Mut era a Deusa Abutre, Senhora de Isheru, ao sul de Karnak. Seu nome significa "mãe" e era considerada a Grande Mãe da Núbia, aparecendo em figuras mágicas compósitas. Seu culto adquire maior importância na XVIII Dinastia.
Surge muitas vezes inteiramente antropomorfizada, usando na cabeça a "pschent", a dupla cora branca e vermelha do Egito, simplesmente colocada sobre a cabeça ou sobre um toucado em forma de abutre.
Ela é esposa de Amon-Ra e mãe adotiva de Montu e Khonsu. Mut foi identificada com Nuu, o Deus dos abismos. Originalmente, este último, não só representava o obscuridade, mas também as águas insondáveis que fluem por debaixo da terra e formam a fonte do rio Nilo. Estas correntes abismais representam a matéria primogênita da qual se originaram todos os Deuses. Assim, Nuu era chamado do mais velho e sábio dos Deuses, que já existia quando ainda não existia céu e terra, o possuidor de todos os segredos e pai de todos os deuses do mundo.
Parceira do grande deus do panteão egípcio, Mut foi identificada pelos gregos com Hera, a companheira de Zeus, o pai dos deuses gregos. Curiosamente, Hera viu ser-lhe consagrado, em Samos, um gato de bronze, de origem egípcia. Sem ter rigorosamente nada a ver com a deusa grega, esse animal estava associado a Mut, da assimilação com Bastet, daí resultando a inclusão nos rituais de adoração de Hera.
Mut, já era divindade de Tebas antes do aparecimento de Amon-Ra. A presença de Mut junto do deus tebano Amon-Ra se deve ao desejo de reforçar suas características solares, outorgadas a este último, junto o qual ela podia desempenhar o papel de filha do "olho de Ra". Entre as formas divinas masculinas, Amon-Ra (deus Sol) e Khonsu (deus da Lua), Mut aparecia como uma Deusa que atraía de novo a inundação: o "terceiro olho".
Tratando-se de três divindades locais com origens diferentes, associadas em Tebas, segundo o típico modelo familiar, Amon, Mut e Khonsu surgem agrupados em tríade como forma de preencherem o desejo dos teólogos de coordenarem os diferentes cultos praticados na mesma cidada, o que não implicava, porém, que fossem objeto de um culto sistematicamente cumprido.
Como Deusa Mãe se apresentava com uma coroa ornada com abutre, seu vestido era vermelho e azul e em uma das mãos carrega um cetro de papiro. Algumas vezes é representada com asas. Como Deusa do céu aparece como um abutre que tem em suas garras o nó mágico. Um nó mágico é um ponto de convergência de forças que unem o mundo divino e o mundo humano.
Em outras ocasiões, Mut aparece com um falo, afirmando que ela é possuidora tanto dos atributos femininos e masculinos da reprodução. No aspecto que se apresenta com falo, ela é alada e possui garras de leão.
No Livro dos Mortos há uma passagem que diz que para o morto não se decompor, se pronunciava algumas palavras mágicas sobre uma estátua de Mut com três cabeças: uma da Deusa Pajet com plumas, outra com uma cabeça humana com uma coroa e outra com a cabeça de um abutre com plumas.
Mut identifica-se com Bastet e Sekhmet para acentuar as características solares de Amon-Ra e nestas ocasiões é representada na forma de leoa, enquanto que em seu aspecto maternal já não tem nenhum caráter caráter guerreiro de nenhuma das duas deidades anteriores. Ao sul do templo de Amon-Ra de Karnak tinha um santuário, chamado de Hut-Mut, com um pequeno lado em forma de uma meia lua em que era adorado este seu aspecto de leoa. Seus outros centros de culto estavam em Tanis, Sais, no oásis de Jarga e Dajla. Era adorada também no deserto de Hammamat, Mendes e Sebenytos. Aparece ainda como instrutora e protetora de reis e rainhas, que se apresentavam com uma coroa de cabeça de abutre.
