"E aqueles que pensam em Me procurar, saibam que a vossa busca e vosso anseio devem beneficiar-vos apenas se vós souberdes o Mistério; se o que vós procurardes, vós não achardes dentro de vós mesmos, então nunca encontrarão fora. Pois eu tenho estado convosco desde o Início e Eu Sou Aquela que é alcançada ao final do desejo"


sábado, 4 de julho de 2009

INANNA: A VOZ DO ÚTERO




Filha de Nanna (Deus Lua) e Ningal (Deusa Lua), tinha seu santuário na cidade de Uruk. Seu nome significa literalmente "Deusa do Céu", e era representada pelo planeta Vênus - a "estrela" matutina ou vespertina. Era uma deusa agrícola, sendo a Ela atribuídos o crescimento das plantas e animais e a fertilidade da humanidade.


Eu caminho pelos céus, e a chuva cai;
Eu caminho sobre a terra, e a grama e as ervas germinam.


No mito "O Descenso de Inanna", a deusa desce por sua própria vontade ao reino dos mortos, onde Ela é morta e renasce. Assim, Inanna emergiu como uma deusa lunar, dona dos mistérios da vida e do renascimento, representados pela lua. Aqui Ela completa seu ciclo, tornando-se não só a deusa da terra e do céu, mas também do mundo subterrâneo.


O problema com o entendimento de Inanna é devido o seu caráter multifacetado, provavelmente resultado da unificação de diferente deidades. Aqui parece bastante apropriado o epíteto Nim-me-sar-ra, "Senhora de uma miríade de ofícios". Inanna era cultuada como a deusa da armazenagem (principalmente dos grãos)e era a esposa do deus da colheita, Amaushumgalanna. Aqui pode-se perceber o caráter metafórico da religião sumeriana. Essa deusa aparentemente foi relacionada com a Inanna, deusa do céu (da chuva), esposa e amante do pastor Dumuzi. É justamente no ciclo de mitos de Inanna e Dumuzi, que a deusa adquire seu caráter mais conhecido.

Inanna como deusa da Chuva e Tempestade, se aproxima muito do seu irmão, Ishkur e de Ninurta. Assim como Ninurta, Inanna controla o pássaro das tempestades com cabeça de leão, Imdugud. Sua carruagem é puxada por sete leões, ela aparece montando um leão ou ela mesma é um leão, sendo aqui representativo do poder da tempestade.


Oh, destruidora de montanhas,
Você solta as asas da tempestade!
Oh, a mais amada de Enlil,
Você veio voando sobre os campos,
atendendo às instruções de An.
Oh, minha senhora, ao seu rugido
Você faz os reinos se ajoelharem.



A sua apresentação como deusa da tempestade parece ser resultante de uma tradição que a ligava ao deus dos céus, An, como seu esposo, a ponto de a identificar com Antum - o céu visto como feminino, sendo as nuvens no céu o gerador das chuvas.

Em etapas posteriores, Inanna é representada como a deusa da guerra, resultado de uma tendência a comparar o ato de dirigir a carruagem para a batalha com a tempestade. Assim os sumérios se referiam à guerra como "a dança de Inanna".

Ainda em seu caráter como estrela da noite, Inanna era também associada às prostitutas, como sua protetora. É nesse horário que as prostitutas buscam seu trabalho, é então que surge no céu, como solicitando por amor, a estrela vespertina de grande brilho.
Fontes do autor:*Inanna, Queen of Heaven and Earth, Diane Wolkstein e Samuel Noah Kramer**The Sumerians, Samuel Noah Kramer***The Treasures of Darkness, Thorkild Jacobsen

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