"E aqueles que pensam em Me procurar, saibam que a vossa busca e vosso anseio devem beneficiar-vos apenas se vós souberdes o Mistério; se o que vós procurardes, vós não achardes dentro de vós mesmos, então nunca encontrarão fora. Pois eu tenho estado convosco desde o Início e Eu Sou Aquela que é alcançada ao final do desejo"


quinta-feira, 25 de junho de 2009

A GRANDE DEUSA



"A DEUSA TORNA O CORPO E A VIDA SAGRADOS, E LIGA-NOS À DIVINDADE QUE PERMEIA TODA A MATÉRIA: O SEU ÓRGÃO SIMBÓLICO É O ÚTERO. " A MULHER NO CORAÇÃO DAS MULHERES". O SEU ÓRGÃO DE CONHECIMENTO É O CORAÇÃO. TANTO O CORAÇÃO COMO O ÚTERO SÃO VASOS ATRAVÉS DOS QUAIS A VIDA DESPERTA. SÃO AMBOS CÁLICES PARA O SANGUE QUE OS ENCHE E OS ESVAZIA. UM SUSTENTA A VIDA, O OUTRO TRAZ NOVAS VIDAS AO MUNDO." J.S.B.


A Grande Mãe representa a totalidade da criação e a unidade da vida, pois ela existe e reside em todos os seres e em todo o Universo. Seus múltiplos aspectos e manifestações recriam o eterno ciclo de nascimento, crescimento, florescimento, decadência, morte e renascimento, na perpétua dança espiral das energias da vida.
A Deusa Mãe foi a suprema divindade do planeta durante trinta milênios, reverenciada pelo seu
poder de gerar, criar, nutrir e sustentar todos os seres
. Os seus atributos de fertilidade, abundância e nutrição são vistos nas estatuetas com características zoomórficas ou antropomórficas, como deusas pássaros ou senhora dos animais ou simplesmente mulheres grávidas, dando à luz ou amamentando.
Reverenciada e conhecida sob inúmeras manifestações e nomes, de acordo com a cultura e a época, a Deusa era a própria Mãe Terra, a energia da vida do planeta. Por ser imanente e permanente em toda a natureza, a Grande Mãe era venerada nas fontes, nos rios, lagos e mares, nas grutas, florestas e montanhas, nos fenômenos da natureza, na riqueza e beleza da Terra.
Os templos que lhe foram dedicados reproduziam formas femininas ou concentravam e direcionavam as energias cósmicas e telúricas por meio dos círculos de pedras ou
nas câmaras subterrâneas.
O período pacífico das civilizações neolíticas centradas nos cultos da deusa entrou em declínio cinco mil anos atrás com advento da idade de bronze e de ferro. Entre 4000-2000 AC invasões sucessivas de tribos indo-européias vindas da Ásia Central conquistaram e dominaram a Europa e a Ásia Menor. Estes povos nômades com instintos belicosos e usando o poder letal das espadas trouxeram consigo um panteão de deuses guerreiros, donos do céu, senhores dos raios e relâmpagos. Conhecidos como kurgos, arianos, hititas, semitas e dóricos, provocaram a destruição das culturas agrícolas matrifocais da Antiga Europa.
A terra foi saqueada, os templos destruídos, as mulheres escravizadas e inferiorizadas.
Sobre os escombros neolíticos as tribos patriarcais criaram as suas civilizações baseadas em modelos de dominação e autoritarismo.
Muda-se o sexo do criador, a Mãe tornou-se Pai, os mitos são deturpados, transformando a Deusa criadora em simples consorte, filha ou amante de deuses todo-poderosos ou simplesmente aniquilando-a ou escamoteando-a em símbolos ou manifestações maléficas.
Na psicologia da humanidade ocorre uma dicotomia entre os valores masculinos (deuses celestes superiores) e femininos ( deusas telúricas inferiores).
A luz passou a ser sinônimo do bem – a escuridão, do mal, o homem, por ser feito à semelhança
do Deus investido de poder e direitos, a mulher, por lhe ser inferior, devendo ser submissa, e servindo apenas para reprodução ou prazer.
A derrota definitiva do culto da deusa ocorreu com a instauração do monoteísmo judaico-cristão,
que proclamou um só criador-Pai, e considerou a mulher a origem do pecado e de todos os males
. O cristianismo suprimiu todos os símbolos do poder divino da Deusa considerando-os maléficos ou pecaminosos. Mesmo assim a iconografia e os atributos da Deusa foram absorvidos e adaptados no culto de Maria. Suas inúmeras igrejas foram erguidas nos locais sagrados das deusas greco-romanas, egípcias e celtas, seus atributos e estátuas sendo adaptações cristianizadas dos antigos nomes e imagens de Cibele, Innana, Deméter e Isis.
Depois da extinção definitiva dos cultos da Deusa nos países cristianizados, fragmentos das
antigas tradições, celebrações, conhecimentos e rituais, sobreviveram disfarçados nas crenças populares, nas
tradições nativas e nos contos de fadas.
Atualmente observa-se no mundo todo o ressurgimento dos valores e da busca do Sagrado
Feminino, simbolizando a necessidade de uma cura profunda da psique individual e coletiva, levando a uma expansão da consciência para assegurar a renovação planetária no próximo milênio. A volta da Deusa não significa o retorno às antigas religiões; o que ela prenuncia é uma nova forma de validação dos valores femininos, uma nova cosmologia centrada na Terra, uma nova ética enraizada na conscientização e reconhecimento das tradições e mitos do passado, mas para nos reconectar com a energia amorosa e compassiva da Grande Mãe precisamos passar por mudanças profundas na nossa maneira de pensar e agir, abrindo mão do jogo de poder, competição, retaliação, vitimização e opressão (características do patriarcado) e desenvolver a tolerância, a solidariedade, a compreensão e apoio mútuo, ultrapassando as diferenças e as cisões dualistas, em busca da pacificação interna e externa, em um empenho global para honrar e preservar Gaia, a nossa Grande Mãe.*

IN: O anuário da Grande Mãe,Mirella Faur

Um comentário:

Anônimo disse...

Obrigada vou ler!

Gaia Lil