A Deusa Mut era venerada em um templo próprio, ao sul do santuário principal de Karnak, como a Senhora de Isheru, Senhora do Céu e Rainha dos Deuses. Dotado de um lago sagrado, o Icheru, construído por Amenhotep III (embora com acrescentos posteriores, dos reinados de Taharka, Nakhtnebef/Nectanebo I, Ptolomeu II Filadelfo e Ptolomeu III Evergeta I), ligava-se ao de Amon por uma avenida ladeada de esfinges. No próprio templo de Amon havia também capelas dedicadas a Khonsu e a Mut.
Durante o festival de Mut, uma estátua da Deusa era colocada em um barco que velejava em torno de seu pequeno lago sagrado Isheru, que tinha a forma de lua crescente. Esta também foi a forma dada ao seu templo.
Como a Grande Deusa do Reino Novo, Mut substituiu ou assimilou muitas Deusas Egípcias. Embora, possivelmente tenha sido inicialmente uma Deusa local do delta, ao casar-se com Amon-Ra, substituindo sua primeira esposa Amaunet, a sua popularidade e importância cresceu prodigiosamente.Passou a representar a Deusa-Mãe do faraó, tendo a coroa real como seu principal símbolo, conseguindo então um lugar de grande destaque em Tebas. A seguir, transforma-se de uma Deusa local em uma das Grandes Deusas do todo o Egito, adorada e venerada de 1500 a. C até a chegada da era romana. Seus seguidores, acreditavam que era Mut quem tudo tinha criado e tinha dado nascimento a todas as coisas.
FESTA DE OPET
Era uma festa em que se celebrava as liturgias mais solenes que se comemorava em Tebas. Celebrada uma vez ao ano e começava quando Amon-Ra partia de seu templo em Karnak para chegar ao templo de Luxor, distante uns 3 Km. Esta viagem se realizava com a intenção de unir-se místicamente com sua esposa Mut.
Durante a XVIII Dinastia, o itinerário da festa se deslocou da terra para o rio. O rei viajava a bordo de sua barca cerimonial e cada estátua dos deuses eram transportadas em uma embracação semelhante. Velas e sirgas impeliam o belo cortejo rio acima. No fim da festa, as correntes do Nilo carregavam as embracações e seus passageiros de volta a Karnak. Durante o festival, ocorria o cerminonail matrimonial anual entre Mut e Amon-Ra. Era um rito que assegurava a fertilidade para o novo ano que se aproximava.
As mais antigas referências disponíveis sobre a festa de Opet datam do início do Novo Império e afirmam que a celebração começava no segundo mês da época das cheias e se estendiam por 11 dias. No final do reinado de Ramsés III, porém, passara a ocupar 27 dias. É provável que tenha sido comemorada até a era romana.
O título de "esposa do deus" (hemet netjer), atribuído à rainha egípcia designadamente a partir do Império Novo, baseava-se na identificação do faraó com o deus Amon e da rainha com a esposa de Amon, a Deusa Mut. Nesse sentido, as rainhas e princesas reais eram as "amadas de Mut". Não surpreende, por isso, que algumas rainhas e princesas adotassem o nome Meritamon, que significa, justamente, "amada de Amon".
Outros nomes de Mut:MONTU, MONT, MUNT
A imagem da Deusa-Mãe, Antiga e Poderosa, encontra reflexo nas mulheres de todos os tempos. Ela não mudou, nem nunca mudará, continuará para sempre a personificação do poder feminino que não decresce em sua força e sua potência provedora de vida. Quem mudou através dos tempos fomos nós mulheres, que acabamos submetidas às forças masculinas. Atualmente, o princípio feminino ingênuamente está afirmando seu poder. Tal atitude independe de um culto religioso ou mesmo de um conhecimento consciente, mas processa-se através de uma atitude psicológica, emergindo do inconsciente coletivo para, graças à Grande Deusa, mudar o destino de todos nós.
Não devemos nos esquecer que fomos trazidos para esta vida pelas mãos da Deusa-Mãe, que já nos proveu de tudo que precisamos. Você, como eu, nasceu dotada de uma grande força interior e um grande espírito. Permaneça em contato com a Deusa e assim, tudo que é certo sempre será dirigido para você. Seja sempre fiel a esta sua força interior e nunca se sentirá sozinha ou sem rumo.
Texto pesquisado e desenvolvido por
Rosane Volpatto
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