ Eu fui criada desde o início e antes dos séculos”, segundo o Eclesiastes.
In A GRANDE DEUSA de Jean Markale Piblicado por rosa Leonor em http://rosaleonor.blogspot.com/2001/12/grande-deusa.html
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